quarta-feira, 22 de junho de 2011

2º Capítulo de Maldade Angelical

Segundo Capítulo
Elizabeth
            -Elizabeth, não, não! Não a levem também, por favor – os gritos de uma mulher ecoavam naquele espaço confuso – Eu lhes imploro.
            Um bebê chorava, seus soluços penetravam em minha mente. Tudo ficou vermelho, os sons desapareceram. E eu acordei.
            Aquele era o sonho que me atormentava desde que podia me recordar. Todas as noites a mesma cena. Aquilo nunca se alterava. Era a mesma moça, a mesma criança, as mesmas frases. Exatamente idêntico.
            Toquei meu relicário em forma de coração. Nele estavam inseridas as imagens de meus pais e de Samantha comigo, quando éramos bebês. Doía saber que eu possuía uma família e que ela fora tirada de mim.
           -Lizzie? – a voz de Emma soou atrás da porta. Não respondi. Os primeiros minutos da manhã sempre foram reservados às minhas tentativas desesperadas de descobrir mais sobre minha vida antiga.
            Sentei-me na cama e inspirei profundamente. Alcancei o envelope que estava sobre a mesa de cabeceira de meu quarto e abri-o. Puxei a carta que todas as manhãs lia e preparei-me para as lágrimas que sabia que iriam cair.

        “Querida Elizabeth,
        Hoje deve ser seu aniversário de dez anos de idade. Você com essa doce idade provavelmente nem consegue imaginar a dor que uma mãe sente em saber que seu filho irá partir. Não tenho outra escolha. Se lutar, sua morte será iminente, como também a de Samantha, mas caso eu consiga fugir com seu pai, as duas poderão ter uma vida. Mesmo que seja a mais difícil possível.
        Quem é Samantha? Ela é a sua irmã gêmea. Vocês são ao mesmo tempo tão opostas e tão iguais. Até mesmo a aparência das duas são totalmente diferentes, mas isso não importa. Ambas merecem permanecer juntas, mas eles se aproximam cada dia mais. Quando chegarem, será impossível que fiquem unidas, ou ao menos, que eu possa continuar em suas companhias.
        Enquanto escrevo essa carta, olho seu cabelinho loiro embaraçado nos braços de seu pai. Você puxou muito dele. Espero que ainda possam se encontrar no futuro. 
        Sofro nestas últimas palavras. Saiba que tanto eu quanto seu pai te amamos e sempre amaremos, não importa o que aconteça. Nunca deixe de acreditar, você pode conseguir qualquer coisa. Desejo-lhe toda a paz, a felicidade e a sorte do mundo. Ou melhor, do universo.     
        Feliz aniversário.
Com imenso amor,
Mamãe.”
        Nunca deixarei de acreditar, mamãe. Conseguirei encontrá-los de qualquer forma. Nem que para isso tenha que abandonar todos os princípios dos anjos. Ah, vocês devem estar confusos. Não houve nenhuma apresentação de minha parte. Que falta de educação.
            Bem, eu sou Elizabeth Bloom, um anjo. No sentido literal da palavra. Posso ter um bom temperamento, sempre vestir branco, mas me refiro realmente a anjos de Deus, quando me descrevo. Infelizmente, porém, não tenho asas. Emma e Robert, meus melhores amigos que cuidam de mim desde que me entendo por gente, nunca me explicaram o porquê disso. Talvez, porque nem eles mesmos saibam.
            Emma é minha melhor amiga e também o anjo da guarda de um dos meus colegas escolares. Ela é paciente, adorável e sempre escuta meus lamentos, mas, dos últimos tempos pra cá, desconfio que esteja me escondendo coisas importantes. Sei que acabarei descobrindo o quanto antes.
            Robert é aquele anjo rebelde. Não quer voltar para o céu e só pensa em aproveitar a vida na Terra. Fora ele quem me dera o relicário junto a carta. Fico feliz que o meu melhor amigo tenha sido o responsável por me contar a verdade. Ou parte dela, pelo menos.
            Vivemos os três em uma casa feita praticamente toda de vidro. A luz do sol a ilumina durante o dia e quando a noite chega, luzes enormes são acesas. Enfim, nunca ficamos sob o manto da escuridão. Isso é bom, pois desta forma meu quarto é sempre acolhedor.

            -Elizabeth Bloom – chamou Robert fingindo uma voz séria. Afastei minha coberta e com a força de meu pensamento, abri a porta. Minha cabeça, como sempre acontecia quando abusava de meu poder, doeu, mas não transpareci o que sentia. Gostava de impressionar meu amigo.

            -Uau! Tão cedo da manhã e já usando seus poderes místicos? Minha bonequinha de porcelana não está se exigindo demais? – ele entrou em meu quarto, colocou-me em seus braços e me envolveu carinhosamente. Abraçada ao seu corpo, ele não parecia ser três anos mais velho do que eu.
            -Eu já não te disse que não sou uma “bonequinha de porcelana”?
            O sangue ferveu em minhas veias.  Saltei de seus braços. Porém, ele caiu no chão antes. Havia algo de estranho em sua aparência. Não era o cabelo, nem os olhos… Foi quando percebi. Era a camiseta. Cinza e queimada.
            -Ai meu Deus! – gritei. Segurei o corpo de meu amigo e olhei para as marcas recém-produzidas. Fogo queimara os braços dele. E quem o produzira, fora eu mesma.
            -Robert, me desculpe! Eu não tenho um controle total sobre meus poderes e… - toquei sua pele machucada, no exato momento em que Emma entrou no quarto.
            Ao contrário de meu melhor amigo, que usava uma calça preta e uma camiseta cinza, ela vestia uma blusa branca e um casaco bege. Seu cabelo estava preso em uma trança. Olhou para nós dois, sem perceber inicialmente que eu havia machucado Robert.
            -Eu entendo que você seja a nossa anjinha preferida, mas continua tendo obrigações… ROBERT! O que aconteceu? – Emma se sentou ao meu lado. Suas bochechas agora estavam vermelhíssimas. Ela realmente se preocupava com ele.
            -Fui eu… - comecei a falar, quando Robert me interrompeu:
            -A culpa foi minha. Eu a incitei a usar seus poderes.
            Emma não o ouviu. Ela sabia a verdade, como sempre. Fingiu estar surda e apenas colocou sua mão sobre o braço de meu melhor amigo. Um brilho dourado saiu de seus dedos e quando os afastou, a pele queimada já estava curada. Sendo um anjo da guarda, ela conhecia obviamente o que denominamos de “Angel Cure”.
            -É melhor você ir se arrumar para a escola. Como pode ver, o Robert já está bem – levantei-me e fui para o meu closet. Alcancei uma roupa aleatoriamente e corri para o banheiro. O reflexo no espelho revelava o que eu simplesmente sabia. Minha aparência, conforme os dias passavam, estava piorando.
            Cobri com maquiagem essa mudança, arrumei meu cabelo e saí. Passei por Emma e Robert e comecei a descer as escadas. Dei graças a Deus que meu material escolar ficava no colégio e não precisava carregá-lo de casa.
            Caminhei pelo corredor principal do colégio, quando senti uma mão em meu ombro. Meu corpo foi girado. Meu coração parou. A pessoa era familiar. Com o cabelo desarrumado, os olhos com leves olheiras, o sorriso ainda meio sonâmbulo, aquele era Ben.
            -Elizabeth! – ele exclamou, tentando me abraçar, mas não permiti. Desesperada, comecei a correr em direção à saída. Avistei a bicicleta de Emma, que era mais fácil de usar do que a de Robert, e destravei seu cadeado.
            Pulei sobre ela, no exato momento em que Ben alcançou à calçada. Seus olhos pareciam perplexos. Eu era a garota de seus sonhos. Não podia estar num colégio particular. Aquilo ia contra tudo o que imaginava.
            Acelerei rua abaixo sem nem mesmo lhe explicar o que acontecera. Porém, teria a chance de fazer isso mais tarde. Quando o sol desaparecesse e eu pudesse lhe encontrar. Mesmo que para isso, tivesse que fugir. Como se isto fosse algo tão incomum.
Escrito por StarGirlie.

6 comentários:

  1. Parabéns Star pelo seu 1º capítulo, e a vida na Terra já começou eletrizante... Bjsss

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  2. Muito obrigada e espero que você continue achando emocionante essa nova novela. Beijinhos, StarGirlie.

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  3. http://poema-verso-e-prosa.blogspot.com/
    meu blog novo! visita e comenta!

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  4. Claro, Tatáh! Boa sorte no seu novo blog! Beijinhos, StarGirlie.

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  5. Estou inda mais curiosa!
    Muito bem escrito esse começo.
    Espero que continue assim.

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