sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

5º Capítulo de O Beijo da Morte

Quinto Capítulo
Bianca


         Sentei-me na poltrona virada para a janela que havia em meu quarto. Naquela posição, conseguia enxergar toda a casa de Lilá. Porém, eu sabia que o cômodo que havia em frente ao meu pertencia à de James e não à minha amiga.
         Ele estava deitado em sua cama, lendo algum livro que não pude enxergar. Parecia calmo e relaxado, nunca olhando para a janela, como se soubesse que eu estava ali, lhe observando. Seu cabelo de um castanho quase ruivo era tão estranho quanto seus olhos. James não era normal.
         -Parece que eu não sou a única encantada por nossos vizinhos – disse minha mãe, sentando-se ao meu lado. Ela era parecia incrivelmente jovem para a idade que tinha. Talvez por isso gostasse de ser chamada de Madi e não Maria Eduarda.
         Não respondi, apenas encarei a janela de James, exatamente quando seu pai entrou em seu quarto. August, como minha mãe disse que era seu nome, era tão intrigante quanto seu filho. Seu cabelo e seus olhos eram como os de sua filha: de um preto profundo.
         Levantei-me, recusando a ideia de continuar a espioná-los. Minha mãe me seguiu enquanto ia até a cozinha. Sentei-me em uma das cadeiras da bancada e liguei a televisão. Enquanto isso, Madi começou a preparar nosso jantar.
         A repórter tinha em seu rosto uma expressão séria, enquanto a frase “Homem é encontrado morto em beira de estrada” rolava sob sua imagem. Aumentei o volume:
         -Há poucas horas, foi encontrado morto um homem suspeito de violentar sua esposa. Segundo a polícia local, não havia sangue algum em seu corpo. Acredita-se que o assassinato foi obra de um justiceiro.
         Minha mãe colocou em minha frente, um pedaço de lasanha e disse:
         -Estranho, não é? “Não havia sangue algum em seu corpo”? Parece que viemos para uma daquelas cidades cheias de mistérios – debochou Madi, roubando um pedaço de minha comida. Dei um tapinha em sua mão – Ai!
         Quando o relógio bateu meia-noite e nossa casa, ligeiramente assustadora, já que era feita totalmente de vidro, como a de nossos vizinhos, ficou muito escura, nos dirigimos para nossos quartos.
         Logo que entrei em meu cantinho naquela imensa casa, corri para a janela com o intuito de ver se James já havia dormido. Seu quarto estava apagado como o restante da mansão. Pelo visto, os Juges dormiam cedo.
         Fechei a janela, a cortina e liguei meu computador. Na tela, não havia nenhum papel de parede emotivo. Só rosas vermelhas. Entrei no MSN e procurei os contatos online.
         Não havia ninguém. Era claro, todos teriam trabalho ou escola amanhã cedo. Nenhuma pessoa era estranha ao ponto de gostar de dormir pouco. Como sempre, a esquisita era eu.
         Decidi checar se havia alguma mensagem nova em meu celular, entretanto, ele não estava onde eu o havia deixado. O desespero começou a me tomar enquanto procurava na minha escrivaninha, cama e até no banheiro.
         Joguei-me sobre meus lençóis, tentando me acalmar. O celular deveria ter ficado sobre a mesa da cozinha. Amanhã cedo, eu o pegaria novamente. Sem problema algum.
         Uma rajada de vento abriu as cortinas e bateu a janela com força no batente. Mas como? Tinha certeza que a havia fechado! Não podia estar esquecendo as coisas daquela maneira.
         Aproximei-me da janela, percebendo que o vidro não quebrara. Ela estava intacta. Fechei as cortinas novamente e me virei, com o intuito de me deitar. Entretanto, minha cama não estava desocupada. James estava deitado sobre meu colchão.
         -Ahhhhhhhhhh! – gritei, mas seus dedos gélidos me impediram de fazer escândalo maior.
         -Bianca, acalme-se, eu tenho como explicar – sua voz era calma, mas seu olhar demonstrava um desespero estranho. E, então, percebi que seus olhos não tinham a mesma coloração que antes. Eles pareciam castanhos.
Escrito por StarGirlie.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escrever é expor seus pensamentos...
Coloque um comentário e venha se aventurar também!