terça-feira, 2 de agosto de 2011

26º Capítulo de Maldade Angelical

Vigésimo Sexto Capítulo
Elizabeth Dana



            Já era tarde da noite, quando fui me deitar. Tinha apenas dois anos de idade, mas possuía uma mente de dez, e uma aparência de oito. Minha mãe acreditava que isso acontecia por causa de meu pai, Austin.
            Como a maior parte da minha pequena família, gostava de dormir muito tarde. Contanto meu irmão, Ben Aust, como eu insistia em chamá-lo, adorava o dia e dificilmente adormecia depois das dez horas. Era o ser diurno da família da noite. Petrus acredita que isso acontece porque ele passa muito tempo com Robert. Mas isso não é verdade.
            Todos os dias em quase todas às 24 horas, estou na companhia de meu melhor amigo Rob. É engraçado pensar que ele também ocupou este “posto” quando se tratava da minha tia, que foi homenageada em meu nome. Segundo as histórias de minha mãe, os dois eram quase um “casal de conto de fadas”, mas Elizabeth amava Ben, que também recebeu uma homenagem, porém, no nome de meu irmão gêmeo.
            Abri a gaveta da minha mesa de cabeceira e tirei de lá um dos livros de histórias que minha tia havia escrito sem consentimento de ninguém, antes de morrer. Havia contos de todas as pessoas da minha família, tanto vivas quanto falecidas, e eu amava conhecer aquele passado. Só que ninguém, nem mesmo Robert, sabia que havia encontrado isso.
            A história que escolhi para aquela noite, era muito especial. Contava sobre meu melhor amigo e minha tia. Foi então que me deparei com um lembrete em uma linda letra:

            Querida Elizabeth Dana,
                   Sei que será a senhorita que vai encontrar este livro de histórias. Então, por favor, mantenha segredo, hein mocinha? Porém, eu gostaria do fundo do meu coração que Robert lesse esse curto conto. Sei que ainda não terá me esquecido no futuro, então dê a ele algo para sobreviver.
Beijos cheios de saudades antecipadas,
Elizabeth Bloom.
Obs: Quando você ler este pequeno aviso, terá em torno de dez anos, mentalmente, então, provavelmente, não será mais tão inocente quanto antes e poderá perceber que todos possuem uma segunda chance.

         Inicialmente não entendi o sentido daquelas palavras, até que comecei a ler o que havia digitado abaixo:
            Era noite. Elizabeth estava debruçada sobre o parapeito da janela de Ben. Ele dormia calmamente. A noite era estrelada e não se ouvia nenhum barulho. Até que Robert surgiu ao lado de sua melhor amiga.
            Seus olhos azuis brilhavam enquanto a enlaçava em um abraço. Suas asas fizeram cócegas em sua amada, provocando risadas que acordaram seu irmão Ben.
            O quê? Irmão? Mas como? Elizabeth era namorada de Ben e não irmã... Eu que sou... Ai, não! Reli o bilhete de minha tia diversas vezes até que percebi o que ela quis dizer. Então, tomei coragem e continuei a ler.
            Elizabeth, com seus doces catorze anos, sorria com seus cabelos castanhos e seus olhos da mesma cor. Robert a colocou em seus braços e a levou para um passeio noturno. Ele ficava tão bonito iluminado pela luz da lua e Lizzie parecia se hipnotizar com aquilo.
            Não era possível que minha tia Elizabeth estivesse escrevendo aquilo sobre mim. Sei que ela via o futuro, mas não podia acreditar que visse tanta coisa e tão depois da sua morte.
            -Meu Deus, como isso me lembra a época que passava todo o tempo com a Lizzie – Elizabeth sabia que ele tratava de sua tia – Sabia que demos um passeio igual a esse há tantos anos?
            A pequena garota ficou em silêncio até que tomou coragem e perguntou:
            -Robert, eu sou uma substituta para seu grande amor? Diga-me isso! Não aguento mais te ouvir falando dela. Sei que você a ama e que sou apenas a “clone” dela!
            Meus olhos pararam naquela linha. Desde que me contaram sobre a semelhança entre mim e Elizabeth, comecei a ter um medo que nunca imaginei que teria. Temia que Robert estivesse apenas me usando para reencontrar a jovem que sempre amou. Porém, agora não queria ler o que ele responderia no futuro.
            Pulei para a última linha, procurando o que sabia que iria encontrar:
            E tudo isso aconteceu no dia 23 de abril de 2015.
            Aquela seria a data onde eu saberia a verdade. Descobriria se Robert amava eu ou Elizabeth. O dia onde eu poderia perder um melhor amigo e ganhar um namorado, ou simplesmente ficar sem nada.
            Coloquei minha cabeça sobre o travesseiro e guardei o livro. Decidi que até os dois anos passarem, essas histórias seriam mantidas trancadas. Tinha que tomar minhas decisões sem saber o futuro.
            Fechei meus olhos e adormeci. Não houve sonhos, mas também não dormi muito. Era em torno das quatro da manhã quando ouvi alguém sussurrar em meu ouvido:
            -Essa é a minha garota.
            Conhecia aquela voz de algum lugar, apesar de não conseguir relacioná-la a ninguém em especial. Por isso, abri meus olhos e me deparei com a cena mais chocante que poderia imaginar.
            Minha tia estava ao lado da minha cama. Seu cabelo loiro estava preso em um lindo coque. Seus olhos azuis estavam marcados por uma pesada maquiagem. Sua roupa era uma combinação de branco e preto, como se mostrasse que durante toda a sua existência, ela estivesse entre o bem e o mal.
            -Tia Elizabeth? O que você está fazendo aqui? – sentei-me na cabeceira da minha cama e esperei sua voz de anjo responder:
            -Lizzie, acho que é a hora de te contar uma coisa – ela se aproximou de mim e tocou em meus cabelos. Impressionantemente, seus dedos mexeram realmente comigo e não apenas passaram por minha pele.
             Aguardei em silêncio. Não sabia o que perguntar e tinha a impressão que “O quê?” não era o questionamento mais adequado. Ela era uma das irmãs Bloom. Morrera por amor. Duas vezes.
            É, enquanto Elizabeth reunia uma coragem que parecia ter desaparecido de seu corpo, lembrei-me de uma das coisas que minha mãe fizera questão de me contar. Minha tia suicidara-se depois de ver Ben ser morto. Porém, dias depois, ela voltou a Terra para reencontrar Robert uma última vez. E morrera novamente.
            Segundo os boatos, Lizzie não estava mais na condição de espírito nem de ser vivo. Era algo diferente, mais elevado. Acredita-se que isso se deve ao fato de que ela sempre escolheu o amor invés de sua própria vida.
            -Sou seu anjo da guarda – revelou Elizabeth, me tirando de meus pensamentos. O choque percorreu meu corpo e a encarei com os olhos fixos.
            -O quê? Mas não tem como... Você morreu...
            -Eu me tornei imortal, Lizzie. No momento que escolhi voltar a Terra para ver Robert, também decidi que minha vida mudaria completamente. Troquei minha paz no Paraíso por o cargo de anjo da guarda. E assim, Deus me designou a você.
            Não parei para pensar, apenas fiz outra pergunta:
            -O seu namorado Ben é o anjo da guarda do meu irmão que também se chama Ben né? – ela apenas concordou com a cabeça, mesmo reparando na confusão da frase.
            Arfei. A pessoa de quem mais sentia ciúmes na vida, era meu anjo da guarda! Parecia castigo de Deus ou uma peça do Destino. E antes que percebesse, estava dormindo de novo. Porém, quem me acordou era bem mais agradável:
            -Oi, Pequena Liz – disse Robert beijando minha testa e fazendo meu coração disparar. Só que algo em minha mente me fez cair na realidade: Ele não me via daquele jeito.
Escrito por StarGirlie.

Um comentário:

  1. os capítulos são sempre surpreendentes!! Esse dom de vcs poderia contagiar as pessoas, hein??? acho q as palavras para descrever o q vcs escrevem, ficam muito menores a cada dia, entao só me resta dizer parabéns, continuem assim. Bjss, personnality fashion

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