quarta-feira, 8 de junho de 2011

35º Capítulo de Fofoqueira Fina 2

                Eu te amo. Sempre amei. Por favor, não deixe que ela me mate. As palavras de Spencer ecoavam na mente de Monica. Ele implorara por sua vida e ela deixara que Anne o matasse. Apesar de todos os crimes que cometera, o professor a amava. Havia matado qualquer pessoa que se colocasse no caminho dos dois, mas, de alguma forma, ele ainda era humano.
                -Mon! Há um carro nos seguindo! – gritou Luna, olhando pela janela do porta-malas. Um grande jipe preto estava em alta velocidade atrás do táxi. O taxista parecia nervoso e indeciso, até que Gabriel decidiu:
                -Aumente a velocidade. Aquela jovem quer nos matar!
                A ação do motorista foi imediata. O carro parecia que estava flutuando sobre a estrada. Porém, o carro que os perseguia era ainda mais rápido e facilmente os fechou. Um sorriso surgiu em meus lábios. Desci do veículo. Sim, eu era Anne.
                Os três passageiros do táxi desceram, deixando o taxista sozinho dentro dele. Aproximei-me de minha irmã. A pequena Monica. Ela era tão inocente. Toquei seu rostinho e porcelana, causando um afastamento rápido.
                -Você é uma assassina, uma farsa! – gritou Mon. Havia ódio em seus olhos. Não era por Spencer, era por…
                -Você matou meu pai! Jogando-o contra os fogos de artifício! – berrou Luna. Sim, eu o matara.
                -Ele me tratava como uma mera amante. Eu merecia mais – revelei. Era difícil contar aquela parte sombria de minha vida, mas nunca esqueceria a forma como aquele homem me tratava. Para ele, eu era apenas lixo.
                -Isso não te dava o direito de matá-lo! – contrapôs Gabriel. Ah, o cavalheiro de Luna. Pena que a menina só estava com ele por falta de opção. Ou vocês acham que depois de ter minha identidade revelada, perdi meu brilho? Continuo a mesma Fofoqueira Fina, porém, agora sou muito mais poderosa.
                Dei meu melhor sorriso, olhei para o sol que brilhava no início daquela manhã, encarando em seguida Monica.
                -Você devia vir comigo. Sou sua irmã. Sangue do seu sangue. E não minta, eu sei sobre sua maldade interior. Não existe nada que te envolva que passe despercebido. Você já não se deu conta que todas essas pessoas morreram por sua causa?
                -Sim, eu já me dei conta. Porém, ninguém mais vai morrer por mim – a voz de Monica ecoou pela estrada como se houvesse um túnel sobre todos nós.
                -Ah não? Acho que você precisa ver isso – alcancei meu celular e liguei para um número já conhecido. O de Roberto, irmão de Hevangeline.
                -Alô? – a voz rouca daquele jovem finalmente perdia seu sotaque.
                -Sou eu, amor. Já está com Paola? – coloquei a chamada no viva-voz.
                -Sim. Qual é o próximo passo?
                -Eu deixei uma caixa no meio do bosque. Lá há a arma que você vai usar para matá-la, ok? – olhei para meus “acompanhantes”, percebendo que o motorista de táxi tentava mover seu carro para longe do meu. Era impossível, mas por via das dúvidas, saquei minha arma e mirei um dos pneus. Estourou imediatamente.
                -No lugar marcado?
                -Sim – e desliguei. Monica se aproximou de mim, com aquele rosto de desaprovação que apenas ela conseguia fazer. Antes que conseguisse perguntar o que eu estava fazendo, uma explosão ocorreu no meio das árvores, fazendo que todos virassem.
                Uma bomba explodira. Como eu sabia? Simplesmente porque foram minhas próprias mãos que a colocaram naquela doce caixinha. Era necessário. Roberto e Paola sabiam demais.
                -Você os matou? – perguntou Monica enojada.
                -Sim – respondi friamente.
                Segurando a arma com minhas mãos tremendo, tomei a decisão mais difícil de minha vida. Minha irmã havia escolhido ficar contra mim. Ela tinha que morrer. Como Luna, Gabriel e o taxista também teriam. Eu era uma assassina e agora não existia outra saída.
                -Desculpe-me – disse no momento em que apertei o gatilho do revólver. Lágrimas caíram dos meus olhos, porém algo me impediu de respirar.
                Braços envolviam minha garganta. Olhei para cima e o choque percorreu meu corpo. Cabe estava tentando me estrangular. Meu namorado queria me matar.
                O ar acabou. Minhas pernas ficaram bambas. Meus olhos viraram. Minhas mãos soltaram a arma. Tentei respirar pela última vez. Meu último segundo de vida acabou. Havia feito as escolhas erradas. Matado inocentes. Agora, eu pagaria por todos meus pecados.
                Horas mais tarde… (Não-narrado por Fofoqueira Fina)
                Monica segurava o celular de sua irmã morta, checando todos os contatos e mensagens. Descobrira que Anne e Roberto trocavam confidências e que, junto a Paola e Spencer, perseguiam todo o grupo de amigos, usando até mesmo os serviços do FBI. O objetivo? Ter sempre reféns caso precisassem. Porém, agora os quatro estavam mortos.
                -Mon? – David se sentou ao lado de sua melhor amiga, nas cadeiras da delegacia. Cabe estava sendo interrogado, mas de forma alguma seria preso. Matara Anne como uma forma de auto-proteção.
                -Ai, David – as lágrimas caíam dos olhos de Monica. Perdera tantas pessoas importantes em apenas uma noite – Por favor, não me deixe. Eu não sei se sou capaz de superar tudo sozinha.
                -Eu nunca te deixaria – o amigo a envolveu em um abraço apertado, chorando também. A dor dela  era a dele.
                Eles ficaram abraçados em silêncio, com exceção dos soluços de Monica. David não tentou amenizá-los, pois entendia que sua melhor amiga tinha que liberar todo seu sofrimento. O tempo passou.
                Erik surgiu, sem a aliança de noivado, no local a procura de Luna. Monica contou que ela estava numa cafeteria próxima. Cinco minutos depois, ele a encontrou.
                -Luna? – a pequena Harris estava sentada em uma das mesas, tomando um gole de chocolate quente. O inverno caíra sobre a cidade.
                -Erik! O que você faz aqui?
                -Eu preciso conversar com você.
                -Sobre o quê?
                -Sobre Heva, Wandy, Yuri… Enfim, sobre tudo.
                Um mês depois (Narrado por Monica)…
                As mortes de Bella e Anne ainda doíam em meu coração. Elas sempre seriam importantes para mim, apesar de suas atitudes. Eu as amava e nunca conseguiria esquecê-las. Porém, tinha que seguir em frente, continuar com a minha própria vida.
                Depois de Cabe me salvar, matando sua própria namorada, meus sentimentos ficaram ainda mais confusos. Ele ainda me amava. Descobrir aquilo me machucara muito, pois eu jurava que ele havia me esquecido, o que era certo. Não precisava de mais alguém para se magoar.
                -Amor, vamos? – a voz de um garoto soou atrás de mim. Me virei. Parado atrás de mim estava David. Ao seu lado, estavam Luna e Erik e, Julie e Thiago. Sim, estávamos em um encontro triplo.
                -Claro – respondi com um sorrisinho. Eu o havia escolhido. Luna havia preferido Erik a Gabriel. Os detalhes da conversa que mudou tudo até o momento não haviam sido revelados e realmente esperava que ela contasse tudo naquela noite.
                David colocou seu braço em volta de minha cintura, com um sorriso bobo nos lábios. Ele esperara quatro anos para ter a chance de poder dizer que era o meu namorado. Bem, tanta paciência fora recompensada.
                Em meio aquele romantismo todo, meu celular apitou. Percebi como era bom saber que a mensagem não pertenceria a Fofoqueira Fina. Porém, isso ao mesmo tempo significava que minha irmã estava morta. Para sempre.
                Uma nova mensagem brilhava na tela do meu celular. Era de Daniel.
                “Eu não suporto nem mais um segundo sem você. Como pôde fazer isso comigo? Preferir David? Até hoje não posso acreditar nisso. Simplesmente, é errado demais. Ligue-me, por favor. Eu preciso ouvir sua voz! Estudar em uma sala diferente da sua só está me prejudicando. Responda-me de qualquer forma, mas o mais rápido possível. Se eu ainda for importante pra você, não deixe essa mensagem sem resposta. Continuo te amando”
                Lágrimas ameaçaram cair de meus olhos. Eu precisava responder. Ele ainda me amava. E, não podia mentir, meu coração ainda sentia falta daquele bobo. Daniel podia ter todos os defeitos, mas eu não conseguia esquecê-lo. Como uma vez dissera Julie, era o destino ficarmos juntos, não importava quando.
                Disquei o número de meu ex-namorado e esperei sua voz atender:
                -Monica?- ele parecia surpreso e, ao mesmo tempo, feliz.
                -Você ainda é importante pra mim. Saiba disso – e desliguei. Segundos depois, eu estava voltando para o abraço de David e a companhia de meus amigos. Sabia que estava tomando a escolha errada, mas não havia como voltar atrás. Nunca magoaria meu melhor amigo. E talvez este fosse o problema. David era apenas meu melhor amigo. Para meu coração, Daniel ainda era meu namorado.
Escrito por StarGirlie.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escrever é expor seus pensamentos...
Coloque um comentário e venha se aventurar também!