quarta-feira, 21 de março de 2012

13º Capítulo de Sempre Um Começo

Décimo Terceiro Capítulo
Cecilia



                 Luisa sentou-se na beira da minha cama. Ela parecia outra pessoa. Seus cabelos pretos estavam cacheados e suas roupas eram bem mais claras que as antigas. Parecia que Luh estava ficando angelical. O bom é que eu preferia muito mais essa nova versão.
                -Então, o problema é que ela tem um caderno seu repleto de xingamentos para todo mundo do colégio? – puxei meu celular, procurando uma nova mensagem de Felipe. Nada. Será que Aline já havia revelado os detalhes do meu encontro com Paolo?
                -Sim – Luisa mexeu em sua bolsa e tirou um caderno preto cheio de listras roxas. Percebi que cada uma delas tinha um nome escrito – Eu o trouxe para você ver.
                -O que significa essas listras? – perguntei, abrindo na primeira página e encontrando uma foto minha com a legenda “F-E-R-R-A-D-A”. Ótimo jeito de começar uma amizade.
                Luh se levantou e mudou de página. O rosto principal da seguinte era Hica. E os desenhos ao seu redor não eram nada educados – Elas significam as pessoas que eu não quero atacar. Atualmente, você é a terceira listra. No lugar da Aline.
                Fiquei desconfortável e agradeci mentalmente quando meu celular tocou. Era Felipe. – Posso atender? – perguntei à Luisa. Os dois eram ex-melhores amigos e ela era apaixonada por ele há séculos. Era claro que tinha mais direito que eu.
                -Claro – respondeu a menina de cabelos negros, mas percebi que seus olhos estavam marejados. Fe era o grande amor da sua vida. Ou da sua adolescência, pelo menos.
                Saí do meu quarto e desci as escadas, atendendo a ligação. – Oi, Felipe – estava nervosa. Desde sábado, não falava com meu namorado e nem sabia o que dizer. Havia feito coisas erradas na casa de Paolo. E o pior de tudo é que não me arrependia de nada.
                 -Cecilia! O que houve? Por que você está me ignorando?! É verdade que você passou horas na casa do professor antes de ir para a sua?! – percebendo que eu não respondia nenhuma das questões, ele continuou – Me responda!
                -Acalme-se, Felipe! – percebi que estava estressada sem nenhum motivo. Eu podia ter me equivocado no sábado, mas não havia feito algo de tão ruim para todo aquele escândalo – Sim, eu fiquei na casa dele. Mas foi porque quase fui atropelada pelo professor. Entrei em estado de choque e ele não conseguia com que eu falasse nada. Até que minha voz voltasse ao normal e eu pudesse lhe dar o telefone dos meus pais já havia se passado um longo tempo.
                Sabia que era mentira. Eu e Paolo havíamos conversado muito ainda no carro. E depois... Bem, depois é depois. O que importava era que Felipe não descobrisse nada. Ele não podia sofrer novamente. Já bastava Luisa.
                -Não é o que todos estão pensando. Os alunos estão cogitando até que ele tenha te e... – Fe estava sendo inconsequente. Paolo podia ser tudo, menos pedófilio. E ele deixara isso bem claro no sábado.
                -Não aconteceu NADA, Felipe! Que coisa! Parece que eu saio dormindo com qualquer um por aí. Sendo que eu nem dormi com você – as palavras saíram em uma avalanche que não pude controlar. Apesar de me arrepender do que havia dito, era a verdade.
                Eu sei que tinha uma pequena lista de ficantes, que aumentaria sem dúvida nos próximos meses, mas nunca passei dos beijos e nem pretendia. E esse era um dos motivos para que não me envolvesse com Fábio. Todos sabiam de sua fama. Menos Lola, que gostava de acreditar que tudo era boato.
                -Tem certeza? Se você tiver feito algo... – o interrompi sem nem esperar o fim da sua frase. – Tenho sim.
                Despedi-me rapidamente dele e subi as escadas novamente. Luisa estava trancada no banheiro. As páginas do Caderno estavam rasgadas e espalhadas por todo o quarto.
                Percebi que o celular de Luh estava jogado no chão e o peguei. A nova mensagem vinha de Aline. “Só avisando. Não adianta acabar com O Caderno. Eu fiz uma cópia de tudo algumas semanas atrás. Boa sorte, fofa.”
                Lancei-me na porta do banheiro. – Luisa, Luisa! Luisa, Luisa! – foi então que percebi. Havia uma substância vermelha saindo do vão entre a madeira e o chão. Era sangue.
                Então, desmaiei.
Escrito por StarGirlie.

4 comentários:

  1. Uau!!
    Completamente sem palavras!! Luísa se sentindo mal, a esse ponto?! Minha nossa, finalmente tenho uma comprovação puramente explícita. Ela tem coração!! Rsrsrsrsrsrs' Estou perplexa, não pensei que Luísa não conseguisse lidar com seus sentimentos. Imaginei que era totalmente segura e confiante, e não se abalaria dessa forma, e tentaria evitar, não tornar o desconforto evidente... Mas, a verdade é que nunca conseguiremos ser seguros o tempo inteiro. Existem horas que simplesmente desabamos, e não conseguimos segurar o que sentimos (como eu nessa manhã)

    Beijos, da sua grande fã
    Larinha Andrade
    the-adolescent-dreamer.tumblr.com

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    1. Sinceramente, eu também imaginava a Luisa assim, mas enquanto ia escrevendo os capítulos, percebi que essa sua maldade sempre fora uma máscara para que não sofresse pela rejeição de Felipe, pela amizade forçada com Aline... Luisa é muito mais sentimental do que aparenta ser. Beijinhos, StarGirlie.

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  2. Nossa,Não imagina que Luísa não consegue lidar com seus sentimentos! Fiquei tipo *o*
    Mas uma coisa é fato,nem sempre conseguimos controlar nossos sentimentos:)

    http://conectadas2.blogspot.com.br/

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    1. Você tem razão, Rebeca. E essa percepção de que a Luisa não é uma desalmada irá mudar a perspectiva de boa parte dos personagens. Beijinhos, StarGirlie.

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