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Primeiro Capítulo
O Esconderijo
Era
estranho estar perto de Scorpius novamente. Sei que Lily estava a apenas dois
metros de nós dois, mas eu ainda não havia me acostumado com a proximidade de
meu ex amor. Mesmo tendo escolhido Alvo no fim das contas, o loiro continuava
sendo capaz de mexer muito com o meu coração.
-O que
faremos agora? – perguntei, vendo Hogwarts desaparecer de nosso raio de visão.
Não sabia como Lily havia conseguido abrir a barreira protetora para que
passássemos, mas sinceramente nem queria saber. Já tinha problemas demais com o
Potter psicopata, não precisava descobrir que a irmã também tinha alguns desvios de caráter.
Scorpius
olhou para meu rosto, enquanto pilotava a vassoura naquela noite fria,
mostrando em seu olhar que ele não possuía nenhuma resposta. Ele e Lilian
haviam corrido para me salvar antes que Alvo tomasse de mim o meu livre
arbítrio, sem plano algum na manga. Do jeito que suas mensagens mentais se
tornavam mais frequentes e fortes, logo, logo, nem eu saberia mais qual era a
minha própria vontade. Então, os meus melhores amigos tinham razão de terem
agido mesmo sem planejamento.
Rosa! O que você está fazendo? A voz de
Alvo era fraca em meus pensamentos, mas eu conseguia escutá-la mesmo estando
tão longe de Hogwarts. Isso só podia significar que ele também se afastava da
escola. Meu namorado estava definitivamente me perseguindo.
-Nós
precisamos nos esconder! – Lily e Scorpius aceleraram suas vassouras, como se
tentassem correr para um lugar seguro que fosse mais longe possível do nosso
colégio de magia – Alvo está se aproximando. Ele está tentando permanecer na
minha mente, então se eu ver para onde estamos indo, provavelmente, a localização
aparecerá na mente dele.
Antes
que eu pudesse tentar arranjar uma solução, Scorpius deslocou meu corpo para
frente do dele e cruzou minhas pernas ao redor da cintura. Senti o vento nas
minhas costas, mas nada era tão forte quanto a sensação de estar próxima
daquele jeito do loiro. Ele é o namorado
da Felícia, lembre-se disso! – Feche os olhos – nem precisei que o Malfoy
repetisse a ordem, porque não conseguia mais olhar para aqueles olhos verdes
sem sentir uma pontada de arrependimento de ter escolhido Alvo ao invés dele.
Mas aquele sentimento só podia vir do fato de que meu namorado havia virado um
louco, enquanto o bruxo em minha frente estava se tornando meu cavalheiro.
Enquanto
Scorpius e Lilian me levavam, às cegas, para longe de minha escolha psicopata,
percebi o quanto as coisas haviam mudado desde que eu e meu primo começamos a
namorar. Alvo havia passado do garoto fofo que sempre gostou de mim para um
bruxo cheio de raiva do Malfoy por ele, apesar de todos os esforços, não
conseguir se afastar de mim. Havia algo entre mim e o loiro que simplesmente
era difícil de controlar.
-Podemos
parar ali, Scorpius – sussurrou Lily com medo que seu irmão estivesse próximo o
suficiente para escutá-la. Porém, eu sabia que não. Ele não estava nem perto o
suficiente para me controlar.
Senti
a vassoura se embicando e abracei o loiro com mais força ainda. Sabia que não
era certo abraçar alguém que era namorado da minha ex-melhor amiga daquele
jeito, mas eu estava com muito medo e Scorpius me dava uma sensação de
conforto. Quando paramos em um solo irregular, o Malfoy pegou a minha mão e com
a sua outra tapou meus olhos. Aproximando-se do meu ouvido, sussurrou um
“confie em mim”, que foi capaz de me arrepiar por inteira. Definitivamente nós
não devíamos estar tão próximos.
Quando
entramos no esconderijo escolhido por Lily, Scorpius tirou sua mão de meu
rosto, mas permaneceu segurando a minha mão até que eu lhe lançasse um olhar de
advertência que dizia “você é o namorado de Felícia, não o meu”. O garoto
pareceu demorar a entender meu recado, pois, mesmo enquanto se afastava, seus
olhos não se desviavam dos meus.
Durante a tentativa de Scorpius de
esconder a entrada da caverna onde nos estabelecemos, minha melhor amiga se
aproximou de mim e se sentou ao meu lado. – O que você e ele estão fazendo,
Rosa? Eu sei que o Alvo ficou meio doido do nada, mas você é namorada dele. E o
Scorpius namora a Felícia. E graças a
você, vale lembrar. Se você não
tivesse empurrado ele para ela, vocês estariam namorando. Mas você escolheu o
meu irmão e eu não deixarei que você brinque com o sentimento de todas essas
pessoas.
Senti-me mal ao escutar a bronca de
Lilian, mas sabia que ela estava certa. Eu magoaria muito Felícia se deixasse
Scorpius continuar com essas investidas. A parente de Rowena podia não ser a
melhor pessoa do mundo, mas não merecia ser traída. O correto era me afastar
totalmente do loiro. Ele podia não estar pensando na namorada enquanto me
olhava e me abraçava, mas ela continuava sendo namorada dele.
-Eu sei, Lily. Pode ficar
despreocupada. Eu escolhi Alvo e o Scorpius é da Felícia. Só quero que meu
namorado volte a ser o que era. Não vou namorar um louco, não é? – dei risada
para descontrair e gostei quando percebi que a ruivinha ao meu lado entrava na
brincadeira.
-Pense pelo lado bom, ele continua
sendo bonito – sua piadinha ecoou pela caverna, chamando a atenção de Scorpius.
O bruxo se virou para nós duas, enquanto conjurava o último feitiço de
proteção. Depois de feito o trabalho para nos camuflar, o loiro se sentou
diante de nós duas e disse:
-Então, você só gosta de meninos
bonitos, Rosa? – minhas bochechas pareciam estar em chamas. Olhei para o chão,
tentando ao máximo pensar em uma resposta que não parecesse um flerte. Scorpius
estava lançando a isca, mas eu não podia aceitá-la.
-Eu gosto do Alvo e isso que importa
– respondi, encarando seus olhos verdes e ignorando as minhas bochechas
vermelhas. Lily sorriu para mim e eu forcei um sorriso de volta. Porém, por
dentro, eu estava como Scorpius: tentando ao máximo não chorar.
Escrito
por StarGirlie.
Segundo Capítulo
E se ela lembrar?
Quando
acordei, Scorpius e Lily já estavam ocupados pensando no que faríamos a seguir.
Não podíamos simplesmente continuar fugindo sem rumo, pois aquilo não iria
acabar com o problema, só o adiaria. Além disso, Alvo continuaria a me
perseguir e acabaria usando algo para me atrair para sua zona de controle.
Podia ter certeza que sua primeira arma seria o pequeno Hugo.
-Bom
dia, Rosa – disse Scorpius, enquanto eu me sentava ao lado de Lily ao invés do
dele. Era difícil resistir a tentação de me aproximar de seu corpo, mas eu
simplesmente não podia. Já bastava o que eu havia feito à Felícia no ano
passado, não precisava repetir o feito.
-Gente,
eu escutei a história de que não podemos continuar com essa bobagem de fugir,
fugir e fugir... Mas vocês só se esqueceram de pensar em uma coisa: o que
aconteceu com o Alvo para ele passar do lado das pessoas do bem para o das do
mal. Meu namorado – forcei a minha
voz a parecer forte – era um garoto tão fofo. Ele sozinho nunca seria capaz de
agir daquele modo.
-A
Felícia não achava isso – disse Scorpius olhando para o chão, suas mãos estavam
em punho, como se ele se concentrasse para não estourar na minha frente. Lily o
olhou como se tivesse um ponto de interrogação em seu rosto – Ela sempre me
disse que Alvo não era um bom namorado. Vivia a comparando com Rosa e passava
boa parte do tempo deixando-a sozinha pelos corredores de Hogwarts.
Segurei
minha respiração. Era bem provável que o Potter tivesse magoado Felícia, mas
duvidava que ele fosse capaz de fazer qualquer uma dessas coisas. E Lilian
parecia pensar o mesmo.
-Olha,
eu acho que a Felícia estava é com dor de cotovelo – disse a ruivinha – Ela não
deve ter gostado nem um pouco de seu namorado tê-la trocado pela melhor amiga
dela. Vamos falar sério, a Felícia pode até ser uma fofa, mas ela forçou uma
barra imensa para ficar com o Alvo. Aí, depois que ele foi escolhido pela Rosa,
ficou revoltada porque o meu irmão não quis mais continuar com um namoro
forçado.
Quando
Scorpius olhou para mim como se dissesse “o nosso
namoro era forçado?”, só consegui pensar em como não podia roubar outro
namorado de Felícia. Sei que Alvo nunca a enganou dizendo que a amava, mas,
mesmo assim, ela já fora minha melhor amiga. Não podia simplesmente continuar
conquistando todos os amores da vida dela.
-Mas
ela tinha toda razão de ficar brava, Lily. Eu fui uma idiota de ter ficado com
Alvo sem ele ter terminado o namoro dos dois. Só porque fui sincera com o
Scorpius, esqueci que o seu irmão tinha que ser sincero com a namorada dele
também. Apesar disso, a Felícia não pode inventar essas mentiras sobre o
comportamento do Alvo – apertei minhas mãos, tentando afastar as lembranças da
época em que eu namorava o garoto que estava na minha frente. Havíamos até sido
considerados almas gêmeas por Rowena e Helga. O que havia acontecido de errado
entre aquele jantar e o dia em que corri para a estação atrás de Alvo?
-Bem,
não importa o passado de vocês duas, o que importa é que nós vamos precisar da
ajuda da Felícia para conter o Alvo – eu e Scorpius a olhamos chocados.
Tínhamos combinado de deixar a descendente de Rowena em paz, enquanto nós três
cuidávamos da confusão com o meu namorado. Colocar a garota ao lado do bruxo
descontrolado mudava totalmente a situação.
-Antes
que vocês me crucifiquem viva, deixem-me explicar – tentou nos acalmar Lily – A
Felícia está em Hogwarts e Alvo, apesar de ser obcecado por Rosa, está voltando
para lá, já que a nossa ruivinha aqui não escutou a voz dele há horas. Como os
dois já namoraram, a sua garota, Scorpius, pode se aproximar do meu irmão e
tentar descobrir o que está de errado nele.
Inicialmente,
o plano parecia perfeito. Algumas perguntas inocentes e Felícia seria capaz de
nos confidenciar o que estava acontecendo com o meu namorado. Porém, havia um
único problema. – E se ela lembrar a raiva que sentiu de mim quando Alvo me
escolheu ao invés dela? E se ela pensar que Scorpius sumiu comigo e não com você? Ela pode querer se vingar de mim, roubar meu
namorado e preparar uma armadilha para nós três. Para mim, porque eu estou
perto de Scorpius. Para Scorpius, porque ele fugiu comigo. E para você, Lily,
porque você apoiou “essa empreitada romântica”.
-Bem,
nós teremos que nos arriscar, porque não temos outra escolha – sentenciou Lily,
enquanto pegava sua varinha e tentava se comunicar com Felícia.
Escrito por
StarGirlie.
Terceiro Capítulo
Desaparecendo aos poucos
Felícia
não parecia muito assustada quando Lily surgiu em seu quarto. Minha prima tinha
aprendido um feitiço que transportava sua imagem para onde quisesse e havia
ensinado a mim e a morena do outro lado da “ligação” durante uma de nossas festas
do pijama. Porém, a minha ex-melhor amiga parecia bem irritada ao me ver. Ou
melhor, ao me ver com Scorpius.
Por
isso, eu e o loiro saímos do raio de visão do feitiço antes que a bruxa ficasse
brava e cortasse a ligação. Enquanto Lily contava o porquê do sumiço de todos
nós e tentava acalmar Felícia, nos sentamos num canto da caverna e aproveitamos
os salgadinhos que Scorpius tinha roubado antes dele e a ruiva irem me buscar
no dormitório.
-Ela
está bem irritada com você – disse para o bruxo, apontando para a menina que
conversava com Lilian. Ela já tinha nos esquecido, mas parecia conter certa
mágoa nos olhos. Eu só esperava que aquela mágoa não virasse rancor e se
tornasse perigoso para todos nós.
-E com
você também. Mas isso não é uma grande novidade – lembrou Scorpius, rindo. Não
pude resistir à brincadeira. Ele tinha razão; Felícia vivia com ódio de mim
desde a história com Alvo. Eu não havia agido bem em roubar seu namorado, mas
vamos dizer a verdade: ela também não gostava do Potter. O que mais lhe causou
raiva foi eu ter tirado alguma coisa dela.
Scorpius
olhou para o espaço entre nós e eu imediatamente me arrependi de um dia tê-lo
afastado. Porém, a minha escolha tinha sido feita e quando o bruxo junto seu
corpo ao meu, fui obrigada a dizer:
-Scorpius,
espaço, por favor – ele até disse “não” e de forma bastante sincera, mas
rapidamente o empurrei brincando e o
obrigue a voltar ao seu lugar anterior. Era estranho ter que recusar sua
aproximação quando o que eu mais queria era estar ao seu lado novamente. Nós
éramos namorados e eu o troquei, não havia volta para isso.
Ficamos
observando Lilian conversar com Felícia por mais algum tempo até que a bruxa do
outro lado da ligação avisou que teria que ir para a aula e acabou com o
feitiço. A ruivinha ficou parada mais alguns instantes observando o vazio até
se virar e olhar para nós dois. Pensei inicialmente que ela iria me dar outra
bronca por estar “brincando” com os sentimentos de Scorpius. Porém, o que Lily
tinha a dizer era muito mais importante que isso.
-Temos
um sério problema. Felícia acabou de me dizer que a casa Lovegood está perdendo
a sua cor roxa e está absorvendo as cores das Casas de Hogwarts. Cada cama está
mudando de cor e se adaptando à personalidade dos alunos que nelas dormem. Por
exemplo, tudo que é dela – disse Lilian apontando para o lugar onde a imagem
aparecia minutos antes – está se tornando azul e bronze, como se pertencesse à
Corvinal. Já as nossas camas estão todas vermelhas.
-Mas o
que isso significa? – perguntei, sem entender o que estava acontecendo. A Sala
Precisa já era nossa casa há tanto tempo, por que de um dia para o outro ela
estava dando “defeito”?
-Felícia
acha que alguém está tentando reestabelecer a ordem antiga de Hogwarts, ou
seja, sem a nossa Casa existindo. Ela acredita que o próximo passo vai ser
ameaçar os alunos que se recusarem a voltar para o local de onde vieram. Sabe,
as Casas originais.
-Mas
quem está fazendo isso? Neville não tentou impedir nada disso? – Scorpius não
conseguia entender o que estava acontecendo. Nem eu. Era impossível que alguém
estivesse se virando contra Hogwarts e ninguém reagisse.
-Felícia
não sabe quem está comandando os ataques mágicos à Lovegood, por isso não pode denunciar
ninguém à Neville. Porém, segundo ela, dois alunos de Hogwarts estão se
mostrando bem eficazes em promover o ódio pela nossa Casa. Eles estão
espalhando pela escola o boato de que somos protegidos do diretor e que isso é
injusto. Dizem que somos rebeldes e cruéis e que todos precisam se virar contra
as novas regras do colégio, pois elas não são o que os Fundadores queriam. E o
pior de tudo, eles colocam a culpa em seus próprios pais, afirmando que talvez
Voldemort não estivesse tão errado em não seguir o que a sociedade queria.
-Mas
quem são esses imbecis que renegam os próprios pais? – gritei, sabendo que toda
minha força de vontade estava prestes a explodir. Tive vontade de arrebentar os
rostos desses dois alunos idiotas que estavam tentando destruir a Casa que
construímos com tanto trabalho.
Lily
respirou fundo antes de ter coragem de dizer. – Rosa e Scorpius, o que vou dizer
vai ser um pouco chocante por um lado e esperado por outro... Pessoal, os dois
alunos que estão a favor do Voldemort
e contra a Lovegood são a Silvia e
o... Alvo.
Escrito por
StarGirlie.
Quarto Capítulo
Só um partirá
Não
vou mentir. Eu e Scorpius entramos em pânico com a ideia de que o ex-casal Alvo
e Silvia estava tramando contra todos nós. Como filhos de Harry Potter e
Neville Longbottom, respectivamente, os dois deviam ser responsáveis pela paz e
pela bondade. Não pela guerra.
-Olha,
gente, sei que vocês irão tentar me impedir – começou Lilian – mas eu voltarei
para Hogwarts. O Alvo é meu irmão e eu preciso tirá-lo dessa história maldita
em que ele se meteu. Desde quando um filho do Harry Potter pode se meter com
Magia das Trevas?
Sabia
que não adiantava brigar com a ruivinha. Ela iria de qualquer maneira e
impedi-la só iria causar uma briga ainda maior. Porém, Scorpius não sabia disso
– Mas você nos trouxe aqui para que nos protegêssemos e agora você está indo
embora pra enfrentar o motivo da nossa fuga? Lilian, você bateu a cabeça em
algum lugar?
Segurei
a risada, temendo que os dois acabassem achando que quem tinha algum problema
naquela caverna era eu. Sinceramente,
não era hora de ficar rindo. – Nós fugimos para proteger a Rosa, não eu, Scorpius! Eu preciso voltar para Hogwarts! Felícia
não quer fazer nada de ruim, mas ela está com raiva de vocês dois e, se Alvo
convencê-la de que toda culpa é sua, Rosa, eu não sei o que pode acontecer.
Levantei-me,
percebendo o que estava implícito nas palavras de Lily. – Espera um instante!
Você está insinuando que vai nos deixar sozinhos no meio do nada? É isso mesmo,
Lilian?
Peguei
seu braço e a afastei de Scorpius, enquanto a bruxa tentava se afastar de meu
aperto. – Você não disse que eu não deveria
brincar com os sentimentos de ninguém? E agora vai me deixar sozinha com o meu
ex-namorado enquanto eu namoro o seu irmão?
Lilian
engoliu em seco. Seus olhos pousaram no rosto do loiro, mas, quando me virei,
ele parecia não estar prestando atenção na ruiva. Seu olhar estava extremamente
fixo no meu rosto. – Rosa, se você voltar, nós te perderemos. Alvo não quer que
você fique perto de Scorpius e isso acabará te afastando de mim, já que eu
sempre ando com aquele chato – tentou brincar um pouco minha prima.
-Lily,
a gente não pode ficar aqui! Eu vou com você! Alvo precisa de mim... – nesse segundo,
Scorpius se aproximou de nós duas e pegou o meu braço, de forma muito mais
forte do que eu acabara de fazer com a irmã de meu namorado.
-Eu
não deixarei a Rosa ir com você, Lily. Desculpem-me, mas todos nós vamos sair
daqui e enfrentar o Alvo e a Silvia juntos – sua voz era séria e seus olhos
verdes perderam aquele brilho debochado de sempre. Tive vontade de abraçá-lo e
aproveitar o conforto que encontrava em seus braços, mas desisti, lembrando que
nossos namoros continuavam apesar de nossa fuga.
Por um
momento, imaginei-nos entrando em Hogwarts. Nós havíamos fugido do território escolar durante o ano letivo. Neville podia
ser um grande amigo de nossa família, mas ele não hesitaria em nos expulsar. E
se fôssemos expulsos Alvo iria se perder nas Trevas e destruiria a Lovegood
junto com Silvia. Nós precisávamos detê-los por fora, a fim de que pudéssemos
voltar pra o Colégio sendo considerados heróis e não rebeldes.
Só
havia um jeito de mudar aquela situação – Pessoal, tenho uma ideia – o plano se
formava na minha mente lentamente. Havia tudo para dar errado nos passos que
previ, mas não custava tentar – Provavelmente, vocês vão odiá-la, mas não temos
outra saída.
Enquanto
Lilian esperava pacientemente eu dizer o meu plano, Scorpius pareceu entendê-lo.
Suas mãos seguraram as minhas e ele me abraçou como se fosse a última vez. –
Você tem certeza disso?
-Tenho,
mas não conte para Lily até que eu esteja longe, ok? – dei um beijinho na
bochecha do loiro e comecei a andar, apesar dos protestos de minha prima.
Quando cheguei à entrada da caverna, puxei minha varinha e comecei a destroçar
os feitiços de proteção. Lilian gritava para que eu contasse o que estava
acontecendo, mas a única coisa que fiz foi olhar para trás e dizer:
-Eu
preciso fazer isso – e assim, saí da caverna sem saber se voltaria algum dia.
Escrito por
StarGirlie.
Quinto Capítulo
Quando um não quer, dois não brigam
Sentei-me
em uma árvore cheia de flores e encostei-me em seu tronco. Senti o cheiro da
natureza ao meu redor e, por um breve momento, esqueci o que estava prestes a
fazer. Era estranho pensar em algo tão horrível enquanto estava em um lugar tão
bonito. Mas infelizmente a realidade estava batendo na minha porta e eu não
podia simplesmente ignorá-la.
Imaginei
se Scorpius já teria contado à Lily sobre meu plano. Sabia que minha prima não
deixaria que eu me arriscasse sozinha e, por isso, não havia lhe dito o que
estava fazendo. Entretanto, por algum motivo que eu não compreendia, o loiro
tinha se convencido de que qualquer ideia que saísse da minha mente era confiável e segura. Ao contrário das ideias de sua
melhor amiga.
Porém,
meu momento de paz e reflexão não durou muito e escutei passos se aproximarem
de mim. Recusei-me a abrir meus olhos por alguns minutos até que a pessoa ao
meu lado pronunciasse as suas primeiras palavras:
-Achei
que você estivesse fugindo de mim – Alvo estava vestido com o uniforme de
Hogwarts e parecia ter perdido algum peso desde que o vi pela última vez. Na
verdade, toda a sua aparência estava deteriorada. Sua pele até mesmo ficara
mais branca.
-Bem,
você não está controlando a minha mente, então não teria motivo para eu fugir
de você – olhei para aqueles olhos verdes e por um momento não consegui lembrar
o porquê de ter me afastado dele. Quando Alvo se sentou ao meu lado, quase não
pude resistir à ideia de abraçá-lo. Porém, infelizmente, o bruxo não parecia
querer minha aproximação.
O
filho do Harry Potter olhou para o chão e deu uma risadinha que não lhe era
comum. Era uma risadinha ruim como a
que Silvia dava constantemente. – Acho que minha fase de manipulador acabou
logo que te vi tão abraçada com Scorpius. Percebi que não valia a pena me
esforçar por você.
Engasguei
com a minha saliva. Ele não podia estar falando sério, podia? Sei que eu estava
bem próxima do meu ex-namorado nos últimos dias, mas eu ainda amava Alvo mais
do que qualquer outro no mundo. – Além disso, eu tenho algo mais importante a
fazer. Silvia está me ajudando, então, não há motivo para eu precisar de você.
-E
por que você está aqui, então? – não consegui controlar minha mágoa. Alvo era
meu namorado! Ele não podia me tratar daquela maneira!
O
bruxo olhou para mim e percebi que havia algo de errado naquele rosto. Ele não
estava sendo mais o namorado-melhor amigo que fora há alguns meses. – Eu
precisava colocar um fim nessa história toda. Sei que há apenas alguns dias eu
estava tentando te manter como namorada, mas algo dentro de mim simplesmente cansou desse esforço todo. Não quero
mais uma garota que parece nunca ter certeza sobre seus sentimentos por mim.
Fiquei
olhando para ele atordoada sem saber o que dizer. Até aquele momento, eu achava
que era minha alma que estava em perigo graças aos ataques mentais de Alvo.
Porém, agora podia ver que a alma dele
que estava perdida. – Eu tenho que te dizer a verdade, Rosa. Não amo mais você.
Não porque estou apaixonado por outra, mas simplesmente não combino mais com
você. Somos pessoas totalmente diferentes desde que começamos a namorar. E foi
por negar isso que consegui te tirar
de Hogwarts. Mas você não precisa mais ir embora. Você, Scorpius e Lily podem
voltar. Não há mais nenhum perigo.
Quando
Alvo parou de falar, não sabia se ficava magoada pelo fato de que ele havia
terminado nosso namoro como se fosse algo insignificante ou se ficava
desconfiada sobre o término do perigo. De acordo com suas últimas ações, o meu
namorado (ou seria ex?) não era a pessoa mais confiável do mundo.
Principalmente quando se tratava de mim e Scorpius juntos.
-Está
bem. Nós iremos voltar – respondi, torcendo ao máximo para que o bruxo ao lado
não resolvesse bisbilhotar minha mente naquele momento. Se aquilo acontecesse,
ele ficaria muito irritado por eu não estar seguindo seu conselho.
Ao
contrário do que eu esperava, Alvo nem ficou um minuto a mais ao meu lado para
se despedir e simplesmente foi embora. E o pior de tudo, ele sequer olhou para trás. Era como se para o
moreno eu já não significasse mais nada.
Porém,
eu tinha que pensar pelo lado positivo: havia sobrevivido ao encontro com Alvo,
que por sinal foi bem calmo, mas bastante assustador. Entretanto, não podia
ignorar o lado negativo: a conversa com meu ex-namorado havia provado que a
minha missão com meus amigos estava apenas começando. E o primeiro passo era
voltar à caverna com as más notícias.
Escrito por StarGirlie.
Sexto Capítulo
Uma nova amiga?
Saí
correndo em direção à caverna, tentando ao máximo não deixar as lágrimas
caírem. Não queria sofrer pelo Alvo que acabara de me largar como se não fosse
nada, porque ainda conseguia me culpar pela mudança de meu ex-namorado. Se ele
estava daquele jeito, a culpa era minha. Ele havia deixado bem claro que mesmo
mudado, ainda estava muito magoado com meu relacionamento ioiô com Scorpius. Eu
não devia ter brincado com seus sentimentos daquela forma.
Quando
encontrei nosso esconderijo, deparei-me com Scorpius abraçando com força Lily.
Ela chorava muito e dizia sem parar “Alvo pode machucá-la se ele não me ver”. –
Bem, ele não me machucou, então acho que já é um progresso – disse, enquanto
secava minhas lágrimas e tentava ao máximo não chorar mais. Já bastava uma
ruiva desesperada, não precisávamos de duas.
-Rosa!
– gritou a ruivinha pulando em cima de mim e quase me fazendo rolar pelo
penhasco abaixo. Felizmente, Scorpius nos puxou antes que fosse tarde demais –
Como você conseguiu voltar? Meu primo não tentou te prender ou algo parecido?
Ele estava tão concentrado em te controlar antes de partimos há alguns dias.
Foi
nesse momento que não consegui controlar a minha tristeza e desabei no chão.
Scorpius correu para me abraçar, mas nem seus braços conseguiram me acalmar. As
palavras saíam em uma enxurrada e em menos de dez minutos eu já havia contado
tudo que acontecera. Além de é claro adicionar muito da minha opinião à
narração.
-Você
não tem culpa de nada, Rosa – disse o loiro, enquanto secava algumas das minhas
lágrimas – Alvo é um cara descontrolado. Ele nunca aceitou que fôssemos
namorados e quando conseguiu terminar com a nossa relação não queria que
fôssemos amigos. Tudo bem que eu fiz algo parecido, mas não vem ao caso.
Dei
uma risadinha tímida quando me lembrei de como Scorpius agira parecido com Alvo.
Porém, a diferença é que naquele momento eu estava com o Malfoy e não com o
Potter. Talvez se tivéssemos continuado a namorar a situação seria inversa. –
Eu realmente não atraio bons relacionamentos – brinquei, enquanto via Lily
conjurar algum feitiço – Lily, o que você está fazendo?
-Estou
avisando Felícia que é para ela fingir que nós iremos voltar hoje à noite e que
nós não vamos voltar – olhei para a
garota, perplexa. Tudo bem que o meu
plano era não obedecer ao “pedido” de Alvo, mas não imaginava que até mesmo a
irmã mais nova dele estava pronta para desobedecê-lo – Vocês realmente não
pensavam que eu iria nos colocar em perigo só porque ele é meu irmão, pensavam?
Eu
e Scorpius a olhamos confusos. – A partir de agora, nós vamos ter uma aventura
digna de nossos pais. Se Alvo está mudado desse jeito, a ponto de abandonar
Rosa, a garota que ele ama desde seus três anos, então algo está bem errado. E
se vamos procurar respostas não podemos nem voltar para Hogwarts, onde
obviamente seremos trancafiados em uma armadilha, nem ficar presos nessa
caverna. É hora de correr atrás do que precisamos saber.
-E
você tem alguma ideia para começarmos? Não podemos sair andando por aí correndo
o risco de sermos pegos pelos professores de Hogwarts ou até mesmo por quem
esteja ajudando Alvo e Silvia – relembrei, percebendo que já estávamos correndo
perigo ao permanecer naquela caverna desprotegida. Qualquer um poderia nos ver.
Felizmente, não havia ninguém passando perto de nosso esconderijo no momento.
Lily
sorriu por um instante, antes de dizer animada. – É claro que tenho. Se há
alguém que pode nos ajudar, esse alguém são os nossos pais.
-É claro. O tio Harry e a tia Gina fariam qualquer coisa
para salvar seu filho, enquanto a minha mãe e o meu pai não hesitariam em nos
dar informações valiosas. Vocês sabem que a minha mãe é muito inteligente! –
apesar de estarmos muito felizes com a possível luz que havia no fim do túnel,
Scorpius não parecia sentir o mesmo. É como se ele estivesse sentindo algo
errado.
-Há alguém... – porém, antes do loiro terminar a frase,
uma pequena garota surgiu em nossa frente. Seu cabelo era extremamente claro e
seus olhos conseguiam ser mais verdes do que o de Scorpius. Vestindo uma blusa
azul e uma calça branca, a garota poderia muito bem se passar por um anjo.
Porém, nossas famílias já haviam convivido com “anjos”
suficientes para saber que a maior parte eram demônios. Eu, Lily e Scorpius nos
levantamos correndo e empunhamos nossas varinhas. – Acalmem-se, por favor. Meu
nome é Serpent e eu vim em paz.
Escrito
por StarGirlie.
Sétimo Capítulo
Confiança é algo que merece ser conquistado
Estávamos prestes a atacar a tal garota, quando percebi
que seus braços já estavam feridos. Sangue saía de seus cotovelos e de suas
mãos. Seu olho estava roxo como se tivesse acabado de levar um soco. – Você é...
-Humana? Sim. Não tenho poderes de bruxa, infelizmente –
ela mostrou os bolsos de sua calça e tirou os tênis. Não havia nenhuma varinha
escondida. Claramente a loirinha estava mostrando que não motivo para termos
medo. Por um momento, quase acreditei que ela viera em paz. Antes de Lily se
colocar em nossa frente e questionar:
-Então, por que
você veio até essa caverna? E com essas roupas – ela apontou para a blusa e a
calça jeans – você claramente já teria morrido de frio. Está nevando lá fora, Serpent – Lily parecia cuspir o nome da loira – Nenhum humano
sobreviveria a uma temperatura tão baixa sem se agasalhar muito. E você não
está nem um pouco agasalhada.
Olhei para Scorpius, perguntando com o olhar se ele
concordava com a nossa melhor amiga. Infelizmente, o loiro parecia tão confuso
comigo. – Eu realmente estou sentindo frio, mas não dá para ficar pensando
nisso quando acabo de ser atacada por um bando de animais! Eles pareciam pequenos
morcegos, mas as asas deles se contorciam como se fossem patas. Eu nunca tinha
visto nada parecido.
Estava prestes a dizer que também nunca tinha visto um
animal daqueles, quando Lily abriu a boca chocada. – Eu tive um pesadelo com
essas criaturas. Várias vezes. Lembro-me
de vê-los me atacando sem parar. O sangue escorria de minha pele e eu não era
capaz de me defender. Feitiços não funcionavam contra eles, apenas...
-Confiança é a arma contra esses seres – completou Serpent
– Eu saquei a tempo que quanto menos medo sentia deles, menos eles me atacavam.
E por fim, todos sumiram e eu comecei a procurar ajuda. Vi você – ela apontou
para mim – vindo para cá correndo e chorando e pensei que talvez pudesse me
aproximar. Mas quando eu vi vocês dois – a garota se direcionou para Scorpius e
Lilian – percebi que talvez fosse perigoso. Havia alguma magia em volta da
caverna de vocês e eu não sabia se sobreviveria se tentasse entrar.
-E o que te fez entrar, então? – Lily realmente não
parecia se comover com a história de Serpent, apesar de ter ficado incomodada
com a menção aos bichos assustadores.
-Eu percebi que vocês estavam prestes a sair. A barreira
começou a ceder e corri para alcançá-los a tempo. Felizmente, consegui chegar
até aqui. Mas agora não sei o que fazer. Nem sei onde estou. Apenas sei que
vocês três não são normais que nem eu – a loira parecia tão inocente e perdida.
Tive vontade de envolvê-la em um abraço e tirá-la daquela situação. Sempre tive
um sonho secreto de ser uma trouxa, longe daquele mundo cheio de problemas e
perigos. Ser uma bruxa podia ter ótimas vantagens, mas tinha péssimas
consequências.
Lilian abaixou a varinha e eu e Scorpius a imitamos.
Minha prima era a mais desconfiada em nosso trio, então se ela se rendia à história
de Serpent só podia significar que tudo dito era verdade. – Você é uma trouxa e
nós somos bruxos. Você já deve ter lido a história de nossos pais naqueles
livros da J. K. Rowling. Meu pai é o famoso Harry Potter.
-Ai. Meu. Deus – apesar de Serpent realmente parecer
surpresa, havia algo em seus olhos que parecia mais esperto do que o resto de seu comportamento – Você é a Lilian? - ela olhou para mim e para Scorpius – E vocês
são Rosa e Scorpius, certo?
Concordamos com a cabeça, sem saber o que dizer.
Aparentemente, aquela era uma grande fã da história de nossos pais. –
Desculpem-me pelo meu choque. É que eu estou meio assustada com toda essa
situação. Eu, uma órfã que estava fugindo do orfanato, vou parar no meio do
nada, sou atacada por uns animais horríveis e me deparo com os filhos dos
heróis da minha infância. Nem dá pra acreditar.
Serpent parecia tão feliz por um instante, mas um vento
gelado veio em nossa direção e ela tremeu de frio. Nós não podíamos deixar
aquela menina daquele jeito. – Serpent, acho que você merece umas roupas lindas
e um quarto bem quentinho. Que tal receber tudo isso na casa dos heróis da sua
infância?
Escrito
por StarGirlie.
Oitavo Capítulo
Heróis?
Estávamos sobrevoando o bosque que levava à casa de
nossos pais, quando Serpent abriu a boca para falar, mas rapidamente a fechou.
Apesar de Scorpius e Lily estarem extremamente concentrados em guiar nossas
vassouras para o caminho correto, eu não tinha nada para fazer e aquela rápida
ação havia chamado minha atenção.
-Você quer falar alguma coisa, Serpent? – ainda não
estava acostumada a dizer aquele nome em voz alta. Toda vez que o pronunciava,
não conseguia tirar da cabeça que havia algo de errado nele. Provavelmente, só devia estar incomodada por ele não
ser tão comum. Pelo menos, eu esperava
que fosse só isso.
A testa de Serpent se enrugou e ela pareceu pensar, por
um momento, se devia me contar o que estava pensando. – Eu não sei se estou
fazendo a coisa certa em seguir com vocês. Sabe, estou adorando essa ideia de
andar com bruxos, mas eu sou uma trouxa.
Vocês não tem nada a ganhar andando por aí com uma bagagem.
Por um segundo, consegui imaginar o ponto de vista usado
por Serpent. Éramos muito mais perigosos que ela e carregá-la para todo lugar
que fôssemos poderia apenas nos colocar em situações perigosíssimas. Aquela
humana definitivamente não era uma grande lutadora e, sem poderes, se tornava
praticamente um vaso de cristal em uma casa cheia de criança.
Porém, Serpent não era uma bagagem, ela era uma pessoa como qualquer outra e não
podíamos deixá-la ferida no meio do nada. A loirinha merecia de um momento
feliz após ser colocada em perigo com aqueles animais enlouquecidos. E nada
melhor do que levá-la para conhecer os heróis de sua infância. Meus pais não
gostariam de termos revelado nossas identidades a uma trouxa, mas não podíamos
fazer nada. A garota simplesmente sabia.
-Serpent, você não é um incômodo para a gente – Lily me
lançou um olhar de ódio. Obviamente, para aquela ruiva, a órfã era um problema
e tanto – Nós não podíamos simplesmente te deixar morrendo de frio. E, além do
mais, já estávamos indo para a casa dos meus pais. Você só conseguiu pegar uma
carona – tentei sorrir, mas algo em minha mente me lançou um aviso: Serpent pode não ser tão confiável quanto
parece. Ignorei o pensamento. Não podia ser tão paranoica quanto Lilian.
A loira abriu um sorriso de orelha a orelha e,
rapidamente, todos os meus pensamentos ruins sumiram. Entretanto, ainda tive
uma vontade inexplicável de me agarrar ao corpo de Scorpius, procurando o
abrigo que apenas ele podia me oferecer.
-Vocês estão juntos? – perguntou Serpent, apontando para
mim e o loiro. Lily deu uma risada amargurada e, rapidamente, tentei me afastar
de meu ex-namorado. Porém, Scorpius, de alguma forma, conseguiu me manter presa
ao seu corpo. Apesar de Alvo merecer que eu o traísse, Felícia não tinha feito
nada para mim. Ela só era uma amiga que eu já havia magoado demais.
-Não mais – respondi séria. Mesmo sentindo algo pelo
loiro em minha frente, ainda amava Alvo e não podia simplesmente ignorar aquele
sentimento. Estava com raiva de seu comportamento, mas sabia que aquilo não era
ele mesmo. E era minha missão ajudá-lo a voltar ser quem era.
Serpent pareceu um pouco nervosa, como se não soubesse o
que dizer após uma resposta dessas. Dirigi um olhar doce em sua direção e a
tranquilizei:
-Não se preocupe. Eu e Scorpius estivemos juntos no ano
passado, mas não era nosso Destino – senti nossa vassoura cair um pouco, como
se o piloto tivesse se desligado por alguns segundos. Felizmente, o Malfoy logo
recuperou a concentração. Entretanto, quando ele abriu a boca para falar, não
imaginava que seriam aquelas palavras que iriam sair:
-Eu sei que o papo está muito bom, mas temos um grande
problema à vista – Scorpius apontou com a cabeça para o local onde meus pais
moravam. O tempo bom desaparecia ao redor da escola e um grande redemoinho parecia
sair de seu telhado. Era como se o fim do mundo tivesse começado na minha casa.
Lily, que estava distraída, com nossa conversa soltou um
gritinho de desespero. Entretanto, foi Serpent quem reparou em algo que parecia
fora de nossa visão.
-Pessoal, quem são aqueles bruxos apontando as varinhas
para o Céu? – sua mãozinha pequena apontou para o mesmo jardim em que eu me
divertia em todos os verões. Naquele mesmo local, eu já havia beijado Scorpius
e amado cada segundo.
Porém, a casa dos meus pais naquele momento não tinha
nada de romântica. – Eles não estão apontando para o Céu. Estão apontando para nós – arfei, no exato momento em que
senti o primeiro feitiço nos atingirem.
Escrito
por StarGirlie.
Nono Capítulo
Dois passos até a Morte
Não conseguia pensar enquanto despencava no céu escuro.
Não sabia se Scorpius, Lily ou Serpent tinham conseguido se equilibrar, mas,
pela falta de gritos, acreditava que todos estavam atordoados também. Tentei
enxergá-los caindo, mas parecia que havia uma névoa sobre meus olhos. Um grito
tentou sair de minha garganta, mas não havia som. Era como se alguém tivesse me
prendido dentro de mim mesma.
Apesar de não entender o que estava acontecendo, sabia
que estava me aproximando do chão. A velocidade aumentava a cada milésimo de
segundo e eu não conseguia me conformar que iria morrer no jardim da casa dos
pais. Eles não podiam estar vendo tudo aquilo e deixar de nos ajudar.
Provavelmente, aqueles bruxos que nos atacaram tinham os sequestrado.
Quando eu já estava preparada para sentir o baque fatal,
algo pareceu me puxar para longe do solo. Infelizmente, não eram as mãos
protetoras de Scorpius ou a vassoura rápida de Lily. Uma nuvem verde me
envolvia e me impedia de ser morta pela queda. Quem quer que estivesse nos
atacando, definitivamente não me queria morta. Pelo menos, não por enquanto.
-Vocês não podem ser... – escutei a voz de Lilian, mas
não consegui vê-la. Era como se ela estivesse dentro da névoa que me cegava. Ou
simplesmente, eu tinha perdido a visão e fosse a única que não compreendia aquela
situação.
Uma risada maligna ecoou pelo jardim apodrecido. Por
algum motivo inexplicável, eu parecia conhecer
aquele som. – Bem, nós somos exatamente quem você pensa que somos. Porém, não
podemos simplesmente andar por aí com o nosso corpo. Seria tão... sem-graça.
Scorpius gritou algo para o monstro que parecia usar o
corpo de alguém que nós conhecíamos e escutei Serpent gemer de dor. O que
estava acontecendo que eu não conseguia ver?
Estava abrindo a minha boca para falar, quando senti algo
começar a subir pela minha perna. Tentei retirar qualquer coisa que estivesse
andando sobre mim, mas minhas mãos simplesmente não se mexiam. Gritei
desesperada e, felizmente, dessa vez, minha voz ecoou pelo jardim. – Socorro! – as patas do bicho que subia
até o meu quadril eram finas e arranhavam minha pele.
-Rosa! – gritou Scorpius e senti a névoa ao meu redor
tremular. Talvez ele estivesse tentando me tirar dali – Por que vocês estão
fazendo isso conosco? O que nós fizemos para
vocês?
-Eles são animais, Scorpius – disse Lily com a voz fraca,
como se estivesse muito machucada – Eles estão recebendo ordens de alguém.
Então, aparentemente, nós fizemos algo para alguém.
Um
dos bruxos riu e um arrepio percorreu minha espinha. Eu o conhecia – Meu chefe só quer dar um aviso em vocês: nada que
fizerem vai impedi-lo. Ele quer se vingar e vocês só estão o atrapalhando –
gritei novamente, quando o animal alcançou meu ombro. Pelo amor de Deus, me salvem! Me SALVEM! – minha voz abafou a
conversa do lado de fora. Scorpius continuava batendo na névoa, enquanto
Serpent e Lily gemiam com as dores causadas pelos ferimentos. Elas estavam
piorando.
-Mas que maldito
chefe é esse? – gritou meu ex-namorado, enquanto sua mão finalmente segurava a
minha. Infelizmente, eu estava tão desesperada com o bicho invisível subindo em
meu pescoço que aquele toque do loiro não me transmitiu nem um pouco de calma.
Uma bruxa puxou Scorpius para longe da névoa, dando
risada – Vocês já o conhecem – Lily arfou e, enquanto chorava, pude escutar sua
voz sussurrando “Alvo”. Seria
possível que seu irmão pudesse estar nos torturando? Mas ele não tinha motivo
para isso. Eu nem mesmo o traíra.
-Lilian, você é uma boba. Não sabe nada, então não fique
dando palpites – outra voz feminina se manifestou. Porém, dessa vez, eu não
tinha dúvidas de quem era a dona daquele som. Minha mente se clareou em um
instante e a palavra saiu da minha boca sem que eu pudesse me controlar:
-Mãe?! – senti meus pés se desequilibrarem e a névoa se dissipar
ao meu redor. Caí na lama sob as gotas
de uma chuva pesada. Scorpius correu para me segurar, mas ele não me alcançou a
tempo.
Hermione, ou melhor, o ser que ocupava o corpo de minha
mãe, sorriu para mim de forma maligna e puxou meus braços, enquanto, com a
mente, arremessava o loiro para o local onde Lily e Serpent estavam deitadas. –
Olá, filhinha, acho que nós vamos nos divertir muito juntas. Sabe, eu tenho que
te apresentar alguém muito importante.
Escrito
por StarGirlie.
Décimo Capítulo
Caindo nos braços do inesperado
Hermione me colocou em uma espécie de carruagem e se
sentou ao meu lado, gritando ordens para os seres que se apoderaram dos corpos
de meu pai, de Harry e de Gina. Todos pareciam estar em transe, como se não
tivessem noção das palavras que saíam de suas bocas e dos feitiços que eram feitos
por suas varinhas.
A carruagem começou a voar e, sabendo que não tinha para
onde fugir, resolvi aproveitar a situação para obter informações. – O que são vocês? – Hermione guardou a
varinha no bolso de sua capa e olhou para mim. Seus olhos não transmitiam a
mesma ternura de antes. Todo o carinho da alma de minha mãe havia desaparecido.
-Acho que você já sabe – ela apontou para meu ombro e eu
me lembrei da agonia que senti quando aquele bicho estava percorrendo meu
corpo. Porém, agora ele havia desaparecido, o que só me deixou com mais pavor
ainda – Somos seres criados para se adaptar à situação. Com Serpent e Lilian,
nós nos transformamos em morcegos um pouco diferentes
– sua risada ecoou em meus ouvidos – Com você, resolvemos abordar a dor de ver
sua própria mãe te destruindo.
-Espere um pouco! – minha voz estava fina graças ao
desespero que enchia meu corpo – Onde está aquele bicho que estava me
assombrando no meio da névoa?
Porém, quando Hermione se preparava para parar de rir e
me responder, escutamos um grande estrondo e, no segundo seguinte, a carruagem
começou a cair em disparada no céu escuro. Pensei em gritar, mas realmente a
minha situação seria bem pior se o voo continuasse tranquilo do que se
despencássemos e morrêssemos. Entretanto, a mulher em minha frente não tinha o
mesmo modo de pensar.
-O que está acontecendo? – gritou Hermione, tentando nos
manter na horizontal com magia, mas nenhum feitiço que usava dava algum
resultado. Que ironia, pensei, minha mãe não conseguindo fazer algo.
Bem, ela não era a minha mãe, no fim das contas – Por que você está tão calma,
Rosa?
-Porque eu não tenho nada a perder. Se eu morrer, pelo
menos, não serei sua prisioneira – sorri docilmente para o ser que ocupava o
corpo de minha mãe – Não vou me render tão facilmente.
Voei do banco em que estava e saí pela janela. Escutei
Hermione gritando para que eu a esperasse, mas não pude fazer nada. Meu corpo
estava sendo controlado. Minha mente não tinha controle sobre meus movimentos.
E, de alguma forma, eu não tinha medo nenhum disso.
Fechei meus olhos e deixei o vento me levar como se eu
fosse uma pétala de flor. Conseguia sentir o chão se aproximando de meu corpo,
mas não podia fazer nada. Sabia que estava agindo como uma covarde, morrendo
sem nem mesmo lutar pela minha vida, mas algo dentro de mim parecia dizer “Não tema. Confie em mim”. E, numa
situação daquelas, só me restava confiar.
Quando o capim alto começou a encostar em minha pele,
algo me envolveu. Não algo, alguém. Braços
me envolveram e me protegeram da queda fatal. Coloquei meu rosto no peito de
meu salvador e senti um cheiro que reconheceria em qualquer lugar do mundo.
Levantei meus olhos e deparei-me com o olhar verde mais
lindo do mundo. – Você me salvou. Você me salvou,
Alvo!
Escrito
por StarGirlie.
Antes do capítulo, preciso avisar a todos vocês que esse é o último capítulo da Primeira Fase da novela. A partir do próximo capítulo, a história começará a ser narrada por outro personagem e vocês vão entender melhor o porquê conforme os capítulos forem sendo postados.
Outra coisa que tenho dizer é que a novela começará a ser regularmente postada todos os dias, com horário ainda a ser definido. Espero que todos vocês continuem acompanhando e comentando! E vamos ao que interessa, não é mesmo?
Décimo Primeiro Capítulo
Outra coisa que tenho dizer é que a novela começará a ser regularmente postada todos os dias, com horário ainda a ser definido. Espero que todos vocês continuem acompanhando e comentando! E vamos ao que interessa, não é mesmo?
Décimo Primeiro Capítulo
Por que você?
Alvo parecia não saber o que dizer. Seus lábios se
abriram e, por um momento breve, pensei que ele iria me beijar. E a verdade é
que, mesmo com toda aquela história de manipulação, eu ainda amava meu namorado
com todas as forças. Queria que ele estivesse por perto o tempo inteiro, rindo
comigo, abraçando-me, beijando meus lábios...
E enquanto pensava todas essas coisas românticas, Alvo me
colocou no chão, mas, felizmente, não largou minhas mãos. – Rosa, eu não sei o
que está acontecendo. Sinceramente, eu não sei.
Lembro-me da gente namorando super felizes, de você desaparecendo com o
Scorpius e a Lilian... Só que não consigo lembrar nada além!
Hesitei. Ele não podia estar falando sério, podia? Alvo
tinha me manipulado durante semanas. Era impossível sua mente ter apagado tudo.
– Alvo, eu não desapareci! Eu fugi!
Você estava me controlando, dando-me ordens... Lily e Scorpius foram me salvar
antes que você pudesse...
Meu ex-namorado olhou para mim em choque. Pareceu-me que
aquela informação era totalmente nova a ele. – Que eu pudesse te machucar? Quem vocês pensam que eu sou? –
sua voz estava aguda e desesperada. Alvo me envolveu em seus braços, como se
não quisesse que eu esquecesse o seu abraço – Eu não me lembro de ter te
manipulado...
-Mas você se lembra de estar tentando destruir a Lovegood
com a Silvia? Ou de ter me dado um pé na bunda? – a cada frase os olhos de Alvo
praticamente saltavam das órbitas –
Alvo, você realmente esqueceu tudo isso?
-Rosa – ele segurou meu rosto – eu nem lembro como
cheguei aqui. Só sei que há alguns
minutos, apareci nesse campo, vi uma carruagem caindo dos céus e, de repente,
você surgiu despencando. Obviamente, não iria deixar a pessoa que eu amo
morrer.
Quando Alvo citou a carruagem, procurei Hermione ao meu
redor. Ela não estava em lugar nenhum, o que me levava a pensar que talvez
tivesse conseguido se teletransportar antes de cair no chão. Esperava que o
corpo de minha mãe tivesse sobrevivido à queda, senão não sabia o que faria.
-Quem você está procurando? – perguntou meu ex-namorado –
O Scorpius estava na carruagem também? Vocês estão juntos?
-Claro que não, Alvo! – espantei-me com as suposições do
bruxo em minha frente. Diante daqueles problemas com os morcegos sugadores de alma, não podia sequer pensar em ficar
com o loiro – É que o corpo da minha mãe estava comigo, mas não era sua alma
que estava dentro dele. Um ser nojento a possuiu. Não apenas ela, mas também
meu pai e os seus.
Alvo olhou para o céu azul, o campo verde em que
estávamos e principalmente para os meus olhos, enquanto se sentava cansado no
chão. – O que está acontecendo, Rosa? Por que eu não me lembro de nada disso?
Você precisa me ajudar.
-E era isso que eu estava tentando fazer quando fui para
a casa dos meus pais com Scorpius, Lily e Serpent... – só de lembrar aqueles
bruxos tentando nos matar em nossas vassouras eu já me arrepiava.
-Espere um pouco... Serpent? – Alvo tocou sua cabeça como
se sentisse dor de cabeça – Eu conheço esse nome. Não sei como, mas me lembro
de tê-lo escutado em algum lugar... E o pior é que tenho certeza que “Serpent” estava relacionado com algo muito ruim. Muito ruim mesmo.
Pensei por um instante antes de responder. Alvo não se
lembrava de nada, então eu deveria levar em conta essa sua memória repentina?
Porém, algo dentro de mim me dizia que se ele conseguia se lembrar de algo ruim
de Serpent, mas não de suas ações já péssimas, só podia significar que aquela
trouxa inocente podia ser muito pior do que tudo que já enfrentamos.
Toquei o rosto de meu namorado. – O que você sabe, Alvo?
Diga-me, por favor. Eu preciso saber. Lilian e Scorpius podem estar correndo
perigo! Eles estão com ela, Rony, Gina e Harry por causa de mim! Se... – olhei nos
olhos verdes de meu namorado – Se algo acontecer com eles, eu nunca vou me
perdoar.
Alvo me abraçou novamente e, quando estávamos nos
separando para que ele me contasse exatamente o que sabia, escutamos alguém tossindo
ao nosso lado. Virei-me e imediatamente me arrependi.
Não consegui respirar e percebi que meu namorado sentia o
mesmo. – Parece que vocês já me conhecem, não é mesmo? Meu nome é...
Porém, eu não escutei o fim da frase, pois no segundo
seguinte tudo ficou preto.
Escrito
por StarGirlie.
Como eu avisei no último capítulo, a partir de hoje começa a Segunda Fase da novela A Última Escolha. Durante um período de capítulos ainda não determinado, a história será contada por Scorpius Malfoy ao invés de Rosa Weasley. Mas não se preocupem, ainda teremos a participação de nossa ruivinha apaixonada nessa nova fase.
Décimo Segundo Capítulo
Uma masmorra de
lembranças
Rosa estava desaparecida. Nenhum de nós três conseguia
imaginar o que podia ter acontecido com a minha ex-namorada enquanto éramos
levados para dentro de sua casa. Estávamos amarrados por magia, mas obviamente nossa
maior preocupação era com o bem-estar da garota. Afinal de contas, era ela quem
Alvo estava perseguindo, não a gente.
Quando Rony, ou quem quer que estivesse seu corpo, parou
na frente do quarto de Rosa, entendi rapidamente que seríamos presos ali
dentro. Só não imaginava que quando ele abrisse a porta, nós nos depararíamos
com uma verdadeira prisão. Até mesmo Serpent, que não conhecia o local antes da
mudança brusca, arfou.
As janelas foram substituídas por placas de aço, os
móveis claros e bem cuidados da ruivinha foram quebrados e destruídos ao ponto
de se tornarem apenas pedaços de madeiras, a cama estava cheio de roupas
rasgadas, mas o mais chocante eram as paredes. Todas elas estavam intactas, mas
repletas de imagens que se mexiam. Fotos de épocas felizes e também tristes.
-Quem tirou essas fotos? – perguntou Lilian quando Rony
nos trancou dentro do quarto e o feitiço que prendia nossas mãos e pés acabou. Porém,
estávamos sem nossas varinhas, o que nos mantinha de mãos atadas praticamente.
Observei as imagens ao nosso redor e reparei que muitas
delas haviam sido de momentos em que ninguém aparentemente estava com uma câmera.
Lá estava o primeiro beijo de Alvo e Rosa, o momento em que a ruiva me atacou
após ver seu irmão petrificado, minha entrada com Silvia e Lorcan no Baile de
Inverno, nosso encontro com Salazar... Os momentos eram tantos que eu não
conseguiria nem numerar. O único problema é que alguém tivera nos observando e
fotografando nossas vidas como se participássemos de uma novela.
-Tem até fotos minhas com Lysander! – a voz de Lilian
falhou ao se lembrar de seu namorado morto há quase dois anos. O loiro parecia tão
feliz ao seu lado e isso só tornava a situação mais difícil.
Minha melhor amiga tentou tirar a imagem da parede, mas
suas mãos não conseguiram desgrudar nem uma ponta. Obviamente, havia um encanto
sobre aquelas paredes. – Eu não estou conseguindo tirar isso da parede! Parece
que está grudado com uma cola mágica, mas isso é impossível...
-Não é impossível não – disse Serpent, enquanto se
sentava na cama, arrastando algumas das roupas e tentando se acalmar, enquanto
cada um de nós vivia nosso inferno pessoal – Eles nunca iriam nos colocar em um
quarto que não tivesse nenhum tipo de tortura. Esse lugar pode ser confortável
e quentinho, mas carrega a desgraça de cada um de vocês: as lembranças de um
amor perdido, pelo que posso ver – a loira ainda não sabia sobre nossa história
– e de um amor que escolheu outra pessoa.
Meu coração doeu ao perceber que praticamente todos os
momentos ao nosso redor se tratavam do romance de Rosa e Alvo. Era como se as
paredes fossem... Como se diz mesmo? Ah, é: team
Alvo. Cada foto parecia conter uma cena em que os dois construíam sua
história de amor.
Lily me olhou com o rosto molhado e se jogou nos meus
braços. – Eu não vou aguentar ficar vendo essas fotos. O Lysander se foi e eu
tenho que aceitar que estou com Lorcan. Não posso fazer nada quanto isso –
apesar de suas palavras serem fortes, estava claro que seu coração estava
quebrado.
-Mas também não podemos fazer nada para te tirar daqui.
Os seus pais deixaram bem claro lá embaixo que qualquer bruxo com menos de 18
anos não poderia sair da casa. Estamos dentro de uma prisão e não temos uma
saída – não adiantava iludir Lilian. Podíamos passar anos ali até que alguém
percebesse toda a situação. Mas quanto tempo demoraria para que alguém
percebesse que o próprio Harry Potter
estava possuído por algum ser que ninguém conhecia? Quanto tempo para que
entendessem que nós não estávamos aproveitando uma vida adoidada e sim fugindo
do mal?
Escutei a voz de Serpent vinda da cama – Espere um
instante. Você disse “bruxo com menos de 18 anos”? – nós dois olhamos para ela
sem entender o que estava perguntando – Meu Deus, por que esses olhares tão
confusos? Não é óbvio? Pessoal, eu sou trouxa!
Então, obviamente esse feitiço não se aplica a mim!
-Serpent, então você pode sair! – exclamou Lily como se
víssemos finalmente uma luz no fim do túnel.
Escrito
por StarGirlie.
Décimo Terceiro Capítulo
Não tão fácil assim
O tempo passava, mas não conseguíamos imaginar quantas
horas estávamos trancafiados naquele quarto cheio de lembranças. Apesar de
aquelas paredes serem nossa tortura, ainda podíamos ir ao banheiro e nos manter
limpos o máximo possível. A prisão podia ser ruim, mas claramente podia ser muito pior.
Provavelmente já era noite quando finalmente decidimos
qual seria nosso plano. Serpent teria que descer as escadas e procurar a caixa
onde Gina havia jogado nossas varinhas. Deveria haver alguma armadilha no local,
mas torcíamos para que a loirinha fosse imune aos feitiços. Se a menina
conseguisse passar aquela parte, voltaria ao quarto e tentaríamos juntos
quebrar os encantamentos que nos prendiam naquele inferno.
-Você acha que consegue? – perguntei para Serpent,
enquanto Lilian tentava colocar algumas roupas de Rosa na garota. Pretendíamos
deixar a trouxa o mais confortável possível, pois assim ela se sentiria mais
confiante para continuar com o plano. Porém, eu tinha que assumir que odiava
sentir o aroma delicioso de minha ex-namorada ser substituído pelo daquela
garota.
A loira me lançou um olhar que dizia claramente “você
está brincando comigo?” e deu uma risadinha. – Claro que consigo. Só estou com
um pouco de medo. Eu imaginava que meu primeiro encontro com meus heróis seria
mais tranquilo. Entretanto, depois de Rosa ser sequestrada e todos nós sermos
trancados, já percebi que nada vai ser como eu planejei.
Lily terminou de arrumar Serpent e nos aproximamos
nervosos da porta. Não sabíamos se do lado de fora estava algum dos corpos
dominados, mas tínhamos que nos arriscar senão nunca sairíamos daquele lugar.
Felizmente, quando viramos a maçaneta, nenhum deles estava nos esperando.
Indicamos o corredor com a cabeça para a menina e a vimos
saindo lentamente. Fechamos novamente a porta, temendo que algum deles nos
escutasse conversando. Além do mais, se reparassem que nós estávamos em dois ao
invés de três, nosso plano iria por água abaixo. – Você acha que ela vai
voltar? – perguntou minha amiga, tentando se distrair das fotos ao nosso redor.
-Espero que sim, mas não é isso que está me preocupando
no momento – tentei ser educado, mas eu simplesmente não conseguia pensar em
nada além de Rosa. Eu a via sendo torturada, machucada e até morta. Seus olhos imploravam para que eu
a salvasse, mas eu não conseguia fazer nada preso naquele quarto.
Lilian colocou a mão em meu ombro e tentou sorrir. – Vai ficar
tudo bem, Scorpius. A Rosa é uma garota forte. Ela sabe como se proteger,
apesar de, às vezes, adorar ser salva por seus cavalheiros de cavalo branco.
Um sorriso tímido apareceu em meus lábios quando lembrei
como aquela ruivinha podia ser imprevisível às vezes. Ela era capaz de saltar
da menina mais fofa do mundo para a guerreira mais forte de todas em apenas
alguns segundos. – Talvez seja ela mesma quem vai nos salvar dessa confusão
toda – brincou Lily e, por um momento, desejei mesmo que a minha ex aparecesse
para nos salvar. Preso naquele lugar cheio de Rosa-e-Alvo, eu precisava de algo
que me fizesse lembrar que ela também fora minha.
Estávamos naquele momento nostálgico, quando escutamos um
grande estrondo vindo da sala. Serpent.
Levantamo-nos e abrimos a porta correndo. Porém, ao contrário do que
esperávamos, nem Rony, Gina ou Harry estava em nossa frente. Diante de mim e de
Lilian estava a garota que claramente não tinha boas intenções.
-Vocês realmente não conseguem se afastar de uma
confusão, não é mesmo? – provocou Silvia, apontando a varinha para nós dois. E,
infelizmente, ela não parecia estar apenas brincando.
Escrito
por StarGirlie.
Décimo Quarto Capítulo
Ela simplesmente não
consegue desistir
Coloquei-me
em frente de Lily, sabendo que aquela garota não iria hesitar nem um pouco em
atacar algum inocente. Silvia nunca fora uma boa garota e até hoje eu me
perguntava como Alvo havia aceitado namorá-la. Ela podia ser linda, mas, com
uma beleza apenas externa, nenhum namoro duraria tanto tempo quanto o deles.
-O
que você está fazendo aqui, Silvia? – tinha vontade de atacá-la ali mesmo, mas
não iria conseguir fazer nada sem minha varinha e com aquela maldita barreira
mágica entre nós dois.
A
filha de Neville parecia se divertir com a situação. – Ai, Scorpius, que voz
séria! – ela tentou me tocar, mas o feitiço a repeliu – Gostava muito mais de
você quando era todo popular e aproveitava mais a vida. Ficar andando por esse
matagal todo só por causa de uma menina? Ah, pelo-amor, querido. Nem mesmo eu,
que sou maravilhosa, mereço isso!
Obviamente,
Silvia só estava desvalorizando Rosa e se achando. Aquela menina realmente
acreditava que era incrível só por ser popular.
O problema com tal pensamento era que a ruiva também era popular, como Lily afirmava há anos. – Informação
errada, bonitinha – acrescentei o apelido de propósito – Estamos nessa maldita
aventura por causa de seu namoradinho, Alvo.
Ele está sendo o maior babaca com a Rosa há semanas e nós precisamos descobrir
o que há de errado com ele.
-Não
há nada de errado com ele, imbecis – Silvia parecia realmente estar se
irritando. Sua varinha tocou meu peito, mas não o suficiente para eu poder
puxá-la para dentro do quarto – Alvo só cansou daquela ridícula. Ele quer coisa
melhor e já encontrou.
Lily
riu ao meu lado. – Se você se chama de “coisa”, o problema é seu. Mas sabe, a
Rosa é uma garota e ele não vai
conseguir nenhuma melhor, porque não existe. Então, fique se achando a rainha
só porque meu irmão, que está louco, escolheu você.
Os
olhos de Silvia pareciam verter ódio. Por um momento, tive medo que a menina
pudesse ferir a irmã de Alvo. – Quem você pensa que é, Layla? – segurei o braço de Lily, sabendo que ela não iria aceitar
nem um pouco bem aquela provocação. Silvia havia trocado seu nome para
lembrá-la da época em que Lorcan nem sabia que ela existia e era obcecado por
Rosa. A aluna da Lufa-Lufa não estava sendo justa. Mas aquilo não era novidade
alguma.
Quando
Lily estava pronta para responder à altura, escutamos passos desesperados
subindo as escadas e Serpent apareceu atrás de Silvia com o rosto pálido de
medo. Havia um sorriso orgulhoso em seus lábios e então percebi que suas mãos
seguravam a minha varinha e a da Lilian.
Silvia
não teve nem tempo para se virar e atacar nossa amiga trouxa. Serpent voou em
direção ao quarto, empurrando a ex-namorada de Alvo e nos entregando nossas
varinhas. Os olhos castanhos da bruxa que estava do lado fora do quarto
pareceram gritar de pavor.
Lilian
deu um sorriso maldoso e olhou para Silvia cheia de raiva. – Eu sou a única
pessoa que o Lorcan realmente amou. Sou a única pessoa que é capaz de me
impedir de te atacar agora. E se você
não me der um bom motivo para me acalmar, pode esquecer qualquer coisa que
tenha vindo fazer.
-Espere,
Lilian – a voz de Silvia havia partido de debochada para desesperada – Eu estou à procura de Alvo. É por isso que vim atrás de
vocês. Hoje de manhã, ele chegou dizendo que vocês e a Rosa seriam capturados
pelos seus próprios pais e depois desapareceu. Eu não sabia o que fazer, então
imaginei que vocês seriam capazes de me dar alguma informação.
Olhei
para Lily e Serpent, tentando entender se elas achavam que Silvia estava ou não
falando a verdade. – Ele estava tão feliz em estar comigo em Hogwarts e, de
repente, me deixou sozinha. Eu estou com medo de que algo tenha acontecido com
ele.
-Ah,
é normal o Alvo deixar a Rosa, mas você ele tem que aguentar todos os dias? –
debochou Lily, dando risada – Pelo amor de Deus, Silvia, deixe o Alvo em paz
que nós iremos cuidar dele.
Porém,
ao invés de xingar Lilian ou atacá-la com algum feitiço, a filha de Neville
começou a chorar. E chorar muito. –
Eu amo o Alvo. E eu não consigo imaginá-lo sofrendo, sendo torturado. Nós precisamos
achá-lo, de qualquer maneira.
Mesmo
não gostando de ver nenhuma menina chorando, não podia ajudar Silvia. Ela já
fora minha amiga, mas sempre humilhara Rosa e brincara com os sentimentos de
Thiago como se eles não fossem nada. – Bem, que pena, Silvia. Porque nossa
prioridade atual é encontrar Rosa.
Silvia
me olhou chocada, como se eu estivesse falando que iria preferir salvar uma
formiga à minha mãe. Entretanto, ela não teve nem tempo de começar a falar,
porque nesse momento ouvimos uma voz no corredor:
-Acho
que vocês só se esqueceram de uma coisa. Ninguém
sai daqui.
Escrito por StarGirlie.
Décimo Quinto Capítulo
Uma mão lava a outra
Lily
soltou um grito de medo ao ver sua mãe surgir em nossa frente. Porém, ela não
teve nem tempo de sofrer por tal visão, pois Silvia imediatamente atacou Gina
com um feitiço. Como imaginava que ficaríamos aterrorizados demais para reagir,
a ruiva não estava preparada e simplesmente voou pelo corredor.
-Meu
Deus! – gritou Serpent, antes de tampar sua boca ao mesmo tempo em que
escutávamos a voz de Harry vinda do andar debaixo “Gina, está tudo bem com você?”. Nem mesmo possuído, o pai de Lilian
conseguia esquecer seu grande amor.
Colocando
a varinha em seu pescoço, Silvia deu um sorriso cruel e respondeu, com a voz de
Gina:
-Estou
sim, amor. Muito obrigada por se preocupar – Lily me abraçou com medo. Ela
devia estar sofrendo tanto por ver sua mãe daquela maneira. Além de estar
possuída e desmaiada, Gina estava sendo usada
por Silvia.
Harry
se calou e a ex-namorada de Alvo se virou para nós três. – Agora que eu salvei
a pele de vocês, o que nós iremos
fazer para encontrar Alvo e a... – Silvia enxugou suas lágrimas – maldita da
Rosa?
Pensei
em revidar, dizendo que a maldita ali era ela. Mas não podia discordar de uma
coisa: Silvia realmente nos salvara. E como o oposto de uma aluna da Lufa-Lufa,
a filha de Neville não faria nada sem pedir algo em troca. Como eu ouvira em
alguma série trouxa, toda magia tem seu
preço.
-Ok,
então. Primeiro, precisamos sair daqui o mais rápido possível – falei, enquanto
segurava a mão de Lily, tentando transmitir-lhe minha calma. A ruivinha, entretanto,
continuou tremendo – Você tem alguma ideia, Silvia?
A
morena olhou para mim com um sorriso travesso. Ela podia ser a mais malvada de
toda, mas não posso mentir; Silvia era linda.
– Claro que tenho, meu loirinho – olhando-me daquele jeito, tive quase certeza
que ela se lembrava de nosso beijo com muita
clareza.
Antes
que pudéssemos perguntar alguma coisa, Silvia se aproximou da barreira mágica e
desenhou um V com sua varinha.
Inicialmente, o espaço entre nós ficou tão verde e brilhante que era impossível
enxergar em meio daquela luz. Entretanto, conforme os segundos passavam, o
encantamento pareceu esmorecer. E quando minha mãe tocou o braço da filha de
Neville, não pude deixar de sorrir.
-Ai
meu Deus! – exclamou Serpent tão feliz. Porém, sua animação não me contagiou.
Havia algo em seus olhos que me parecia errado, oposto à sua aparência – Como você conseguiu fazer isso?
Lily
me puxou para fora do quarto, enquanto nossa conhecida trouxa continuava parada,
impressionada pelo feito de Silvia. – Bem, escutei aquele pessoal lá embaixo
dizendo que a chave para tudo era a letra V. Não sei o que isso significa, mas
resolvi tentar.
Não
me importei com o que a tal letra significava. O importante é que estávamos
livres. Quase livres, na verdade. – O
que você quis dizer com o “pessoal lá embaixo”? – perguntou Lily, tirando-me de
meus pensamentos.
Foi
nesse exato momento que escutei os passos na escada. – Vocês estão preparados
para lutar? – disseram Lilian e Silvia ao mesmo tempo. Coloquei-me na frente de
Serpent e levantei a minha varinha como as outras bruxas. Porém, ao invés de pensar
em um feitiço para atacar nossos inimigos, só consegui pensar em Rosa.
E
quando vi seus cabelos ruivos emoldurando seu rosto doce atrás de grades
mágicas, minha mente se desligou de meu corpo e, no segundo seguinte, eu
desmaiei.
Escrito por StarGirlie.
Décimo Sexto Capítulo
Verdadeiro Amor
Quando
abri meus olhos, estava deitado no meio de uma cela escura. Uma fraca luz saía
de uma janela quase no teto, revelando as grades mágicas que eu havia visto
antes de desmaiar. – Rosa? – minha
voz ecoou pela pequena caverna, mas algo me dizia que ninguém me escutaria.
Comecei
a rastejar no chão sujo quando escutei duas vozes baixas no fundo da cela.
Reparei que ambas interagiam em uma conversa desesperada e esforcei-me para me
aproximar sem fazer nenhum barulho, enquanto tentava escutar o que diziam.
-Alvo,
nós precisamos arranjar um jeito de sair daqui! – aquela voz era de Rosa. A mesma Rosa que há alguns
segundos olhava pelas grades como se pedisse socorro. Apesar de não estar
sozinha, ela realmente estava em perigo.
-Rosa...
Você sabe que eu não posso te ajudar... Não desse
jeito – o que Alvo estava dizendo? Ele preferia ficar preso pelo resto da vida
só para ter a ruiva ao seu lado o tempo todo? Onde fora parar o irmão de Lily
que sempre me odiara por minhas atitudes “dúbias”?
Rosa
bufou um segundo antes que eu chegasse ao local onde os dois estavam
conversando. Porém, ao invés de encontrá-los brigando, deparei-me com uma cena
que quebrou meu coração.
A
cabeça de Alvo estava no ombro de minha ex-namorada, enquanto seus braços a
envolviam em um abraço carinhoso. Os dois respiravam lentamente como se
segurassem o choro. Ao contrário do que eu esperava, eles claramente pareciam
um casal apaixonado. Os dois teriam voltado no cativeiro?
Estava
preparado para começar a me explicar quando Rosa olhou para mim. Mas foi então
que percebi que ela não olhava para o meu rosto e sim para a parede que havia
atrás de mim. – Ai, meu Deus. Você não está me vendo, está? – perguntei, mesmo
sabendo que não receberia nenhuma resposta.
Rosa
arfou e fechou os olhos. – Não sei o que aquele maldito homem está fazendo, mas
estou sentindo alguma coisa aqui. Parece que tem alguém aqui e não podemos enxergar – senti um aperto em meu
coração. No fim das contas, minha ex-namorada podia não me ver, entretanto, sua alma sempre seria capaz de me encontrar.
Alvo
balançou a cabeça e tocou a bochecha de Rosa. – Aquele monstro é capaz de
qualquer coisa. Eu queria tanto poder nos tirar daqui, mas, com essas minhas
pernas, não conseguiria nem me levantar.
Olhei
para baixo e vi o que Alvo estava falando. Suas pernas estavam pretas que nem o
breu e exalavam um cheiro podre. Era como se estivessem mortas. – Elas vão
melhorar. Nós iremos encontrar um jeito de tratá-las antes de fugirmos. Eu
acredito que conseguiremos.
Sorri,
lembrando-me da quantidade de vezes que Rosa fora otimista com seu
relacionamento com Alvo. Apesar de nunca ter conversado sobre isso comigo, já
tinha escutado muitas de suas conversas com Lily e a maioria delas era sobre o
fato de que ela esperava que o moreno fosse seu amor verdadeiro. Aquelas
palavras sempre cortavam meu coração, mas eu nunca parava de bisbilhotar o que
conversavam.
Quando
Alvo estava prestes a acabar com as esperanças da ruivinha, a visão diante de
mim começou a se embaçar. Scorpius,
acorde! Scorpius! – gritava alguma voz em minha mente. Por um momento,
sonhei que fosse Rosa, mas ainda podia ver sua boca parada. Instantes depois,
nem isso conseguia ver mais.
Serpent
estava segurando meu rosto em seu colo, enquanto lágrimas caíam de seus olhos. –
Você está bem! – exclamou a loirinha, abraçando-me. Escutei Silvia e Lilian
gritando feitiços ao nosso redor e lembrei-me de onde estávamos antes que eu
fosse transportado para a prisão de Rosa e Alvo.
Levantei-me
apressado, puxando minha varinha e atingindo um bruxo desconhecido que acabava
de subir a escada. – Precisamos sair
daqui! – gritei, vendo que outros possuídos continuavam chegando. Ou saímos
daquela casa ou ficaríamos eternamente lutando.
Lily
segurou a minha mão, enquanto Silvia agarrava sua outra. Puxei Serpent pela minha
mão livre, enquanto sussurrava para as três: pensem em Hogsmeade.
E
no segundo seguinte, estávamos sendo sugados para um lugar em que eu esperava
encontrar meu verdadeiro amor. Infelizmente, acabaria encontrando também o
verdadeiro amor dela.
Escrito por StarGirlie.
Décimo Sétimo Capítulo
Hogsmeade
Caí
no chão com Serpent ao meu lado. Ela parecia atordoada com a viagem e
realmente, até mesmo eu que vivia me teletransportando por aí, me sentia mal.
Provavelmente, era a distância gigantesca que havíamos percorrido a grande
culpada do enjoo que sentíamos.
-Scorpius,
o que aconteceu aqui? – exclamou Lílian, horrorizada. Seu cabelo ruivo estava
totalmente bagunçado e seu rosto parecia um pouco ferido. Porém, a garota não
estava preocupada com si mesma. Ela estava pensando em Hogsmeade.
Diante
de tal choque, virei meu rosto e minha boca se abriu, enquanto minha mente
entendia o que Lily quis dizer. Apesar de ser primavera, havia neve por toda a
parte. As janelas estavam quebradas e eu podia ver que os móveis dentro das
casas estavam congelados. Porém, ao invés de morrermos de frio, a vila parecia
estar fervendo.
Olhei
para o chão e assustei-me quando vi que estava repleto de sangue. Eu e as três
meninas gritamos ao mesmo tempo. – Ai, meu Deus – Silvia colocou a mão na terra
e seus dedos pingaram o líquido vermelho. Seus olhos mostravam o quanto sua
alma estava assustada.
Serpent
envolveu seus braços ao meu redor. – De quem é esse sangue? – sua voz fraca
ecoou pela rua escura e, por um momento, temi que alguém pudesse nos escutar.
Se alguém estava matando todas aquelas pessoas, provavelmente não se importaria
de dar um fim em nós quatro.
Lily
se levantou nervosa, tentando tirar o sangue de suas roupas. Silvia a imitou e
se apoiou em sua antiga inimiga. Realmente, situações desesperadas pedem
medidas desesperadas. – Por que Hogwarts
não fez nada a respeito disso?
Olhei
para o castelo acima da montanha, reparando que todas as luzes estavam acesas
normalmente. – Talvez eles não possam arriscar a vida dos alunos – tentei dizer
algo para amenizar a situação, mas também estava horrorizado com as ações da
escola em que estudamos.
Serpent
parecia fixa em alguma coisa ao longe. Segui seu olhar e percebi que ela
encarava alguma loja local que estava tão destruída que eu não conseguia identificar.
Provavelmente, a loira só estava em um estado de choque tão intenso que nem
estava pensando.
-Serpent?
– Lily a chamou, mas a trouxa não respondeu. A namorada de Lorcan se aproximou
da menina e a sacudiu – Serpent! Serpent! – os esforços eram inúteis.
-Eles – a loira apontou em transe.
Olhamos para a loja sem entender – Rosa e Alvo. Eles estão presos ali – seus olhos
me encararam por um segundo e logo percebi que Serpent havia despertado – Ai, meu
Deus! Eu falei alguma coisa, não falei?
Silvia
se aproximou da loirinha. – Sim, você disse que a Rosa e o Alvo estavam
aprisionados naquela loja – observei o vidro quebrado do estabelecimento, mas
não conseguia ver nada demais. Havia sangue perto da porta e claramente neve
entrava pela janela. Enquanto examinava o local, reparei em algo que o
diferenciava de todos os outros: os móveis dentro dele não estavam congelados.
-Ela
pode ter razão – falei, cortando Lily que afirmava que Serpent estava apenas
tendo uma alucinação por ter ficado com medo do sangue – Aquela loja não está
congelada por dentro. Não sei o que aconteceu por aqui, mas obviamente ali não aconteceu a mesma coisa.
-Scorpius...
– começou Lilian, mas Silvia a interrompeu imediatamente. – Estamos falando de
Rosa e Alvo, certo? Não podemos deixá-los morrer. Pelo o que vocês disseram, o
Alvo estava agindo que nem um babaca e, provavelmente, é por isso que eu gostei
dele. Se ele continuar bancando o idiota, não sabemos o que aconteceria com
Rosa...
-Ele
não está bancando o idiota – confidenciei – Tive uma visão durante o desmaio e
Alvo está com Rosa, o que só torna a situação dos dois pior ainda. Segundo a
conversa que escutei, alguém aprisionou os dois e machucou seriamente as pernas
de Alvo.
-Deve
ser a mesma pessoa que fez isso com Hogsmeade – supôs Lilian, começando a andar
na direção da loja – Eu só não consigo imaginar alguém que seja capaz de
destruir um lugar tão perto de Hogwarts e, mesmo assim, não ser derrotado. Mas
pensando bem, seja lá quem está comandando este plano conseguiu possuir o Harry Potter, então, nada é impossível.
Estava
prestes a concordar, quando percebi que neve estava caindo em nossas roupas.
Porém, ao espantá-la, senti um cheiro que não pertencia aos flocos que sempre
acompanhavam o inverno em Hogwarts. – Meninas, há algo errado com essa neve.
Ela cheira... a morte.
Escrito por StarGirlie.
Décimo Oitavo Capítulo
Cinzas vermelhas como
sangue
Estava
segurando os flocos de neve, mas, ao contrário do que eu esperava, eles não se
desintegraram com o meu toque. Na verdade, ao invés de desaparecer, cada um
deles se coloriu com uma tonalidade avermelhada aterrorizante.
-A
neve é vermelha como sangue! – Silvia gritou, apesar de estarmos tentando não chamar a atenção. Suas mãos cobriram
a boca imediatamente, mas algo dentro de minha mente pareceu dizer: de qualquer forma, já estavam te observando
mesmo.
Lily
tocou minha mão e, ao invés de observar os flocos, berrou. – Scorpius, não é a neve que é vermelha. A sua mão está
cheia do seu sangue – seus olhos
estavam saltados como se quisessem fugir de seu rosto. Silvia ao seu lado
parecia estar tão chocada quanto a ruiva. Já Serpent parecia distraída, olhando
para o céu.
Queria
poder reconfortar minha melhor amiga, mas, no momento seguinte, senti pontadas
de dor invadirem minha mão. Meu corpo inteiro tremeu com aquela tortura, minha
mente parecia prestes a explodir com tanta pressão. Aquilo definitivamente não
era neve.
O
cheiro de morte, o potencial como arma... – Pessoal, acho melhor vocês olharem
para aquilo – disse a loira, apontando para algo que estava sobre todos nós.
Porém, ao invés de seguir o seu olhar, só consegui observar o rosto de minhas
amigas, tentando enxergar se algum floco de neve havia os atingido. Felizmente,
aparentemente, a neve só estava direcionada para o meu corpo.
-Meu
Deus – exclamou Lilian, apontando sua varinha para o ponto no Céu. Silvia
tentou imitá-la, mas o medo praticamente a paralisava. Se alguma coisa era
capaz de deixá-la assustada, definitivamente aquilo não era um bom sinal.
Apesar da dor que se espalhava pelo meu braço, desviei meus pensamentos de meu
próprio sofrimento e olhei para o local tão aterrorizante.
E
imediatamente entendi o que causara tanto medo às garotas que me acompanhavam
nessa empreitada suicida. Flutuando no céu, como se fossem marionetes das
estrelas, estavam corpos sendo queimados.
O fogo se alastrava lentamente pelas pessoas, provocando as cinzas que caíam
insistentemente por Hogsmeade. Porém, nenhuma das vítimas se mexia. – Eles
estão mortos, não estão? – a voz fraca de Lily mostrou a seriedade da situação:
quem quer que fosse o nosso inimigo, ou inimiga, não seria facilmente parado.
-Mortos
por envenenamento – comecei a falar – É por isso que as cinzas queimaram a
minha mão. Essas pessoas foram assassinadas apenas para servirem como arma.
-Arma
contra quem? Contra nós? – Silvia finalmente
saiu de seu transe e começou a andar pelo perímetro, em busca de alguém que
pudesse nos atacar. Quando seus olhos castanhos se direcionaram rapidamente
para os meus, percebi que todo seu medo havia se transformado em violência.
-Acho
que não apenas para nós – respondeu Lily, deixando de olhar para os mortos e
começando a observar a loja onde Serpent deduzira que Rosa e Alvo estavam
aprisionados. Depois daquela visão, algo dentro de mim pareceu dizer que eles
estavam em Hogsmeade, mas o palpite da loira era muito mais específico – Eu não
sei o que está acontecendo aqui. Só sei que toda essa neve não é neve e sim
cinzas de mortos. Centenas de mortos.
Sabia
que eu não devia ser egoísta em um momento daqueles, mas não podia deixar que
nos desviássemos de nossa missão. – É melhor andarmos rápido antes que sejamos
transformados em cinzas ou que Alvo e Rosa sejam queimados acima de nossas
cabeças.
Voltamos
a correr e, apesar da dor em minha mão, que ficava preta como as pernas de
Alvo, senti que a esperança crescia dentro de mim. Podíamos não ser capazes de
enfrentar tudo aquilo sozinhos, mas, após salvarmos Rosa e Alvo, podíamos
voltar para Hogwarts e...
-Aonde
vocês pensam que estão indo? – aquela voz era impossível de não reconhecer. Eu
e Silvia nos viramos exatamente, porém, Lily simplesmente parou. Ela não tinha
forças para ver seu namorado daquele jeito. Lilian não podia ver Lorcan com
aqueles olhos cheios de ódio.
Escrito por StarGirlie.
Décimo Nono Capítulo
Um amor pelo outro
-Lorcan? – toda a vida que existia nos
olhos de Lily morreu no exato momento em que ela pronunciou o nome de seu
namorado. Desde que fugira de Hogwarts, minha melhor amiga se entristecia com o
sumiço do garoto, mas era melhor imaginar
o que ele estava fazendo o que vê-lo claramente se preparando para duelar contra ela.
Lorcan
nunca fora o irmão bom. Lysander sempre tivera esse papel. Enquanto o primeiro
era atlético e meu melhor amigo, o segundo se esforçava para chamar atenção de
Rosa ou passava as tardes na biblioteca. Lily sempre foi apaixonada pelo
problemático até que um dia o bonzinho mostrou ser muito melhor. Mas seu amor
foi morto e a garota teve que seguir em frente.
Olhando
para Lorcan, naquele momento, eu só desejava que ela não tivesse seguido em frente. – Ora, ora, Lilian – agradeci silenciosamente
por ele não chamá-la por outro nome e quebrar seu coração em mil pedaços –
Então, os boatos são verdadeiros. Além de fugir de Hogwarts, você está junto
com esses dois bandidos que claramente só querem machucar os seus pais. Onde você estava com a cabeça
quando pensou em ajudá-los?
Lily
se virou para mim, perplexa. Lorcan estava chamando a mim e a Silvia de bandidos? Éramos seus melhores amigos há
séculos. Ele não podia estar falando sério. – Eles só querem machucar a você e
a sua família. E quem é essa garota, por sinal? Ela perdeu a varinha ou algo do
tipo? Já que não está com nenhuma empunhada...
Quando
Serpent parecia prestes a desafiá-lo, Lilian abriu a boca novamente e suas
palavras pareciam ecoar na rua escura. – Esse não é você, Lorcan. Você está agindo
como o Alvo antes de Rosa trazê-lo de volta para a luz. E eu não vou desistir de você. Minha prima
pode não ter corrido atrás de seu namorado, mas ela nunca deixou de amá-lo. E
eu te amo.
Imaginei
imediatamente que Lily estava louca, mas, no fim das contas, a ruivinha tinha
razão. Agora que Alvo voltara ao normal, provavelmente o que estava em seu
corpo correra para se alojar em outra pessoa estratégica. E já que havia
atingido Rosa, o que seria melhor do que atingir Lilian?
-Esse
sou eu, Lilian! – Lorcan se aproximou
ameaçadoramente de minha amiga e me coloquei diante dela – Eu continuo o mesmo
cara que era quando você preferiu ficar com o meu irmãozinho. Você só me escolheu porque ele morreu e eu sou o mais próximo que existe dele.
A
ruiva atrás de mim me deu um cutucão e pediu para que eu a deixasse passar.
Logo que me afastei, Lily se colocou na frente de Lorcan e tocou seu rosto. –
Eu sei que você não quer dizer nenhuma dessas coisas. Você amava o Lysander e
sabe qual é a dor de perder alguém assim. Nós seguimos em frente juntos e não
adianta você tentar me amedrontar. Meu amor é muito mais morte que qualquer
maldição que você possa tentar me lançar.
Cada
palavra que Lily usava só me fazia lembrar o quanto ela era parecida com sua
avó. Sabia que a exposição à qual J.K. Rowling havia nos submetido com a série Harry Potter não era boa, mas, pelo
menos, nos permitia reparar em coisas como essa. Apesar de Silvia só parecer
preocupada com seu amigo, pude perceber que Serpent tinha o mesmo pensamento
que eu.
Porém,
enquanto nos afundávamos em nossos pensamentos, não percebemos a varinha de
Lorcan se dirigindo ao estômago de Lilian. No minuto seguinte, minha melhor
amiga voava pela rua de Hogsmeade, batendo com tudo em uma parede de tijolos e
caindo no chão.
Estava
me mexendo para ajudá-la, quando escutei sua voz me atingir. – Vá salvar Rosa,
Scorpius. Leve as meninas com você. Quem quer que esteja nos atacando realmente
é forte e quanto maior a quantidade, melhor. Quanto a Lorcan, não se preocupe. Eu
consigo lidar com esse remake do meu namorado.
Pensei
em resistir ao seu pedido, mas ela tinha razão. Virei-me para Silvia e Serpent
e juntos começamos a correr o mais rápido possível. Lily, apesar de estar
machucada, atacava Lorcan, tentando distrai-lo até que não conseguíssemos ser
pegos.
Tentei
não pensar no destino da ruivinha, enquanto entrava pelo vidro quebrado da
loja. Silvia apontava sua varinha por todo o cômodo, enquanto eu e Serpent
procurávamos alguma entrada que poderia abrir para a prisão subterrânea.
É o Scorpius, Alvo! Ele está aqui! A voz
de Rosa veio debaixo do chão onde as solas dos meus sapatos estavam plantados.
Meu coração pareceu pular de meu peito. Afastei-me dois passos e explodi a
madeira com o primeiro feitiço que me veio a cabeça. Porém, logo que enxerguei
a cena abaixo de mim, arrependi-me.
-Rosa? – minha voz parecia tão ruim
quanto a de Lily. Não queria nem imaginar como estavam meus olhos.
Escritos
por StarGirlie.
Vigésimo Capítulo
Os olhos azuis
Rosa
estava amarrada no canto da cela, extremamente ferida. Porém, seus lábios
formavam um sorriso que poderia me fazer feliz por horas, se eu não estivesse
vendo tanta dor pelo resto de seu corpo. Ela parecia ter sofrido por horas de tortura
e talvez tivesse mesmo.
Alvo
estava ainda pior. Suas pernas pretas pendiam imóveis em sua frente e seu corpo
parecia fraco demais para se manter vivo. Tive vontade de matar quem tivesse
feito pessoas tão boas sofrerem tanto. Eu podia não gostar do irmão de Lily,
mas não significava que quisesse seu mal.
-Você
veio! – Rosa parecia prestes a pular de felicidade. E talvez fizesse isso mesmo,
caso não tivesse toda presa à parede e, depois de minha tentativa heroica de
descobrir seu esconderijo, cheia de escombros. A culpa se acumulava em meus
ombros como se fossem tijolos – Eu nem acredito nisso, Scorpius. Estamos
precisando muito de sua ajuda...
-Silvia?
– disse Alvo, enquanto pulávamos para dentro do esconderijo. A bruxa chamada
tentara fazer uma escada mágica, mas logo percebemos que aquilo só denunciaria
nossa presença ainda mais rapidamente – O que você está fazendo aqui?
A
voz do namorado de Rosa era fria e sem expressar nenhum amor por sua ex. Senti
pena de Silvia, apesar de saber que ela, após ter feito tanto mal a todos nós,
merecia algum castigo. Porém, eu sabia o que era ser rejeitado e não desejava
aquilo nem para meu pior inimigo. Tudo bem, desejava algo muito pior para quem
estivesse torturando minha ruivinha.
-Salvei
a Lily, o Scorpius e aquela menina ali – Silvia apontou com desprezo para
Serpent – de serem mortos por Rony, Harry, Gina e mais um milhão de bruxos
possuídos que invadiram a sua casa, Rosa. O loirinho aqui acabou desmaiando e
tendo uma visão de vocês e eu e a Lilian tivemos que fazer todo o trabalho
sujo. Até o esperto acordar e nos transportar para aqui.
Rosa
olhou ao redor e uma dúvida se formou em seu rosto. – Sei que a história de
vocês tem muitos detalhes para serem discutidos, mas, antes de vocês arranjarem
um jeito de nos soltarem, onde
exatamente nós estamos?
-Em
Hogsmeade – aproximei-me da cela de Rosa, desejando poder quebrar aqueles cabos
com as minhas próprias mãos – Vocês não viram para onde foram levados?
-Bem,
quando fomos pegos pelo... – começou a ruivinha, quando Serpent inesperadamente
começou a falar. Sua voz era esganiçada, como se estivesse nervosa e não
consegui imaginar o porquê de tanta aflição. Sua vida antes de nos conhecer não
exatamente um Paraíso e nós estávamos lhe protegendo muito bem nos últimos
dias.
-Acho
que não devíamos falar de nada ruim, certo, pessoal? – a loirinha parecia um
pouco burra falando daquele jeito. Como não podíamos falar de coisas ruins, se,
na última semana, nossa vida inteira era ruim? – Só temos que pensar em um
jeito de tirar a Rosa e o Alvo dessa cela horrível e vamos sair rapidinho
daqui...
-Você
é a Serpent, certo? – a voz do moreno ferido mudou totalmente. Ele não estava
mais surpreso como estivera com Silvia. Alvo estava com ódio. Ódio de Serpent.
A
loirinha, ao invés de simplesmente responder, engoliu em seco e encarou o
bruxo. Nenhuma palavra saiu de sua boca. – Sim, é ela. Está tudo bem, Serpent? –
a voz de Rosa era doce até mesmo em um momento como aqueles.
Porém,
a trouxa não teve nem tempo de responder. Enquanto ainda escutávamos os
barulhos da briga de Lilian e Lorcan, Alvo começou a gritar. – Agora, eu
consigo me lembrar! Você estava com aquele monstro quando ele me possuiu pela
primeira vez! Por que você estava o ajudando, Serpent? Você não é uma bruxa,
então o que ele poderia te oferecer?
-Alvo,
por favor, se acalme... – EU NÃO VOU ME ACALMAR, ROSA! Posso ter ficado sob o
poder daquele monstro, mas voltei à minha consciência e consigo me lembrar de
tudo que aconteceu antes de ser
possuído. E essa menina claramente não é do bem.
Silvia
se colocou ao meu lado em frente às grades, observando chocada, como eu, as
pernas de Alvo se regenerarem. Os ferimentos de Rosa pareciam ter melhorado
consideravelmente também. Até mesmo minha mão parava de sangrar. – Vocês
precisam acreditar em mim – implorou Serpent, com os olhos marejados – Scorpius? Rosa? Vocês sabem que podem
confiar em mim...
Olhei
para Rosa e ela concordou com a cabeça. – Você não pode confiar nesse monstro,
Rosa – a voz de Alvo parecia se quebrar em pedaços. Agora que seu corpo estava
totalmente curado como o da ruiva, era estranho que eles estivessem mais
tristes do que estavam antes, feridos – Eu...
-Eu
acredito em Serpent – disse meu grande amor, no exato momento, em que suas
correntes se partiram ao meio como as grades.
E
pude jurar que escutei uma voz em minha cabeça dizendo “ele pode me oferecer tudo isso”.
Escrito por StarGirlie.
Vigésimo Primeiro Capítulo
Uma trouxa especial
demais
-Eu
posso explicar meu encontro com ele – começou Serpent, com os olhos baixos. Ela
parecia com medo de dizer algo errado – Quando eu era pequena, toda minha
família morreu no incêndio da casa dos meus avós em que estava ocorrendo uma
reunião familiar. Ninguém conseguiu sair. E-eu só consegui sobreviver, porque
estava brincando na grama.
-E
o que ele tem a ver com isso? – Alvo estava irritado com a ideia de Serpent
poder ter razão. Rosa se olhava espantada pela repentina mudança de seu estado
de saúde, que também me assustava.
A
loirinha começou a chorar. Tive vontade de reconfortá-la, mas algo dentro de
mim parecia dizer “não confie tanto nessa
menina”. E, definitivamente, eu não estava em boa situação para duvidar de
meus instintos. – Ele foi o responsável
por essas mortes. Minha família inteira era formada por bruxos. Para se
reerguer totalmente, aquele monstro precisava matar uma linhagem completa. E
ele escolheu a minha.
-O
único problema é que ele não sabia que eu
era um aborto. E isso destruía o sacrifício – Serpent parou de falar e, pela
primeira vez, Silvia pareceu hesitar em sua certeza de que a loirinha era uma
bandida. – Então, todas essas mortes foram... Por nada?
Serpent
se abraçou e sua voz estava fraca quando voltou a falar. – Ele queria me matar
quando descobriu que eu havia destruído todo o seu trabalho. Porém, percebeu
que havia um jeito de terminar seu sacrifício. E imediatamente, ele começou a
procurar um bruxo de qual pudesse tirar os poderes.
-E
assim, naquela noite, ele lhe deu os poderes que você não tinha – completou Alvo,
finalmente abraçando Rosa. Ela o envolveu desesperada como se estar longe dele
fosse a pior tortura que pudesse sofrer.
A
loira apontou para os dois aprisionados e deu um pequeno sorrisinho. Queria
sentir algo por sua dor, mas só conseguia pensar em como Lily estava em perigo,
lutando com Lorcan. E definitivamente, em como Rosa parecia estar feliz com
Alvo. – Foi por isso que eu curei vocês dois e quebrei suas algemas. Estava
guardando meus poderes para o momento certo. Felizmente, tive força o
suficiente para ajudá-los. O único problema é que eu não consigo fazer mais
nada.
-Está
tudo bem, Serpent – Rosa sorriu. Entretanto, percebi que seus olhos denunciavam
uma mentira. A ruiva havia mudado de lado como eu – Você já nos ajudou o
bastante. Tenho certeza que eu, Alvo, Silvia e Scorpius conseguiremos arranjar
um jeito para quebrar essas grades.
-Mas
vocês não podem usar a magia sem as varinhas... – começou Serpent, mas Silvia
imediatamente a interrompeu. Nenhum de nós estava muito feliz em saber que a loirinha
tinha mentido tanto sobre sua história. Ela nunca
fora uma trouxa. E não estávamos nada felizes com essa mentira.
-Espere
um instante, senhorita “I’m angel”. De que “ele” vocês todos estão falando? – a
maldade dos olhos de Silvia começou a desaparecer e a ser substituída pelo medo
que eu havia visto há algum tempo.
Escutamos
um estrondo altíssimo vindo da loja e, no segundo seguinte, neve envolveu todo
subterrâneo. Nossa visão foi obstruída imediatamente. Tudo ao meu redor parecia
ser feito de branco e eu não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo.
Até
que escutei a voz de Lily ecoar em todo o local. – Estamos falando de Voldemort,
pessoal. Ele voltou. E pronto para se vingar.
Escrito por StarGirlie.
Em alguns conversas com leitoras da novela, avisei que muitas coisas aconteceriam na próxima Fase da novela. Após ser narrada por Rosa e Scorpius, a partir deste capítulo, a história será contada pela Lily, estreando assim a Terceira Fase.
Antes de começar o novo capítulo gostaria de comentar sobre um detalhe que pode ter passado despercebido aos olhos de todos: cada Fase apresenta um personagem secundário que movimenta a história. Enquanto a Primeira Fase trouxe a adorável Serpent, a Segunda Fase fez com que a já veterana Silvia reaparecesse. Será que vocês já sabem quem será o importante personagem dessa Fase?
Vigésimo Segundo Capítulo
É hora de rever nossos
conceitos
Imaginei
que, por causa da minha revelação, todos que estavam no subterrâneo iriam ficar
paralisados, morrendo de medo. Porém, logo que terminei de falar, Silvia e
Scorpius começaram a atacar a cela onde estavam Alvo e Rosa. – Vocês me
escutaram? Eu falei que o Voldemort
está vindo atrás de nós! – gritei, escandalizada. Não era possível que nenhum
deles estivesse preocupado com o perigo que aquilo significava.
-Nós
escutamos, Lily – disse Scorpius, enquanto conseguia arrebentar um dos ferros que
aprisionava meu irmão e sua namorada – E se ele está vindo atrás de nós, não
podemos ficar esperando, certo? Estávamos preocupados com você e agora que você
está aqui, não há motivo para prolongarmos nossa estadia nessa prisão.
Silvia
arrancou outro ferro com algum feitiço que eu não consegui entender e lançou um
olhar raivoso para mim. – Olha, Lilian, eu sei que você teve que duelar com o
seu namorado e deve estar muito abalada com isso, mas realmente precisamos de
ajuda para acabar com essa maldita cela. Como Rosa e Alvo estão sem suas
varinhas, você é a única pessoa que pode nos ajudar.
Comecei
a dizer todos os feitiços que conhecia até que reparei que alguém estava
faltando em nosso grupo. Alguém que eu realmente não gostava. – Pessoal, sem
querer atrapalhar o nosso trabalho, vocês sabem onde está a Serpent? Ela
definitivamente não está aqui.
Reparei
que Rosa e Scorpius suspiraram irritados, enquanto Alvo e Silvia sorriam
orgulhosos. – É melhor não falarmos sobre isso agora, certo? Se a Serpent
sumiu, bem, pelo menos, não teremos que lidar com ela no momento – disse minha
prima, tentando não ficar envergonhada. Pela forma como se pronunciou, tive a
impressão que ela tinha começado a desconfiar da loirinha tão inocente.
Escutei
um barulho vindo do térreo e entendi que Lorcan havia acordado. Eu conseguira apagá-lo
com um feitiço de magia negra que não me orgulhava de ter feito, mas era a
única saída. Ele estava claramente possuído por Voldemort, como Alvo estivera
há alguns dias. Meu namorado não era culpado de suas ações, porém, mesmo assim,
eu precisava atacá-lo para me defender.
Os
ferros começaram a despencar com maior rapidez e, em menos de dois minutos,
Rosa e Alvo conseguiram uma abertura para passar. A ruivinha parecia um pouco
atordoada, mas resolvi não questioná-la sobre o porquê. Muita coisa deve ter
acontecido enquanto eu lutava com Lorcan e realmente não tínhamos tempo para
colocar a fofoca em dia.
-Pronto,
vocês estão livres – Silvia, apesar de toda a sua aparência de dona da razão,
parecia realmente assustada com a situação. Porém, eu não podia culpá-la.
Nenhum de nós fora criado para sermos perseguidos por Voldemort. Já tínhamos vivido
momentos horríveis graças aos Fundadores, então, acreditávamos fielmente que
nossa cota de perigos havia acabado - O que faremos agora? Vocês acham que
voltar para Hogwarts é seguro?
Rosa
se afastou do abraço de Alvo e começou a tocar as paredes do subterrâneo. Ela
parecia estar totalmente concentrada, porém, alguma parte de seu cérebro
acompanhava a conversa, já que imediatamente sua voz ecoou pela cela. – Hogwarts
é o único lugar em que poderemos recorrer a outros bruxos. Hogsmeade está
devastada e, provavelmente, todos os seus habitantes morreram. Nossos pais
estão enfeitiçados para nos matar. Se temos alguma
esperança, é a de que a nossa escola ainda não está dominada pela força das
trevas.
-É
com isso que estou preocupada, Rosa – continuou Silvia, observando
cuidadosamente os movimentos da ruiva – Antes de Alvo desaparecer e eu começar
uma busca por ele, nós dois simplesmente espalhamos o mal por todos os
corredores de Hogwarts. Os alunos começaram a sentir ódio da casa Lovegood, os
professores passaram a aplicar castigos em todos que tentassem seguir os passos
de vocês. Meu pai foi tão enganado por mim que começou a culpar vocês por tudo que acontecia na escola.
Silvia
não podia estar falando sério, podia? Nós só tínhamos fugido, não matado
ninguém. Não podíamos ser exemplos tão ruins quanto nos faziam parecer. –
Então, é melhor agilizarmos nossa volta, porque teremos um grande trabalho para
mudar essa imagem – afirmou Alvo.
-Nós
iremos voltar para Hogwarts? – Scorpius parecia chocado e até mesmo
aterrorizado.
-Claro
que sim – respondeu meu irmão com um sorriso perigoso no rosto. Por um momento,
só consegui torcer para que não estivéssemos caminhando para uma armadilha.
Escrito por StarGirlie.