quinta-feira, 22 de março de 2012

14º Capítulo de Sempre Um Começo

Décimo Quarto Capítulo
Aline



                Andei nervosa pelo corredor do hospital. Estava em pânico. Não era possível que Luisa tivesse tentado se suicidar ao pensar que eu iria revelar a todos sobre O Caderno. Sempre fui o elo fraco do trio de amigos. A única que não tinha forças para nada.
                Fábio era o “pegador”, que aparentemente, até eu não sabia, já dormia com as garotas, a maioria mais velha que ele. Era bonito, divertido e impossível de se resistir. Ao menos se você fosse amiga dele há muito tempo, como era o meu caso.
                Luisa era a vilã. Linda de morrer, repleta de veneno e extremamente encantadora. Poderia convencer uma pessoa a lhe dar um estojo da Kipling apenas com boas palavras. Era quase como se ela fosse filha de Afrodite. Seu poder de persuasão era incrível.
                Eu era a inteligente. A discreta, que nunca sabia o que dizer perto dos meninos, tirando Fábio e Felipe. Podia passar anos sem que ninguém percebesse minha existência. Era quase como se me camuflasse as paredes.
                E agora a situação estava totalmente invertida. Luisa estava quase morrendo em algum lugar perto dali. Fábio não parava de chorar. Ela era sua melhor amiga, ainda mais agora que havíamos nos afastado. Ele parecia tão frágil, quase como um bebê.
                Minha situação também não era uma das melhores. Meu cabelo loiro estava bagunçado em um coque feito às pressas, minha maquiagem totalmente borrada pelas lágrimas que jorraram no caminho até o hospital, já que não me permitira chorar na frente de ninguém mais.
                Ninguém tinha notícias de Luisa. Cecilia estava na sala de cirurgia e nenhum dos presentes a vira. Pela forma que os médicos disseram, a situação de minha ex-melhor amiga era muito grave, a possibilidade de morrer enorme.
                Aquilo tudo consumia minha alma. A culpa corroía minhas veias e me fazia perceber que cada segundo daquela desgraça só acontecera por minha causa. Se não tivesse ameaçado Luisa, usado seu Caderno como uma arma, talvez ela e Cecilia estivessem conversando felizes sobre o que fariam comigo.
                Perceber que antecipara um passo, fez com que minha mente se animasse. Elas também não eram as melhores pessoas do mundo. Provavelmente, se não as tivesse atacado, quem estaria quase morta no hospital seria eu.
                Foi enquanto tinha esse pensamento egoísta que Cecilia saiu, acabada, da ala de cirurgia. Seus olhos pareciam ser vermelhos de tanto choro. Sua pele estava pálida. Ela parecia tão mal quanto Luisa deveria estar. Só de imaginar aquilo tive arrepios.
                E os olhos dela recaíram sobre mim. – O que esse monstro está fazendo aqui? – sua voz estava esganiçada e percebi que Luisa havia se tornado uma pessoa muito importante para ela, como se a garota pudesse entender o quão frágil Luh era. De uma forma que nunca entendi.
                -Eu, eu... – comecei a falar, mas não consegui terminar. Felizmente, Vinicius completou a frase decentemente para mim. – Ela veio saber como a Luisa está. Todos nós ficamos preocupados.
                Felipe estava envolvendo Cecilia em um abraço apertado. Os dois permaneciam de olhos fechados durante esses segundos. Era um sinal de amor verdadeiro. E Vinicius também pode perceber isso.
                -Ela ficará bem – disse Cecilia, recostando a cabeça no peito de Felipe, enquanto o braço dele envolvia sua cintura. Eles eram um casal, de qualquer forma. Era quase como se uma separação fosse quebrar a energia de cada um.
                Fábio parou de chorar. Lola secou suas lágrimas. – Houve muita perda de sangue? – perguntou meu ex-amigo, sem saber o que dizer exatamente.
                -Não tanto quanto o esperado. Infelizmente, Luh terá que ficar no hospital pela próxima semana. Sabe, para o corpo dela se recuperar completamente... – a menina de cabelos castanhos estremeceu, Felipe a abraçou novamente. Vini parecia desconfortável tendo que assistir aquilo.
                -Ela vai poder receber visitas? – perguntou Lola, tirando as palavras da minha boca. Cecilia olhou com raiva para mim, enquanto respondia. – Apenas de pessoas que não a fizeram sofrer nos últimos dias. Diretamente.
                Todos pareciam entender que apenas quatro pessoas tinham realmente o direito de entrar. E isso incluía Cecilia, Vinicius, Felipe e Fábio. Apesar de todos eles terem atacado Luh para se vingar de seus atos loucos, haviam se redimido sendo seus amigos. Ou seus amados.
                -É, eu já entendi – me virei, sabendo que não podia chorar. Havia escolhido aquele destino. A culpa era minha. Saí correndo pelo corredor. Vinicius não veio atrás de mim.
                Já fora do hospital, disquei o número de Paolo que havia pegado no celular da Cecilia. Chamou, chamou e nada. Tentei de novo. Caiu direto na caixa postal. Desliguei. Não adiantava falar com alguém que me considerava ridícula.
                Era hora de procurar o garoto que desde sempre me ajudara. Leonardo. Sim, o garoto de intercâmbio.
Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. Minha nossa!!
    Luísa e Cecília, se aproximaram bastante, da mesma forma que as antigas melhores amigas, estão a quilômetros de distância... E o garoto do intercâmbio, Leonardo? Fiquei super curiosa para saber seu papel na história!!

    Beijos, da sua grande fã
    Larinha Andrade
    the-adolescent-dreamer.tumblr.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que os problemas de Luisa mostraram que grande parte das suas maldades eram causadas por uma enorme insegurança, por isso Cecilia a perdoou tão fácil.
      Espero que o Leonardo seja tão encantador quanto eu o imagino... Rsrrssrsr Beijinhos, StarGirlie.

      Excluir

Escrever é expor seus pensamentos...
Coloque um comentário e venha se aventurar também!