domingo, 14 de outubro de 2012

47º Capítulo de Lembranças Amadas

Quadragésimo Sétimo Capítulo

 
            Respirei. Meus olhos abriram e, de repente, todos estavam sobre mim. Podia escutar as exclamações de alegria vindas de todos os presentes, mas só conseguia compreender as palavras que saíam dos lábios de James. – Eu pensei que você tivesse morrido. Sabe, o nosso outro beijo não acabou como o planejado.
            Sentei-me rapidamente e abracei meu namorado, como não fazia há muito tempo. Como não fazia desde a época em que perdi a minha memória. Porém, felizmente, esse tempo havia acabado e tudo a minha volta ganhava uma nova roupagem.
            Podia lembrar-me claramente do dia em que James me salvou na biblioteca ou de como eu queria esquecer meu primeiro beijo com Nate quando comecei a namorar o vampiro. Todas as lembranças voltavam de forma cada vez mais rápida, mas eu não estava sofrendo com as informações que traziam. Era bom saber novamente o que vivi.
            -Eu me lembro, James. Eu me lembro de tudo! De nosso primeiro beijo e de Sara aparecendo depois para nos atrapalhar! Eu me lembro da história de Joana – olhei para Alissa, percebendo como era estranho ser amiga dela, sabendo de seu passado com meu namorado – Consigo me lembrar de tudo. De tudo!
            -O que, filha? Você está falando sério? – disse Madi, se aproximando de mim e colocando suas mãos em meu rosto. Pela primeira vez, desde a transformação, eu realmente não sentia nenhuma vontade de atacá-la. Ela era a minha mãe e meu amor por ela era até maior do que o por James.
            -Sim, mãe! Eu estou de volta! – era tão bom sentir as palavras que saíam de meus lábios. Finalmente, a parte vampira de minha alma tinha o direito de amar e ser amada. Um ano havia se passado para isso, mas 365 dias não tinham grande importância quando se tem toda a eternidade pela frente.
            Abracei minha mãe e todas as pessoas que faziam parte da minha antiga vida. Lilá e Nate estavam bastante animados com minha volta, mas a filha da ex-vampira não gostara nem um pouco de eu voltar a ser como era antes. – Não espere que eu vá lhe tratar como minha tia, porque você só é uma Ners metida a grande coisa – foram as suas palavras quando lhe abracei. Aquilo me machucou, principalmente pelo fato de que eu morrera para lhe salvar.
            Lilá e Karl saíram da sala gritando com Helena, mas o ambiente não ficara ruim, pois, logo em seguida, vieram os abraços de meus amigos de outras vidas. Alissa e Camile me fizeram tantas piadinhas quanto possível, felizes demais com o fato de que eu também me lembrava das nossas diversões em 1800 e 1500, respectivamente.
            Porém, Jason não teve a mesma reação. Ele me abraçou carinhosamente, mas não conseguiu tirar os olhos de meus lábios, claramente pensando em como o beijo de James novamente tinha mudado minha história. Nunca se tratava do loiro. E isso estava acabando com sua pouca força para viver.
            -Pelo visto, tudo voltou ao que era antes – Jason olhou para mim e para James como se dissesse “vocês estão juntos de novo”. – Na verdade, acho que é a primeira vez que isso acontece. Não se esqueça de que em nenhuma outra encarnação eu encontrei James.
            -Mas nessa você encontrou. E isso já basta para ser horrível. Pelo menos, para mim – o loiro estava com os olhos pretos úmidos pelas lágrimas que queriam cair. Sequei-as rapidamente, não querendo ver de jeito nenhum meu amigo chorar.
            -Não sofra, por favor. Você tentou, durante esses 500 anos, que nós déssemos certo, mas não era pra ser. Simplesmente, não era o nosso Destino – Madi tentou me cortar, mas August a tirou da sala, lançando-me um olhar que claramente dizia “ela só quer seu bem”.
            Jason tentou concordar comigo, mas, no fim, acabou seguindo o casal de adultos para fora da casa. Alissa e Camile pareceram ficar desconfortáveis com o comportamento do vampiro e tentaram disfarçar, dizendo que iam preparar alguma coisa humana para que Helena comesse. Era uma desculpa tão esfarrapada que até James riu.
            -Parece que ninguém reagiu muito bem com a sua volta novamente, Bia – Nate brincou – Mas isso é normal, né srta. Sern? Você sempre “causa” – ele ria cada vez mais, o que só mostrou o quanto era bom ser sua melhor amiga de novo.
            -Pare com essa brincadeira – tentei não rir, mas os dois garotos que me faziam companhia não conseguiam parar de gargalhar. Eles estavam tão felizes com a minha volta que era difícil não aderir à alegria – Vocês só me deixam envergonhada!
            James me abraçou e nós três ficamos rindo à toa por um bom tempo. Aquela cena seria totalmente surreal no ano passado, pois, naquela época, o vampiro e meu melhor amigo lobisomem disputavam meu amor. Felizmente, aquele problema havia sido superado e podíamos conviver em paz.
            -É bom te ter de volta, Bia – disse Nate, sentando no sofá e ligando a TV. A felicidade do falso adolescente (ou talvez verdadeiro: ninguém realmente sabia o passado de Nate, nem mesmo ele) era totalmente oposta a de seu amor, Helena.
            -É bom estar de volta – respondi, mesmo sabendo que pelo olhar de minha sobrinha, meus problemas estavam apenas começando.
Escrito por StarGirlie.

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