A Vida Depois do Fim

Primeiro Capítulo
Como ele pode ser tão estúpido?



            -Rosa, não esqueceu nada em casa? Trouxe os livros, os casacos, o diá... – começou minha mãe, mas eu a interrompi:
            -Sim, sim, trouxe tudo! – o Expresso de Hogwarts expelia fumaça atrás de mim e eu estava mais do que ansiosa para mais um ano naquela escola mágica.
            Lílian surgiu entre a multidão de pais e alunos e veio até mim. Nos abraçamos como se não tivéssemos nos visto há meses, sendo que eram apenas dois dias. Éramos melhores amigas, então aquilo era esperado.
            Cumprimentei tio Harry e a tia Gina, enquanto ouvia Lily contar suas ansiedades para seu segundo ano em Hogwarts. Como era um ano mais nova que eu, minha prima não tinha a mínima noção sobre a “Maldição do Segundo Ano”, mas acho que isso é um assunto para ser discutido mais a frente.
            Em meio às lembranças do último ano e da saudade de meu dormitório no Salão Comunal da Grifinória, escutei Lílian gritar:
            -Scorpius! – minha mente voltou a Terra. Um garoto loiro, de olhos verdes e claramente mais alto que eu, surgiu em minha frente. Ele tinha aquele mesmo sorriso petulante de sempre, que me irritava profundamente.
            Lily o abraçou, enquanto o estúpido Malfoy fingia que eu não existia. Meus punhos se fecharam como se fosse a qualquer momento convocar minha varinha e atacá-lo. Minha mãe segurou meus ombros e cumprimentou Scorpius também, antes de sussurrar em meu ouvido:
            -Rosa, você sabe que eu odeio o pai deste garoto, mas isso não significa que precise odiar seu colega também. São gerações totalmente diferentes.
            Hermione queria o quê? Que eu fosse a nova amiguinha daquele garoto metido? Só por carregar o sangue de ex-Comensais da Morte, ele já me dava nojo.
            -Oh, Rosa, você está aqui – disse Scorpius com uma falsa surpresa. Seus olhos verdes brilharam enquanto me examinava. Apesar de sua família ser mais rica que a minha, eu ainda era mais bem vestida do que ele.
            -Claro. Acho melhor você aprimorar sua concentração. Ou não ter me visto é um problema de visão? Está ficando cego por acaso? – retruquei rudemente e percebi que seu corpo tremeu, como se levasse um choque. Aquela não era sua reação costumeira. Scorpius Malfoy nunca aceitava minhas respostas.
            Meu pai, que estava distante conversando com Harry, apareceu ao meu lado e me avisou que era melhor que eu e Lílian entrássemos logo no trem que nos levaria a Hogwarts. Apenas concordei, mesmo sabendo que aquilo significava que Scorpius nos seguiria.
            Despedi-me de meus pais e ajudei meu irmão, Hugo, achar a cabine de seus amigos. Logo depois voltei para a minha e encontrei meu melhor amigo conversando com sua irmã.
            -Alvo! – lancei-me em um abraço e ele massageou suavemente meu cabelo ruivo. Estranhamente, Scorpius tossiu ao meu lado e nos afastamos.
            Lílian sentou-se no assento em frente ao meu, na diagonal com o de Alvo e ao lado do de Scorpius. Um clima estranho pairou no ar. Então, meu celular trouxa tocou.
            -Rosa! Você trouxe seu celular? Está doida? Esqueceu que em Hogwarts os aparelhos eletrônicos são desintegrados? – relembrou Lily, aumentando ainda mais meu pânico. Porém, a solução brilhou em minha mente quase que imediatamente.
            Abri a janela e procurei pela figura de minha mãe. Chamei seu nome e ela surgiu rapidamente do lado de fora.
            -O que houve, filha?
            -Eu trouxe sem querer meu celular. Você poderia ficar com ele?
            -Claro, querida.
            Saquei minha varinha e lembrando claramente do ensinamento de minha mãe, apontei para o celular e disse:
            -Leviosa.
            Quando o alcançou, Hermione viu que no visor havia uma chamada perdida.
            -Não quer saber de quem é, Rosa? Acho que te interessa...
            Eu sabia de quem era. Mas não queria pensar nele naquele momento. Não com meus melhores amigos e meu inimigo ali. Neguei a oferta de minha mãe, me despedi dela, olhei para frente, esperando encarar minha prima, mas quem atraiu minha atenção foi Scorpius:
            -É, Rosa... Caso você precise de um celular... – ele apontou para minha mãe que se afastava, carregando o meu – Eu tenho um guardado na Sala Precisa...
            -Como você conseguiu guardá-lo lá? – aproximei-me de Scorpius, me interessando, pela primeira vez, com o que ele dizia.
            -A barreira de Hogwarts impede que entremos com celulares, em momento algum, ela destrói os equipamentos que os fazem – respondeu meu pior inimigo com um sorrisinho brilhando em seus lábios. Por um breve momento, me passou pela cabeça que o sorriso dele era lindo.
            -Você construiu um celular em Hogwarts? – não podia acreditar naquilo. Scorpius não podia ser tão inteligente. Nem tão bonito, sugeriu uma voz insana em minha cabeça.
            -Sim. E sabe, eu gostaria muito que você tirasse esse tom de surpresa. Acha que é a única pessoa inteligente aqui? – respondeu ele, ainda usando seu tom petulante, mas havia algo diferente. Algo que mudaria aquele ano inteiro. Que alteraria minha vida.
            Foi neste momento que percebi. Scorpius Malfoy acabara de me chamar de inteligente. Meu maior inimigo me elogiara. E eu me importava com aquilo.
Escrito por StarGirlie.

Segundo Capítulo
Por que eles gostam tanto dela?

Logo quando conheci Scorpius, percebi um sério problema que ele e Rosa teriam: os dois eram extremamente parecidos. Orgulhosos, confiantes, inteligentes... e vamos concordar, bonitos.
            O clima dentro do compartimento do Expresso de Hogwarts ficou um tanto estranho depois dos “elogios”. Sim, eu percebera: Scorpius realmente admitira que minha prima era inteligente. Mas é claro, acrescentou que também era. Típico dele.
            Não era muito, como dizer, ótimo, ter seus dois melhores amigos brigando sem parar. Mas por outro lado, isso era quase perfeito, pois assim eles nunca iriam ficar longe de mim. E eu sabia, sabia muito bem, que se um dia os dois parassem para pensar, perceberiam que haviam nascido um para o outro.
            Mas eu nunca me preocupei. Os dois eram cabeças duras demais para isso.
            Saímos finalmente do trem e logo encontramos Hagrid. Seus cabelos grisalhos estavam penteados, como fizera no ano anterior, e isso, por mais normal que fosse, era bem engraçado.
            -Lily! – gritou ele, ao me ver. Saí correndo e o abracei.
            -Onde está Flô? – perguntei. – Será o primeiro ano dela, não?
            Hagrid olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas. Apesar de grande, o meu amigo tinha uma alma de bebê.
            -Sim, sim. Ela está lá atrás. Sabe, precisamos de um vagão inteiro, entende? E bem, bem, ela já deve estar vindo. – falou Hagrid limpando os olhos com a manga da blusa suja. Flô, sua primeira e única filha, era uma grande amiga, no sentido literal da palavra.
            Scorpius logo chegou junto a Hagrid, que o olhou por inteiro.
            -Como vai, Malfoy? – disse Hagrid, como fizera no ano anterior.
            -Hagrid. – assentiu meu melhor amigo.
            Logo vi Lorcan e Lysander passarem. Meu coração derreteu em menos de meio segundo. Por Lorcan, claro.
            Lorcan, filho de Luna Lovegood. Tinha tudo: amigos, riqueza, popularidade, beleza... era perfeito para mim. Apesar de estar no quarto ano, apostaria dez mil galeões de que até mesmo as garotas do sétimo haviam preparado poções do amor para ele no ano anterior. Mas não, ele era esperto demais para cair em alguma delas.            Scorpius foi cumprimentá-lo, enquanto eu os fiquei olhando com cara de boba. Apesar de ser considerada a melhor amiga do jovem Malfoy, eu não era o que as pessoas gostam de chamar de popular. Na realidade, eu e Scorpius havíamos feito um pacto. Um pacto contra nossos pais, mas já explico isso direito.
            Hagrid bateu em minhas costas, me fazendo despertar e voltar para a realidade. Rosa chegara ao meu lado e estava me fazendo uma pergunta.
            -...então, você quer?
            Olhei perdida para Hagrid, que acenou discretamente com a cabeça. Só ele me compreendia.
            -Ahã. – falei.
            -Que bom! – disse ela, e saiu correndo para encontrar alguém que a chamara.
            Mas voltando ao pacto...
            Eu não era exatamente o tipo de filha perfeita. As únicas coisas com que meus pais poderiam sempre se orgulhar seriam as notas, que na verdade, nem sei como consiguia. Então, um dia antes de ir para Hogwarts pela primeira vez, tive uma briga feia com meu pai, Harry Potter.
            Não me lembro direito o motivo, mas prometera nunca mais chamá-lo de “pai”. No dia seguinte, no Expresso de Hogwarts, conheci Scorpius. Nós dois sabíamos das diferenças entre nossos pais, então decidimos nos tornar melhores amigos para contrariá-los. É, nem eu me entendo.
            Mas desde lá, percebi que ele era uma pessoa muito legal. Só que isso não muda o fato de eu continuar sendo a “amiga do Scorpius”, e não a “Lílian Luna Potter”. Lorcan provavelmente nem sabe o meu nome. Provavelmente.            O mais estranho de tudo é que Rosa também é super popular. Ela é tipo “A Garota” do colégio, aquela que todos os meninos gostam, babam, desejam... e também é aquela que não está nem aí. Isso me mostra que a vida é irônica, e muito.
            Senti uma mão às minhas costas. Virei-me.
            -Lysander.  – disse, desapontada.
            Lysander era exatamente o oposto do irmão gêmeo, Lorcan. Estudioso, quieto, inseguro... bom, a beleza até podia ser a mesma, mas para mim Lorcan sempre seria o mais bonito.
            -Lílian. – diz ele. – Thiago esqueceu os livros quando foi lá em casa falar com o Lorcan. Pode entregar?
            Bufei.
            -Claro.
            Ele me passou uma pilha de livros. Sempre preocupado com as matérias... muito nerd.
            -E... a Rosa? – falou ele.
            Revirei os olhos. Mais um que era apaixonado por ela.
            -Não sei.
            O garoto saiu correndo. Ele era certinho demais. Não queria ficar muito perto de gente assim, porque apesar de não ser um poço de popularidade, eu não podia deixar-me cair ainda mais nessa escala.
            -Mas o que é que a senhorita sabichona estava falando com o senhorito certinho? – virei-me para trás, já sabendo de quem era a voz.
            -TJ! – a abracei, já gritando seu nome. Sentira mais falta dela do que de qualquer outra.
            Tiana Jaqueline Chang era minha segunda melhor amiga. Filha de Cho Chang, ela tinha os mesmos olhos puxados que a mãe. Certa vez, ela que fora até minha casa e começara a chorar por causa de uma farpa que entrara em seu dedo, e meu pai dissera que também era sentimentalmente como tal. Não entendi direito, mas decidi não discutir.           
            Fomos juntas contando as novidades uma para a outra. No caminho, encontramos muita gente, e ao passarmos pela estátua de Snape, toquei-a e olhei de relance nos olhos daquele que meus pais falaram tanto. O homem mais corajoso que já haviam conhecido.
            By Babi
Terceiro Capítulo
Meu maior inimigo servindo de segurança para mim?



            Ao entrarmos no território de Hogwarts, a noite já havia penetrado no lindo céu. Podia ver a turma do primeiro ano, descendo das canoas, enquanto a do sétimo, vinha em carruagens. Eu, Alvo, Scorpius, Lorcan e Lysander, que éramos do terceiro e quarto, respectivamente, decidimos ir caminhando. Lílian e TJ preferiram apoiar a ideia dos formandos.
            Enquanto isso, contava a Alvo todos os novos feitiços que havia aprendido em casa, já que vivendo em uma casa de bruxos, o Ministério não tinha como descobrir que eu estava utilizando magia fora da escola. Só se minha mãe me dedurasse, o que não aconteceria.
            Lorcan e Lysander caminhavam na nossa frente, brigando em meio a sussurros, enquanto meu nome saía de suas bocas diversas vezes. Sinceramente, aquela viagem a pé só estava servindo para mostrar que os dois gostavam de mim. E que eu não gostava de nenhum dos dois.
            Scorpius permanecia sozinho atrás de mim e de Alvo, escutando atentamente o que dizíamos. Ele estava tão diferente naquele ano. Não era nem de perto o garoto convencido que fora ano passado.
            Parei no meio da estrada e tanto Alvo quanto Scorpius fizeram o mesmo. Meu melhor amigo segurou minha mão e meu pior inimigo sacou sua varinha e se pôs na minha frente, antes de se virar em minha direção e perguntar:
            -Você viu alguma coisa, Rosa? Está tudo bem? – seus olhos estavam bastante preocupados e me surpreendi quando reparei que suas pupilas permaneciam dilatadas.
            -É, sim, Scorpius – enquanto ele voltava para sua posição anterior, Lorcan dava meia-volta e vinha em nossa direção novamente.
            -O que houve, minha princesa de cabelos ruivos? – ele mexeu em uma das mechas de meu cabelo e me causou arrepios. Afastei-me ao mesmo tempo em que Alvo e Scorpius se colocavam em minha frente.
             Os dois apontaram suas varinhas para o garoto popular e me surpreendeu realmente que Scorpius estivesse se voltando contra seu grande amigo. Lorcan também parecia chocado.

            -Não se aproxime da Rosa novamente, ok? Tire suas patas nojentas de perto da minha am... prima – ameaçou Alvo. Percebi que outra palavra estava saindo de seus lábios antes dele trocá-la por “prima”, mas não iria discutir aquilo naquele momento.

            Lysander, o tímido dos gêmeos, se aproximou de mim por trás daquela briga e sussurrou em meu ouvido:
            -Como você aguenta? Ser disputada por quatro garotos?
            Minhas bochechas arderam e meus olhos azuis brilharam mesmo na imensidão da noite. Lysander acabara de confessar que ele, Lorcan, Scorpius e Alvo estavam me disputando. Infelizmente, eu era cabeça dura o suficiente para não acreditar naquilo.
            Antes que pudesse perceber a que intensidade aquela briga chegara, ouvi o grito de Scorpius:
            -Estupefaça! – e Lorcan foi jogado longe pelo ar, alcançando o chão já desmaiado.
            O choque percorreu em meu rosto. Uma reação automática de meu corpo foi segurar a mão de Scorpius. Ele olhou chocado para mim, mas não a soltei. Um sorriso surgiu em seus lábios e algo estranho despertou em meu coração.
            Lysander correu até o corpo de seu irmão e constatou que tudo estava bem. Segundos depois, o próprio garoto “ferido” se levantou e se aproximou de mim e de Scorpius. Soltei imediatamente a mão de meu maior inimigo.
            -Você está marcado, Malfoy. Saiba disso.
            Os gêmeos partiram em nossa frente, enquanto Alvo e Scorpius esperaram que eu me recuperasse do momento. Os dois pareciam atentos a cada movimento meu.
            -Rosa? – chamou Alvo aparecendo em meu campo de visão – Acho que é melhor irmos, senão perderemos a Seleção das Casas e o jantar. Quer que eu te carregue até lá?
            Neguei imediatamente com a cabeça e comecei a correr em direção ao castelo, abandonando meu primo e o Malfoy. Nenhum dos dois tentou me impedir.
            Quando ultrapassei os portões de Hogwarts, um vento atingiu o que parecia ser minha alma e me senti protegida. Aquele era meu lar, o lugar onde sempre estaria segura.
            Andei pelo caminho que levava a escola e me surpreendi, quando a sensação de segurança desapareceu. As árvores começaram a balançar a minha volta. Olhei para o alto e enxerguei uma pessoa sobre um dos galhos.  
            -Silvia Longbottom.
            A garota de cabelo caramelo, vestindo as cores da sua Casa Lufa-Lufa, saltou em minha frente. Suas bochechas eram vermelhas, mas ela não lembrava nem um pouco seus pais Neville Longbottom e Ana Abbott.

            -Rosinha, Rosinha, andando a noite por Hogwarts? – aquela era a primeira estudante da Lufa-Lufa que realmente gostava de aterrorizar os outros – Não aprendeu que os monstros se escondem nas sombras?
            Seu corpo girava em volta do meu e sua varinha encostava-se a meu rosto. Ela me lembrava a Bellatrix Lestrange e aquilo só piorava a situação.

            -Se os monstros se escondem nas sombras, o que você estava fazendo nelas?

            Uma risada de escárnio saiu de sua garganta e antes que eu piscasse, a estudante do terceiro ano desapareceu pelo caminho nebuloso. Neste meio tempo, Alvo conseguiu me alcançar, mas Scorpius não estava com ele. Fiquei tentada a perguntar o que acontecera.
            Caminhamos com pressa até as grandes portas de Hogwarts e quando entramos no Grande Salão, meu coração começou a bater rapidamente. Scorpius não estava na mesa da Grifinória, nem Lorcan na da Corvinal e muito menos Silvia na da Lufa-Lufa. Algo estava errado, muito errado.
            Enquanto o Chapéu Seletor berrava nomes, olhei para o céu encantado que havia sobre nossas cabeças e me surpreendi quando Helena Ravenclaw se aproximou de mim:
            -Vá até a Floresta – sussurrou o fantasma em meu ouvido. Não parei para pensar no que aquilo significava, apenas me despedi de Alvo e saí correndo. Pude ver antes de sair do Grande Salão, Lílian, Thiago, Hugo e TJ se levantaram da mesa da Grifinória, enquanto Lysander fazia o mesmo na mesa da Corvinal.
            Foi neste segundo que percebi. Não importava aonde fosse, meus amigos estariam comigo. E então, o perigo começou.

Escrito por StarGirlie.

Quarto Capítulo
Abrindo os olhos

Ok, alguma coisa estava realmente errada ali. Primeiro dia de aula. Escola de bruxos. Pessoas indo para a Floresta Proibida. Isso tudo parece certo para você?
Segurei na mão de Lysander, que estava relativamente mais devagar que eu, Alvo, TJ e Hugo. Apesar dele ter resmungado algo do tipo “perigoso”, eu sabia que deveríamos seguir minha prima.
Logo que saímos do salão principal, encontramos Rosa. Lysander soltou-se instantaneamente da minha mão, mas confesso que fiquei bem aliviada com isso.
-O que aconteceu? – falei.
-Eles sumiram.
Eu sabia exatamente quem eram “eles”. Era assim que eu, Rosa e TJ chamávamos Silvia, Lorcan e Scorpius. Os populares, em outra língua.
-E você decide procurá-los na floresta proibida. Alguma outra idéia, gênia? – disse Hugo, sendo do mesmo modo petulante de sempre.
Rosa mostrou-lhe a língua e ouvi Lysander suspirar. Ridículo.
-Vai mais devagar com isso, amiga. Por que é mesmo que você se importa tanto assim com “eles”?
Percebi que Rosa corou levemente. Nada bom, nada bom mesmo.
-Nossa, eu só quero animar as coisas por aqui!
-Para mim está bem animado. – disse Lysander.
Alvo ficara quieto. Parecia um tanto confuso, não sei. Virei-me para ele. Não podia perder nenhuma oportunidade de encher o saco de meu irmão mais velho.
-Bom, a Rosa pode até não ter tantos motivos, mas aposto que o Alvo tem. “Silvia, Silvia, doce Silvia... por que me largaste, doce Silvia?”. - Rosa soltou um gritinho e começou a rir, como sempre fazia. Os outros também deram risadas, mas Alvo pareceu mais com um cão raivoso do que com um bruxo.
-CALA ESSA BOCA!!- gritou ele.
            Calei-me, mas continuei com meu sorriso vitorioso. Silvia fora namorada de Alvo no ano anterior, mas por “motivos desconhecidos” eles haviam rompido. E, acredite, isso era um ótimo álibi quando se trata de ser a irmã menor.            -Mas se é pra ir, então que seja depressa! – falei.
            Caminhamos em direção a floresta proibida, tentando não fazer barulho. Alvo trouxera a capa. Contanto, ele nunca me deixara usá-la, e sabia que desta vez não seria diferente.
            A noite estava fria e ouvi Lysander reclamar de algo. Logo, nós paramos na entrada da floresta.
            -Nunca vim aqui antes. – sussurrei para TJ, animada, e ela apenas sorriu.
            -Tem certeza de que quer entrar? – falou Alvo.
            Rosa deu uma piscadela e foi adiante, todos nós a seguindo.
            De repente, ouvimos vozes.
            -Droga. – disse a primeira, e percebi que era feminina. – Já falei milhares de vezes que poção do amor é idiota.
            -Já tentei de tudo. – falou a outra. – Mas ela é burra demais para ver que comigo poderá ter tudo que quiser.
            -Fica quieto, Lorcan. – falou outra voz masculina, mais irritada que a última.
            -Nossa, assim até parece que não passou de uma brincadeira aquela história toda de “briguinha”.
            -E se passou? E se foi mais que isso? – disse Scorpius.
            -Está apaixonado, Malfoy? E pela Rosa? – falou Silvia, com tom de surpresa na voz.
-Não. Nunca me apaixonaria por aquela... sangue sujo. – respondeu o garoto.  
Olhei para Rosa. As lágrimas começaram a surgir nos olhos, e ela saiu correndo antes que eu pudesse contê-la. Fomos logo atrás, mas no meio da noite, a perdemos de vista.
E eu soube, naquele instante, que ela percebera algo que eu já havia visto há tempos.
By Babi
Quinto Capítulo
Um engano quase fatal



            Sangue sujo. Sangue sujo. Sangue sujo. Aquelas palavras se repetiam em minha cabeça num ritmo macabro. Scorpius mentira. Ele era apenas mais um ser das trevas como toda sua família. Eu o odiava.
            -Rosa? – escutei uma voz me chamar da escuridão. Me virei. E deparei com o monstro que quebrara meu coração. Seus olhos não transmitiam a maldade que havia em sua alma. Ele parecia alguém do bem – O que aconteceu? O que você faz aqui? – Scorpius tentou tocar meu braço, mas me afastei às pressas.
            -Afaste-se de mim. Agora – saquei minha varinha e mirei seu coração – Não me faça tomar a decisão errada.
            -O que está acontecendo, Rosa? Essa não é você – Scorpius deu um passo à frente, mas o ameacei novamente:
            -Não. Se. Aproxime. Malfoy.
            Os olhos de meu maior inimigo brilharam como se lágrimas quisessem cair. Seu lábio tremeu e inesperadamente sua varinha caiu no chão. Ele parecia tão indefeso.
            -Eu não entendo. O que eu te fiz?
            -Deixe-me refrescar sua memória. “Nunca me apaixonaria por aquela... sangue sujo”? Isso não te lembra nada? – proferi sarcástica. Scorpius entrou em choque.
            -Você escutou. Rosa, isso tudo é um engano. Por favor, entenda. Lorcan... Silvia... Eles não querem o seu bem... – o garoto Malfoy começou a gaguejar.
            -Eles querem que eu me apaixone por Lorcan. A poção do amor? Eu já imaginava. Sou a exceção dos encantos do “garoto popular”. Ele quer me conquistar, de qualquer jeito. Sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria – revelei mais convencida do que imaginava.
            -Não é só isso. “A Maldição do Segundo Ano”. Ela vai voltar, Rosa. E você é um dos alvos – Scorpius se aproximou de mim e tocou meu rosto. Minha varinha riscou sua pele.
            -Eu estou no terceiro ano, não há sentido ela me atacar. Deixe de ser ridículo – incitei mentalmente fogo e queimei a bochecha do Malfoy. As lágrimas de dor começaram a cair de seus olhos, mas não houve arrependimentos.
             Scorpius caiu no chão, acabado. Ele não parecia malvado nem mesmo irritante. Pela primeira vez, o Malfoy apenas parecia incompleto. A ferida em seu rosto continuava a sangrar e não fui mais capaz de ignorá-lo.
            -Explique-se enquanto eu cuido disso – toquei sua bochecha com minha varinha e o encantamento que murmurava, curava-a lentamente.
            -Silvia e Lorcan querem lançar a Maldição novamente e acreditam que os alvos principais deveriam ser você, Alvo e Flô. O motivo? Acreditam que vocês são muito queridinhos por Hogwarts. Querem o “reinado” deste colégio novamente.
            -Mas por que você me chamou de sangue sujo? Eu achava que você não era como Draco... – as lágrimas pingaram docemente em meu rosto e surpreendi-me quando Scorpius as secou.
            -Eu não sou como meu pai, Rosa. Te chamei deste jeito para que eles não desconfiassem que não sou cruel. Preciso impedi-los de levar este plano até o fim e para isso, tenho que estar participando disso.
            Ficamos em silêncio por alguns instantes, até que meu coração começou a bater em uma grande velocidade, algo que o próprio Scorpius chegou a reparar.
            Foi então que percebi. Sua mão segurava a minha. Seus olhos encaravam os meus. Estávamos sozinhos na Floresta Proibida durante a noite. Aquilo não era nem um pouco comum.
            Raios de luz começaram a tingir o céu. Nomes apareciam como fogos de artifícios: Lorcan Lovegood, Rosa Weasley, Silvia Longbottom e Scorpius Malfoy.
            -Acho que é hora de voltarmos – sussurrou o último da lista dos “desaparecidos”. Sua ferida havia sumido completamente.
            Ajudando-me a levantar, Scorpius ficou ainda mais próximo de mim. Sua respiração até mesmo se unia a minha. Seus olhos verdes brilharam, mas não de tristeza. Era algo diferente.
            -Você vai me proteger? – perguntei insegura. A resposta que veio em seguida me acalmou ao mesmo tempo em que me deixou ainda mais nervosa:
            -Sempre – não havia sorrisos debochados, risadinhas sarcásticas. Ele estava sendo sincero. Scorpius me protegeria de tudo e todos. E eu sabia disso.
Escrito por StarGirlie.

Sexto Capítulo
Os Traidores irão se arrepender

-Mas onde aqueles estrumes de dragão foram parar? – disse, com o suor já escorrendo pela testa.
-Puf, Puf... Como você quer que eu saiba? – falou Lysander, que me seguia. Ele, por algum motivo, havia trazido todos os livros consigo.
-Anda mais depressa! Assim vamos perder a aula da Prof° Trelawney!! – disse, já bastante irritada.
Lysander torceu o nariz. Sabia que ele, assim como Rosa e os outros considerados “inteligentes por natureza”, odiava a matéria. Mas eu, não. Era minha favorita; Adivinhações era simplesmente minha forma de pensar que tudo daria certo... ou não.
            -E justo hoje, justo hoje... eu prometi que ia ajudar a Rosa a estudar...
            -Ah, então é por isso que você quer achá-la! – disse, sarcástica. – Eu estou pensando em algo diferente, como, sei lá, o PERIGO que ela provavelmente está CORRENDO, seu bobo! – gritei, chegando ao meu limite. Lysander se encolheu.
            Passamos pelos corredores, e andando depressa, nem notei o que estava acontecendo.
            -Lílian! – falou Lysander, fazendo-me parar bruscamente. – Olhe as paredes!
            Olhei rapidamente para cima, e ali, em letras vermelhas, estava escrito:
            “OS TRAIDORES VÃO SOFRER POR TUDO QUE SEUS PAIS UM DIA FIZERAM. ENTREGUEM-ME O SEGREDO AGORA, OU SE ARREPENDERÃO NO FUTURO.”            Virei-me para o garoto que me encarava de uma forma assustada e disse:
            -Nós precisamos achá-los. Agora.
            Um grito horrível foi ouvido por todos que estavam encarando as paredes e, sabendo que acontecera alguma coisa de errada, só pude pensar na maneira mais rápida de falar com meu pai.
            Saí correndo, sem esperar o frouxa do bruxo que deveria estar me acompanhando, em direção ao corujal. Tinha muito trabalho pela frente e pouco tempo para completá-lo. Ou todos nós sofreríamos as consequências.
            By Babi
Sétimo Capítulo
A Maldição do Segundo Ano



            -Rosa! – gritou Alvo quando eu subi as escadas de Hogwarts. Meu primo correu em minha direção e me abraçou com toda a força que podia reunir. Reparei que Scorpius não estava mais atrás de mim – O que aconteceu? Por que você desapareceu?
            -Eu precisava de um tempo para pensar, Alvo – respondi, percebendo que estava sendo um tanto insensível. Meu melhor amigo se preocupara comigo e a única pessoa que passava na minha cabeça era o Scorpius.
            Antes que ele pudesse me responder, dezenas de pessoas surgiram a minha volta. Elas gritavam palavras como “uma mestiça”, “de novo” e “a Câmara Secreta”. Apesar de serem expressões totalmente aleatórias, ainda assim o sentido ficou claro. Todos se referiam A Maldição do Segundo Ano.
            Acho que essa é a hora de explicá-la. Desde que meu tio Harry se formou, todos especularam que o mal havia sido extinguido de Hogwarts. Porém, dois anos depois, uma aluna desapareceu no banheiro da Murta-Que-Geme e todos começaram a desconfiar que a culpa seria da Câmara Secreta. Pelo visto, era mesmo.
            -Quem foi a vítima dessa vez? – perguntei, enquanto subia as escadas móveis de Hogwarts. Alvo estava ao meu lado, tentando me acompanhar. Quando eu corria desesperada, ia muito rápido mesmo.
            -Você – proclamou meu melhor amigo, me fazendo parar.
            -O quê? – minha respiração parou. Ele não podia estar falando sério. Eu estava viva e bem na frente dele.
            -Isso mesmo. Você e Hugo são os alvos. Rony traiu o “sangue puro” casando com Hermione. Vocês são o fruto da relação deles. E são os alvos da Maldição.
            -Ele está no segundo ano! – o choque me fez sentar em um dos degraus. Apesar da Maldição não ter nada haver com os anos de Hogwarts, ela só atacava pessoas que estivessem no segundo ano do colégio.
            -Sim e você é irmã dele. A Maldição vai puxar os familiares mais próximos e consequentemente, eu, Lily e Thiago – completou Alvo.
            -Não, não. Scorpius não pode ter razão! – disse, sem pensar.
            -Scorpius? – questionou meu primo sem ter nenhuma ideia do que eu falava.
            -Quando ele me contou hoje a noite sobre “eles” quererem machucar você, Flô e eu mesma, não acreditei. Só que Scorpius estava falando a verdade... – completei, ainda sem perceber que revelara nossa conversa.
            -Vocês conversaram?! Você me abandonou para falar com aquele garoto? O mesmo que te chamou de sangue sujo? – Alvo parecia realmente magoado e... Traído.
            -Não, não, não foi nada disso. Eu não quis dizer “hoje a noite” como hoje, mas como...
            -Não minta! Eu sei que foi hoje! Flô começou suas aulas hoje! Não existe um modo de estar falando do ano passado – Alvo me interrompeu e começou a descer as escadas.
            -Alvo, não vá, por favor. Não me deixe sozinha. Não agora – implorei, sem me levantar, pois não tinha forças.
            -Por quê? Por que não chama Scorpius e me deixa em paz? – ele estava sendo rude e cruel. Aquele não era o melhor amigo que eu tanto gostava.
Muito obrigada pela montagem, Maya!
            -Porque eu preciso de você, não dele. Pare com essa birra e volte – já havia recuperado minha voz arrogante.
            Um sorriso abriu-se nos lábios de Alvo e ele voltou para o meu lado, mas não se sentou. Ele encarava algo atrás de mim. Virei meu pescoço e vi também.
            Parados no topo da escada estavam Lorcan, com seu uniforme cheio de enfeites azul e cobre, Silvia, vestindo o amarelo característico da Lufa-Lufa, e Scorpius com o casaco personalizado da Grifinória. Ironicamente, a “turma do mal” não tinha nenhum participante da Sonserina.
            Silvia, que estava no centro dos dois, desceu um degrau e provocou:
            -Ah, pequena ruivinha apaixonada! Achei que você fosse mais digna! Mentindo agora sobre uma conversa com o meu Scorpius? Bobinha!
            Pensei em responder, mas preferi pegar minha varinha novamente. Ela fingiu estar com medo, enquanto voltava para Scorpius. Ou melhor, para os braços dele.
            -Não me mate só por que ele é meu, garota! – disse Silvia, irritando tanto eu quanto Alvo.
            Os olhos de Scorpius se concentraram em mim, enquanto os lábios de Silvia beijavam sua boca. Não fugi, não chorei, não me magoei. Eu não amava o Malfoy, nem sentia nada por ele. A única coisa que me importava na minha vida era minha família e meus amigos, e ele não estava incluso em nenhuma das opções.
            -Engano seu, Silvia. Ao contrário de você, não preciso agarrar um garoto para ele ser apaixonado por mim – dei meu sorriso tão característico. Scorpius ficou ainda mais pálido, enquanto sua suposta namorada foi coberta de fúria.
            Quando pretendia sacar sua varinha, Lorcan segurou os ombros de Silvia e me disse:
            -Tome cuidado, ruivinha. O seu primo tem razão. A Maldição quer você e Hugo. Nós não somos seus alvos.
            -Pelo menos, ela tem bom gosto – respondi sarcástica e saí calmamente em direção ao dormitório da Grifinória. Deixando para trás três bruxos totalmente perplexos.
Escrito por StarGirlie.



Oitavo Capítulo
Olhando nos olhos

                -Ai meu Deus! – disse, quando vi Silvia beijando Scorpius. E bem na frente de Rosa.
                -O que está acontecendo? Achou eles? – perguntou Lysander, me empurrando e tentando ver também. Quando conseguiu, soltou um gritinho.
                Assistimos à cena atentamente até que Rosa foi para o outro lado e deixou o grupinho popular, os “eles”, para trás. Logo, Lysander correu até eles e eu fiz o mesmo.
                -O que aconteceu? – disse para Scorpius, tentando ignorar o fato de Lorcan estar a menos de meio metro de mim.
                -A Rosa. Ela aconteceu. – falou meu melhor amigo.
                -Só se for para você. – respondeu Lorcan. - Seria muito melhor se aquela garota tivesse ficado no canto dela. Nós tentando ajudar e ela simplesmente... sério, ela me deixa louco.  E agora, como vou conseguir conquistá-la? Mulheres são tão imbecis.
               -Pra começar, - disse, tomando coragem e encarando Lorcan nos olhos. – mulheres não são imbecis. Você é imbecil de acreditar que irá conseguir alguma coisa com minha prima apenas com uma poção. Ela é boa demais pra isso. Corteje-a, ame-a, mostre que pode ser bom o bastante para ela. Mostre que você é diferente dos outros. Não tente domá-la, apenas fique a seu lado. Rosa pode até parecer durona, mas tem um coração imenso. E acredite, não é fácil conquistá-lo. Quando conseguir cumprir estes itens, aí sim, terá alguma chance de competir.
                No momento em que acabei meu discurso, percebi que gente demais me encarava. Lorcan, boquiaberto, Lysander, Scorpius, Silvia e os outros alunos que estavam em volta. A primeira coisa que aconteceu depois que caí na real foi a menos esperada: Silvia me abraçou. Literalmente, ela me abraçou.
                Uma lágrima se formava em seus olhos quando me soltou, e percebi que ela estava tão perdida quanto eu na vida. Só queria um pouco de carinho.
                Lorcan piscou diversas vezes e minha bochecha ficou da cor de um pimentão.
                -Você é incrível, Layla. – falou ele.
                -Lily. Liliy Potter. – disse Silvia, corrigindo-o. Isso me deixou imensamente honrada e feliz.
                -Você quer que eu a corteje? – falou Scorpius, muito estranho para meu gosto.
                -Não... – disse, indecisa. – Achei que estivesse ajudando o Lorcan.
                Scorpius engoliu em seco e começou a corrigir o erro:
                -Sim, sim... quis dizer ele. Você quer que ele a corteje?
                -Bom, se quiser se dar bem com ela, sugiro que se ajoelhe a seus pés. E mesmo assim é capaz de não ser bom o suficiente.

                Lysander, que ficara calado, finalmente abriu a boca.

                -Você é inteligente, garota. E muito.
                Sorri para ele. Nunca havia escutado um elogio vindo de Lysander, e isso mexeu mais comigo do que eu imaginava.
                Antes mesmo de poder fazer mais alguma coisa, escutei Scorpius sussurrar, olhando para uma direção contrária a que eu estava:
                -Ele morreu.

By Babi
                
Nono Capítulo
A primeira vítima



           Alvo segurava meus ombros. O corpo de Hugo estava em meus braços. Tão inocente, tão jovem, tão puro. Escutei as pessoas cochicharem sobre o que poderia ter acontecido. Mas eu sabia. A Maldição capturara sua primeira vítima.
            -Ele morreu – as palavras saíram dos lábios de Scorpius, mas não me dei ao trabalho de olhar em seus olhos. Aquele era apenas mais um de seus truques. O jovem Malfoy era totalmente desprezível.
            -Ele não pode ter morrido! – gritou Lily, vindo ao nosso encontro. Seus dedos buscaram a pulsação de meu irmão, mas não havia. O coração de Hugo parara para sempre.
            E então algo no bolso do casaco do primo de Lilian, chamou sua atenção. Ela puxou o papel encontrado, percebendo que este na verdade era uma foto.
            -Quem está aparecendo? – perguntei dando pouca importância a isso, enquanto acariciava o cabelo ruivo de meu pequeno irmão. Percebi que Lily engasgou – O que aconteceu?
            -É uma foto sua com o Scorpius.
            Toda a escola pareceu silenciar-se. Silvia e Lorcan nos encararam chocados. Eles até suspeitavam, mas não acreditavam que eu estivesse tão próxima de Scorpius. E, na verdade, não estava.
            -Uma foto minha com Rosa? Dê-me isso imediatamente – ordenou Scorpius, sendo, pela primeira vez, rude com sua melhor amiga. Isso produziu exatamente o efeito contrário.
            Lilian colocou em minha mão a imagem e esperou meu comentário. Eu reconhecia aquela foto. Era de uma das tardes na Toca. Scorpius vestia as cores da Grifinória semelhante a mim mesma. Sempre fomos muito ligados à nossa Casa.
            -Essa foto é... – não terminei de falar, pois percebi que havia um bilhete no verso. Esse era o motivo de Lily ter engasgado. Minha reação foi muito pior.
            Coloquei Hugo nos braços de Alvo e saquei minha varinha, apontando-a para Scorpius. Todos que presenciavam a cena ofegaram.
            -Como você pôde? Eu sabia que você não prestava, mas a esse ponto? Assassino! Monstro! – revia diversas vezes a pronúncia do feitiço que planejava aplicar em meu maior inimigo. Não podia errar.
            -Estou cheio de levar a culpa por coisas que não fiz! Que maldição! O que foi dessa vez? – perguntou Scorpius petulante, sem nem mesmo perceber que minha varinha era realmente uma ameaça.
            -Coisas que você não fez? Então você vai negar que matou meu irmão? Que as palavras escritas na letra cursiva dele são mentiras? Que outra pessoa pegou essa foto, que somente você tinha, e colocou no bolso dele? – disparei as perguntas, em voz alta, provocando uma verdadeira confusão na escadaria de Hogwarts. Estava surpresa que até agora ninguém tivesse aparecido para nos impedir.
            -O que está escrito nessa maldita foto? – gritou Malfoy, com o desespero tingindo seu rosto branco. Até mesmo seus olhos verdes pareciam mais claros.
            -“Não se aproxime de Scorpius, irmã. Ele é perigoso. Espero que você receba isso antes que seja tarde demais” – recitei as palavras de meu irmãozinho, percebendo o quanto a falta dele já me machucava.
            Ele não respondeu imediatamente. Apenas se afastou. Lentamente e sozinho. Havia algo em sua reação que me pareceu muito estranho.
            -Nem foi necessário dar uma prova decente, para que você já achasse que eu o matei, não é mesmo? Você só queria algo para usar contra mim! O tempo inteiro. Aquelas palavras não significaram nada, não é mesmo? Você só queria ter algo para se vingar de mim! O tempo todo foi um plano! – exclamou, exasperado, Scorpius.
            Fiquei sem resposta. Nunca havia pensado daquela forma, nem mesmo quando ele me chamou de sangue sujo. Porém, agora o melhor amigo de Lilian havia ultrapassado todos os limites.
            -Sectumsempra! – e o corpo de Scorpius foi arremessado contra os degraus. Seu sangue escorreu, manchando toda a escadaria. Seus gritos apavoraram meus ouvidos.  

            Minha prima e Silvia correram na direção do garoto, mas não consegui me mexer. Minha varinha ainda estava em punho, minha respiração permanecia acelerada.

            Alvo colocou o corpo de Hugo em alguns degraus e me puxou para um abraço. Sentamo-nos na escadaria, enquanto as lágrimas caíam de meus olhos. O mundo parecia estar desabando sobre minha cabeça.
            Além da morte de meu irmão, eu acabara de me tornar um monstro. Ferira uma pessoa sem ter provas de sua culpa. Machuquei o melhor amigo de Lilian e, consequentemente, ela mesma.
            Lembrei-me das palavras do Chapéu Seletor: “Gostaria tanto de lhe mandar para a Sonserina ou para a Corvinal, mas acredito que você precisa ir para a Grifinória. Deve provar que eles estão errados”. O que ele queria dizer com isso? Que eu vou ser a primeira má vinda da Grifinória?
            -Você é a próxima – sussurrou uma voz me tirando de meus devaneios. Não era humana, eu podia sentir. E então, tudo se clareou em minha mente.
            -Nós precisamos correr, Alvo. Agora.
Escrito por StarGirlie.



Décimo Capítulo
Petrificado?


         -Ela queria me matar, Lily. – falou Scorpius, já na ala hospitalar. –Eu senti que ela queria me matar.
         Chacoalhei a cabeça, negando.
         -Não. – falei. – Ela nunca machucaria uma mosca. Mas o irmão dela morreu, entenda Scorpius. Meu primo morreu. O que queria que ela fizesse? Lhe abraçasse?  Rosa não é assim. E Hugo era importante demais para ela, qualquer coisa que indicasse algum culpado a faria agir assim. Mesmo que seja você.
         -Como assim mesmo que fosse eu? Ela me odeia, e eu a odeio também!
         -Scorpius, eu sei que lá no fundo você sabe o que eu estou pensando.
         Meu melhor amigo virou a cara. Já era de noite e as luzes estavam apagadas, mas eu sabia que seu rosto estava rubro.
         O barulho do ranger da porta invadiu a sala. Eu não deveria estar ali, naquela hora da noite, mas não tive tempo para me esconder.
         -Graças a Deus, te achei, menina! – disse TJ, entrando e parecendo aliviada. – Aconteceu uma coisa!
         Olhei para minha amiga. Ela parecia simplesmente radiante.
         -E posso saber que coisa é essa?
         TJ deu uma gargalhada e escutei passos no corredor.
         -Veja por você mesma. – falou ela, antes que a porta se abrisse novamente.
         Madame Generva, a “curandeira” da ala hospitalar, entrou ao lado de Hagrid na sala. E no colo do grandalhão, estava um Hugo adormecido.         Meus olhos se arregalaram. Hagrid assoava o nariz, ainda com o garoto no colo, e em meio as lágrimas pude entender algo como:
         -E-ile n-a-num-nã-o – morrieu!!
         E deduzi que Hugo não estivesse morto.
         -Como assim? – disse Scorpius, sendo mais rápido do que eu.
         -É uma maldição. E das brabas, mas espero que com minhas mandrágoras resolvam o problema. – falou Generva.
         -O QUÊ? –falei. – MANDRÁGORAS?
         -Sim, senhorita Potter. E gostaria de saber o que está fazendo aqui, mocinha. Não deveria estar na cama?
         -Claro, claro... mas, se são mandrágoras... ele está...
         -Petrificado. – disse Lysander, aparecendo na porta. – Vim ver como está o Hugo. Fiquei sabendo da maldição.         -Não precisamos de você. – disse, ríspida.
         -Engraçado... – disse Lysander, olhando para mim. – Tanta inteligência, desperdiçada.
         Virei-me para ele com um olhar penetrante, que o fez se calar. Não era hora para elogios.
         -Scorpius, - disse. – Acho que preciso ir. Volto amanhã.
         Meu amigo concordou, e quando eu estava saindo da sala, puxei Lysander para junto de mim.
         -Você vem comigo. Precisamos pegar uma certa capa, - sussurrei. – e ir até uma certa biblioteca.
         O garoto sorriu e respondeu:
         -Achei mesmo que estava demorando demais.
         By Babi

Décimo Primeiro Capítulo
Eles estão errados




            Sentei-me no meio da Sala Precisa. Ela havia materializado um shopping dentro de Hogwarts. Aquilo era tão surreal que me fazia gargalhar. Porém, não era hora de risadas. Meu irmão estava petrificado.
            Entrei em uma das lojas e escolhi um vestido azul, minha cor favorita. Provei-o em uma das “cabines” e me observei no espelho. O cabelo, que a cada dia ficava mais laranja e menos vermelho, caía sobre o tecido da cor do céu. Inesperadamente, lembrei-me de Helena Ravenclaw e das suas palavras dirigidas a mim no primeiro dia de aula:
            “Você não é uma estudante de Gryffindor. Pertence a minha mãe. E à Syltherin. Prove que eles estão errados”
            Mexi nervosamente no meu cordão com a letra W, que representava a família Weasley. Todos meus parentes eram da Grifinória e eu temia que o Chapéu Seletor tivesse me mandado para lá, apenas por pena.
            Ouvi passos no corredor do shopping e corri na direção do barulho. Quem apareceu era uma menina estranhamente familiar. Seu cabelo era castanho e seus olhos verdes. Ela não vestia o uniforme nem as cores de Hogwarts, o que me pareceu um tanto suspeito.
            -Oi, Rosa! – sua voz era animada, mas ela era bastante tímida.
            -Como você sabe meu nome? – perguntei assustada, enquanto me afastava rapidamente da desconhecida.
            -Ops! Esqueci que só você é a famosa aqui... Eu me chamo Felícia – ela tentou se aproximar de mim, mas continuei a fugir.
            -Felícia do quê?
            -Ravenclaw – o choque transpareceu em meu rosto e acabei tropeçando em uma das araras, caindo no chão.
            -Meu Deus! Você é da família original! – gritei, exasperada, enquanto Felícia me ajudava a levantar.
            -Você acha que eu vivo escondida por quê? – respondeu a descendente de uma das fundadoras de Hogwarts.
            -Você vive escondida? – perguntei, sem saber dessa história.
            -Sim. Como você e Scorpius vivem visitando a Sala Precisa foram os únicos que descobriram sobre minha existência.
            Ela dissera que o Scorpius visitava muito a Sala Precisa? Sabia que ele havia deixado um celular escondido ali, mas não imaginava que era um frequentador regular.
            -Ele vem aqui procurando o lugar onde encontraria paz. Mas sempre acaba direcionado para este shopping. Para o seu Paraíso – completou Felícia – Eu sempre procuro pelo local onde pessoas confiáveis permanecem e acabo encontrando vocês o tempo inteiro.
            Sentei-me em uns dos bancos e pensei “Gostaria de conhecer o Paraíso dele”. O shopping desapareceu e no lugar deste, a Toca surgiu. Na verdade, parecia ser a casa de meus avós, mas não era. Era a casa de... Lily.
            Vi imagens dos dois correndo juntos aparecerem. Ele a puxou para um abraço e os dois riram. Felícia observou tudo ao meu lado. Senti uma dor em meu coração, mas não podia ser o óbvio. Devia ser algo muito diferente.
            -Acho que já chega – disse Felícia, mentalizando o Salão Comunal da Corvinal.
            -O que estamos fazendo aqui? – perguntei, estranhando alguém querer estar no colégio novamente.
            -Acho que você vai descobrir com o tempo. Só não esqueça. Eles estão errados – e tudo desapareceu. Inclusive minha mais nova amiga.


Escrito por StarGirlie.



Décimo Segundo Capítulo
Uma noite na biblioteca

            -Basilisco? Mas o basilisco está morto, segundo “Hogwarts, Uma História”.
            -Eu sei, Lily. Mas só pode ser isso. O que mais petrificaria alguém de modo tão intenso senão um basilisco?
            Virei uma das páginas do livro e fiz careta.
            -Em primeiro lugar, não me chame de “Lily”, Lovegood. E em segundo lugar, eu não faço a mínima ideia. A não ser que...
            -Que...? – falou Lysander, olhando em meus olhos e me deixando um tanto insegura.
            -Bom... a Câmara foi revistada depois do que aconteceu com meus pais?
            -Não sei. Provavelmente não, estava infestada de veneno de basilisco. Ainda está, acho.
            Pisquei, e antes mesmo de tomar fôlego, comecei a falar:
            -Sério? Ai meu Deus, eu acho que a Câmara... É... Mas... É isso! Então, se ela não foi revistada, só pode... Sim, acho que estou chegando lá...
            -CALMA! –disse Lysander, assustado. – Vá mais devagar, quero acompanhar também.
            Pensei por um momento, então peguei nas mãos do meu amigo e, sussurrando, disse:
            -E se o basilisco que Harry e Gina Potter mataram não era macho. E se aquela criatura que está morta na Câmara for fêmea?
            Soltei-o e observei sua expressão.
            -Não sei onde quer chegar com isso.
            Balancei a cabeça e levantei os braços para o alto.
            -Não percebe? E se a criatura tiver botado ovos?. E se os ovos tiverem nascido?
           Lysander demorou alguns segundos, mas quando respondeu parecia muito mais assustado do que antes.
            -Então, se isso tiver acontecido, Hogwarts não é mais segura.
            Concordei e fechei meus olhos.
            -Exatamente. Podem existir um, dois, três, mil bebês basiliscos soltos por aí.
            No momento em que disse isso, ouvi um barulho atrás de mim. Soltei um grito e, quando me virei, percebi quem era: Lorcan.
            -Isso significa que temos que ser rápidos. – disse ele. – Pois se não, pagaremos por isso.
            Acenei com a cabeça, ainda muito surpresa, e ouvi a porta da biblioteca bater num eco sonoro.
            -Precisamos ir. Agora.
            By Babi
Décimo Terceiro Capítulo
A Câmara Secreta



            Entrei no banheiro feminino onde a Murta-Que-Geme ainda morava. Abri todas as cabines e sussurrei:
            -Eu estou aqui – água estourou de todos os canos e as pias abriram em uma enxurrada. Em pouco tempo estava totalmente ensopada.
            A fantasma surgiu em minha frente, com seu rosto de choro tão habitual. Sentei-me em alguns ladrilhos e esperei que ela me acompanhasse. E, como sempre, foi isso que aconteceu.
            -O que te traz aqui novamente, Rosa? Problemas escolares ou finalmente do coração? – ela perguntou, sorrindo para mim. Murta sempre dizia que eu era uma grande amiga.
            -Nenhum dos dois, Murta. Meu irmão foi petrificado. Graças àquilo novamente – apontei para a entrada da Câmara Secreta e arfei. A fantasma se aproximou de mim e seu toque, provocou uma onda gelada pelo meu corpo.
            -Pelo menos, ele está vivo, querida – seus dedos pálidos tentaram mexer em meu cabelo, mas aquilo era impossível.
            -Eu sei e... – Mas os próximos podem não sobreviver, sussurrou aquela voz tão assustadora e terrivelmente conhecida, que vinha me atormentando há dias.
             Olhei para as pias e tomei uma decisão. Sabia que era arriscado e que apontaria todas as suspeitas para mim, mas era necessário. Afastei-me de Murta e repeti as palavras daquela voz. A passagem se abriu.
            -Você fala com cobras? – perguntou minha amiga, mas não respondi. Apenas saltei no grande buraco negro.
            Meus pés pousaram numa superfície fofa, que sabia que era peles do basilisco. Ou como Lily descobrira, dos basiliscos. Segui a voz que sussurrava meu nome até chegar à aterrorizante entrada para o templo de Syltherin.
            Porém, se Rowena e o Chapéu Seletor estivessem certos, o que eu acreditava plenamente, aquele era meu lar. De onde desde o início, deveria pertencer.
            Repeti meu nome na linguagem tão aterrorizante da voz e as cobras, que selavam a entrada, se abriram. Deparei-me desde o primeiro momento com os ossos que Harry havia matado e pude perceber que uma presa faltava em sua boca. Orgulhosamente, lembrei-me que meus pais fizeram isso.
            Enquanto me distraí com a beleza macabra que se encontrava a minha frente, reparei que havia uma adolescente escondida em uma das paredes. Ela conversava com alguém. Conversava com a voz.
            -Eu não posso fazer isso. Você sabe disso – disse quem percebi ser Silvia. Apesar do tom frágil, ela continuava tão petulante como antes. Abaixei-me nervosa e me refugiei nas sombras.
            Não houve respostas. A filha de Neville se levantou nervosa e saiu da Câmara, como se aquele fosse um cômodo comum. Apesar de não estar dizendo nada, a Voz parecia não ter partido.
            Quando decidi que deveria ir embora de qualquer jeito, que aquele lugar não era seguro para uma estudante da Grifinória, a Voz sussurrou em meu ouvido.
            -Seu tiozinho Harry ficaria tão feliz pela sua coragem! – não conseguia identificar a quem pertencia aquele som tenebroso – Mas ele estaria sendo enganado. Você não é corajosa. Sabe que a Sonserina é uma de suas Casas.
            -Claro que não – respondi, reunindo todas minhas forças – Eu pertenço a Grifinória!
            -Ah tá. Parece que você não escuta os fundadores não é mesmo? Rowena te avisou. Até mesmo o Chapéu Seletor te disse. E agora você não acredita em mim?
            -O que você quer dizer com isso? Que é Salazar Slytherin? – perguntei, tentando me afastar, mas era impossível.
            -Não irei responder. Vamos testar suas habilidades. Mas antes disso tenho que aplicar-lhe um castigo por seus erros.
            Castigo? O medo vibrava minhas veias e comecei a gritar. Porém, minha voz parou de ser expelida. Aquela Voz estava tirando minhas forças.
            -Sei que você é uma bruxa mestiça, mas há algo que me diz que possui um comportamento de uma sangue-ruim. Deve ser por causa de sua mãe – e então, a dor começou.
            Meu braço foi elevado e uma faca invisível começou a marcar “mudblood” em minha pele, fazendo com que o sangue pingasse sem parar. Lágrimas caíam de meus olhos e meus gritos eram abafados.
            Os cortes pararam, mas a dor continuou. A Voz partiu. Pude sentir aquilo. Porém, eu ainda agoniava no chão repleto de uma mistura de água e sangue de basilisco.
            -Rosa! – gritou alguém que não pude identificar inicialmente. Esta pessoa me ajudou a sentar e ofegou quando viu a grande ferida em meu braço.
            Meus olhos demoraram a se abrir totalmente e deparei-me com Scorpius secando minhas lágrimas. Seu rosto parecia preocupado, mesmo sabendo que tentara matá-lo há tão pouco tempo.
            -O que você está fazendo aqui? – perguntei, lembrando-me que ele teria que saber falar com as cobras para ter adentrado na Câmara Secreta.
            -Felícia me contou que Murta avisou a ela que você estava aqui. E quando vi Silvia saindo do banheiro feminino, fiquei desesperado e tive que vir te salvar.
            -Mas você sabe que não precisava fazer isso. Eu quase te matei! – relembrei.
            -Isso não importa, Rosa. Não agora. E acho melhor voltarmos. A diretora Mcgonagall está te esperando – avisou o jovem Malfoy.
            -Estou encrencada? – perguntei.
            -Nem um pouco – respondeu Scorpius, dando sua risadinha tão característica.
Escrito por StarGirlie.
Décimo Quarto Capítulo
Meu Último Amigo





            Vesti meu casaco vermelho da Grifinória e desci as escadas do dormitório feminino. O fogo ardia na lareira quando cheguei ao Salão Comunal de minha Casa. Alvo me esperava no pé do primeiro degrau com seu cabelo preto bagunçado e o rosto cansado.

            -Oi, Rosa – com um carinho tão costumeiro, meu primo me abraçou e me fez esquecer tudo que acontecera mais cedo. Murta, Voz, Câmara, Silvia, Scorpius, “A Conversa”... Tudo estava no passado agora.
            Juntos, sentamos em um dos sofás e, respeitando minha privacidade, Alvo não perguntou nada sobre o que aconteceu hoje. Não precisava, ele simplesmente sabia.
            -E então, o que faremos hoje? – perguntou meu primo com um sorriso bobo nos lábios. Seus olhos brilharam e algo pareceu se remexer em meu coração.
            -Hoje? – questionei surpresa. Já se passava da meia-noite. E os alunos eram estritamente proibidos de sair dos Salões Comunais àquela hora. Um arrepio percorreu meus braços e encostei-me em Alvo, abraçando-o.
            -Claro. Você acha que deixarei minha melhor amiga ficar nesse estado? – ele tocou minha bochecha no exato momento que uma lágrima surgiu – Rosa, eu sei que nunca faço isso, mas o que está acontecendo? O que há com você?
            -Nada, Alvo. Nada – desviei o rosto e me levantei. Mesmo de costas para meu primo, conseguia sentir a energia que me puxava para ele.
            Meu pulso foi puxado e Alvo me virou. Ficamos frente a frente novamente. Ele parecia querer dizer alguma coisa, mas não conseguia. Apesar de tudo, eu sentia essa mesma covardia em mim mesma. Meu melhor amigo precisava ouvir algo de mim. Porém, não foi bem o esperado que eu disse:
            -É, eu preciso ir. Sabe, aulas amanhã cedo. Boa noite, Alvo.
            E enquanto subia as escadas, jurava que pude ouvir um “Adeus, Rosa”.


             Era hora do almoço e meu primo ainda não aparecera. Não fora a nenhuma das aulas. Nem a nenhum dos outros locais de Hogwarts. Fui até mesmo à Floresta Proibida procurar por ele e nenhum ser vivo tinha notícias dele.

            Scorpius sentou ao meu lado na mesa da Grifinória. Ele vestia seu casaco vermelho e a calça jeans preta que ia um tanto contra ao uniforme de Hogwarts.

            -O que houve dessa vez? – desde que saí da sala da professora Mcgonagall na noite anterior, minha relação com Scorpius estava extremante estranha.
            -Nada que te interesse – levantei-me, mas ele segurou minha mão sobre a mesa.
            -Rosa, sério. Não dá pra parar com isso? – seus olhos verdes estavam tão cinzas que chegavam a me assustar. Aquilo parecia definitivamente um olhar de sonserino.
            -Scorpius, me deixa. Pelo amor de Deus, chega dessa história, ok? – decidi que era a hora de dizer tudo, antes que a coragem me faltasse de novo – Eu não quero mais isso. Não quero mais falar com você. Nem ao menos te ver. Você fez sua escolha. Agora arque com as consequências e me deixa em paz.
            Saí às pressas do Grande Salão, percebendo que todos estavam escutando nossa conversa. Não sabia bem para onde ir. Qualquer lugar parecia ruim sem meu melhor amigo.
            Em meio a essa mistura de sentimentos, cheguei a Sala Precisa. Desta vez, quando foi aberta, não havia um shopping me esperando. 

       

            Eu estava em uma rua trouxa com outras três pessoas, mas só uma chamou minha atenção. Corri em sua direção e joguei-me em seus braços. Não pude conter as lágrimas.
            -Nunca mais faça isso, nunca mais – avisei Alvo, enquanto ele acariciava meu cabelo. Minha voz estava embargada pelo choro o que provocou risadinhas fofas vinda de minha prima, Victoire. Já Felícia parecia extremamente chateada.
            Alvo explicou-me que pretendia fugir de Hogwarts depois de nossa última conversa e que foi nossa prima Victoire que o impediu. Felícia contou que encontrou os dois perdidos em uma das entradas secretas e os trouxe até aqui, contando também seu segredo.
            Em pouco tempo, a rua transformou-se em uma sala cheia de passagens. Uma delas dizia claramente: Hogsmeade.
            -Você já está voltando pra lá, Vic? – perguntei, afastando-me de Alvo. Ele resmungou um pouco, mas entendeu que ela também estava sumida da minha vida. Felícia ainda permanecia distante com um olhar de ódio sobre meu primo.
            -Sim, Rosa. Eu não queria... Sabe, é uma droga ter que voltar para trabalhar! Hogwarts é tão melhor! Mas Teddy está me esperando... Então, tenho que voltar – Victoire me deu um beijo na bochecha e correu para um dos portais – Até depois! E Rosa, nada de deixar de mandar as cartas para mim, hein?
            Corei, enquanto ela partia. Alvo tentou se aproximar de mim novamente, mas Felícia se pôs entre nós dois. Ia perguntar o motivo, mas antes que fosse possível, minha amiga gritou:
            -Graças a Deus que você chegou! – olhei para trás e me deparei com Scorpius entrando por um dos portais – Alvo, preciso da sua ajuda, vem comigo.
            E em poucos segundos, eu estava sozinha com Scorpius em uma sala que se tornava qualquer coisa. Pude ver enquanto as portas viravam lindas árvores e entrávamos em um maravilhoso jardim. Percebi que o melhor amigo de Lily havia tirado seu casaco vermelho, exibindo os cortes que havia em seus braços.
            -Fui eu que fiz isso? – perguntei, tocando uma das cicatrizes. Scorpius colocou sua mão sobre a minha e fingiu não ter escutado minha pergunta. A refiz de novo, recebendo dessa vez uma resposta:
            -Sim, Rosa, foi você, mas não importa. Está tudo bem. Para mim, tudo isso está no passado, mas e para você? – seus olhos verdes encontraram os meus e minha respiração falhou. Percebi que ele se aproximava, mas não sabia qual deveria ser minha reação.
            -Para mim também – foi a única coisa que consegui responder antes que tudo mudasse.
            Escrito por StarGirlie.


Décimo Quinto Capítulo

O Beijo
 
As lágrimas escorriam de meus olhos. Não conseguia me conter, apenas... chorava.
            -Não chore. Você é bonita demais para isso. – disse o gêmeo que eu mais desejara durante algum tempo. – Você é perfeita.
            E antes que eu me desse conta, nossos corpos já estavam unidos e nossos lábios estavam prestes a se encontrarem.
            Ele era tão maravilhoso, tão meu, e eu não sabia direito como reagir. Eu já estava apaixonada.
            Naquele mesmo dia pela manhã...
            -Caramba Rosa, isso muda tudo! – falei, espantada. O café da manhã estava sendo servido e era arriscado conversar sobre isso em público, mas era um assunto urgente.
            -Sim, eu sei Lily. Silvia está, de alguma forma, “conversando” com a coisa.
            Estávamos todos sentados à mesa da Grifinória. Eu, Rosa,Alvo , Scorpius, Lorcan, Lysander e Felícia, apesar dos três últimos não pertencerem a nossa casa. Mas esta era, sem dúvida alguma, uma imensa exceção.
            -Eu já desconfiava. Eu percebi que ela estava fazendo algo errado durante todos os dias em que desaparecera. – sibilou Scorpius.
            -Deveria ter me contado antes. – falei. – Agora só nos resta saber o que é, exatamente, essa coisa. Quer dizer, nós sabemos que existem vários basiliscos soltos por aí, mas o que os está comandando?
            -Não tenho ideia. – falou Lorcan. – Mas estou preocupado com a Silvia. Ela não esta segura.
            -Silvia? – falou Lysander, olhando para seu irmão. – Você ainda se preocupa com a Silvia? Depois de tudo que ela faz para nós, para Lily, você ainda se preocupa com ela?
            Rosa olhou para mim, com uma cara de “o que eu perdi?”, mas eu apenas corei. Eu estava, sim, mais ligada a Lysander. Mas, de certa forma, Lorcan estava junto e era isso que me causava o real constrangimento.
            -Eu sei. E Lily, nunca vou deixar que ela faça mais nada a você, mas de qualquer forma, não sei... – falou Lorcan, olhando em meus olhos e me fazendo derreter.
            Virei o rosto para que ele não visse que eu ficava vermelha e olhei para meu irmão.
            -Alvo, como podemos descobrir o que é essa coisa? – falou Rosa, cortando o clima tenso.
            -Rô, eu acho que devemos pedir ajuda.
            Percebi meu melhor amigo, Scorpius, cerrando a mão quando Alvo pronunciou o apelido. Parecia que não somente Rosa estava confusa. Eu também estava. O que havia acontecido no tempo em que ficamos sem nos falar?
            De repente, uma nuvem preta cobriu o céu e as velas que ornamentavam o teto do grande salão apagaram. Escuridão total.
            Em menos de um minuto, todos corriam e gritavam, aterrorizados. Agarrei a mão de alguém próximo e deixei que ele me guiasse.
            Não estava enxergando nada e acabei tropeçando e caindo em algo, logo antes de uma voz muito aguda e estridente soar em minha mente, dizendo: “Os filhos pagam os pecados dos pais. Não há para onde correr, herdeiros dos ‘heróis de Hogwarts’. Estamos em todo lugar e iremos lhes encontrar”.
            Soltei a mão da pessoa que me guiava, ainda no chão, e cobri minhas orelhas com as mãos. A voz parecia perfurar minha alma, que ardia, ardia como nunca ardera antes.
            -Força, Lily. – ouvi alguém dizer, logo antes de sentir mãos me erguendo e apagar completamente.
           
amoginaweasley | Gina - a camara secreta            Acordei, assustada, e abri meus olhos. Nada vi.
            Aos poucos, fui me acostumando com a pouca luminosidade, e quando percebi, me encontrava em algum lugar frio, sujo e que cheirava mal.
            -Lily!? Você está bem?
            -Quem está aí? – disse, esfregando minha cabeça que latejava.
            -Sou eu, err... Lorcan.
            Mãos fortes me seguraram e senti uma imensa segurança. Aquilo estava errado, eu sabia, mas ao mesmo tempo, tão certo.
            -Os outros também foram pegos, mas estamos separados deles.
            Malmente enxergando minhas próprias mãos, comecei a soluçar e chorar. Lorcan envolveu-me em seus braços e me embalou como se embala um bebê. Ele era meu porto seguro, o lugar onde eu repousaria durante todo o sempre; onde eu morreria se pudesse. Onde eu sempre quis estar.
            As lágrimas escorriam de meus olhos. Não conseguia me conter, apenas... chorava.

            -Não chore. Você é bonita demais para isso. – disse o gêmeo que eu mais desejara durante algum tempo. – Você é perfeita.
            E antes que eu me desse conta, nossos corpos já estavam unidos e nossos lábios estavam prestes a se encontrarem.
            Ele era tão maravilhoso, tão meu, e eu não sabia direito como reagir. Eu já estava apaixonada.
            E, quando eu me senti realmente pronta, ele disse:
            -Espere, Lily. Você está enganada. Não sou quem você pensa.
           -Eu sei. E gosto muito de você, Lysander, de verdade. E acredite, eu sou esperta demais para acreditar numa mentira tão mal contada.
            Sorri, e tive a certeza de que ele fez o mesmo.
            By Babi



Décimo Sexto Capítulo

Saindo das grades

 -Lily! – gritou alguém, interrompendo meu momento com Lysander. Xinguei mentalmente a criatura inconveniente que me perturbara.
         Empurrei o garoto e fiquei de pé.
         -O quê? Rosa, onde você está? – falei, tentando me concentrar em sair daquele mausoléu.
         -Não sei. Eu e Scorpius estamos trancados. Siga minha voz e tente vir até aqui.
         Lysander segurou em minha mão, sem dizer nada, e eu fiz o que Rosa mandara. Logo, dei de encontro com uma grade.
         -Rosa, estou presa aqui!        
         Senti, em poucos segundos, os dedos de minha prima atravessarem as barras e encontrarem os meus.
         -Pronto. Quem mais está aí? – disse ela.
         -Eu, Lysander. Onde estão Alvo, Felícia e Lorcan? – falou o garoto, ainda segurando a minha mão.
         Não era hora para pensar nessas coisas, mas naquele momento, me dei conta do quão cega fui durante muito tempo. Estava tão vidrada em alguém que não era meu que esqueci de olhar para o lado. E agora, que finalmente conseguira me libertar daquela sensação, eu estava feliz. Lysander era fofo, engraçado e eu não saberia mais ficar sem o seu apoio. Ele era meu, e eu o queria.
         -Estão do lado oposto. É quase como se fossem três celas, e eu e Rosa estamos na do meio. – falou Scorpius, logo atrás de minha prima. – Você está bem, Lily? Escutei uma gritaria antes.
         Pisquei várias vezes, conseguindo ver apenas as silhuetas das pessoas a minha frente.
         -Sim... eu gritei? – perguntei, um pouco assustada.
         Um segundo de silêncio se fez.
         -Na realidade, gritou. – falou Lysander. – Algo como...
         -...”Eu vou matá-los.” – completou Rosa.
         Cobri minha boca com as mãos. Eu não havia dito aquilo.
         -Calma. – falou Lysander, colocando a mão sobre meu ombro. – Deve ter sido um pesadelo...
         -Não. – falei. – Eu escutei uma voz, uma voz horrível que dizia que iríamos pagar. Os filhos dos heróis de Hogwarts iriam pagar. Mas, achei que você também haviam escutado.
         -Não ouvimos nada, Lil. – falou Scorpius.
         Lysander apertou minha mão, para me mostrar confiança.
         -Nós precisamos fugir daqui – e o mais rápido possível. A pessoa que nos trouxe, seja lá quem for, voltará em breve.  – disse Lysander. – E eu não quero estar aqui para conhecê-la.
         -Mas como? – disse Rosa. – Nossas varinhas sumiram.
         -Ei, - falei. – espere.
         Coloquei a mão em meu sapato. Eu sempre guardara a varinha ali, e percebi que ela ainda estava lá.
         Retirei-a e disse:
         -A minha continua sã e salva.
         Percebi que Rosa sorriu.
         -O que estamos esperando? Abra logo essa jaula!
         -Se afastem. – siblilei. – Bombarda!
         Um buraco imenso se formou entre as barras. Sussurrei “Lumus” e o ambiente ficou mais visível.         -Isso foi ótimo! – falou Lysander, me abraçando e deixando-me corada.
         Depois de abraçar Scorpius e Rosa também, fomos para o outro lado da cela e a arrombamos, libertando Alvo, Felícia e Lorcan.
         -Graças a Deus! – disse ele, me abraçando. – Sabia que faria alguma coisa, Lily.
         Soltei-me rapidamente de Lorcan. Desta vez, ao invés de corar, olhei para Lysander, que ainda segurava minha mão. Mas ele apenas sorriu e apertou-a mais forte.
         -E agora? – disse meu irmão. – Como saímos daqui?
         -Sabem de uma coisa, há uma porta daquele lado. – disse Felícia, apontando para outra extremidade do local. – Pode ser que consigamos sair por ali.
         Concordei e, ao lado de Rosa, fui guiando o grupo com minha varinha. A medida que andávamos, o lugar parecia ficar mais úmido e mal cheiroso.
         -Onde estamos, afinal? – disse Scorpius.
         Parei de andar e, olhando para meu melhor amigo, disse:
         -Mas não é óbvio? Estamos na Câmara Secreta. Ou pelo menos, na parte subterrânea de Hogwarts. O lugar da sujeira e do medo. O lugar dos basiliscos.
         E, neste exato momento, uma barra de ferro caiu em algum lugar da cela, fazendo um eco gigantesco. Nós soubemos, imediatamente, que eles haviam chegado.

By Babi

Décimo Sétimo Capítulo
O Ataque



            -Não me deixe – foi a única coisa que pude dizer. A mão de Scorpius segurou a minha e o mundo ao meu redor se tornou de alguma forma menos intimidador.
            Senti as caudas infinitas dos basiliscos roçaram em nossos pés e ouvi o pedido baixo de Scorpius para que mantivéssemos nossos olhos fechados. O modo como sua mão ainda apertava a minha mostrava o quanto estava preocupado comigo e aquilo me alegrava, mesmo que o momento fosse inapropriado.
            Ouvi alguns gritos ao longe, mas não podia me mexer. Doeu pensar que quem estava sentado atacado podia ser Lily, Alvo, Felícia ou até mesmo um dos gêmeos. Tentei respirar fundo, mas não conseguia. Senti as lágrimas caindo de meus olhos, quando uma voz aterrorizante tirou totalmente minha atenção.
            Sabia que apenas eu e Scorpius éramos capazes de ouvi-la. Seu corpo tremeu como o meu quando o aviso foi dado:
            -Um puro ajudando uma traidora. Ou melhor, amando. Isso não é certo. Felizmente, temos meios de castigá-los.
            Reconheci aquele tom. Pertencia à Voz. A mesma voz que conversara com Silvia há tão pouco tempo e, eu tinha certeza, que a controlava. Temi pela vida de minha colega de Hogwarts, mesmo sabendo que ela tomara as decisões erradas.
            Então, tudo ficou claro. Não havia nenhum aluno da Sonserina que estivesse naquele plano maléfico. A Casa conhecida por produzir os maiores bruxos das Trevas, não tinha nem ao menos um para representá-la na nova geração.
Porém, a Lufa-Lufa, tão reconhecida por gerar os verdadeiros amigos e as pessoas bondosas, escolhera a mais nova bruxa adepta da Magia Negra. Silvia Longbottom, a filha do adorável Neville, escolhera o caminho errado e isso só significava uma coisa.
-Scorpius, nós precisamos sair – disse, esperando que o jovem Malfoy conseguisse me entender. Sua respiração pareceu parar quando percebeu que eu não estava falando nossa língua comum. Eu estava sibilando a língua das cobras.
E então um segundo depois, os basiliscos de todos os lados abriram passagem para nós dois. Embora meus olhos estivessem fechados podia sentir que Lilian estava presa ao teto, como Alvo. Os dois eram os mais castigados por aqueles monstros que deveriam obedecer seus sonserinos. E era exatamente isso que estavam fazendo.
Escutei os questionamentos confusos de meus amigos, mas sabia que naquele momento era necessário que eu não respondesse. Salazar tinha que acreditar que era leal a ele e não a minha família.
-Dois grifinórios traindo sua própria Casa. Isso é novidade para mim – disse a Voz. Tudo estava saindo como eu queria. Imaginei que um bruxo tão antigo seria mais esperto do que isso, mas me enganara.
Saímos em um grande salão repleto de árvores. Sabia que aquele lugar era usado para iludir os presidiários da Câmara que pensariam que haviam conseguido fugir. Porém, segundos depois os basiliscos os atacariam e tudo acabaria.
Só que daquela vez a história era diferente. Eu e Scorpius não éramos a “ração”. Sempre fomos os alunos que Salazar não conseguiu para si. Alguma coisa em mim era atrativa a Sonserina e sabia que teria que descobrir o que era mais tarde. Já no caso de meu acompanhante naquela desventura, o desejo era por causa de seu sobrenome.

Ouvi um silvo atrás de mim e me virei instantaneamente. Scorpius, porém, se manteve na mesma posição anterior como se soubesse o que havia atrás de mim. Ao contrário dele, eu não estava preparada.
Enquanto aquele bruxo assustador surgia entre as árvores acompanhado de Silvia, o mundo parecia desabar em volta de mim. Todas minhas suposições estavam corretas.
A Voz realmente pertencia a Salazar Syltherin. Silvia era a mais nova aliada de um dos Fundadores. Do Fundador ruim. E ele queria vingança por nossas famílias terem destruído seus últimos descendentes. Porém, a aluna da Lufa-Lufa não conseguia perceber que também era uma vítima.

Salazar pediu que Silvia caminhasse na sua frente e, como se pertencesse a ele, a garota obedeceu. Fez o trajeto indicado com um sorriso no rosto. Ela se achava superior a todos os outros. Entretanto, para aquela visão que tínhamos do Fundador, não era nada. A pequena Longbottom era apenas mais uma peça naquele jogo mórbido.

Antes que conseguíssemos piscar, o esperado aconteceu. Silvia foi consumida por uma dor insuportável e seu corpo pendeu em agonia para o chão. Slytherin ria enquanto a ex-namorada de meu melhor amigo se contorcia.
-Finalmente, não seremos interrompidos. Acho que temos uma longa conversa pela frente. Nunca imaginei que encontraria os dois pedaços da minha alma juntos. E nem que eles seriam adolescentes apaixonados.
Encarei Scorpius perplexa, mas algo em seu olhar dizia que ele já esperava uma revelação como aquela. Quando sua voz ecoou pela floresta, senti como se minha esperança acabasse:
-Então, somos horcruxes? – apesar do tom de pergunta, tanto eu quanto Scorpius tínhamos certeza. Não era nossa personalidade que fizera o Chapéu Seletor ter tantas dúvidas. Era a presença de Salazar em nossos corpos, a responsável por tudo.
-Acho que não precisamos confirmar – disse uma voz adorável, que nos fez girar novamente. Entrando pela porta estavam Rowena e Felícia. Enquanto a Fundadora parecia confiante e independente, minha amiga estava encolhida e tão desesperada para fugir quanto eu e Scorpius.
A ficha caiu tão imediatamente quanto possível. Tudo fora uma armadilha. Os basiliscos, Hugo, a Sala Precisa... Desde que entramos em Hogwarts, o destino conspirou a favor deste momento. Os pedaços das almas que nos habitavam queriam voltar para seus donos e...
-E nos matar – disse em voz alta no exato momento em que Scorpius me jogou em seus braços e começou a correr. Felícia nos seguiu, enquanto desviávamos de feitiços lançados pelos Fundadores.
Estávamos fugindo da própria Hogwarts e não haveria volta. Uma vez contra Rowena e Salazar, tudo estaria contra nós. E era isso que havíamos acabado de fazer.
Escrito por StarGirlie.



Décimo Oitavo Capítulo 
Sussurros

         
                      
         Olhei nos olhos de Rowena. Ela não era daquela forma. Não podia ser.
            E eu estava presa junto a meu irmão no teto, implorando para que Lysander e ou ostros saíssem ilesos. De alguma maneira, Rosa saíra com Scorpius, mostrando que estavam “do lado de cá”. Apesar disso, vi em seu olhar, quando passou, que ela queria me salvar. Mas não podia arriscar... arriscar perder algo que merecia tanto. Seu amor. E não, não a condenei por aquilo.
            Slytherin e Rowena conversavam sobre os planos que tinham enquanto nos mantinham ali, presos. Os gêmeos     estavam flutuando também, mas pareciam bem menos acabados do que eu e Alvo. Depois de lutar o máximo que pude, sendo a única com varinha, acabei por me machucar demais. Silvia, bem, ela estava desacordada.
            Enquanto bolava algo para sair daquele lugar e retirar meus amigos também, comecei a ouvir sussurros. Sussurros que começaram a chamar mais minha atenção a medida que tentava ignorá-los. Aparentemente, um homem e uma mulher estavam conversando.
            “Eles o quê?”
            “Helga, não sei como pará-los, porque, caso não tenha reparado, somos FANTASMAS!”
            “Godric, acalme-se. Iremos pensar em algo.”
            Godric? Helga? “Espere”, pensei. “O que está havendo aqui?”
            Os murmurinhos pararam e um segundo de silêncio se fez, antes que Helga recomeçasse a falar em minha mente:
            “Ela pode nos ouvir, Go! Precisamos ajudá-la!”
            “Claro, claro... Escute, menina, quem é você?”
            Fiquei um tanto confusa. Não era exatamente normal ter espíritos dos fundadores de duas casas de Hogwarts discutindo em sua mente.
            “Lílian.”, pensei atordoada.
            “Lílian o quê?”
            “Lilian Luna Potter.”
            Outro segundo de silêncio se fez, até que Godric Gryffindor respondesse, animado.
            “Uma descendente minha, se não me engano! Como anda seu pai, Harry? E, bem...”
            “GODRIC GRYFFINDOR! Pare com isso, não vê que ela corre perigo? Escute, minha jovem; podemos vê-la, apesar de não poder nos ver. Daremos as instruções, as quais deve seguir. De acordo? Pois bem, está com sua varinha?”
            “Não”, penso rápido. “Mas sou boa em feitiços ‘mentais’. Posso tentar chamá-la.”
            “Muito bem, o que está esperando?”, disse Gryffindor, mais animado do que eu poderia imaginar.
            Concentrei-me na varinha. Scorpius me ensinara muito sobre esta arte e, modéstias a parte, mas acabei superando o mestre. Era algo de que eu realmente gostava.
            Os fundadores que ainda discutiam pareciam tão envoltos em suas palavras que sabia que não perceberiam se eu fosse cautelosa.
            “Accio varinha            Observei enquanto minha varinha flutuava do bolso de Slytherin e chegava até minhas mãso. Alvo me olhou surpreso, bem como Lysander e Lorcan. Não havia tempo para explicar, então apenas os repreendi pelo olhar.
            “Muito bem, garota! Sabia que a Grifinória não me decepcionaria!”, comemorou Griffindor, me fazendo sorrir, orgulhosa.

         “Muito bom, muito bom... vejamos.” Falou Helga, ignorando o modo como o parceiro falara sobre a casa que ele mesmo fundara. “Você terá menos de um minuto para fazer tudo que direi. Primeiramente, terá de libertar seus amigos. Aponte sua varinha para a de Rowena, que prende todos vocês ao ar, e diga ‘Cistem Aperio’. Isso a destruirá. Em seguida...”

            “’Aresto Momentum’ para Salazar, que assim será desacelerrado.”, completa Griffindor. E em seguida, bom...”

            “Correr.”, completei.

            “Exato.”, disse Helga. “Entendeu tudo?”

            “Ahã.Cistem Aperio, Aresto Momentum, correr... ok.”

            “E quando você puder começar, nós gritaremos...

            “JÁ!!”, berrou Helga, interrompendo Gryffindor e me deixando confusa.

Em menos de meio segundo, já estava gritando feitiços e berrando para que meus amigos corressem, quase sendo acertada por diversos feixes de luz verde.

Quando finalmente chegamos à saída, percebemos que não havia mais perigo. Acabamos por chegar no banheira da Murta e eu finalmente respirei fundo. Agradeci mentalmente aos meus tutores e sorri para meus amigos.

-Conseguimos! – cantarolei, abraçando um por um, até chegar a Lysander.

-Não, - ele disse. – você conseguiu.

Corei e olhei para o lado, encontrando o olhar penetrante de meu irmão exigindo explicações, as quais não pretendia mesmo dar.

-Ok, aqueles feitiços foram... sério... como conseguiu? – perguntou Lorcan, aturdido.

-Digamos que eu tive uma ajudinha. – sorri e pendurei meus braços em Lysander e Alvo, saindo do banheiro e sorrindo para mim mesma ao pensar que aquilo fora só o começo.

            By Babi
Décimo Nono Capítulo
Os Falsos Traidores




            Sentei-me em uma das poltronas do Salão Comunal da Sonserina, sentindo todo meu corpo tremer de frio. Aquele lugar era hostil e muito errado no meu ponto de vista. Scorpius tinha uma sensação parecida.
            -Acho que devería... – comece a dizer, mas o jovem Malfoy cobriu minha boca com seus longos dedos brancos, pedindo mentalmente para que eu não fizesse nada que piorasse a situação.
            Depois de fugirmos junto com Felícia, não demorou muito tempo para que os espíritos de Rowena e Salazar nos encontrassem. Ao contrário de nós dois, a descendente direta de Ravenclaw foi mandada de volta à Sala Precisa, em uma prisão impossível de ser invadida.
            Enquanto Scorpius possui apenas um pedaço da alma de Slytherin em seu corpo, eu possuo também um de Rowena. Agora entendo porque nunca me senti totalmente unida a Grifinória. Os mais ambiciosos Fundadores de Hogwarts me controlavam e, consequentemente, confundiam o Chapéu Seletor.
            Deixei que os braços de Scorpius me envolvessem, enquanto me lembrava do olhar desesperado de Lily antes que entrássemos na Floresta da Câmara. Ela pedia ajuda, mas eu não podia dar. Não quando as vidas de milhares de pessoas estavam em jogo.
            -Ora, ora... Os dois não tentaram fugir de novo, não é mesmo? – disse Salazar, enquanto se sentava em um dos sofás em nossa frente. Rowena permanecia a seu lado com a mesma expressão de orgulho que estava antes.
            -O que você quer? – sibilou Scorpius, inclinando-me levemente para suas costas, como se tentasse me proteger. Porém, naquele momento, eu sabia que quem mais corria perigo era ele.
            Como guardiã das duas almas dos Fundadores, eu era muito mais importante que Scorpius. Seria muito mais fácil matá-lo e recuperar a alma de Salazar. No meu caso, eles teriam que duelar para me atingir. Enquanto a alma de Rowena me protegeria, a de Syltherin tentaria me machucar.
            -Eu quero voltar a ser vivo. Cansei de ficar assistindo todas as gerações repassarem minha alma. Quero viver de novo – respondeu Salazar, com uma estranha calma. 
            -Eu também. Não suporto mais ver aquela garotinha idiota se achando a última Ravenclaw da Terra – revelou Rowena, libertando minha fúria.
            Levantei-me em um salto e a encarei. Não conseguia ouvir ninguém chamar minha amiga Felícia, a mesma que tantas vezes se mostrou fiel, ser xingada:
            -Ela te considera a família dela e você a chama de “garotinha idiota”? Que tipo de monstro você é, Rowena? Você era uma inspiração para mim! Agora, eu te vejo apenas como um ser nojento! – seus olhos pareciam saltar das órbitas mortas e ela se lançou contra mim.
            Scorpius me abaixou a tempo de impedir que Ravenclaw me lançasse contra a lareira. Os olhos verdes do Malfoy mostravam uma preocupação tão forte que cheguei a duvidar que era por minha causa.
            Coloquei-me atrás do garoto que sempre me salvava, enquanto pensava em uma forma de fugir daquela situação. Então, a solução surgiu tão rápido que quase foi incapaz de não transparecê-la em meu rosto.
            -Essa ruivinha ainda insiste em ficar contra nós? – disse Salazar colocando um de seus braços ao redor da cintura de Rowena – Se o Avada Kedavra não fosse nos matar antes de matá-la, com certeza diria exatamente isso agora.
            Apesar de suas ameaças, minha mente permanecia muito longe. Eu estava procurando Helga e Godric. Eles tinham que estar em algum lugar. Mesmo que não fossem mais vivos como os dois Fundadores que permaneciam na minha frente, de alguma forma ainda estavam em Hogwarts.
            -Ai, querida, até que enfim você nos achou! – exclamou a voz de Helga em minha mente. Rapidamente, pude enxergar seu rosto com bochechas vermelhas e o cabelo claro muito longo que o rodeava.
            -O que está acontecendo, Helga? Por que eles estão fazendo isso conosco? – perguntei, enquanto Scorpius parecia, de alguma forma, desconectado do mundo. Algo estava acontecendo.
            -Nem se preocupe, Rosa. Ele só está falando com Godric. Sobre por que vocês são as horcruxes, não sei responder. Nunca pensei que os dois Fundadores mais ambiciosos chegariam a este ponto. Principalmente Rowena. Sempre acreditei que seu amor por Salazar tinha sido superado.

            -Como assim? Rowena amava Salazar? – o choque transpareceu pela minha face, mas quando observei melhor a cena em minha frente, entendi rapidamente.

            A mulher mais inteligente. O homem mais ambicioso. Duas pessoas muito poderosas e muito perigosas. Juntos, eram o casal mais forte do mundo, sem dúvida alguma.
            -Sim, sim. Os dois deveriam ser um casal, mas Rowena gostava de manter as aparências e ser “uma vilã” não era parte de seus planos. Então, ela abandonou Salazar. E permaneceu com essa fama de “boa moça” até o final de sua vida. Ou final de sua vida que conhecíamos.
            -Helga, eu tenho uma teoria. Sei que será uma teoria muito convencida, mas acho que posso ter razão.
            -E qual seria sua teoria, querida? – Helga era tão doce que era difícil imaginar como as pessoas descriminavam tanto sua Casa.
            -E se eles nos escolheram por sermos as versões mais próximas de si mesmos? Sei que em toda geração duas pessoas recebem essas almas, mas acho que no nosso caso...
            -Foi algo premeditado. A filha da mais inteligente, o filho de um dos mais ambiciosos. É como se vocês fossem...
            -Descendentes dos dois. Eu poderia muito bem ser uma Ravenclaw, como Scorpius poderia ser um Slytherin.
            -Então, o perigo é muito maior. Eles não querem matar vocês dois.
            -Eles querem nos tornar seus filhos.
            E com aquela mera conclusão, meu mundo desabou. Não era a população que estava em perigo. Sempre foi e sempre será: apenas eu e Scorpius. Desde o momento que nascemos aquele era o nosso destino.
             Porém, enquanto eu tentava absorver aquela informação, Scorpius fora mais rápido. Segurando minha mão, ele me puxou para a lareira e de repente, sua ideia surgiu em minha mente. Puxando nossas varinhas, que ressurgiram misteriosamente, apontamo-las em direção ao teto e gritamos:
            -Bombarda máxima! – e tudo desabou.
Escrito por StarGirlie.



 Vigésimo Capítulo

A Sala

          -Quer saber o que eu odeio? Gente burra igual você, Lorcan!
            -Falou o inteligente, que não consegue nem ao menos conquistar uma garota...
            -PAREM!!! – gritei, tentando fazer a discussão cessar. – Vocês são irmãos. Se querem tanto assim me ajudar, poderiam começar parando de BERRAR!
            Alvo estava mais ou menos na briga também, então lhe lancei um olhar para que entendesse que não era a hora para aquilo.
            Quando todos pararam e se acalmaram, finalmente suspirei.
            -O que vamos fazer agora? – perguntou Lorcan.
            Peguei meu medalhão que continha a insígnia de Hogwarts e o bati contra minha cabeça.
            -Pensa, pensa, pensa... – sussurrei.
            E logo depois, os pensamentos começaram a surgir em minha mente.
            Por que Salazar e Rowena queriam tanto minha prima e meu melhor amigo? Por que estavam tão preocupados? Por que voltaram? Por que pareciam tão juntos, enquanto sempre considerei Rowena uma grande heroína da beleza e inteligência e Salazar um grande idiota? Por que...
            Mas em menos de um segundo, tudo ficou claro em minha mente. Tudo.
            -Lysander, - falei, sabendo que ele me ajudaria a organizar os pensamentos. – pense bem. Acho que está tudo interligado. Salazar e Rowena queriam, de fato, Rosa e Scorpius. E, além disso, só há uma explicação para não estarem mortos. Uma que conhecemos bem.
            -Horcruxes. – disse Lorcan, me surpreendendo.
            -Sim. – falei, chacoalhando a cabeça com tantas ideias se formando. – Mas eu acho que pode não ser só isso. Quer dizer, se não eles já os teriam matado, não é? Talvez eles precisem de outra coisa, uma coisa mais além. Pensem bem.
            Alvo pareceu o primeiro a compreender.
            -Eles podem estar criando uma nova geração. Quer dizer, Scorpius é bastante ambicioso, como Salazar e, claro...
            -Rosa. Igualmente inteligente a Rowena. – diz Lysander, me fazendo sentir uma pontada de ciúmes que logo some.
            Concordo com a cabeça, sabendo que tudo que meu amigo disse é verdade.
            -Mas Ravenclaw? – falou Lorcan. – Sempre a achei muito... boa. Quer dizer, para estar com Salazar?
            -Pensei nisso. – afirmei. – E só há uma conclusão. Uma que neguei no momento em que percebi, mas que agora vejo que faz sentido. Eles podem gostar um do outro. Tipo gostar para valer.
            -Você acha? – falou Lysander, surpreso. – Mas por que não assumiram antes, se gostam tanto um do outro?
            -Aparência. Nós vivemos delas, assim como os Fundadores. Vocês acham que eu me orgulharia de ser da Grifinória se não soubesse que Godric foi leal e corajoso? E vocês, gêmeos, se orgulhariam se soubessem que na realidade Rowena é tão perversa quanto Salazar? Para mim, o único realmente honesto neste grupo é o fundador da Sonserina.
            Eles concordam, mas Lysander pega na minha mão, gerando um leve tremor em mim, e diz:
            -Não sei ao certo. Mas qualquer casa é importante. Na Sonserina, um dos homens mais corajosos do mundo se formou. Na Corvinal, minha mãe venceu um dos bruxos mais poderosos da Terra. Na Lufa-lufa, minha professora preferida dá aulas. E, claro, na Grifinória, há a pessoa mais linda que eu poderia encontrar.
            Ele sorri, mas antes que eu começasse a corar, puxei minha mão.
            -Que demais. Espero um dia conhecê-la.
            Virei as costas, sem nem querer saber como estava a cara do meu irmão e comecei a subir as escadas. Quando não escutei seus pés atrás de mim, virei-me e disse:
            -O que estão esperando? Temos um enigma para resolver.
            Chegamos, dali pouco tempo, na porta da Sala Comunal da Corvinal.  Uma águia de bronze estava a nossa espera, e quando nos viu, disse:
            - Um enigma terão de responder, se entrar na sala vocês vão querer. Mas como são, (vejam só!), quatro crianças, receio ter que dificultar as coisas, mas não percam as esperanças!
            Concordei, já sabendo que teríamos de responder a uma pergunta para que pudéssemos entrar.
            -Vamos ver... somente um poderá a seguinte questão responder. Se devesse escolher entre Beleza e Inteligência, como iria fazer?
            Olhei ao redor, mas quando percebo, os garotos que me acompanhavam estavam, basicamente, há uma distância considerável. Suspirei, percebendo que teria de fazê-lo.            -Não há como escolher. – disse, sendo sincera. – A verdadeira beleza é a beleza da alma, o que gera assim, mas beleza aos mais bem instruídos. Já a inteligência, quanto mais você possuir, mas será visto pelos outros como belo. O que, de certa forma, acaba por gerar um círculo sem fim.
            Quando acabei, percebi que estavam todos prendendo a respiração, e quando dei por mim, a águia a minha frente estava gargalhando.
            -Pois bem. Senhorita Potter, acho que se encaixaria em nossa casa também. Mas, por motivos que desconheço, preferiu se juntar a aqueles que padeço.
            A porta se abriu e todos entramos.
            -Muito bem. – sussurrou Lorcan.
            Olhei ao redor. Tudo parecia tão calmo, tão tranqüilo...
            -O que viemos fazer aqui? – perguntou Alvo.
            -Achar alguém muito especial. – respondi.
            Um segundo se passa até que eu sinta uma leve ondulação no ar.
            -Estão a minha procura? – disse Helena, fazendo com que nos virássemos.
            By Babi
Vigésimo Primeiro Capítulo
A Última Escolha



            Não pense no que está acontecendo. Não pense no vestido verde e azul que está usando. Aquelas eram as palavras que eu repetia em minha mente enquanto Rowena me preparava para o que chamava de Nomeação. Sabia que Scorpius estava passando pela mesma coisa no cômodo ao lado.
            -Oh, Rosa, coloque um sorriso em seus lábios, por favor – pediu Rowena, enquanto procurava algo entre as gavetas daquela parte da Sala Precisa – Tenho um presente para você.
            A bruxa colocou um anel em minhas mãos e observei as iniciais RR. Elas se uniam por complicados traços.
            -Pertenceu à senhora? Rowena Ravenclaw? – perguntei inocentemente e me surpreendi quando ela riu:
            -Não, não. É seu. Rosa Ravenclaw. Scorpius deve ter passado pela mesma confusão com seu anel. Sabe, ele tem SS que pode ser tanto para Salazar Syltherin quando para Scorpius Syltherin.
            Tentei respirar calmamente, mas o meu medo só crescia. Até mesmo tínhamos as mesmas iniciais. Aquilo estava saindo do controle e longe de Scorpius tudo parecia ainda mais aterrorizante. Eu precisava de sua pele clara, de seus olhos verdes e de seu cabelo loiro pálido perto de mim. Ele era meu porto seguro.
            -Você deve estar com saudades dele – começou Rowena, me fazendo pensar em Scorpius – Eu digo Alvo. Não sei porquê, mas ele me lembra Godric. Deve ser por causa do amor que sente por você.
            Algo em meu coração pareceu remexer-se. A dor consumiu-me lentamente. Pensei no sorriso de que tanto gostei em toda minha vida. Ele me protegera tantas vezes e eu nem hesitei em abandoná-lo.
            -De qualquer forma, pelo menos, você já escolheu – afirmou Ravenclaw, me tirando de meus devaneios.
            -Escolhi? – perguntei, um tanto assustada. Nunca tinha pensado que Alvo e Scorpius estavam passando por alguma concorrência.
            -Sim. Você escolheu Scorpius desde o momento que entrou na Floresta da Câmara Secreta – quando meus braços a afastaram, meus olhos lacrimejaram e minha respiração falhou, Rowena continuou – Não me diga que você não sabia disso. Rosa!
            Joguei-me no chão e deixei que o choro continuasse. Sabia que a maquiagem estava borrando, mas a simples ideia de ter trocado Alvo por Scorpius me machucava de um modo que nunca imaginei. Abandonara meu melhor amigo, meu porto seguro, por alguém tão inesperado. Então, tomei minha última decisão antes de ser nomeada Rosa Ravenclaw.
            -Existe algum modo de mudar isso? De escolher Alvo? – perguntei, enquanto encarava meu reflexo no espelho. Observei meu cabelo ruivo e lembrei-me do modo fofo como meu melhor amigo me chamava.
            Eu nunca irei te abandonar, ruivinha. Você sempre foi a pessoa mais importante da minha vida. A voz de Alvo parecia ressoar em minha cabeça como se ele estivesse ao meu lado. Imaginei sua figura em minha frente, mesmo sabendo que meu primo não apareceria.
            Neste momento de desesperança, em que nem mesmo Rowena me respondeu, algo inesperado aconteceu. O teto da Sala Precisa pareceu se abrir discretamente, enquanto dois corpos se deslocavam para baixo. Fiquei grata quando meu grito não saiu. Os invasores eram Alvo e Teddy, filho de Remo e Tonks.
            Um sorriso estava plantado nos lábios de meu primo e simplesmente não consegui não retribuir. Os dois subiram em cima de uma estante e se esconderam de Rowena, que se movimentava sem parar pela sala.
            -Vamos esquecer isso, querida. O que importa é que você será parte deste colégio em apenas alguns minutos. Você será a minha bisneta! Ou algo parecido – sua voz ficava cada vez mais fina. Ela parecia muito nervosa.
            -Não se depender de mim – disse Alvo saltando do esconderijo e se colocando ao meu lado. Sua mão procurou a minha e rapidamente, ele me puxou pela cintura.
              -Oh, o príncipe rejeitado veio buscar a princesa! – exclamou Rowena, irônica. Porém, quando tentou lançar um feitiço nos dois, Teddy foi mais rápido e exclamou:
            -Expelliarmus! – a varinha de Ravenclaw foi parar nas mãos do namorado de Victoire.
            -Está bem, estou sem minha varinha, mas basta eu murmurar algumas palavras para que o anel que está na mão de Rosa comece a queimar e ela morra – ameaçou Rowena, provocando o desespero de Alvo.
            Meu melhor amigo me colocou em seus braços e começou a correr para a saída recém-produzida. Sua pele quente acabava com todo o frio que eu sentia. Quando surgimos no corredor de Hogwarts, Alvo não parou de correr.
            Desceu as escadas em alta velocidade e continuou até chegarmos ao fundo dos jardins do colégio. Colocou-me no chão e indicou para que eu o seguisse.
            Quando pensei que nada mais me surpreenderia naquele dia, Alvo indicou um buraco no chão, onde havia uma escadaria:
            -É a minha Sala Precisa – e juntos descemos, adentrando no subsolo de Hogwarts.
            Sob o mundo mágico em que estudávamos, a temperatura era baixa. O corredor era escuro com poucas velas o iluminando. O chão era de terra e o teto de pedras. Se não estivesse com Alvo, aquilo teria sido assustador. 
            Um arrepio percorreu meu corpo e meu melhor amigo rapidamente me abraçou. Percebi que o anel com as iniciais RR ainda estava em minha mão, mas não quis tirá-lo. De alguma forma, aquilo me conectava a Scorpius e eu não estava preparada para esquecê-lo.
            Chegamos a uma linda sala e Alvo nos moveu até o sofá. Sentamo-nos lado a lado, enquanto eu observava a lareira mágica queimar. Seu abraço era aconchegante e eu estava quase dormindo, mas ele decidiu me acordar:

            -Rosa, você ama o Scorpius? – sua voz era baixa e ele sussurrava em meu ouvido. Percebi como aquela cena era comum, com exceção daquela pergunta.


            A resposta não saiu de meus lábios. Mal conseguia pensar quando Alvo puxou meu queixo e nossos rostos ficaram próximos demais. Senti minha respiração falhar como a dele.
            -Alvo, eu escolhi você – foi tudo que pude dizer e antes que me desse conta do que estava acontecendo, os lábios de meu melhor amigo selaram os meus.
            Tudo que sempre acreditei havia mudado. Rowena não era uma bruxa do bem. Scorpius não era meu inimigo. E, o mais importante de tudo, Alvo nunca foi apenas um amigo para mim. Sempre houvera algo mais.
Escrito por StarGirlie.

Vigésimo Segundo Capítulo
O Teste


         -Você precisa escolher. Agora. E claro, aceitarei sua posição.         Olhei para aqueles olhos tão doces, tão marejados... olhos que eu sabia, não eram exatamente reais.
         -Lily, Rowena nomeou Rosa. E Salazar, Scorpius. Eu e Godric, apesar de sermos apenas espíritos, devemos nomear alguém. Sabíamos que isso aconteceria em algum momento, e espero que você entenda. Eu te escolhi.
         Olhei novamente para minhas mãos, que tremiam. O anel dourado tremeluzia e eu sentia que o resto de minha vida estava ali, naquele pequeno brilhante.
         -Mas... – disse, ainda confusa. – se eu estou sendo nomeada, por que tenho que escolher um parceiro?
         Helga balançou a cabeça, negativamente.
         -Não, Lily, não é tão simples assim. Escolhi você pelo amor, a bondade e, o mais importante, a paciência.
         -Paciência? – ri do modo como ela falara. Eu poderia ser tudo, menos paciente.
         -Sim. Você esperou a vida inteira. Esperou sem reclamar. Aguentou ficar na sombra de alguém que considera mais bonita e inteligente, na sombra de alguém que você ama. Agora é sua vez de brilhar. É sua vez de mostrar para todos que é possível. Mostrar que consegue ser mais do que “alguém”. Você é poderosa, só basta acreditar.   E quanto eu estar lhe forçando a escolher seu parceiro, não é a toa. Escolha, como se fosse para ele ser seu para sempre. Escolha agora, escolha rápido, pois o tempo passa.
        Depois daquele imenso discurso, olhei para o chão. O All Star amarelo que combinava com meu vestido estava meio desamarrado e me concentrei nisso enquanto pensava. “Escolha, escolha agora”, dizia a voz em minha cabeça.
         Helena, filha de Rowena e fantasma de Hogwarts, me ajudara a entrar em contato com Helga novamente. Mas eu não esperava, de forma alguma, isso.
         -Eu escolho, escolho... – pensei em Lorcan, que eu desejara por tanto tempo. Pensei em Lysander, o qual há poucos dias descobrira ser mais do que um simples garoto. Ele era minha vida, meus sorrisos de todos os dias e meu rosto ruborizado toda vez que me tocava. Ele era tudo, tudo para mim.
Mas então outro pensamento surgiu em mim. Pensei no meu irmão. Apesar de Helga ter falado claramente parceiro, senti algo dentro de mim que gritava por Alvo. Ele devia ser consagrado por Godric. Ele era o corajoso, o astuto, o típico aluno da Grifinória, apesar de ter sido considerado para a Sonserina. Respirei fundo, sorri, e disse, com certeza – Alvo. Eu o escolho.
         Helga sorriu e tentou tocar meus cabelos, apesar de saber que não poderia.
         -Percebo que escolhi mais do que bem, Lily. Você ouviu seu coração, ouviu sua origem.
         -Não entendo. – disse, confusa. – O que aconteceu?
         -Isso foi um teste, Lily. Sei muito bem quem você ama, quem você realmente quer que seja seu parceiro. Mas você deixou de lado seu próprio bem para fazê-lo a outro. Você é, e sempre será Lily Hufflepuff.
         Olhei novamente para o anel e sorri. As iniciais LH estavam gravadas, e eu soube, que o Chapéu Seletor não havia simplesmente errado. Ele havia feito com que eu acreditasse em algo que não é real.
         Ninguém é completamente Sonserina, nem Grifinória, Corvinal e Lufa-lufa. Todos somos uma família, e casa em qual somos colocados não importa. O que realmente interessa é o amor que nutrimos um pelo outro. O amor é essencial.
         Coloquei o anel e sorri.
         -Sim, Lily, o amor é essencial. – sorriu Helga, escutando meus pensamentos. –E, caso você queira saber, Alvo já foi escolhido. O que lhe perguntei foi um teste, como disse, somente um teste. Neste momento, eles devem estar na Sala Precisa fazendo a coroação.         -Espere, mas esta é a Sala Precisa. – disse.
         -Sim. A sua Sala Precisa. Mas todos temos uma, e acredite, descobri isso de uma forma não muito interessante.
         Ela fica vermelha, apenar do tom cinza de seu corpo e estende a mão. A pego e saímos andando, ao encontro de outra porta. Quando passamos por ela, a sala comum que eu criara há alguns tempos (que consistia em meu quarto de casa), se trocara por algo, digamos, mais “uau”.
         Logo que entro, vejo Lysander correndo até mim.
         O abraço e ele me ergue no alto. E, no meio daquele monte de gente (Alvo, Lorcan, Rosa, Alvo, Teddy, Felícia, Godric e Helga), ele me beija.
         Na realidade, sempre esperei muito por aquele momento. Esperava anjos cantando, luzes aparecendo e o amor de meu companheiro passando para mim. Mas, na realidade, meu anjo já estava ali, em meus lábios. As luzes se ascenderam logo que me apaixonei e o amor dele já estava em mim.
         Eu o amava, e nada mais importou. A gritaria, os curiosos, os aplausos... nada. Eu só queria permanecer com ele, aproveitar mais um pouquinho.
         Quando, do nada, Scorpius entra de supetão.
         By Babi
Vigésimo Terceiro Capítulo
O Sonserino


            -Como você pode, Rosa? Me diz, COMO? – gritou Scorpius, balançando meu corpo. Reparei que seus olhos verdes estavam marejados de lágrimas e ele usava o anel com as iniciais SS da Nomeação – Como você o beijou depois de tudo que passamos?
            Não conseguia responder. Percebi que Lily estava em choque ao descobrir que eu beijara seu irmão. Porém, nenhuma emoção era mais forte do que a tristeza de Scorpius. Ele não estava apenas triste. Meu ex-inimigo ainda se sentia traído
            -Ela não te deve satisfação nenhuma. E solte-a, agora! – exigiu Alvo sem gerar nenhum efeito em Scorpius. Doeu ver que uma lágrima caía em sua bochecha e desejei poder secá-la, mas não era mais possível. Eu escolhera meu primo e não havia mais volta.
            -Por favor, Rosa, me explique. Eu não consigo pensar que... – ele não conseguia terminar a frase, mas aquilo foi suficiente para entender o que quisera dizer. 
            Scorpius, por favor, não faça que eu diga isso em voz alta. Você sabe a verdade, sempre soube. Disse em pensamento, desejando com todas as minhas forças que ele me escutasse e me surpreendi quando Scorpius pareceu receber minhas palavras.
            Você falou comigo, Rosa? Mentalmente? Perguntou a voz suave que eu já tanto conhecia. Uma onda de calma percorreu meu corpo e o mundo ao meu redor pareceu desaparecer. Não havia mais o beijo entre a Lily e o Lysander, nem o meu com Alvo. Só existia eu e Scorpius.
            Sim! Você consegue me ouvir mesmo? Isso é muito útil, sabia? Acha que posso te explicar tudo por aqui? Questionei, enquanto me lembrava da verdade por trás de toda minha dúvida. Eu era a única que sabia o que o beijo com Alvo significara.
            Claro. Respondeu Scorpius. A verdade, Scorpius, é que apesar de ter realmente escolhido Alvo só fiz isso porque era a única forma de nos salvar do poder absoluto de Rowena e Salazar. Esclareci mentalmente, enquanto dizia:
            -Largue-me, Scorpius! Que coisa! – reparei que Lily sabia que não estávamos sendo sinceros naquela encenação, havia algo sob a situação.
            Como assim? Enquanto Scorpius dizia isso, o anel que estava em meu dedo começava a queimar minha pele. Tentei não expressar minha dor, pois sabia que Alvo culparia o nomeado de Salazar e não o próprio anel.
            Nós somos os nomeados de Ravenclaw e Slytherin. Se ficarmos juntos estaremos cedendo a vida deles. Essa é a vontade de ambos. Com nosso namoro seríamos o casal mais poderoso da nossa geração.
            E isso seria perigoso. Completou Scorpius, soltando-me de repente. Porém, quando pensei que estava livre. Ele segurou minha mão esquerda e retirou o anel da Nomeação. Tocou minha pele queimada e observei enquanto a curava.
            -O que você está fazendo? – perguntou Alvo espantado se afastando do resto do grupo. Felícia tentou impedi-lo, mas meu melhor amigo se aproximou o suficiente para perceber que no lugar dos RR surgiu um coração.
            As portas da Sala Precisa se abriram e por elas entraram Rowena e Salazar. Os dois vestiam roupas semelhantes às minhas e de Scorpius. O azul, verde, prata e bronze nos destacavam.
            -Ele não estava fazendo nada demais. É que o amor verdadeiro cura. Acho que você sendo filho de Harry Potter deveria saber disso, não é mesmo? – disse Rowena me puxando para seu lado.
            -Chega de bobagem, Rowena – cortou-a Salazar, enquanto apontava sua varinha para mim – Ela fugiu. Ela nos traiu. Merece a morte. Então, tire Scorpius desta sala. Ele é fiel.
            Então, como se uma luz recaísse sobre a mente de Lily, ela entendeu todo meu plano. Seu corpo se colocou em minha frente como o de todos os outros amigos. Porém, o que me surpreendeu foi Scorpius apontar sua varinha para Salazar, enquanto me afastava do alvo do bruxo.
            -Scorpius? O que você está fazendo, querido? – perguntou Rowena com um leve temor transparecendo por sua expressão.
            -Eu estou escolhendo o amor e não a ambição – quando aquelas palavras saíram de seus lábios, uma grande explosão aconteceu. Porém, só no momento em que a poeira abaixou que pudemos ver o que acontecera.
            Meu vestido mudara de cor como as roupas de Scorpius. Seu anel com as iniciais SS desapareceu. Enquanto ele vestia tecidos vermelhos e amarelos, os meus eram roxos e cinzas. Algo muito estranho.
            -NÃO! – gritou Salazar e percebi que tanto ele quanto Rowena estavam um tanto mais pálidos. Porém, não pude fazer uma análise melhor, pois os dois desapareceram imediatamente.
            -Isso não é o fim – disse Alvo, colocando em palavras todos nossos pensamentos, enquanto eu enfim entendia o porquê das cores roxa e cinza junto a Felícia:
            -Rosa, você representa a união de todas as Casas. O roxo é a junção da Grifinória, vermelho, com a Corvinal, azul. Já o cinza é a combinação da Sonserina, prata, com a Lufa-Lufa, preto.
            -Então, isso é apenas o começo... – começou Scorpius segurando minha mão mesmo sob o olhar crítico de todos os presentes.
            -De uma guerra – completamos, eu e Lilian, ao mesmo tempo.
Escrito por StarGirlie.

Vigésimo Quarto Capítulo
Lovegood







A Grifinória, dos corajosos.
A Sonserina, dos ambicosos.
A Corvinal, dos inteligentes.
A Lufa-lufa, dos meigos.
E, por fim, a Lovegood dos que amam.


      Há quem diga que a casa Lovegood foi formada por causa de uma terrível discórdia entre bruxos, que só pode ser resolvida por meio do amor. Mas há quem diga que sua formação é uma lenda, e que Hogwarts nunca teve apenas quatro casas. Há também aqueles que acham que foi um tipo de homenagem a Luna Lovegood. 
      Já eu, acredito no sentido literal da palavra, "amor bom". Para aqueles que pensam como eu, Lovegood nasceu por causa do amor entre jovens bruxos, que ofereceram suas vidas em troca das dos seus semelhantes. Aqueles que fariam de tudo para poder ver um sorriso na cara de quem amam. Aqueles que eu chamo de Rosa, Scorpius, Lilian e Alvo.

       -Uma guerra. Uma guerra com apenas um vencedor. - disse.
       -Sim. E a partir de agora, precisamos começar a pensar no bem maior. Hogwarts corre perigo, e não serei eu a deixar que ela desapareça. - falou Rosa, apertando a mão de Scorpius. 
         Olhei para a sala em que nos encontrávamos. Uma nova casa nascera: Lovegood. E, desde o começo, percebi, Hogwarts esperava por ela. Hogwarts esperava os alunos que conseguiriam encontrá-la. E então, vi, esses alunos éramos nós.
         A Sala Comunal de Lovegood era, na realidade, a Sala Precisa. Só encontrariam-na aqueles que precisassem, e ela se abriria sem fazer exigências.
          Não era como se eu não fosse mais da Grifinória. Não. Na realidade, a nova casa era a junção de todas as outras. E, em minha opinião, a melhor.
         Ninguém é totalmente corajoso. Todos possuem um medo. Ninguém é totalmente ambicioso. Todos temos humildade no coração. Ninguém é totalmente bondoso. Todos temos nosso lado perverso. Mas em Lovegood, todos se amam. Há pessoas sem amor no coração, e, sinto dizer, essas nunca entrarão para a casa roxa de Hogwarts.
                 -Eles vão voltar. E vão voltar com tudo. - disse Lysander, segurando minha mão.
          -Sim.  - concordou Scorpius. Ele parecia nervoso. Depois de termos sido todos transportados para a nova Sala Comunal, não havíamos tido sinal de Rowena e Salazar.
                -E o que vamos fazer? - perguntou Lorcan, olhando para o irmão com desprezo.
                -Não tenho ideia. - disse Alvo, revirando o anel de Godric nas mãos, impaciente, assim como eu fazia com o de Helga.
            -Podemos pedir ajuda. Quer dizer, papai vai ter que fazer alguma coisa. - continuou meu irmão, depois de alguns segundos.
               -Não, Alvo. Essa briga é nossa. - falei, andando de um lado para o outro dentro da sala.
               De repente, a porta da sala foi escancarada e Tiago entrou, gritando:
               -Eles estão aí! Todos estão aí!
              By Babi
                Ps: desculpa pela microcapítulo atrasado, mas meu aparelho (que coloquei quinta) não está me deixando ficar concentrada.



À pedido de meu primo Fernando, que não suportaria a espera!

Vigésimo Quinto Capítulo

O Representante


            Thiago entrou na Sala Comunal acompanhado de T.J. e... Hugo! Saí correndo em direção a meu irmão até então petrificado. Ele, apesar de toda a sua bobagem de “tenho 12 anos!”, me abraçou com todo o carinho que sentimos tanta falta.
            Percebi que a porta da sala se fechou exatamente depois da entrada deles. Observei a reação dos três novos integrantes da Lovegood, enquanto Lily explicava tudo a eles.
            Sentei-me em um dos sofás e me senti grata por estar viva. Por poder ainda ver todas as pessoas que amava. Alvo e Felícia ainda discutiam com Lysander e Lorcan, pois ambos queriam que nossa Casa fosse representada no Quadribol, algo que não podíamos permitir que acontecesse. Teddy e Victoire arrumavam com suas varinhas todos os objetos da Sala e produziam as escadas que levariam aos nossos dormitórios. 
            Scorpius, bem, ele era um caso a parte. Meu ex-inimigo estava ao meu lado, com seus braços ao meu redor e minha cabeça em seu tórax. Sua respiração estava acelerada como sempre acontecia quando estávamos próximos.
            -Você está feliz, Rosa? Apesar de tudo? – sua voz de príncipe encantado ressoou em meu ouvido e fiquei feliz que ele não tivesse aberto mão dela, apesar de podermos conversar mentalmente.
            Respirei fundo e inspirei o aroma delicioso que a camiseta roxa escura de Scorpius exalava. Depois da minha transformação em representante da Lovegood, lentamente as roupas dele, de Lily e de Alvo começaram a sofrer transformações também.
            -Mais do que estive na minha vida inteira – ouvi a risadinha fofa que Scorpius deu e não pude deixar de sorrir. Amava a companhia dele e percebia como fora boba em ter desistido dela para que não enfrentássemos a guerra. Ela aconteceria de qualquer modo.
            -E você? – não resisti a perguntar. Scorpius não hesitou nem um segundo antes de responder:
            -Me sinto a pessoa mais feliz do mundo. Ninguém seria capaz de ser mais feliz do que eu neste momento – seus dedos deslizaram pelo meu ombro. Um arrepio percorreu meu corpo e um sorriso tímido surgiu em meus lábios.
            Fiquei feliz quando Alvo não pareceu muito chateado, mesmo que naquele exato dia estivéssemos nos beijado. Ele havia entendido que aquilo fora necessário para nossa sobrevivência. Mas Lilian estava um pouco ressentida de eu ter usado seu irmão para um plano.
            -Rosa, eu sei que você ficou com o Alvo hoje cedo, mas... – ele puxou meu rosto para que pudesse ver meus olhos – Mas...
            -Mas... – incitei.
            Mas sempre tem alguém que pode atrapalhar tudo. Exatamente quando as palavras iam sair da boca de Scorpius, Felícia surgiu em nossa frente e disse:
            -Helga está aqui e ela quer conversar com vocês dois.
            -Só com nós dois? – perguntou Scorpius. Havia algum relaxamento enquanto ele falava com Felícia que me irritava profundamente.
            -Não, vocês dois, Lilian e Alvo. Os quatro representantes. Helga quer mostrar alguém importante para vocês... Veiam por aqui. 
            Seguimos Felícia até uma sala, que não sabia que existia até o momento, como o resto de todo o local, e quando entramos, o choque percorreu o meu corpo. Parado na nossa frente em forma de espírito estava, nada mais nada menos do que, Alvo Dumbledore:
            -Prazer, Rosa e Scorpius. Devo me apresentar como o espírito da Casa de vocês.
        

Escrito por StarGirlie.




Vigésimo Sexto Capítulo
Morte e Vida



            Não vou dizer que foi uma surpresa. Eu acho que sabia, dentro de meu coração que aquilo iria acontecer.
            O Barão Sangrento, fantasma da Sonserina, era ambicioso e queria poder, como Salazar.

            A Dama Cinzenta era bonita e inteligente, bem como Rowena.
            Nick-Quase-Sem-Cabeça sempre fora corajoso, igual a Godric.
            O Frei Gorducho era amigável e respeitoso, como Helga sempre foi.
            Então, já que todos os fantasmas das casas de Hogwarts se pareciam com os fundadores da mesma e, consequentemente, com seus alunos, por que o fantasma de Lovegood não poderia ser o que mais acreditou no amor em toda Hogwarts?
            Claro, Alvo Dumbledore era, sem dúvidas, o fantasma de Lovegood.
            Confesso que foi engraçado ver a cara de Scorpius e Rosa quando entraram. Eu e Alvo já havíamos conversado, e quando me dei conta de que queria apenas o bem de minha prima, percebi que ele não entraria no caminho dela e do meu melhor amigo.
            Mas mesmo assim sabia, seria difícil para ele superar.
            E difícil para mim perdoá-la.
            -Sim, sim, sim... vejo que o amor está presente aqui. – disse Dumbledore, olhando para Scorpius e Rosa, que estavam de mãos dadas mas soltaram-nas e coraram ao ouvir a acusação.
           Dumbledore riu como sempre fizera.
            -É uma honra conhecê-lo. – disse. – Nossos pais falam muito de você.
            -Sim, Lilian, obrigada. Sabe, você é extremamente parecida com sua avó, de mesmo nome.
            Ele sorriu e eu retribui.
            -Bem, acho que você é o maior exemplo que eu poderia ter. – falou Alvo, com os olhos brilhantes.
            -Ah, meu chara. Não sabe como é bom fazer este velho espírito ouvir isso.
            Todos sorrimos.
            -Receio ter de falar algo não tão feliz. Algo muito, muito triste, se querem saber.
            Prendemos a respiração, esperando o pior.

            -Rowena e Salazar são poderosos. Mas, bem como Lord Voldemort, você têm algo que eles não têm. O amor.
            Concordamos, mas continuamos calados.
            -Por isso, sei que vencerão. O amor sempre vence, mas temo em contar-lhes, sacrifícios terão de ser feitos.
            -Não entendo. – disse, interrompendo-o.
            Dumbledore ri um pouco, me deixando confusa.
            -Vejo que tem a ansiedade de seu pai também. – ele olha para mim e meu rosto enrubesce.  – O que quero dizer é, só um de vocês viverá, apesar de todos terem finais felizes.

            Todos piscamos, e quando ninguém diz nada, começo:

            -Quer dizer que três de nós vão morrer?
            -Exatamente isso. Só um poderá ter o poder extremo. Só um poderá ser aquele que nutre mais amor pela viva a ponto de não abandoná-la. E os outros, desculpe dizer, vão ser obrigados a partir.
            -Quando? – falou Alvo. – Quando isso vai acontecer?
            -No momento em que estiverem prontos. Mas tenho certeza que Salazar e Rowena não vão aguardar muito. Aprontem-se. Preciso ir ajustar problemas e, quando voltar, espero encontrar o vencedor.
            -Estamos... “concorrendo”? Um contra os outros? – disse Rosa.
            -Sim. Boa sorte.
            Em poucos segundos, vejo Alvo Dumbledore atravessar uma parede e sumir de vista.
            -Bem, - digo. – então acho que é isso. Só não entendo... era para nos amarmos, quer dizer, a casa do amor... e agora, estamos competindo pela vida?
            -Não sei vocês, mas não vou matar ninguém. – disse Scorpius.
            Concordamos.
            -Eu amo vocês. – disse Rosa, com lágrimas nos olhos.
            Todos nos abraçamos e ficamos ali por alguns segundos.
            -Quero que tudo dê certo, mas caso isso não aconteça, prefiro morrer a ficar sem vocês. – disse, soltando meus amigos.
            -Eu também. – disse Scorpius, junto com Alvo e Rosa logo em seguida.
            -Tudo bem. – falei, respirando. – Acho que isso vai ser um problema. Podemos escolher. Acho que devemos escolher.
            -Tipo escolher alguém para viver? – disse Rosa.
            Concordei, angustiada.

            -Não podemos. – cortou-me Scorpius. – Isso vai nos desunir ainda mais. Acho melhor nós apenas... nos prepararmos, como Dumbledore mandou.
            Assenti com a cabeça e todos saímos da sala.
            -O que aconteceu? – falou Lysander, correndo até mim.
            -Lysander. – disse e o abracei.
            Ele retribuiu e fiquei ali. Só queria ficar ali, por todo o sempre.
            -Lysander, eu te amo.
            -Lilian, eu te amo.
            By Babi
Vigésimo Sétimo Capítulo
A Nova Horcrux
            Desabei na cadeira da biblioteca de Hogwarts, jogando todos os livros de Adivinhação, História da Magia e Defesa Contra as Artes das Trevas em cima da grande mesa. Sabia que tinha que recuperar todos os trabalhos dos dias em que faltei por causa das recentes descobertas, mas mesmo assim não conseguia me concentrar. Havia algo que eu precisava descobrir.
            Tateei em minha bolsa em busca do celular que Scorpius havia me dado. Era um aparelho simples feito apenas para que pudéssemos trocar mensagens naquele lugar onde todos os eletrônicos eram proibidos. Apesar de estarmos mantendo uma comunicação bem rápida, não havia nenhuma nova mensagem e logo o guardei novamente.
            -Olá, Rosa – disse Silvia, sentando-se na cadeira de frente para mim. Ela vestia uma blusa vermelha, contrariando totalmente sua mania de usar apenas o amarelo da Lufa-Lufa.
            -Salazar te permitiu sobreviver? – perguntei com certa superioridade. Parecia que a alma de Slytherin ainda tentava me controlar.
            -Eu pareço de algum jeito um espírito? Não, né? Então... – ela sinalizou que esse não era o assunto que desejava tratar – Bem, eu vim aqui para te dar uma pista. Para te ajudar a entender tudo.
            -Você quer me ajudar?
            -Sim. Eu estou indo para casa esta noite. Meu pai não gostou nada das acusações anônimas que recebeu sobre mim. Vou estudar magia em casa – explicou Silvia um tanto incomodada. Sabia que ela gostava muito de Hogwarts. Imaginei-a sem sua “gangue”. Sem Lorcan e Scorpius ao seu lado o tempo inteiro. E me surpreendi, quando foi fácil vê-la sorrindo sozinha. Ela era independente demais.
            -Qual é a dica então?
            -Siga as almas – disse Silvia.
            -Como assim?
            -Siga as almas – e em seguida, a filha de Neville e Ana Abbott saiu andando pela biblioteca. Seu corpo desapareceu da sala como se nunca tivesse permanecido ali.
            Afundei minha cabeça nos livros e esperei que o entendimento da frase de Silvia surgisse. Mas nada aconteceu. O tempo passou, a chuva começou a cair nas janelas da biblioteca e minha mente continuava vazia.
            Então, meu celular vibrou. Olhei o visor contendo as palavras “Nova mensagem de Scorpius”, mas, ao contrário do esperado, não a abri. Fechei todos os livros sem ter feito nenhuma tarefa, peguei minha bolsa e saí da biblioteca.
            Rosa, Rosa, Rosa. Disse uma voz em minha mente. Na verdade, duas. Rowena e Salazar. As duas almas que também habitavam meu corpo. Entretanto, outra voz ressoou em meu ouvido:
            Eu te amo, Rosa. E com aquelas quatro palavras, o mundo desabou em cima de mim. Saí correndo pelos corredores, esbarrando em todos que permaneciam em meu caminho. As lágrimas começavam a cair lentamente e eu sabia o que encontraria quando abri a porta da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.
            Pendurado ao teto com uma cor no pescoço estava Alvo. Seus olhos estavam fechados, sua boca um tanto aberta, seu cabelo preto bagunçado.
            -NÃO! – gritei, mesmo sabendo que já era tarde demais.



            Não consegui me mexer. Não conseguia respirar. Meu melhor amigo estava morto. A pessoa que me amara durante a vida toda nunca mais estaria ao meu lado. Seu sorriso nunca mais iluminaria meus dias. Seus braços nunca mais me envolveriam. Sua voz nunca mais sussurraria em meu ouvido.
            Mas não era apenas ele que não estaria mais vivo. Eu também não estaria. Meu coração poderia estar batendo, mas nada mais seria como era antes. Minha alma estava quebrada.
            Alma, alma, almas, almas. Enquanto as palavras de Silvia começavam a fazer sentido, Hugo entrou correndo com T.J. Estranhei muito aquela situação, mas sabia que não era nada romântico. Pelo menos, não ainda.
            -Rosa, o que... – começou meu irmão, mas seus olhos encontraram o corpo de Alvo pendurado e outras lágrimas começaram a cair. Porém, desta vez não fiquei parada.
            Subi em uma das cadeiras e delicadamente tirei o corpo de meu melhor amigo da forca. Não queria usar magia. Aquele era meu último momento com ele. Sentei-me no chão e coloquei sua cabeça em meu colo. Arrumei os fios pretos para que saíssem de perto de seus olhos. Toquei a pele clara e absorvi aquela sensação com toda a força possível, sabendo que aquela era a última vez.
            Meus dedos tocaram sua camiseta e arfei quando encontrei um bilhete. Não havia muitas palavras. Não era uma grande despedida. Não citava Lilian, seus pais ou Thiago. Era dirigida diretamente a mim:
            Estou partindo, Rosa. Estou lhe dando a chance de viver. Minha morte diminui o número dos que terão que se sacrificar. Não se esqueça que te amei. Sempre.
         Meu corpo todo tremeu e as lágrimas começaram a molhar o rosto de Alvo. Desejei poder trazê-lo de volta a vida. De poder dar a minha vida para que ele continuasse respirando. Nem mesmo olhei quando Scorpius entrou na sala. Minha atenção estava voltada completamente ao meu melhor amigo morto.
            -Rosa, ele... – começou Scorpius, mas pedi mentalmente para que ele parasse. Não queria ouvir sua voz enquanto sofria pela perda de Alvo. Parecia errado.
            Soube que Lilian entrou na sala ao ouvir seus soluços desesperados. Percebi que ela não tentou tirá-lo de meus braços. Apesar de sussurrar “é sua culpa”, Lily sabia que aquilo era mentira.
            Coloquei minha mão sobre o coração de Alvo e... Ele estava batendo novamente. As pálpebras de meu primo tremeram e segundos depois ele abriu seus lindos olhos verdes. Inicialmente, sua expressão mostrava certo susto em me ver, mas rapidamente ela se transformou em um espelho de felicidade.
            -Alvo! – disse ao mesmo tempo em que ele me chamava. Lágrimas de alegria caíram de meus olhos e meu melhor amigo se apressou em me abraçar.
            -Como? – perguntou Lilian. E foi Scorpius que deu a resposta:
            -Ele era uma Horcrux de Salazar.
Escrito por StarGirlie.

Vigésimo Oitavo Capítulo
Avada Kedavra
Não, eu não conseguia acreditar.
Desculpa, nada a ver, mas não resisti
            Tudo bem, não direi que Scorpius não tentou alertar a mim e a Rosa, mas eu estava pasma. De fato, Alvo era uma horcrux.
            E, sua morte, bem, não passara de uma desconexão com a alma de Salazar.
            Minutos depois de Alvo ter acordado, uma voz ressoou nos corredores de Hogwarts. Ok, um grito para que entendam melhor. Algo como...
            -NÃO!!!!
            Salazar percebera. Salazar estava furioso. Salazar viria atrás de nós.
            -O que faremos? – disse, sabendo que um dos “três” já havia morrido. Ou pelo menos eu pensava assim.
            -Dois restaram. – falou Alvo, com o mesmo pensamento que eu. – precisamos acabar com isso.
            -Alvo, - disse Scorpius. – não podemos. E se errarmos...?
            -O quê? – disse Rosa, ainda meio confusa com tantas lágrimas.
            -Rosa, - falei. – Alvo está querendo dizer que devemos matar as horcruxes dentro de dois de nós. Antes que Salazar chegue e nos impeça de tentar destruí-lo.
            -Espere, - disse Hugo, ouvindo a conversa. – Há três horcruxes e uma foi destruída?
            -Não. – falou Scorpius, sendo mais rápido do que todos em questão de pensamento. – Há quatro. E uma delas, desculpe dizer, mas temo não ser tão fácil assim de destruir.
            Todos nós fizemos cara de “do que você está falando?”, mas Scorpius apenas assentiu como se disesse que iríamos entender em breve. Parecia até que ele havia aprendido com Dumbledore.            -Não podemos arriscar. – falou Alvo. – Eu fiz isso por vontade própria, esperava realmente morrer. Mas e se nós errarmos? E se acabarmos com a horcrux errada?
            -Não. – disse Scorpius, de repente. – Eu sei quem são as horcruxes. Eu e Rosa. Sei que parece estranho, mas sinto isso. Amo Rosa mais do que amo a mim mesmo, e afirmo, com todas as letras, que precisamos matá-la, e a mim também, por mais que isso doa.
            Rosa virou-se para Scorpius, mais tranquila do que eu poderia imaginar.
            -Sim, também sinto isso. Você está certo. Lily, - disse ela, virando-se para mim. – você venceu. Você é a real representante de Lovegood.
            Antes que pudesse ter tempo de entender, vi Rosa e Scorpius erguerem as varinhas ao mesmo tempo e gritarem:
            -Avada Kedavra!
            E a partir daí, as coisas começaram a acontecer muito rápido.            Gritei para que parassem, mas era tarde. Segurei a cabeça de Scorpius, chorando, enquanto Alvo cuidava de Rosa.
            Scorpius abriu os olhos dali menos de dez minutos, mas minha prima, não.
            Logo que acordou, Scorpius correu até ela. Vi a dor que sentiu ao ver sua amada caída. A mesma que Alvo sentia.
            Então a coisa mais estranha aconteceu: unidos pela dor, Alvo e Scorpius dividiram-na. Ambos a seguravam, ambos a ajudavam.
            E, percebi, esse era o real espírito Lovegood. Fazer com que as diferenças aproximassem.
            Quando me dei conta, estava ajoelhada ao lado de Rosa.
            -Eu a matei. – gemia Scorpius, entre lágrimas. – Eu a matei!
            Assustada e sem saber o que fazer, abracei meu melhor amigo, que retribuiu.
            Ambos estávamos chorando e ele, após minutos, horas talvez, sussurrou em meu ouvido:
            -Mate-me, Lily, mate-me!
            Olhei em seus olhos. Eles clamavam pela morte. Clamavam para que eu terminasse com o sofrimento.
            Sem dizer mais nada, apenas fixa naqueles olhos, peguei a varinha e praticamente sem nenhum outro movimento, sussurrei:
            -Avada Kedavra.
            E foi nesse momento que Rosa acordou.
            By Babi
           

Vigésimo Nono Capítulo
A Troca (Narrado por Scorpius)


            Não sabia como descrever aquela sensação. Eu não me sentia mais vivo, mas de forma alguma morto. Podia ouvir o choro de Rosa, sentir suas lágrimas caindo em meu rosto, mas não conseguia dizer nada para consolá-la. Ela caía em um sofrimento cada vez mais profundo e minha presença era inútil para ajudá-la. Na verdade, essa era a causa de toda a dor.
            Scorpius, por favor, não me deixe. Não agora que tudo estava dando certo e que enfim estávamos juntos. Disse a voz de Rosa em minha mente. Sabia que ela estava tentando se conectar a mim, mas eu não era capaz de responder.
            Perguntava-me mentalmente se aquela era uma consequência da troca que eu fizera horas antes. Apesar de extremamente arriscada, era a única forma de salvar a vida de Rosa. Ela nunca sobreviveria às duas mortes que eram necessárias.
            Não consigo descrever como foi horrível quando percebi que a garota que eu amava não era apenas uma horcrux, ela era duas. Tanto Salazar quanto Rowena haviam colocado sua alma nela. Para que ambos pudessem ser derrotados, Rosa deveria morrer duas vezes.
            Sei que pedi a Lilian para me matar por causa da aparente morte de Rosa, mas outro motivo também foi o meu desejo de livrar os sobreviventes da invencibilidade dos Fundadores. Agora, posso ver que tomei a decisão correta.
            Quando Rosa disse “Avada Kedavra”, realizei um feitiço mental e transferi a alma de Salazar que havia em seu corpo para o meu. Daquele momento em diante, ela estava livre daquela maldição. Era arriscado, mas necessário.
            Quantas vezes eu vou ter que te chamar para você voltar? Scorpius, eu não posso te perder. Disse Rosa em minha mente novamente. Ela não desistia e, apesar de amá-la, sabia que não era certo. Eu estava morto.
            -Parece que você ainda não conseguiu partir – sussurrou uma voz que de alguma forma estava ao lado da minha alma. Quando “me virei” para vê-la, me assustei ao encontrar Tonks me observando com seu cabelo roxo.
            -Ninfadora? – perguntei, sabendo que se fosse ela mesma, teria uma reação extremamente única:
            -Não me chame assim, Scorpius! Que coisa! Você sabe bem que não gosto de ser chamada assim! – seu cabelo ficou vermelho por alguns segundos, mas me senti acolhido de estar perto de alguém “conhecido”.
            Enquanto me dava conta cada vez mais que havia falecido, percebia que não estava em meu corpo. Minha alma estava no fundo da sala onde tanto eu quanto Alvo e Rosa morremos. Observava todos chorarem e me sentia extremamente incapaz de mudar a situação.
            -Ela não vai te deixar morrer – disse Tonks me tirando de meus devaneios. Olhei em seus olhos e percebi que estes observavam Rosa.
            -Como? Ela tem apenas 13 anos de idade.
            -Você também e não foi capaz de transferir uma horcrux? Nunca tinha conhecido um bruxo que conseguira tal façanha.
            -Mas eu me matei – aleguei.
            -Não. Você não morreu. Seu corpo apenas está em descanso. É a sua hora de escolher se quer permanecer vivendo ou partir definitivamente.
            -Rosa passou por isso? Nas últimas horas?
            -Sim – respondeu Ninfadora.
            -E por que ela demorou tanto? Não é claro que a resposta é ficar na Terra? – questionei, enquanto observava, com ciúmes, Alvo abraçando Rosa.
            -Não, Scorpius. Não é tão simples. Veja o que acontece na sua frente. Não vê Rosa e Alvo juntos? Os dois estão há séculos tentando que isso aconteça.
            -Como assim? – minha voz falhou.
            -As almas deles estão tentando se unir. Eles são como Rowena e Godric, o casal que deveria ter ficado junto. Mas sempre há alguém para atrapalhar. No caso dos Fundadores, Salazar – explicou Tonks.
            -E neste caso, eu – completei – Ela sabe disso?
            -Sim. Mas quando contei, ela não se preocupou em tornar isso algo real.
            -E com o quê se preocupou?
            -Ela queria ter certeza de que você não sofreria. Se isso acontecesse, Rosa preferia partir.
            -Está falando sério? – perguntei, enquanto Rosa afastava Alvo de si. Suas mãos tocaram meu rosto e, apesar de tudo, ainda pude sentir o formigamento que acontecia quando nossas peles se tocavam.
            -Sim. Agora é a sua vez. O que você escolhe?
            Observei os olhos azuis de Rosa, seu cabelo vermelho, suas bochechas da mesma tonalidade, seu corpo diminuto, suas lágrimas doces e sua voz delicada. Nos últimos seis meses minha vida estava resumida a ela.
            -Eu escolho viver – respondi apenas. E então, tudo mudou.
            O mundo parecia girar ao meu redor. Todos os objetos e pessoas desapareceram, inclusive Rosa. Não havia nenhum som nem movimento. Estava em uma escuridão total.
            Esperei para que tudo voltasse a aparecer, mas nada aconteceu. Eu estava trancafiado em uma prisão eterna. Preso em meu próprio sofrimento, pensando no de Rosa.
            Quando minhas esperanças estavam acabando, decidi que tinha que, pelo menos, tentar despedir de Rosa. Reunindo todas minhas forças, enviei uma pequena mensagem a ela:
            -Eu te amo.
            Só que algo inesperado acontecera. Ao mesmo tempo em que minha voz dizia aquelas palavras, a dela as repetia. Estávamos na mesma sintonia, em um momento único.
            As lágrimas caíram dos olhos de Rosa quando esta percebeu que aquele momento não podia ser real. Ela não sabia a verdade, mas eu sabia. Aquilo realmente acontecera.

            Em uma mudança inesperada, senti meu corpo novamente. Meu coração voltara a bater, meus olhos abriram-se novamente, minha respiração acontecia de novo. Quando vi meu amor ao meu lado, não pensei duas vezes e fiz algo que queria há muito tempo.
            -Eu te amo – sussurrei antes que nossos lábios se unissem pela primeira vez. A primeira de muitas.

Escrito por StarGirlie.

Trigésimo Capítulo
Morta



-Lily! – disse Lysander, correndo até mim. – Você é a escolhida, eu sabia!
Quando vi o garoto entrar correndo pela sala, não consegui me controlar. Comecei a chorar, a espera de seu calor, de seu abraço, se seus lábios. Eu precisava dele. Era como algo inevitável.
Debby & Cole Sprouse hugging-Senti tanta saudade. – disse, assim que ele me encontrou.

Nos abraçamos e um beijo selou nossos lábios. Mais nada precisava ser dito. Mais nada importava.
Ficamos juntos durante muito tempo, até que decidi soltá-lo por um instante. Lágrimas rolavam pela minha face. T udo que queria era ficar com ele, senti-lo e amá-lo.
-Lysander... – quando realmente o olhei, percebi algo. - por que...?
Meu amor estava coberto por sangue. Suas roupas estavam sujas e esfarrapadas e seu corpo estava cheio de arranhões.
-Lily, eu o matei. Matei Salazar.
As palavras me atingiram como uma bomba. O apertei forte. Por mim, não sairia dali.
-Lily? – disse Rosa, com as mãos entrelaçadas as de Scorpius. – O que aconteceu?
-Salazar se foi. – falei, sorrindo e olhando para os olhos de meu verdadeiro amor.
E engraçado como o amor é. Uma hora, se está chorando, sozinha e perdida, e em outra, se está cantando e sorrindo. O amor chegou, e veio para ficar.
Meu amor.
Minha alma.
Meu doce Lysander.
O amor que eu sentia por ele era tanto que nem cabia em mim. Eu precisava chorar, precisava de um tempo com ele e só com ele. A única questão que restava era: por que eu não percebera isso antes?
Ele, que estava ao meu lado quando precisei. Ele, que deixou de fazer o que era mais fácil para poder matar Salazar. Ele, que de uma forma ou outra, não ligara para nada além de salvar seus amigos.
Ele, um Lovegood.
Ele, o real representante.
Bonnie wright-Não. – eu disse, piscando, assustada. – Eu não sou a Representante da nova casa. Lysander é.
            Todos me olharam,  confusos.
-Eu? – falou ele. – Mas por que...



-Porque você o matou. E eu quero vingança.
Todos olhamos par ao lado. Ali, parada na porta, estava Rowena. Ela parecia acabada. Possuía olheiras, seus cabelos estavam desgrenhados e suas roupas, uma vez majestosas, estavam piores que as de Lysander.
Tudo que aconteceu depois, bem, nunca saberia explicar ao certo.
O que realmente sei é que, ao mesmo tempo em que eu pensava nas palavras Avada Kedavra e apontava a varinha para Rowena, tentando lançar um feitiço mentalmente, ela pronunciava-as.
Mas não em direção a mim.
Não em direção a Rosa, Scorpius ou Alvo.
Seu real objetivo era atingir Lysander.
Um jato de luz verde saiu de minha varinha, ao mesmo tempo em que gritava para que meu amor se afastasse. Mas fui devagar demais. Fui boba demais.
Rowena morreu de fato. Mas Lysander, este se encontrava caído ao chão.
No momento em que a luz verde o atingiu, uma imagem foi lançada, por um segundo, em minha mente.
Na imagem, Lysander segurava minha mão. Parecíamos anos mais velhos, e ele dizia:
-Não ligue para a beleza. Não ligue para a inteligência. Ignore todos que te machucam. Mas nunca, nunca esqueça: eu te amo, pois você é, e sempre será, minha Lily. E jamais te esquecerei.
Corri para o corpo caído de Lysander. Seu rosto estava pálido e seu coração não batia mais.
Lembrei de todos os momentos bons, aqueles que me fizeram amá-lo. Pensei em tudo que não viveríamos, como a cena mostrada em minha mente.
GinnyPensei no amor que sentia, e em como suportaria viver sem ele.
Mas, acima de tudo, pensei nele.
Ele morrera por nós. Morrera por todos nós.
Lágrimas escorriam enquanto eu segurava sua cabeça.
Minha vida acabara. Eu nunca mais seria feliz, nunca mais poderia viver em paz.
Sem amor, a vida não vale a pena. E, naquele momento, não pude deixar de pensar isso. Eu queria morrer, queria desesperadamente morrer.

Deitei-me sobre o peito de Lysander. Alvo estava tentando me tirar dali, mas berrei algo e continuei chorando. Precisava ficar ali, com ele por mais alguns instantes.
Percebi que todos saíram da sala em alguns minutos. Continuei deitada, mas segurei sua mão e entrelacei-a a minha.
Quando fiz isso, senti algo. Havia um papel em seus dedos, bem como havia um nos de Alvo quando ele tentara se matar.
dylan and cole sprouseAbri o papelzinho, forçando meus olhos inundados de lágrimas a lerem o conteúdo do mesmo.

“Lily,
Se está lendo isto, provavelmente já parti. Preciso que seja forte. É pedir demais, eu sei, e se o mesmo houvesse acontecido com você, com certeza não agüentaria. Mas sei que você é melhor do que eu, e preciso que suporte firme. Salazar já se foi, e espero que tudo fique bem.
Preciso de uma coisa. Lorcan. Preciso que cuide dele. Preciso que o ensine a viver sem mim e, se possível, fazer o mesmo. Isso foi necessário. Eu precisava salvá-la.
Quero que saiba, te amo mais do que as estrelas no céu. Te amo mais do que o tamanho do trabalho de Runas e te amo mais do que todo Beco Diagonal. Também te amo mais do que a areia da praia, para constar. E te amo tanto, que dói saber que não poderei mais te ver. Bem, ou talvez possa, mas não tenho certeza.
Tudo que sei é que não quero que desista. Não por mim. Continue seguido sua vida e, eu sei, algum dia ainda nos encontraremos.
Quero que saiba um segredo. Naquele dia, em que tentei me passar por Lorcan, acreditando que você o amava e acabei sendo descoberto, descobr uma coisa. Você percebeu a diferença entre nós dois, eu e meu irmão. Você viu minha alma. E eu vejo a sua. Te reconheceria até por uma palavra, pois sei que fomos feitos um para o outro
Com todo o amor do mundo,
Para Sempre Seu,
Lysander.
Obs: Também te amo mais do que as corujas do corujal.”
Acabei de ler a carta e levantei-me.
Sequei as lágrimas e dei um último beijo nos lábios de Lysander.
O último dos últimos, que selaria nosso amor como além da vida. Que nem mesmo a morte poderia impedi. 
Nosso amor era eterno, escrevera ele.
Eu não iria desistir.
Não depois do que lera.
E, acredite ou não, eu o amava mais do que tudo também. E precisava deixá-lo e seguir em frente.
Então, eu nunca fui Lily Potter, Representante de Lovegood.
Lysander sempre foi o escolhido. Lysander Lovegood. LL.
E eu, bem, isso não importa.
Andei em direção a porta e, ao sair, dei uma última olhada para dentro da sala.
-Lily e Lysander. Para todo o sempre.
By Babi


Trigésimo Primeiro Capítulo
Finalmente tudo estava em seu lugar

Em homenagem a Gigi e a Alícia, já que passamos a aula de Educação Física cantando essa música!

            Subi a escada que levava a mesa da Lovegood, a única que flutuava sobre todas as outras. Desde que salvamos o colégio de outro final trágico, Minerva tornara oficial a nossa Casa roxa.
            Scorpius se sentava ao lado de um lugar vago, que me apressei em ocupar. Seus olhos verdes acompanharam meus movimentos até que seus braços me envolveram. Dei um doce beijo em seus lábios antes de me virar para cumprimentar o resto dos participantes da Lovegood.
            Alvo e Felícia estavam sentados um ao lado do outro discutindo mais uma vez por causa do tratamento que cada um dirigia a mim. Lorcan e Lily conversavam com expressões tristes, como nas últimas semanas desde a morte de Lysander. Thiago, Hugo e T.J. faziam seus trabalhos de Defesa contra as Artes das Trevas, do quarto, segundo e terceiro ano respectivamente.
            -Alunos! – chamou a diretora, nos obrigando a olhar para baixo. Avistei rapidamente Silvia, que voltara ao colégio depois da morte de Salazar. Neville havia entendido que sua filha estava apenas influenciada pelo Fundador e permitira que esta não fosse afastada de Hogwarts.
            -Como todos sabem, esta semana encerramos o primeiro semestre de aulas. A maioria de vocês irá para casa para passar o Natal com suas famílias e nos encontraremos novamente depois do Ano Novo. 
            Todos os alunos, inclusive eu mesma, comemoraram animados com a ideia de duas semanas sem aulas, professores e coisas banais. Finalmente, teríamos nosso descanso.
            -Porém, antes que possam desfrutar esse último jantar, algumas Fundadoras gostariam de unir o que elas chamam de “almas gêmeas”. Desculpem-me o incômodo, mas não posso negar algo assim.
            A tensão pareceu percorrer todo o Grande Salão e temi o que aconteceria em seguida. Sabia desde o dia em que morrera que minha alma e a de Alvo se procuravam há séculos e que o certo era que acabássemos juntos. Mas escolhi Scorpius. Novamente.
            Meu namorado segurou minha mão, enquanto Alvo me lançava aquele olhar que tantas vezes já balançara meu coração. Mas não agora. Eu havia escolhido. 
            Duas faixas de luzes, que eu sabia serem os espíritos de Rowena e Helga, cortaram o salão, criando laços entre pessoas inesperadas. Silvia se sentiu incomodada quando seu pulso foi conectado ao de alguém que não consegui enxergar.
            Quando chegou minha vez, não pude deixar de tremer. Inesperadamente, Alvo segurou a mão de Felícia apesar de ainda me encarar. Scorpius me puxou para mais perto e beijou minha testa. Então, Helga surgiu em nossa mesa acompanhada de Rowena.
            -Acho que já atrapalhamos demais a vida de vocês três – disse Rowena, ignorando completamente sua descendente direta.
            Helga se abaixou e uniu meu pulso ao de Scorpius por uma fina corrente de luz. Com um sorriso nos lábios fez o mesmo com Alvo e Felícia. Quando seu espírito saiu de meu raio de visão pude ver a quem Silvia fora unida.
            Meu primo Thiago a observava de longe e logo pude perceber que algo estava acontecendo inconscientemente. Antes que pudesse dizer alguma coisa, todas as correntes desapareceram e Minerva apenas completou:
            -Um bom jantar a todos vocês.
            Mesmo com os garfos batendo nos pratos a tensão ainda era presente no ar. Podia enxergar Alvo me lançar olhares confusos e não sabia como reagir. Apesar de amar Scorpius nunca imaginei que meu melhor amigo fosse acabar com Felícia.
            Uma onda de ciúme percorreu meu corpo, mas a escondi no fundo de minha mente. Eu amava Scorpius. Apenas Scorpius. E foi disso que passei a me convencer todos os dias.

Escrito por StarGirlie.
Trigésimo Segundo Capítulo
O outro gêmeo


Olhei para o lado. Esperava encontrar Lysander, e de certa forma, o encontrei. Mas logo que o garoto se virou, percebi que os olhos eram diferentes.

Este era o grande segredo. Como eu sempre diferenciara Lysander de Lorcan.

Quer dizer, Lorcan sempre me olhou com desdém. Nas últimas semanas, o olhar havia mudado. Passou a ser algo mais doce, como ternura e afeto. Ele gostava de mim, mas desde o começo, apesar de não querer admitir, não me amara.

E Lysander... bem, ele sempre me olhara da mesma forma. No começo, não havia percebido, mas naquela hora, entendi tudo. Pena que foi tarde demais. Pena que não pude contar a ele tudo isso que sentia.

O olhar de Lysander não era nenhum outro senão de amor. Amor por mim, amor por todos. Ele sempre me amou, e eu percebi isso tarde demais.
Fechei os olhos, impedindo as lágrimas de sair. Lembrar dos olhos doces de meu amor era como saber que o passado nunca voltaria.
Pensei nos momentos antes, quando as almas foram “unidas”. Um dos momentos mais marcantes de minha vida, tenho certeza.
Rowena se aproximara e abrira a palma da mão. Ali, estava a alma de Lysander. Soube disso na hora pois vi o brilho de seus olhos naquele borrão de luz.
-Vim devolvê-lo. – disse Rowena. – Espero que me perdoe.
Assenti e ela me entregou a pequena luz. A segurei, com toda ternura e a ergui sobre mim. 
Nos últimos segundos, ouvi-a dizer “para sempre” e uma lágrima caiu sobre minha face.
Naquele instante, entendi. Ele me esperaria até o fim. O verdadeiro fim.
Sentei, me sentindo um pouco enjoada. Mas, apesar disso, eu estava feliz. Nada acabava ali. Nada.
Lorcan olhou para mim e sorriu. E neste momento, soube o que havia acontecido. Ele encontrara sua alma gêmea.
-Quem é? – falei, já sabendo qual era a resposta.
-Flô.
Sorri para o garoto, sabendo que era um choque para ele.
Flo, a filha de Hagrid, aquela que ele sempre tirara sarro.
Flo, a gordinha e feia, que ele sempre recusara.
Flo, que tinha a maior coração que poderia existir.
Flo, que nunca ficaria com ele.
Coloquei a mão sobre a mesa e desviei o olhar.
Lorcan esticou a dele e colocou-a por cima da minha.
Apenas sorri, sem olhá-lo por medo de perceber que os olhos não eram de quem eu esperava que fossem.
By Babi

Trigésimo Terceiro Capítulo
A Surpresa de Aniversário



            -Rosa? Posso entrar? – perguntou a voz de Scorpius na soleira de meu quarto. Dei uma risadinha como resposta e segundos depois meu namorado entrou pela porta, sorrindo como sempre.
            Ele vestia uma camiseta verde muito escura e uma calça jeans preta. Seu cabelo loiro estava bagunçado e seus verdes refletiam sua felicidade. Scorpius parecia um deus. 
            -Uau. Você está maravilhosa – disse ele, observando-me dos pés a cabeça. Dei uma voltinha teatral, fazendo com que meu vestido azul girasse pela sala, que há séculos pertencera a Ravenclaw.
            Scorpius colocou seus braços ao meu redor e me puxou para mais perto. Nossas bocas se uniram mais uma vez como após de nossas mortes. A cada dia ficava ainda mais perfeito.
            Uma batidinha foi escutada de minha porta e nos afastamos rapidamente. Meu pai, Rony, estava parado observando aquela cena com um olhar de ódio. Ele não conseguia aceitar que sua filhinha estivesse namorando um Malfoy.
            -É... Desculpe-me, sr. Weasley. Eu não devia ter entrado assim no quarto de Rosa – tentou se redimir Scorpius.
            -Não devia mesmo – retrucou meu pai se aproximando ameaçadoramente de meu namorado, me obrigando a me colocar entre os dois.
            -Ronald Weasley! Brigando com o Scorpius de novo? – exclamou minha mãe surgindo em meu quarto e afastando meu pai de meu namorado. Era tão bom ter Hermione me defendendo. Ela sempre estava com a razão.
            Meu pai não se recusou a sair e junto com minha mãe, ambos nos deixaram a sós no exato momento em que uma música leve começava a tocar no quarto.
            -O que é isso, Scorpius? – perguntei sem entender, mas sabendo que aquilo era provocado por ele.
            -Lá embaixo tem uma grande surpresa para você, mas eu queria que tivéssemos um momento juntos. O que acha? – Scorpius se curvou à moda antiga – Você me concede essa dança?
            Coloquei minha mão sobre a dele e começamos a girar pelo cômodo. Ríamos, enquanto desviávamos um dos pés do outro. Aquele era um momento doce e que contrastava tanto do início do terceiro ano em Hogwarts. Naquela época apenas brigávamos e não suportávamos nem ouvir a voz do outro. Pelo menos, aparentemente
            Quando a música acabou, Scorpius colocou um braço ao redor da minha cintura e, juntos, descemos as escadas que nos levariam a minha festa. Porém, nem mesmo o amor por meu namorado conseguiu me distrair quando vi a quantidade de pessoas que havia me esperando.
            Sabia que Lily e Felícia caprichariam na lista de convidados, mas nunca pensei que seriam tantas. As famílias Weasley, Malfoy, Potter, Chang, Lovegood, Longbottom e Hagrid se destacavam entre tantas outras. Aquela parecia uma festa digna de Hogwarts.
            -Feliz aniversário! – exclamaram todos ao mesmo tempo em que um sorriso iluminava meu rosto.
            Alvo, Felícia, Lilian, Lorcan, Hugo, T.J, Thiago e Silvia saíram da multidão, vindo me abraçar. Houve uma tensão estranha enquanto meu melhor amigo me afastou de Scorpius para dar seu abraço.
            -Que esse ano seja melhor do que o anterior – sussurrou Alvo em meu ouvido, enquanto suas mãos pressionavam minha cintura.
            Não fui capaz de responder, então simplesmente o abracei ainda mais forte, desejando com todas as forças que não fôssemos separados. Porém, dois segundos depois Scorpius pigarreou e voltei para sua companhia, com os olhos verdes de Alvo ainda me observando.
            -Eu tenho uma surpresa para você – sussurrou meu namorado.
            -Outra?
            -Sim. Vamos – ele me puxou para fora da festa e logo que saímos pela porta da cozinha descobri a que ele se referira.
            O jardim de minha casa estava completamente transformado. De todos os pontos, brotavam lindas rosas de todas as cores possíveis. Algumas se enroscavam e criavam buquês naturais.
            -É lindo – foi a única coisa que consegui dizer, antes de Scorpius afirmar:
            -Milhares de rosas para a minha Rosa. Desculpa pelo trocadilho bobo. E feliz 14 anos – naquele momento não pude me lembrar de Alvo na cozinha observando a cena, de Felícia o abraçando, era simplesmente eu e Scorpius. Como seria dali para frente.

Escrito por StarGirlie.

Último Capítulo
Noite Estrelada

      E eu senti que aquele era o último capítulo de minha vida.
         O último da minha vida como estudante do segundo ano de Hogwarts, pelo menos.
         Olhei ao redor. Estávamos, todos, comendo o delicioso bolo feito por Hagrid de aniversário, a Rosa.
         Todos pareciam tão feliz, tão unidos.
         Rosa e Scorpius, Felícia e Alvo, Silvia e Tiago, TJ e Hugo...
         Eu e Lorcan estávamos de mãos dadas. Não por causa dos sentimentos que tínhamos um pelo outro, mas sim pela força que ambos esperávamos dar ao outro.
         As famílias, mais companheiras do que jamais haviam sido, contavam piadas, cantavam músicas, riam...
         Pedi licença, soltando-me da mão de Lorcan.
         Soube que todos haviam ficado me olhando, mas não tinha como aguentar mais um minuto em meio a tanta alegria.
         Fui para sala e, aos poucos, o falatório recomeçou.
         Olhei para a lareira que ali estava. Parecia tão solitária, e me senti como ela.
         Em poucos minutos, Rosa veio se sentar ao meu lado.
         -Tudo bem? – perguntou ela.
         Mordi o lábio inferior.
         -Como poderia ficar bem? – sussurrei.
         A garota me abraçou.
         -Lily, te amo mais que tudo. Sabe disso, não é?
         Sorri.
         -Também te amo, Rosa.
         Ela acariciou meu braço. Em poucos meses, havíamos amadurecido mais do que em vários anos.
         -Eu sei que dói. Mas você deve continuar. Há uma vida inteira pela frente. – disse ela.
         Concordei. Sabia que as palavras eram verdadeiras, mas não conseguia segui-las de maneira alguma.
         Depois de alguns minutos, Rosa suspirou.
         -Quer alguma coisa?
         Balancei afirmativamente a cabeça.
         -Sim. Que ele volte.
         Ela negou.
         -Receio não poder fazer isso. Mas se quiser qualquer outra coisa...
         Olhei para minhas unhas, pintadas de preto. Havia começado a pintá-las assim desde que... bem, vocês sabem.
         -Acho que deveria parar de fazer isso. – disse Rosa, maternamente. – Só está te machucando mais.
         Assenti, segurando as lágrimas. Não queria que ela me visse chorar.
         -Não estou te ajudando, não é? – falou minha prima. –Acho melhor ir.
         Na hora em que se levantou, Lorcan veio até a sala.
         -Ah, oi. – falou para Rosa, que respondeu e saiu, sorrindo.
         Lorcan sentou-se ao meu lado e ficou observando as chamas, assim como eu.
         -Machuca, não é? – disse ele. – Machuca saber que ele não vai voltar.
         Concordei e deitei minha cabeça sobre seu ombro.
         -Sim. – falei, deixando que as lágrimas rolassem.
         Ele passou o braço sobre minhas costas.
         -Lily? – disse, depois de minutos.
         Ergui a cabeça e olhei em seus olhos.
         Por que? Por que não eram os mesmo com que eu sonhara na noite anterior? Por que não eram os de Lysander?
         -O quê? – respondi.
         -Eu gosto de você. Gosto mesmo.
         Fechei os olhos, tentando lembrar dos olhos de meu verdadeiro amor.
         Lorcan e eu nos beijamos, pela primeira vez, mas foi diferente do beijo que dera em Lysander. Mais desesperado.
         Eu queria meu amor de volta. E o garoto, não sei direito o que queria.
         -Lorcan. – disse. – Você sabe que isso é errado, não sabe?
         -Para mim, parece bom.
        
         -Não é lindo? – perguntei a Lorcan, entregando-lhe o telescópio.
         Ele o pegou. Estávamos na Torre de Astronomia. Era Natal e havíamos ficado no colégio. O meu terceiro ano estava sendo melhor do que eu esperava.
         -Sim. –respondeu ele.
         Ficamos sentados, analisando o céu. Sempre fui muito apta a Adivinhações, e Astronomia era, sem dúvidas, meu forte.
         -Acha que ele está ali? Olhando por nós?
         Sem precisar citar o nome, Lorcan já sabia o que responder. Não tocávamos muito neste assunto, mas ambos sabíamos que fazia parte de nós.
         -Tenho certeza. – respondeu o garoto.
         Pisquei, emocionada. Nunca conseguiria esquecer meu amor. Meu real amor.
         Lorcan me beijou e rolamos pelo chão, parando deitados um ao lado do outro.
         -Qual é seu maior sonho? – perguntou-me Lorcan.
         Fiz cara de dúvida e ergui a cabeça, mexendo no cabelo do menino.
         Claro que eu tinha meu sonho na ponta da língua. Mas sabia muito bem que era impossível de ser realizado, então decidi falar o meu segundo maior desejo.
         -Ter uma estrela. – confessei. – Uma estrela só minha.
         Lorcan se sentou e eu o acompanhei.
         -Vê? – falou ele, apontando para uma estrela brilhante no céu.
         Concordei.
         -É sua. Uma das Três Marias.
         Sorri.
         -Que originalidade. – falei. – E olha que nem me chamo Maria.
         Ele riu e deitou-se novamente.
         Pulei em cima dele e olhei em seus olhos. Já me acostumara com eles.
         -E qual o seu maior sonho? – disse.
         Ele piscou, duvidoso.
         -Basta para mim que você esteja sempre ao meu lado.
         Dei um selinho nele, me afastando rapidamente.
         -Então seu sonho será realizado.
         E, antes de beijar-lhe novamente, pensei na carta de Lysander.
         Ele me pedira isso.
         E, apesar de não ter entendido na época, naquele momento soube que fora a melhor coisa a fazer.
         Ele me presenteara com Lorcan. Me presenteara da melhor forma possível.
         Me entregara um jeito de superar a dor.
         Já deitada na cama, na mesma noite, sussurrei para meu travesseiro as mesmas palavras que dizia todo dia:
         -Lily e Lysander. Para todo o sempre.
         By Babi
       
É realmente muito estranho estar encerrando "A Vida Depois do Fim". Foram tantos dias com essa novela, que provavelmente foi a com menos "paradas". Eu e Babi estávamos extremamente concentradas em manter a história sendo postada todos os dias e é triste saber que ela acabou.
Claro que fico feliz que tenhamos conseguido terminar nossa 7ª novela. Se uníssemos todos os capítulos, provavelmente teríamos feito 7 livros. Agora que reparei, em Harry Potter, o número 7 é o da sorte e o mais poderoso, e a nossa fanfic sobre esta grande história está exatamente nesta colocação em nossas webnovelas. Coincidência né?
Enfim, quero agradecer a você, que leu essa novela e acompanhou a história de Rosa e Lilian em seus terceiro e segundo ano, respectivamente, em Hogwarts. Sempre quis fazer uma fanfic e quando escolhemos juntas que ela seria sobre os filhos de Harry Potter e cia, não resisti. Hoje não me arrependo.
Foi difícil criar novas histórias em cima de uma já existente, pois não queríamos alterar a personalidade de ninguém. Realmente sempre imaginei Rowena como uma mulher egoísta que ficaria em um triângulo amoroso com Salazar e Godric, enquanto Helga seria a pessoa que ajudaria todos. 
Sei que sempre enrolo nesses discursos, mas achei importante agradecer a todos que gastaram seu tempo lendo nossa novela, sendo que algumas dessa vez são nossas amigas do colégio em que estudamos e possuem personagens na trama. 
Resumindo, obrigada por tudo e espero que aproveitem esse Epílogo!

Epílogo


            Joguei-me na pista de dança e balancei minha cabeça no ritmo da música. Meu vestido roxo possuía faixas transparentes e que reluziam as luzes do Baile de Inverno.
            Ficara realmente feliz quando Minerva o adiara para depois do Natal. Hermione, que fizera meu vestido, avisara que não conseguiria acabá-lo antes disso. Acredito que Rowena e Helga deram uma ajudinha a meu favor.
            Levantei meus braços para o teto de onde neve parecia cair. Girei em meus próprios pés, tropeçando sem querer e caindo nos braços de alguém.
            -Oi, Alvo – minhas bochechas coraram imediatamente, enquanto suas mãos tentavam me erguer novamente. Porém, toda sua força estava concentrada em seu olhar e acabamos caindo no chão.

            -Achei que você estava menos desastrada esse ano – disse meu melhor amigo, rindo comigo, enquanto nos desviávamos dos pés dos outros alunos. Não queríamos nos levantar e nem iríamos.
            -A única diferença é que agora tenho alguém para me segurar – afirmei, tentando não olhar em seus olhos verdes. Desde que começara a namorar Scorpius, me afastei de meu melhor amigo.
            -Que não sou eu – resmungou Alvo, olhando para meu vestido. Ele nunca era discreto quando me observava. Sempre parecia prestes a tomar uma atitude irresponsável.
            -Alvo, nós já... – comecei, mas ele cobriu delicadamente minha boca com seus dedos e disse:
            -Eu sei. Você ama Scorpius. Eu estou com Felícia. Está tudo certo – seu rosto estava perto demais do meu, o que ainda me causava um grande formigamento. Era como se nossas energias estivessem unidas.
            -Alvo, não está tudo certo. Você me ama...
            Só que ele me impediu de continuar. Segurou meu rosto e não deixou que nada mais saísse de meus lábios. Alvo sempre parecia tentar me conquistar, mas algo em sua alma dizia que era uma causa inútil. Queria que a minha respondesse que um dia aquilo não foi assim.
            -Acho que é melhor nos levantarmos e voltarmos ao normal – disse, nervosa, enquanto mexia em meu cabelo cheio de cachos ruivos.
            -É, mas também, acho que não temos opção – Alvo apontou para a grande porta do Grande Salão e eu enxerguei o que sempre esperara que voltasse a acontecer.




            Scorpius, Lorcan e Silvia estavam parados na entrada do Baile, voltando a ser a “turma popular” do colégio. Meu namorado estava tão deslumbrante quanto o de Lilian. Já a garota que um dia fora minha inimiga mostrava a todos que era a mais linda do colégio.
            -Oi, minha ruivinha – disse Scorpius, me abraçando, enquanto Lorcan fazia o mesmo com Lilian. Alvo saiu andando, enquanto Silvia foi atrás de Thiago. 
            Pensei em seguir meu primo, mas sabia que não era o certo. Devia ficar com meu namorado. Então, apenas o observei de longe encontrando Felícia e a abraçando.
            Era estranho estar afastada de alguém que amava tanto. Ultimamente, o máximo que conseguia ficar próxima de Alvo era naqueles momentos extremamente estranhos como o que acontecera minutos antes.
            Nas horas seguintes, dancei com Scorpius, Lilian e até mesmo Lorcan. Felícia tentara se reaproximar de mim, mas um sentimento dentro de mim parecia impedi-la. Eu sentia ciúmes de sua relação com Alvo e sabia que ele devia saber disso.
            A madrugada já caía quando Minerva nos mandou retornar aos nossos dormitórios. Eu, Scorpius, Lilian, Lorcan, Alvo, Felícia, Thiago, Hugo e TJ, que passaram a festa inteira juntos, nos encaminhamos para nosso Salão Comunal, enquanto Silvia ia para o da Lufa-Lufa.
            Entramos na Sala Precisa, enquanto ela se transformava na maravilhosa sala roxa a quem tanto nos acostumamos. Seus toques cinza a deixavam ainda mais perfeita.
            Lilian e TJ se dirigiram ao dormitório feminino do terceiro ano, Felícia ao do quarto, enquanto Lorcan e Thiago foram para o masculino do quinto, e Hugo partiu para o seu. Porém, eu, Scorpius e Alvo permanecemos sentados no sofá em frente à lareira, cada um em um lado meu. Era hora de uma conversa. E todos sabíamos disso.


            Três dias haviam se passado desde a grande conversa que tive com Scorpius e Alvo. 72 horas haviam partido desde o momento em que fui obrigada a dizer adeus ao meu melhor amigo. 4320 minutos de um sofrimento abafado me destruíam.
            -Rosa, você precisa ir para a aula. Precisa sair dessa cama. O Scorpius está tentando falar com você há tanto tempo. Por favor, dê uma chance a ele – disse Felícia sentada em minha cama no dormitório das alunas do quarto ano.

            Não me mexi, preferindo não encarar minha melhor amiga e também, provavelmente, namorada de Alvo. Imaginei meu loirinho sob as escadas esperando alguém que nunca iria.
            -Diga-me, Felícia, você já amou um melhor amigo? – aquilo não era uma indireta sobre Alvo e sim uma pergunta real. Felícia suspirou, mas respondeu:
            -Sim, a minha vida inteira, mas ele nunca me enxergou assim – seus olhos brilharam de uma maneira que eu reconhecia, que na verdade sempre soube o que significava.
            Saltei da cama, peguei uma mochila e comecei a colocar várias roupas dentro dela.
            -O que você está fazendo? – perguntou Felícia assustada.
            -Estou fazendo a escolha que deveria ter feito há muito tempo atrás – respondi, vestindo rapidamente uma roupa qualquer, enquanto pensava no tempo que teria até chegar a...
            Corri porta afora do dormitório, encontrando Lily na escadaria. Ela parecia ainda mais feliz conforme a dor por Lysander se tornava um carinho por Lorcan.
            -Preciso de você – disse apenas.
            -Até que enfim, né Rosa? Temos pouco tempo! – exclamou minha prima me puxando pelo braço. Descemos os degraus às pressas, porém, Scorpius estava no meio do caminho.
            -Aonde você está indo? – perguntou meu namorado com lágrimas nos olhos.
            -Desculpe-me, Scorpius. Desculpe-me por tudo. Eu nunca quis te magoar. Nunca mesmo. E você sabe disso. Estou apenas seguindo meu destino. Faz séculos que estamos tentando isso.
            Scorpius, que entendera claramente tudo, me abraçou enquanto sussurrava “nunca vou te esquecer”.
            -Dê uma chance a ela. Sempre lhes disse que era a intrusa, que chegara depois apenas para atrapalhar um grande amor e agora vejo que estava certa. Boa sorte, loirinho de olhos verdes – brinquei, dando um beijo em sua bochecha e correndo até a entrada do Salão Comunal.
            Lily percorria todo o caminho comigo até que chegamos aos portões de Hogwarts. Apesar de ter parado, a energia de minha amiga parecia me seguir enquanto eu corria sozinha pela estrada de Hogsmeade.
            A chuva caía intensamente quando cheguei à estação de trem. Não conseguia enxergar nada, mas mensagens mentais de Victoire e Teddy, os protetores de Hogsmeade, me guiaram.
            Então, eu o vi. Segurando seu guarda-chuva, ele esperava o trem que o levaria de volta para casa, para um lugar longe de mim. Suas roupas estavam molhadas, sua mochila ensopada. Lágrimas se misturavam aos seus olhos e senti que a dor corrompia seu coração como o meu. Não resisti e me lancei em minha direção.
            Nossos corpos se uniram em um abraço que não acontecia há meses. Seu cabelo preto se enroscou com meus fios ruivos. Suas mãos tocaram minha face não acreditando no que viam.

            -Rosa? O que você faz aqui? Não devia estar em Hogwarts? O que aconteceu? – as perguntas saíram confusas da boca de Alvo. Seus olhos verdes transmitiam o choque em me ver.

            -Eu só entendi o que meu coração não conseguia aceitar até agora – respondi, tentando tirar a água de meu rosto.
            -O quê?
            -Alvo, eu sempre te amei. Alvo, eu te amo agora, mesmo sabendo que não devia. Mesmo sabendo que somos primos, que você está com Felícia e eu estava com Scorpius...
            -Você estava com Scorpius? – interrompeu-me Alvo.
            -Sim. Ele sabe que meu destino é você, sempre foi na verdade. Tudo nos ligara. Todos os fatos nos uniram. Rowena e Godric deveriam ficar juntos no final não é mesmo? – meu coração palpitando ao ver meu melhor amigo retribuir o sorriso que havia lhe dado.

            -Não diga mais nada – calou-me Alvo, me puxando para ainda mais perto – Eu sempre te amei e te amo ainda mais. É só isso que importa.

            Naquele momento, um raio de sol percorreu o céu e a chuva cessou. Os lábios de Alvo encostaram os meus e, como em meu primeiro beijo, todo o mundo desapareceu.
            Beijamo-nos diversas vezes entre intervalos onde ríamos pelo momento. Porém, quando estávamos prestes a nos unirmos novamente, vi rapidamente uma energia amarela e preta percorrer a estação. Então, eles viveram felizes para sempre, disse a voz risonha de Helga Hufflepuff.
            -Ela tem razão contanto que você troque o título de “melhor amigo” para o de namorado – relembrou Alvo. Sorri, segundos antes de beijá-lo novamente e dizer:
            -Tudo bem, meu namorado – e naquele momento tudo estava bem. Ou melhor, perfeito.

Escrito por StarGirlie.