segunda-feira, 1 de agosto de 2011

25° Capítulo Maldade Angelical

Vigésimo Quinto Capítulo
Samantha


            
           -Preciso te contar uma coisa. - disse finalmente, tomando coragem.
           -Pode contar, amor. - falou ele.
           Estávamos no cemitério, os dois abraçados olhando a lápide de Lizzie. Já fazia um mês, mas para mim o tempo parara naquela manhã.
             Olhei nos olhos de Petrus. Eu sabia que eram grandes as chances dele não aceitar o que eu tinha para dizer, mas para ser sincera, nada mais importava. Eu havia esperado tempo demais, minha barriga já começara crescer há tempos e esconder não estava sendo fácil.
           -Estou grávida. - falei.
           Ele ficou um segundo em silêncio, como fazia quando estava pensando, e disse:
            -Sam, eu aceitei você ter dormido com aquele demoniozinho. Doeu em mim, mas eu aceitei.
            Ele se referiu ao meu melhor amigo com nojo, e isso só fez minha tristeza aumentar.
            -Mas agora, - continuou ele. – não sei se consigo. Eu suspeitava, claro. Você vive vomitando, passando mal. Isso já era quase evidente para mim. Mas eu ainda tinha chances.
            -Petrus, eu... – tentei me explicar, mas parei subitamente quando ele gemeu.
            -Não, Sam. Você está me pedindo demais. Não conseguirei conviver com você sabendo que carrega um filho de outra pessoa.
            -Eu te amo. –sussurrei.
            -Tambmé te amo. – ele olhou para longe. – Mas se me ama mesmo, então aborte.
            As lágrimas começaram a rolar. Nunca faria o que ele estava pedindo, nunca. E ele sabia.
Petrus beijou minha mão, que repousava sobre a barriga, e depois foi embora.
            E a partir daquele momento, descobri que seria mais difícil do que eu imaginava.
           
            Quatro meses depois...

            -Respira, respira! – gritou Dana, segurando minha mão.
            Eu estava na sala de parto, berrando. Minha barriga, enorme, implorava por redenção e o suor escorria pelo meu rosto. Aquela era a pior dor que eu já sentira. Apesar disso, era tão mágico.
            Em breve, meu filho estaria em meus braços.
            Robert secava meu rosto, tentando ajudar, mas isso apenas me dava mais raiva. Eu queria que me matassem, ou que acabassem com a dor. Aquilo me consumia, mas ao mesmo tempo, eu sabia que era necessário.
            -Calma, calma! – disse Dana.
            -Me acalmar? – falei. – Você quer que eu ME ACALME?
            Dana ficou calada. O hospital em que estávamos era pequeno, sem muitos aparelhos. Contanto, era o único que tinha um demônio como médico na equipe.
            -TIRA ISSO DE MIM, AGORA, MIKE! –berrei. O médico que eu conhecera há poucas semanas não havia me explicado que dar à luz á um meio-demônio era como sentir a alma queimar.
            -Ok, vamos começar. – disse ele, colocando as luvas. Eu já estava sofrendo há tempo demais, não agüentaria muito. – Força Sam, força.
            -Força é a tua mãe! – falei e tentei me concentrar ao máximo em empurrar meu filho.
            -Calma, calma... – sussurrava Dana, enquanto eu tentava pela segunda vez e gritava ainda mais.
            Na terceira vez, já estava acabada. Não conseguiria uma quarta, o bebê parecia lutar contra meu corpo.
            -Está vindo, está vindo! – Disse Mike, feliz, e ao ouvir essas palavras, fiz meu último esforço.
            -AAAAAAAHHH! –gritei, mas junto ao grito veio um som abafado de choro. Meu filho viera à luz.
            Na realidade, não sabia se era um filho, pois a criança era difícil ver na ultra sonografia, sendo filha de um demônio. Ela era forte, crescera em menos da metade do tempo normal em meu ventre, mas era somente meu.
            No momento em que ouvi o choro, sorri, feliz e aliviada. Mas a dor não passou, não passou mesmo. E eu urrei.
            Mike olhou para mim, logo após entregar para Dana o bebê, e sorriu.
            -Só mais um pouquinho de força.
            Olhei, chocada para ele. A dor iria continuar? Então eu dei muito além do que eu tinha. Eu queria ver meu bebê, meu e só meu bebê, mas, se para isso teria que acabar com minhas forças, isso eu faria.
            Gritei novamente, e, igual como antes, um choro veio.
            Não era meu filho. Eram meus filhos, gêmeos.
            A dor diminuíra subitamente. Estendi os braços e Dana me entregou o primeiro bebê.

            -Menino. – sussurrou ela e eu sorri.
            O médico veio ao meu lado com a outra criancinha e a entregou para mim também.
            -Menina. – disse.
            Sorri novamente e os abracei, cada um em um braço. Os dois haviam dormido logo após nascerem, e para mim essa era a melhor visão do mundo.
 E ali eu soube, soube que tudo valera à pena. A noite com Austin, o arrependimento, a dor da humilhação, a aceitação de Petrus, a notícia da gravidez, a humilhação novamente e a perda de meu grande amor.
            Sim, Petrus havia ido embora. Não aceitara minha gravidez. Mas se eu pudesse, faria tudo novamente só para ter aquelas pequenas criaturas em meus braços.
           
            Uma felicidade como jamais antes sentira percorreu meu coração, e do canto de cada olho, uma minúscula lágrima caiu e atingiu o rostinho dos meus gêmeos.
            Robert se encostou em Dana, e os dois olharam para mim.
            -Estou orgulhosa de você, Sam. – falou Dana.- De verdade.
            Sorri agradecida.
            -Quais serão os nomes? – falou Robert.
            Respirei fundo por alguns momentos. Apesar de não ter sequer pensado nisso antes, a resposta estava mais do que clara em minha mente.
            -O menino, Benjamin Austin. Aquele que lutou pelo amor, e aquele que sempre esteve do meu lado, não importando a situação.
            Dana piscou e uma lágrima caiu de seus olhos também. Ela rapidamente a limpou, e eu lembrei de como era importante para minha melhor amiga não chorar em público.
            -E a menina? – perguntou ela.
            Olhei para minha filhinha, que dormia serenamente.
            -Elizabeth Dana, a que superou a morte, e a que amou até o fim.
            Dana começara a chorar mais alto, assim como Robert.

            -Obrigada. – ela sussurrou, e eu assenti.
            Dei uma última olhada para minhas crianças, beijei o topo de suas cabecinhas, e fiz o que há tempos estava segurando.
            Adormeci para sempre.
           

Petrus


            -Alô, quem fala? – disse, pegando meu celular.
            Estava no meu apartamento, olhando para fotos de Sam que achara em sua casa. Poucas, mas eram tudo que eu tinha.
            Meus olhos já estavam acostumados àqueles papeis, mas eu ainda sim insistia em vê-los. Era a única forma de fingir que eu nunca a abandonara.
            -ALÔ, PETRUS? SAM... BEBÊS... NASCERAM... A SAM... MORREU.
            Derrubei o telefone com Dana ainda gritando. Peguei as chaves e corri para a porta e, sem nem mesmo fechá-la, saí com o carro.
A garota ao telefone, que parecia histérica, havia dito algo sobre Sam, e na mesma frase usara o verbo  “morrer”. Não havia tempo para decifrar as coisas que ela dissera por primeiro, meu coração me guiava até o hospital.
Á mais de 120km por hora, fui desviando de carros em meio a estrada.
“Sam, perigo, hospital, Sam, perigo, hospital, Sam, perigo, hospital...”
Cheguei em menos de dois minutos à um hospital pequeno, mas que não sei porque, me chamara a atenção.
Desliguei o carro e corri pelos corredores. A recepcionista até tentara falar comigo, mas meu pensamento era outro.
“Sam, perigo, hospital, Sam, perigo, hospital, Sam, perigo, hospital...”
Entrei em uma sala pequena, médicos já correndo atrás de mim. E foi ali, bem ali, que eu vi a cena mais terrível de toda a minha vida.
-NÃO! – gritei e caí no chão, aos prantos.
Por que eu a deixara? Por que não havia ajudado-a? Por que fora tão covarde?
Robert viera me ajudar, enquanto Dana, aos prantos, segurava a mão de minha amada. Samantha estava morta, e eu estava me sentindo vazio.
Um barulho horrível como apito percorria a saleta. O aparelho que deveria mostrar os batimentos cardíacos de Sam o fazia, e tudo que pensei na hora é que precisava acordá-la.
Levantei do chão e corri para seu corpo gélido. A beijei intensamente, esperando que seus olhos se abrissem.
Mas isso não aconteceu.
Tirei meu rosto de cima do dela e beijei-a de novo. E de novo, e de novo...
Um homem vestido de branco tentara me afastar, mas eu continuava beijando-a, continuava tendo esperanças. As minhas lágrimas caiam sobre seu rosto de anjo e eu finalmente fui lançado para longe por Robert e o médico.
-SAM, NÃO! – gritei, mas em meio aos soluços, nem eu próprio entendi o que havia dito.
Os homens que me carregavam começaram a me puxar para fora, Dana chorando ainda mais.
A porta foi se fechando perante mim. A cena marcada em minha mente.
Mas, somente um último barulho se foi escutado.
-PÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ – PÍPÍ- PÍPÍ – PÍPÍ...
-SAM! – gritei, me livrando das mãos daqueles que me seguravam.
Entrei novamente na sala e Dana me olhou assustada.
Fui até o rosto de Sam, e quando os olhos finalmente se abriram, a beijei. E ela, diferentemente das outras vezes, correspondeu.
Soltei-a, olhei em seus olhos, e disse:
-Achei que tinha te perdido.
Ela chacoalhou a cabeça e respondeu:
-Nunca te deixaria.
By Babi

Um comentário:

  1. Q capítulooooo, muito bom, rechados de emoções. vcs podem ser escritoras, podem ter certeza, parabéns por tudo q vcs fizeram hj e sempre nesse blog. Bjss, personnality fashion

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