Estava sentada na minha carteira
habitual da escola. Nem a primeira, nem a última. E era assim mesmo que eu
gostava, porque podia falar tanto com a turma do fundão (que, ao contrário do
que todo mundo imagina, era muito mais quieta, levando em consideração que a
professora escolhia os lugares), e a turma das primeiras carteiras (que falavam
e bagunçavam mais do que qualquer outra).
Desenhava alguma coisa no caderno
enquanto a professora de Geografia divagava sobre a importância de preservar o
meio ambiente e explicava um trabalho que teríamos de fazer. Assunto mais
clichê, impossível.
Vejam bem, eu preservo o
meio-ambiente. Não sou nada contra, na realidade sou super a favor, mas o
assunto já está batido. Não adianta de nada ficar lá na frente falando sobre “desligar
a torneira enquanto escova os dentes”, pois todo mundo sabe disso. Tem que
botar em prática, é o que acho.
Mas enfim, lá estava eu
desenhando. Não que eu goste de desenhar, verdadeiramente eram alguns rabiscos
que eu imaginei que ficaria mais bonito chamar de “desenhos”. Não vem ao caso.
Do nada, a porta abriu. Acho que
fui a única que não virou para ver quem era, na realidade já estava quase
dormindo. Mas então, ouvi meu nome.
-Lua de La Rosa.
Virei imediatamente querendo saber
quem era o dono da voz grossa que me chamava. E, para a minha surpresa, era um
homem de terno. Surpresa grande, sim, pois era verão e lá fora fazia um calor
de 40°C mais ou menos.
Levantei-me, meio desengonçada,
como sempre, e me dirigi até ele. Nenhum suspiro na sala foi ouvido, sentia
como se estivesse caminhando para a minha morte.
Quando cheguei ao homem de terno
(que de feio, pelo menos, não tinha nada), a porta atrás de mim se fechou. A
sala, que antes fora uma bagunça, estava em total silêncio, prestando atenção
na nossa conversa, tenho certeza.
-Senhorita de La Rosa?
-Sim. – acho até que gaguejei
nessa hora, mas beleza.
-Recebemos uma carta.
Nesse instante, percebi que o
português do homem que me falava era péssimo. Não o português em si, mas o
sotaque. Era meio... Francês?
-Gostaríamos de oferecer-lhe uma
bolsa de estudos.
-Ei, ei, ei. Espera um pouco. –
disse, colocando a mão na testa. – Carta? Mas não mandei carta nenhuma. E bolsa
pra quê? Porque olha, seu moço, se for qualquer tipo de enganação, minha mãe
vai...
-Oui, oui. A senhorita não
entendeu. Estamos acompanhando você desde que recebemos uma lettre de um amigo
dizendo que seu trabalho como dançarina era magnifique. Vimos você dançando por
alguns meses nas suas aulas de ballet, e agora queremos oferecer-lhe uma bolsa
de estudos.
-Muita informação, calma aí. –
respondi, tentando assimilar tudo que ouvira. Quem poderia ter enviado uma
carta? Nada parecia fazer muito sentido, mas, aos poucos, as coisas começaram a
se ajeitar. – E onde seria esta tal “bolsa de estudos”?
-Em Paris, é claro.
E então era isso. Uma piada. Só
podia ser, não é? Porque sempre me disseram que as coisas não caem em
paraquedas para o seu colo, mas era exatamente o que aquilo ali estava
parecendo.
Depois disso, fiquei atordoada.
Na verdade, quando dei por mim, já estava em casa enquanto minha mãe falava, de
forma empolgada:
-Vamos para Paris, Lua! Paris!
Seu sonho está se realizando, filha, Paris!
Minha mãe não parava de repetir “Paris”.
E tudo que eu podia fazer era sorrir.
Os detalhes foram arrumados em
algumas horas. Era isso mesmo, em resumo. Alguém misterioso havia enviado uma
carta contando a minha história (minha mãe jurava que não fora ela, mas eu
ainda tinha minhas dúvidas) para a Ballets Russes (companhia de ballet
francesa) e, agora, eu estava prestes a ir para lá. Em quatro dias.
Minha família, que consistia
basicamente na minha mãe e no meu cachorro, iriam para lá também. Ganharíamos
um “quartinho”, ou algo do tipo, enquanto eu teria aulas (de manhã tarde e
noite) em forma de um intensivo. Depois de um mês, minha mãe retornaria para o
Brasil, enquanto eu ficaria lá se tivesse um bom desempenho.
E era isso. Tudo havia mudado em
questão de segundos. Eu estava indo em busca do meu sonho.
Meu nome
é Lua. Tenho 16 anos. E eu vou para PARIS!
By Babi
Que. Capítulo. Incrível.
ResponderExcluirPrimeiro: porque ela tem a minha idade e vai para Paris (meu sonho desde que tinha dez anos); segundo: porque sua narração é tão leve, parece que a gente conversa com a Luna; terceiro (e não menos importante): ela vai para Paris ashuashuas' Gostei de verdade e vou acompanhar com toda certeza.
Beeijo da hiper insuportável
Lara Andrade
the-adolescent-dreamer.tumblr.com
Haha, obrigada msm! Espero que vc goste dos outros, ainda tem muita história pela frente. ;)
ResponderExcluirBjs, Babi
Adorei o primeiro capítulo! A descrição da sala realmente não se aplicava a nossa, porque na nossa TUDO era uma bagunça srrssrsrrs Estou louca para saber o que a Lua vai aprontar lá em Paris :D Beijinhos, StarGirlie.
ResponderExcluirKkkk bem isso, os da frente falam, os de trás falam... Até os professores falam. :P
ResponderExcluirBjs, Babi
haha, gostei muito do primeiro capítulo. Me identifiquei um pouco com a Lua, sempre quis fazer ballet, mas nunca consegui realizar esse sonho.
ResponderExcluirO francês é uma língua que sempre que cativou, talvez pelo belo sotaque, e o biquinho que os franceses fazem ao falar nessa língua... Simplesmente adoro, rs.
Vou acompanhar, com certeza,
beijos,
Juliana Rodrigues,
http://ser-escritora.blogspot.com.br/
Olá!
ResponderExcluirGostei muito do primeiro capítulo! Achei bem interessante, já que gosto de contos que acontecem em "outros lugares". Rsrsr!
Obrigada por visitar meu blog! Espero que volte! ;)
Beijos, Carol!
Part Of Me
AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! VOU ACOMPANHAR TODOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirJá disse que vocês são umas das minhas escritoras preferidas??