quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Último Capítulo de O Beijo da Morte

Trigésimo Oitavo Capítulo
Lilá

         Há pessoas que marcam nossas vidas. Deixam saudade, carinho, afeto. Há pessoas que, sem querer, mostram para nós outro modo de viver. Um modo melhor, onde, pela simples presença deste indivíduo, você começa a se sentir forte. Há pessoas que curam nossas dores, por mais que estas tenham sido causadas por elas.
         E, finalmente, há pessoas que ficam, para sempre, no nosso coração.
         Bianca é uma destas. Bianca marcou minha vida, minha história. Bianca foi, é, e sempre será, minha melhor amiga.
        
Helena
         Acordar cedo. Às vezes me pergunto quem foi o idiota que inventou essa droga de despertador.
         Mas acho que ainda não nos apresentamos. Meu nome é Helena, e eu sou... como dizer? Um pouco longe de ser uma adolescente normal.
         Minha mãe já foi uma vampira, e meu pai é um lobisomem. E eu? Já tive poderes, admito, mas agora sou mais normal do que qualquer um. Bem, mais ou menos.
         E, agora que te conheci, acho que vamos ser grandes amigos. Se você não tiver inventado o despertador, é claro.
         Mas onde eu estava? Ah, sim. Acordar cedo.
         Levantei ainda massageando meus olhos. Já estava praticamente acostumada com essa rotina “divertidíssima”.
         -Querida, acordou dessa vez? – berrou minha mãe, passando correndo pelo meu quarto. Era engraçado o modo como ela estava sempre disposta de manhã.
         -É, mamãe. Dessa vez eu tô de pé. – resmunguei, lembrando-me do que ocorrera da última vez em que eu relutara um pouco em acordar.
         Vesti uma das primeiras roupas que encontrei. Nunca fora muito ligada a moda, e receio dizer que puxei isto de minha mãe. Bem, isso e o amadurecimento precoce, já que estava a um mês de completar cinco anos e, mesmo assim, fora obrigada a me matricular no segundo ano do ensino médio.
         O que posso dizer? Acho que sou super dotada.
         Desci para baixo, porque seria um tanto difícil descer para cima, e encontrei meu pai preparando panquecas.
         -Ô Lelê, ô Lalá! – disse ele, sempre brega, quando passei como um foguete e peguei uma panqueca.
         -Atrasada! – disse, já saindo pela porta. – Fui!
         Caminhei até a escola, que não ficava a muitas quadras dali. Meu telefone tocou quando estava quase chegando.
         -Tio Nate? – perguntei.
         -Hey, Lena. – disse, fazendo-me revirar os olhos. – O que vai fazer?
         -Quando? – indaguei.
         -Agora.
         -Hum... – falei com um ar divertido. – Que tal... Escola?
         -Ótimo. Espere aí na frente que eu vou te buscar em meio minutos.
         Desliguei o celular, rindo comigo mesma. Sempre me considerara sortuda, já que meu tio estava mais para um melhor amigo mais velho do que um tio em si.
         O carro, de um modelo esporte, parou exatamente onde eu estava. Abri a porta e entrei, já mandando:
         -Papai e mamãe nunca poderão saber disso.
         -Nunca saberão. – respondeu-me, enquanto eu colocava o cinto.
         -Pra onde vamos?
         -Você vai ver.
         Concordei, sabendo que seria inútil discutir.
         O carro partiu em alta velocidade. Baixei o espelho do passageiro para tentar colocar o rímel que em casa não tivera tempo. Depois de várias freadas bruscas propositais, finalmente consegui passá-lo.
         Analisei meu cabelo, que agora estava gigantesco, e suspirei. Nunca soubera de onde haviam vindo aqueles cachos ultra-mega armados.
         Depois de mais uns retoques, olhei para fora.
         -Meu Deus, onde estamos indo! – perguntei, depois de dez minutos.
         -Calma aí, mocinha. Você já vai ver.
         Bufei dessa vez. Paciência não era exatamente meu lema, e enquanto esperava, comecei a roer as unhas.
         De repente, paramos em frente ao hospital. Não entendi o que estávamos fazendo ali, mas Nate mandou-me tirar o cinto, e fiz isso sem perguntas.
         Quando estávamos quase entrando no prédio, finalmente perguntei, preocupada:
         -Nate, o que houve?
         Ele riu, vendo minha expressão. Mas não respondeu, e ao invés disso, perguntou a uma moça que passava onde ficava o berçário.  
         Engoli em seco. Quem tivera um bebê?
         Andamos apressados para uma sala de espera que possuía uma janela gigantesca, onde vários bebês poderiam ser vistos.
         -James? – perguntei, vendo a figura de meu tio olhando através da janela.
         -Helena! – disse ele, que nunca usara um apelido comigo. – Venha ver!
         -O quê? – perguntei, assustada.
         -Sua nova priminha!
         Pisquei diversas vezes, até me recompor. Olhei para Nate, que balançou a cabeça negativamente, e depois voltei a olhar para o irmão de minha mãe.
         -Tio James! Quem foi que você engravidou!
         Ele riu da minha cara, bem como meu outro tio fizera há minutos antes.
         -Olhe.         
         E então ele apontou para a janela, me fazendo finalmente virar a cabeça e analisar os bebês.
         Não que tenha sido difícil achar, dentre eles, a nova integrante da minha família. Na verdade, foi extremamente fácil.
         Seu cabelo era cacheado como o meu, tendo apenas algumas horas de vida. Suas mãozinhas não paravam de se mexer, bem como seus pezinhos. E ela era a única que ria, também.
         Mas, de qualquer maneira, isso foi o de menos. O que mais me chamou a atenção foram seus enormes, lindos e castanhos olhos.
         Olhos parecidos com os meus. Olhos parecidos com os de...
         -Bianca. – disse James, vendo minha expressão. – Entrei na fila de adoção há algum tempo, e aqui está. Bianca.
         -Mas ela... mas ela...? – perguntei, balbuciando apenas as palavras.
         -Sim. – disse ele. - Ela volt...

         -Helena, acorde! - chamou minha mãe com a voz embargada pelo choro dos últimos dias. Ela entrou em meu quarto vestida inteiramente de preto. Parecia ainda mais cansada do que ontem - Precisamos ir. É hora do ent...
         -Enterro da Bianca, eu sei. Não precisa dizer nada - algo dentro de mim se embaralhou. O sonho que tivera fora tão estranho, que parecia até real. Mas eu estava bem longe de ter aquela idade ou de minha tia falecida ter voltado à Terra.
          Enquanto o carro ia para o cemitério, minha mente não parava de pensar na frase final de James em meu sonho. Ela voltou.
         By Babi com final de StarGirlie.

Um comentário:

  1. Adorei O Capítulo...
    Anciosa pelo final, Bianca vai voltar? Tomare que sim rsrs'
    Beijinhos

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