terça-feira, 20 de dezembro de 2011

7º Capítulo de O Beijo da Morte

Sétimo Capítulo
Bianca



         Aquela noite fora horrível. Depois de adormecer sobre o computador e sonhar com James aparecendo em meu quarto, revelando seus segredos mais obscuros (que, infelizmente, não me lembro mais) e dizendo que precisava me proteger, acordei com olheiras enormes.
         Na manhã seguinte, todas minhas ações foram automáticas e só me dei por si ao chegar à sala de aula. Ao contrário do dia anterior, Sara não estava sentada perto das Perfeitas. Ela estava no lugar de Lilá.
         -Olá, Bia! – exclamou Sara, quando sentei ao seu lado. Ela parecia uma personagem de mangá com toda aquela animação. O que a Perfeita estava tentando fazer se aproximando de mim?
         -Eu prefiro que me chamem de Bianca – disse, lembrando-me da mania que tinham em diminuir meu nome. Em meu último colégio, todos me conheciam apenas como Bia e aquilo me irritava profundamente.
         -Ok, Bianca. Então... Eu soube que seu histórico escolar é simplesmente maravilhoso – Sara parecia pular de animação. Seu corpo se movia irritantemente em volta de minha mesa.
         -Ah sim, mas como você chegou a ele? – puxei meus livros da mochila, enquanto procurava os Juges com o olhar. Nem James nem Lilá estavam presentes. E aquele era apenas o segundo dia de aula.
         -Tenho meus contatos – Sara deu uma risadinha e sentou-se sobre minha mesa – Acho que você já sabe o que vim fazer aqui, certo?
         Suspirei e revirei meus olhos. Como as Perfeitas podiam ser tão estúpidas ao ponto de pensarem que poderia entrar para aquele grupinho? Eu não era como elas e notas não nos tornariam parecidas.
         -Sei e a resposta é não – olhei para a porta, em busca dos seres de olhos pretos, mas nenhum deles estava ali.
         -Mas você é linda, inteligente e devemos dizer que atrai a atenção de todos... – tentou me persuadir Sara, mas apenas lhe lancei um olhar de deboche, que a calou imediatamente.
         Segurando sua mochila apertada junto ao corpo, Sara correu para a “área Perfeita” e contou para suas amiguinhas sobre minha atitude errada. Ri baixinho, enquanto procurava em meu caderno a página onde costumava colocar comentários.
         Antes de me mudar, eu era como elas. Uma das “populares”. Mas agora eu não queria aquela vida. Gostava da paz de ser excluída e a prezava acima de tudo.
         Apesar de nenhum deles ter se dirigido a mim diretamente, vi quando James e Lilá entraram na sala. Ela parecia um pouco mais pálida e seus olhos estavam tão castanhos quanto os do seu irmão. Como no meu sonho.
         Lilá não sentou ao meu lado como no dia anterior e, na hora do almoço, saiu correndo com James em seu encalço. Ele, pelo menos, não me perseguiria.
         Decidi que não iria para o refeitório, já que não queria me alimentar novamente. Puxei meu celular da mochila e desci as escadas opostas que me levavam aos pátios. Sentei-me em um dos bancos e disquei um número já conhecido.
         -Alô? – a voz era ligeiramente grossa, sinal de que quem havia atendido a ligação era a pessoa certa.
         -Adivinha – respondi com uma voz provocadora. A risada que veio do outro lado da linha deixava claro que aquela ligação nos fazia bem.
         -Oi, Bianca – disse Nate entre risadinhas. Imaginei-o sentado em uma mesa no refeitório do meu antigo colégio, rodeado de amigos. Era uma sensação boa vê-lo feliz.
         Exatamente no momento em que iria respondê-lo, escutei uma briga a distância. Tampando o bocal do telefone, corri para o local de onde vinha o som, permanecendo escondida. Eram Lilá e James.
         -Você não entende, não é, James?! Ela é humana! Você não pode se aproximar dela! – a voz de Lilá estava extremamente alterada e seus olhos castanhos pareciam pender para algo como... Roxo?
         -Eu posso e irei. Você não tem nada haver com isso, Lilá! Não é por causa da sua incapacidade de amar, que eu deixarei o amor – James se virou, porém, sua irmã segurou seu braço com uma força imensa. Entretanto, ele a jogou contra a parede sem nem mesmo se mexer muito.
         Saí correndo em direção ao refeitório. O corpo de Lilá deixara um buraco na parede, mas ela parecia intacta. Algo estava muito errado ali. E eu tinha que descobrir.
Escrito por StarGirlie.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escrever é expor seus pensamentos...
Coloque um comentário e venha se aventurar também!