Quinquagésimo Segundo Capítulo
Quando
abri meus olhos estava em uma caverna iluminada por algumas tochas. Tudo
parecia sujo naquele lugar como se uma inundação tivesse ocorrido ali e a única
coisa que sobrara era limo. Além disso, havia sangue por todo lado. E isso eu
podia sentir com toda clareza.
-Ah, nossa vampirinha acordou – Jenna surgiu em minha
frente e, finalmente, pude perceber que meus braços estavam presos. Como também
minhas pernas. E meu pescoço. – Nem pense
em tentar fugir, garota. Você só vai ser libertada quando destransformar Nate.
-Mas eu nem sou mais uma Ners! Eu fui transformada em vampira
e meus poderes acabaram! – gritei, produzindo um eco enorme na caverna. Aquela
mulher estava louca por acaso? Ela realmente achava que eu seria capaz de
transformar alguém em humano? Eu nem conseguia me tornar humana, imagina outra pessoa!
-Você está errada, Bianca – disse uma voz sufocada ao meu
lado. Foi então que percebi que Helena também estava amarrada na parede. Porém,
o estado dela era muito mais grave: sangue escorria de seu pescoço e seu rosto
estava um pouco prejudicado com os machucados – Uma Ners nunca deixa de ser uma Ners. Não importa quantas vezes você nasça
ou quantas vezes você morra.
Jenna esperou a minha reação pacientemente. – Então, é
por isso que não importa quantas vezes eu reencarne, meus poderes continuam os
mesmos? – Helena concordou baixinho – Achei que isso tinha a ver com a Maldição
e não com o fato de eu ser uma Ners.
-Bem, a Maldição é só para uma Ners, para começar, não é
mesmo? – indagou Robert surgindo no local com um copo de sangue na mão. O nojo
estava estampado em seu rosto, mas, mesmo assim, ele entregou o líquido a sua mulher,
que o engoliu imediatamente – Então, não é nenhuma surpresa as características
de ambas as coisas estarem interligadas. A Maldição faz com que uma Ners sempre
renasça até completar a sua missão. E uma Ners sempre possui seus poderes.
Portanto, uma Ners nunca pode descansar porque sempre haverá uma nova missão e
ela sempre terá que cumprir.
-Ai. Meu. Deus. Como minha mãe pode criar uma espécie
dessas? – eles não podiam estar falando sério. Madi não seria capaz de algo
assim. Nem mesmo em outra encarnação.
-É aí que você se confunde, Bianca – relembrou Robert –
Nem todas as encarnações são boas como a atual. Veja o exemplo daquela sua
versão dos anos 1950. Ela se vingou de seu ex-namorado como se ele fosse apenas
um brinquedo irritante. É o mesmo que aconteceu com Madeleine. Ela era mimada e
queria te proteger de qualquer forma, então, arriscou sua alma sem nem pensar
no futuro.
-Mas o feitiço virou contra a feiticeira – continuou Jenna,
sumindo por um instante antes de voltar à sala com um homem amarrado. Não
conseguia ver seu rosto naquela escuridão – E Madi se tornou uma Ners também. E
a partir daí começou a epidemia.
-Espere um pouco, como assim uma “epidemia”? – perguntei enquanto
tentava reconhecer quem era o prisioneiro de Jenna. Ele parecia tentar lutar
contra seus braços, mas a vampira estava usando algo que o machucava. – Cada vez
que uma Ners transforma uma mulher sobrenatural em humana algo de estranho
ocorre...
-E essa mulher vira uma Ners também – completei com o
queixo caído – Então, Lilá virou uma Ners e, durante a gestação, Helena se tornou uma Ners e a Criança Prometida. Tudo aconteceu por que
eu transformei uma vampira em humana. Meu Deus, o que eu fiz?
-Bem isso não importa agora – Jenna ignorou todo o nosso
papo sentimental e indicou para que Robert se aproximasse de mim. Senti o nojo
escorrendo em minhas veias enquanto ele tocava meu braço. Queria gritar, mas
rapidamente o homem apertou meu pescoço – A única coisa que você deve fazer é
transformar ele em humano novamente.
E então, Jenna jogou Nate no meio da caverna, onde a luz
era um pouco melhor. Ele estava todo machucado e parecia fraco, algo que nunca
fora. Seus olhos pareciam suplicar para que eu não fizesse nada, como se ele soubesse
algo que eu não sabia. – Por favor...
-Cale a boca, Nate! – gritou Helena – Ela só vai te
machucar ainda mais se você não desistir dessa ideia de continuar lobisomem.
Pense pelo lado bom, você nunca mais vai sofrer quando machucar alguém durante
sua transformação. Você vai poder envelhecer sem se aproximar desses problemas
sobrenaturais. Você vai poder viver comigo...
-Só uma coisa! – tentei falar com a minha voz fraca – Por
que Helena não transforma Nate em
lobisomem?
-Porque ela não pode – escutei uma voz vinda do fim da
caverna. Os passos se aproximavam – Nate está preso a você. Ele jurou que só
iria envelhecer quando você o rejeitasse. Porém, como você o rejeitou antes de
virar vampira, a única forma de ele deixar de ser lobisomem tem haver com a
quebra do juramento. A partir do momento que você o obrigar a ser humano
novamente, ele volta a envelhecer novamente e perde os poderes sobrenaturais.
-E vai ficar eternamente grato à sua mãe, não é mesmo? –
disse Jenna enquanto tentava abraçar Nate, mas o garoto simplesmente mordeu sua
mão produzindo um ferimento bem grave. Mesmo não estando em sua forma
sobrenatural, meu melhor amigo era bastante forte.
Porém, nada disso conseguia concentrar minha atenção. Não
naquele momento quando eu via quem saía das sombras. Quem estava colaborando
com Jenna e Robert. Aquilo não podia estar acontecido. Ele não podia estar fazendo isso.
Escrito
por StarGirlie.
Aaah, ameeei, muito shooow! Puxa, como eu senti falta de Lembranças amadas! star, você escreve muito bem! Continue assim! Estou muito feliz que o Feitiço das Palavras tenha voltado a seu ritmo anterior!
ResponderExcluirMuitooo obrigada pelos elogios, Karol. E eu também estava com muitas saudades de Lembranças Amadas e de postar aqui no Feitiço das Palavras :D Beijinhos, StarGirlie.
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