quinta-feira, 4 de agosto de 2011

28º Capítulo de Maldade Angelical

Vigésimo Oitavo Capítulo
Elizabeth




            -Lizzie, não! – foram as últimas palavras que gritei antes de ver minha protegida se lançar no imenso abismo daquele altíssimo prédio de Nova Iorque.
            Acho melhor contar tudo desde o início. Primeiro, depois de me tornar a anja da guarda de minha sobrinha, retomei minha consciência e voltei totalmente à vida. Ben acredita que isso aconteceu porque nunca morri realmente. Como havia acontecido com ele também, o amor nos protegera da Morte.
            Segundo, a Pequena Liz odiou minha volta. Robert, como já era esperado, voltou a passar muito tempo comigo e ela sentia extremo ciúmes disso. Não importava o quanto o avisasse, ele continuava a acreditar que eu estava apenas exagerando.
            Terceiro, minha relação com Ben retornou ao estado “ciúmes” e desde nossa volta a Terra, já brigamos três vezes. Não consigo vê-lo passando tanto tempo com Dana, já que como ela está sempre ao lado do Pequeno Ben, e meu noivo é o anjo da guarda dele, estão sempre juntos.
            Os anos passaram. Dois para ser exata. Os Pequenos Ben e Lizzie atingiram a aparência de catorze anos, e deixaram a fase “criança” para trás. Samantha estava tendo dificuldades em se acostumar com os dois novos adolescentes. Porém, com a minha ajuda e a de meu noivo, conseguimos ajudá-la.
            Noivo? Sim, meu amado me pediu em casamento logo após meus sobrinhos completarem a aparência de treze anos. Ele queria que fosse um marco para toda a família e realmente foi. Apesar de ficar extremamente chateado, Robert esboçou um sorriso por mim. Sabia o quanto estava feliz e não tentaria me impedir de seguir em frente.
            -Tia! – gritou Ben Aust, como eu também comecei a chamá-lo. Fui até seu quarto, que era bastante próximo do de Lizzie, e perguntei:
            -O que houve, querido?
            Ele apenas apontou para o quarto de sua irmã. Como eu e Sam, Ben Aust tinha a capacidade de prever o futuro. Só que por ser muito jovem, preferia transmitir a uma de nós duas o que via.
            Corri para o cômodo de minha protegida e vi algo que não esperava. As paredes e cômodas estavam repletas de desenhos. Ou melhor, de croquis. Cada um mais lindo do que o outro. Porém, o que mais me chamou a atenção foi um que se encontrava ao lado de uma foto minha.
            Era um lindo mini vestido e me fez lembrar o estilo que usava antes de me tornar um anjo. Sim, meu visual mudara completamente. Agora me equilibrava entre as Trevas e o Céu em todas as peças. Apesar disso, Ben não mudara praticamente nada.

            Foi em meio a tantos pensamentos, que uma imagem caiu sobre minha cabeça. Anteriormente, ela estava presa ao teto, mas a fita que a mantinha ali, soltara. 

            Inicialmente, não tive reação alguma. Era apenas uma foto de uma jovem loira com um olhar assustado. Nada que pudesse me impressionar. Virei-a, procurando alguma legenda, mas não havia nada. Tentei imaginar o porquê de aquela figura estar tão bem escondida, quando algo nela brilhou aos meus olhos.

            Refiz o mesmo movimento, curiosa, quando reparei que o cabelo loiro da adolescente brilhava mesmo na coloração parda. Junto ao brilho dos fios dourados, aparecia um nome: Miranda Bloom.
            -O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NO MEU QUARTO? – gritou Lizzie surgindo na minha frente e arrancando a foto das minhas mãos, rudemente.
            -Seu irmão achou que era importante eu vir aqui...
            -AQUELE MALDITO BEN! NÃO VÊ QUE EU TENHO UMA PRIVACIDADE? NÃO IMPORTA QUANTAS VEZES VOCÊ MORREU, QUANTOS HOMENS SÃO APAIXONADOS POR VOCÊ OU QUANTOS PODERES POSSUI! APENAS SAIA DAQUI, AGORA! – minha sobrinha começou a me empurrar para fora do quarto e bateu a porta em minha cara.
            Samantha subiu as escadas, apressada, depois de ter escutado aquela gritaria. Seu rosto estava mais maduro, mas ainda resguardava todo o brilho da juventude. 
            -Desculpe-me por Lizzie. Ela não está passando por uma fase educada – disse minha irmã.
            -Eu entendo. Ela está com ciúmes de Robert, mas não sei o que fazer quanto a isso – olhei para o chão, percebendo que pronunciar o nome em uma frase daquele sentido, ainda me deixava envergonhada.
            -Mesmo assim, te tratar deste jeito não é certo. Achei que a tinha educado. Vou ter uma conversa bem séria com esta mocinha. Porém, como você tem poderes ainda mais sobrenaturais do que eu, preferia que se afastasse um pouco deste quarto. Não quero que ouça essa conversa – pediu Sam, mas apenas segurei seu braço a impedindo de seguir com aquele plano:
            -Ela vai me odiar ainda mais, se você me der razão! Não posso deixar isso!
            -Não discuta o que eu faço. Apenas se afaste – disse Samantha, cheia de autoridade. Seus olhos brilharam com uma chama avermelhada, provocando um medo que me lançou para longe dela. Tinha esquecido que ela tinha poderes de anjos da morte, como o nosso pai, Damen.
            Com a mente longe, andei até a cozinha e procurei algo que satisfizesse minha fome. Nos últimos dias, havia me tornado gradualmente mais faminta. Sabia que não era por causa da minha volta a Terra. Naqueles últimos dois anos, nada em meu corpo havia mudado.
            -Liz? – sussurrou uma voz em meu ouvido. Virei-me assustada e encontrei o rosto de Robert muito próximo do meu. Ele continuava com os mesmos olhos azuis, o mesmo sorriso ousado e a mesma mania de aparecer do nada.
            -O que foi, Robert? – perguntei um tanto irritada. Era por causa dele que agora eu estava acidentalmente em um triângulo amoroso com minha sobrinha.
            -Me chamando de Robert? O que houve? – ele colocou uma das mãos em minha cintura e me puxou para mais perto – Achei que depois que você morreu por mim, tínhamos voltado a ser os mesmos melhores amigos de antes.
            Toquei sua camiseta preta e o afastei. Algo nele me atraía para ainda mais perto, como se estarmos juntos fosse algo natural, mas não ia cair nessa tentação. De jeito nenhum.

            -Este é o problema. Nós não voltamos a ser melhores amigos! Desde que eu me tornei um anjo, você está muito pior! Age como se eu não fosse comprometida com Ben e você com Lizzie... – tapei minha boca quando percebi o que havia feito. Ninguém podia saber daquele futuro além das pessoas que tinham o sangue Bloom correndo nas veias.
            -Eu com Lizzie? Que história louca é essa?! Ela é uma criança perto de mim! Estou há mais de um século na Terra e antes disso já era um guardião no Céu. A Elizabeth só tem quatro anos de idade! Como eu posso me interessar por alguém tão jovem? – as palavras de Robert ecoaram pelo enorme cômodo, no exato momento que minha sobrinha surgiu no pé da escada.
            As lágrimas caíam de seus olhos. Seu rosto estava vermelho. Seu cabelo castanho cobria uma parte de seu rosto. Elizabeth estava acabada com aquelas palavras.
            Os olhos de Robert caíram sobre sua melhor amiga, antes de perceber o quanto a havia magoado. Sua boca se abriu para pedir desculpas, mas ele sabia que nada adiantaria. Acabara de quebrar o coração da garota que mais o amava.
            Ela desapareceu no corredor e saiu porta afora. Corri atrás dela, sabendo que meu melhor amigo me seguia. Ele abriu suas asas e levantou voo. Decidi aproveitar meus poderes de anjo também. Sobrevoamos Elizabeth diversas vezes até que entrou em um prédio e tivemos que voltar a nossa forma humana para alcançá-la.
            Minha sobrinha foi direto para o último andar, e tivemos que subir correndo dezenas de andares. Quando chegamos ao local, ela estava na beira do abismo, esperando apenas a nossa chegada, para fazer o impensável:
            -Eu sempre te amei, Robert.
            E caiu. Uma parte da minha alma desapareceu, como num passe de mágica, e desabei no chão. Porém, Rob sequer olhou pra mim. Jogou-se imediatamente do prédio. Ele a escolheu e aquilo provocou uma grande alegria em meu coração.
            Senti uma pontada em minha barriga e gritei. Não havia ninguém para me ajudar e algo em mim dizia que aquele era um momento muito importante.
            -Você fez a coisa certa, Lizzie – ouvi a voz de Emma dizendo, antes de ela sentar-se em minha frente.
            -O que você está fazendo aqui? – não houve choque. Ela era um espírito, como um dia eu fui para Robert.
            -Vim ajudá-la enquanto o seu salvador não chega – minha melhor amiga esboçou um sorriso, antes de continuar – Sei que não deve ser fácil ter que me ver deste jeito... Morta, mas tinha que aparecer. Lizzie, você não imagina como senti sua falta.
            Ao contrário do que todos imaginavam, eu e Ben não vimos ninguém que morrera na Batalha enquanto estávamos no Céu. Nem Emma que sabíamos que estava lá. Este foi um dos motivos que nos fizeram acreditar que não havíamos morrido.
            -Eu também, Em. Pensei que nunca mais a veria. Depois de ter me tornado isso – apontei para minhas costas, onde, há pouco tempo, surgiram asas de tom azulado, como meus olhos.
            -Não fale assim, Elizabeth. Ter se tornado um anjo é um grande avanço. A maioria das pessoas simplesmente morre

            Ela tinha razão, mas no fundo do meu coração, eu não queria ser um anjo. Apesar de ter sido criada acreditando que era assim, de forma alguma, aquele era meu desejo para o futuro. Na verdade, preferira muito mais ter sido uma bruxa.
            Seu espectro começou a desaparecer, antes que pudesse responder e Ben apareceu em seu lugar. Suas asas eram tão verdes quanto seus olhos e ele estava ainda mais lindo em sua forma de anjo.
            Tinha um sorriso nos lábios e se posicionou na minha frente, para que suas asas me envolvessem. Toda a dor que estava sentindo desapareceu, enquanto ele proferia as palavras que mudariam nossas vidas:
            -Ben Aust pediu para eu te dar um aviso. Você está grávida de uma menina...
            -Que se chamará Miranda. Miranda Bloom – completei, sorrindo também.
Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. Capílo perfeito, bom eles ficam mais a cada dia. Nem tenho o q cometar. Continuem sempre assim. Xoxo, personnality fashion

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  2. :o Simplesmente sem palavras sobre esse capitulo *o*

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