sexta-feira, 30 de março de 2012

20º Capítulo de Sempre Um Começo

Vigésimo Capítulo
Aline



                Eu estava muito brava com o fato de que Vinicius iria morar na casa de Cecilia. Sério, os dois tinham uma tensão romântica muito forte e eu sabia que dividir o mesmo teto não iria dar nada certo naquele caso. Pelo menos, não para mim.
                Sabia que não era culpa de Vini. Seus pais viajariam para outro país e só voltariam um mês depois. Estava fora de cogitação deixá-lo cuidando da casa, então eles foram procurar alguém responsável que pudesse cuidar de meu namorado. Logo, encontraram a mãe de Ceci que trabalha com o pai do Vinicius.
                Porém, meus problemas não se resumiam apenas ao fato de Vini ter se mudado para a casa de Cecilia. Ainda havia a loucura que Fábio fizera ao tentar me ajudar a destruir a menina de cabelos castanhos e sua melhor amiga. Ele era burro ou aquele era seu jeito “inteligente” de se destacar?
                Mandar um e-mail para mais de 100 pessoas dizendo que Lola beijava mal desde quando era uma grande vingança? Aquilo só arranjara uma baita confusão com os pais da garota e com os de Ceci também, já que o texto enviado ofendia a “boa moça”. Além deles, Hica planejava, pelo visto, expulsar Fábio de vez.
                 E a lista de enrascadas que me envolviam aumentava ainda mais. Leonardo agora insistia em tornar Felipe o pior inimigo de Júlia, como se ver irmãos brigando fosse uma coisa legal. Aquela obsessão pela adolescente já estava se tornando cansativa. Tinha vontade de mandá-lo perseguir outra garota e não a Juh. Ela era gente boa e sempre me tratou bem.
                Porém, o que mais me magoava de tudo isso era o fato de que Paolo mudara totalmente seu comportamento em relação a mim. Desde que me tornei “A Popular” graças à festa de Belle, ele nem olhava em minha direção. Era como se eu não estivesse na sala.
                E o pior de tudo era que Cecilia se tornara sua melhor aluna. Ela o ajudava com as matérias, que se acumulavam cada vez mais por causa das confusões que atrapalhavam as aulas, e sempre tinha uma resposta inteligente para dar em sua aula. Mas estava claro que os dois não estavam envolvidos romanticamente. Era uma relação de auxílio. Ele a ajudava nas situações difíceis de sua vida particular e ela na sua vida profissional.
                Não havia nada para fazer. Era uma noite de quinta-feira e eu não queria de jeito nenhum estudar para provas. Preferia ir mal a me tornar uma nerd novamente. E sem Luisa, os passeios ao shopping se tornavam muito tediosos. Havia uma alternativa.
                Fui até o quarto ao lado do meu e bati na porta. – Pode entrar! – gritou a voz feminina. Girei a maçaneta e encontrei minha mãe deitada na cama. Um pote de pipoca estava em seu colo e a TV ligada em sua frente. Cena comum.
                -Oi, filha – ela fez menção de se levantar, mas preferi deitar-me ao seu lado. Aconcheguei-me nos edredons e sorri ao perceber que aquele era meu momento favorito até que me transformei em outra pessoa nas últimas semanas – Faz tempo que você não vem me fazer companhia. Ou aceita quando eu vou fazê-la em seu quarto.
                Eu estava sendo uma estúpida até com minha própria mãe e sabia disso. Nos últimos dias, reclamava até quando ela opinava sobre minha sombra. E nem entendia porque fazia aquilo. Minha mãe não era minha inimiga. – Eu sei, desculpe-me, mãe.
                Abracei-a sob os cobertores e fiquei feliz quando ela retribuiu o carinho. – Aconteceu alguma coisa naquele baile, não é? Você mudou muito de lá pra cá.
                Respirei fundo, sabendo que iria dar uma resposta malcriada, mas minha mãe não merecia. Ela merecia saber a verdade. E eu lhe contei. Contei sobre Vinicius e meu namoro repentino. Sobre ter rido de Cecilia e ter causado o quase suicídio de Luisa. Sobre Fábio humilhar Lola para me ajudar e Leonardo criar uma discussão falsa entre os irmãos Lave. E sobre amar Paolo.
                Quando terminei, sabia que tinha decepcionado minha mãe. Ela estava brava, chateada e arrependida de não ter me dado limites, tudo ao mesmo tempo. E aquele era o meu pior castigo. – Você sabe que terá que consertar todos esses erros, não é? Amanhã, você precisa primeiro se autodenunciar como a culpada para Fábio ter humilhado a namorada dele. Se Hica expulsar você, tudo bem, foi merecido.
                -Você acha que há um jeito de me redimir? – perguntei, esperançosa. Minha mãe era uma espécie de porto-seguro. – Não, mas você pode, pelo menos, fingir.
                Aquilo foi um balde de água fria. Joguei-me para fora da cama. Minha mãe era como eu. Ela não se importava comigo. Queria apenas manter as aparências e apunhalar todos pelas costas. Agora sabia de quem puxara.
                Apesar de começar a odiá-la, ela tinha razão em uma coisa: eu precisava ser a boa moça ou todos se virariam contra mim. E aí sim, minha situação seria bem ruim.
Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. É como dizem: quem sai aos seus não degenera...
    Agora sei de onde veio o gene traiçoeiro de Aline!! Rsrsrsrsrs'

    Beijos, da sua grande fã
    Larinha Andrade
    the-adolescent-dreamer.tumblr.com

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    Respostas
    1. Verdade, mas na minha opinião Aline é pior até mesmo que a mãe dela, porque, provavelmente, a segunda só está tentando proteger sua filha das consequências dos atos que cometeu, mesmo que seja de um jeito errado. Beijinhos, StarGirlie.

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