domingo, 26 de junho de 2011

6º Capítulo de Maldade Angelical

Sexto Capítulo
Elizabeth
            Quando senti os dedos de Ben afagarem meu cabelo, percebi como tudo estava errado. Não importava o quanto eu o amasse, não podia colocar sua vida em perigo.
            Afastei seu corpo do meu e olhei para meu relógio. Três da manhã. Como passamos tanto tempo apenas nos beijando e declarando nosso amor? Porém, ter feito tudo aquilo, colocara meu amado no alvo da Morte.
            -Eu fiz algo de errado, Eliza? – ele era o único que me chamava desta forma. Aquilo o fazia ainda mais especial do que já era.
            -Não, não. Eu só preciso ir embora – comecei a correr, quando Ben puxou meu pulso. Me virei.
            Seus olhos verdes brilharam sob a luz baixa do ambiente. Senti meu coração parar. Seu olhar era meu ponto fraco.
            -Ben, por favor, não. Deixe-me ir – estava implorando algo para um humano. Isso seria inaceitável para os padrões estabelecidos pelos “enviados do Céu”.
            Desde que nasci fui ensinada a sempre ajudar os seres humanos, mas nunca pedir nada a eles. Eu era um anjo, tinha que protegê-los, não pedir proteção.
            -Elizabeth Bloom, eu não vou te deixar ir embora sem que me explique, o que está acontecendo! – Ben me puxou para perto de si novamente e fui obrigada a prender minha respiração para não começar a chorar.
             -Be-Ben… - as palavras começaram a se formar em minha mente, mas eu era incapaz de pronunciá-las. Demorara tanto tempo para estar perto de meu amado, para que ele simplesmente evaporasse depois de contar meu segredo. Não podia correr esse risco.
            Toquei seu cabelo castanho, percebendo que aquela poderia ser a última vez que teria a chance de fazer isso. Meu conto de fadas durara apenas seis horas. Pelo menos, agora eu possuiria lembranças.
            As lágrimas saltaram de meus olhos e meu rosto ficou vermelho. Senti minhas mãos ficarem quentes e quando me dei conta, elas soltavam labaredas de fogo. Literalmente.
            -Ai meu Deus! Eliza! Suas mãos! – Ben não se afastou de mim, apenas me segurou pelos ombros.
            As chamas desapareceram, juntamente à cor do rosto de meu amado. Tudo estava perdido. E eu sabia disso.
            Um estrondo. A música que vinha do outro lado da porta silenciou-se. Pedaços do teto começaram a desabar. Abracei Ben. Uma luz explodiu por toda a sala. Só tive tempo de dizer:
            -Os anjos chegaram.







A luminosidade cegava os olhos de quem eu amava. Não literalmente, mas era impossível de abri-los, enquanto os “enviados de Deus” não diminuíssem a claridade.
            -Elizabeth! O que você está pensando? Beijar um humano? Enlouqueceu? – a voz de Emma surgiu no cômodo. Não conseguia identificar onde ela estava, mas era possível saber, pelo tom que usara, que eu a havia chateado.
            Não respondi suas perguntas. Ignorar a discriminação usada na palavra “humano” seria humilhar Ben e eu não faria isso de jeito nenhum. Nem mesmo por minha melhor amiga.
            -Lizzie, o que você fez? – Robert devia estar magoado comigo. Pelo modo como agira mais cedo, ele estava apaixonado por mim.
            Quando eu achei que meu mundo iria desabar, com meus melhores amigos descobrindo o meu romance, Ben segurou minha mão. Sabia que ele não podia ver meu rosto, mas um sorriso surgiu em meus lábios.
            -Eu o amo, não importa o que vocês façam a respeito disso – afirmei em voz alta, no exato momento em que voltamos à iluminação das velas.
            Todos os anjos, que eram muitos, me encaravam com uma expressão de choque. Eu sempre fora a certinha, ninguém nunca imaginara que tudo de proibido estava apenas escondido no meu coração.
            Uma linda mulher com longas asas lilás surgiu em minha frente. Tinha cabelo loiro e olhos castanhos. Eu a conhecia. Ela se chamava Ângela e era a supervisora dos anjos de Nova Iorque.
            Ângela era polêmica, mas cativante. Eu a adorava em tudo, exceto no assunto “Humanos”. Neste ponto, ela tinha uma opinião muito parecida com a dos anjos da morte. Achava-os indignos do planeta em que viviam.
            Quando se aproximou de mim e de Ben, seus olhos demonstravam desprezo. Ange, como eu a chamava carinhosamente, não parecia gostar de nossa relação. Na verdade, ninguém fora nós dois aparentava sentir algo positivo por ela.
            -Oh, queridinha – ela tocou minha bochecha, enquanto abria um sorrisinho cínico – O que te deu na cabeça para escolhê-lo?
            -Queridinha – disse, enfatizando minha recusa a aceitar seu nojo por Ben – meu amor por ele não se baseia nos seus conceitos.
            Meu cabelo se esvoaçou e apenas segundos depois pude entender o porquê. As asas de Ângela haviam desaparecido. Achei estranha sua escolha. Aquilo a tornava quase frágil.
            Ela se sentou em uma poltrona no canto da sala, ainda nos observando. Parecia uma psicopata, devo admitir. A roupa branca parecia deixá-la ainda mais fatal.
            Percebi pela primeira vez que Emma e Robert estavam amarrados por algemas feitas de luz. Não entendia como aquilo poderia prendê-los, mas, como não era expert naquele assunto, resolvi não tentar entender. A única coisa que importava é que ambos estavam encrencados por minha culpa.
            -Por que eles estão assim?! – perguntei, exaltada.
            -Eles não cuidaram bem de você. Perderam sua guarda. Estão sendo levados de volta ao Céu – respondeu Ângela friamente. Ela parecia um monstro daquele jeito.
            -Mas e Josh? Emma é o anjo da guarda dele! – relembrei vendo minha amiga aos prantos.
            -Outro anjo assumirá o lugar dela. Nós temos muitos como você pode ver – a voz daquela “chefona” despertava em mim um ódio intenso. Percebi pela primeira vez, que desejava matar alguém.
            Ben durante todo esse diálogo não disse uma palavra, preferindo respeitar meus próprios problemas, ao invés de atrapalhá-los, até perceber que um de seus colegas de classe também estava envolvido.
            -Josh?! Sua tutora é o anjo da guarda dele?
            -Minha melhor amiga sim – respondi olhando para Emma. Ela parecia maltratada naquele casaco cinza, que ao meu ver, nunca tinha usado.
            Tentei me aproximar dela, soltando minha mão da de Ben, mas anjos se colocaram na minha frente. Porém, pelo menos, eu já tinha atraído sua atenção.
            -Emma, eu lhe peço desculpa. De verdade, por ter te colocado nessa situação. Você não merecia isso de jeito nenhum. Nem você, nem Robert. Mas, ao menos, ele foi avisado a não me seguir. Desculpe-me.
            -Se você pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente? – perguntou minha amiga, olhando em meus olhos. A resposta era difícil, mas a proferi:
            -Não. Por causa de minhas ações que eu conheci Ben e não mudaria isso por nada.
            -Nem por mim? – Emma questionou.
            -Nem por nós dois? – completou Robert.
            -Desculpe-me. Porém, nem por minha própria vida eu faria algo mudar.
            Dei alguns passos para trás, decidindo voltar a segurar a mão de Ben, quando Ângela perguntou:
            -Nem mesmo por seus pais e Samantha? – arfei. Ela havia tocado na cicatriz em meu coração.
            Abracei meu corpo para não cair, quando senti os braços de Ben me envolvendo. Lágrimas voltaram a cair de meus olhos e foi impossível não vociferar:
            -O que você sabe sobre eles? Diga, diga AGORA!
            -De qualquer forma, sei mais que você – rebateu Ângela. Perguntei-me mentalmente como pude admirar uma pessoa como ela. Sem coração e pelo modo como agia, sem alma.
            De repente, tudo mudou. Ben foi afastado de mim por três anjos. Lançaram-me contra um sofá e pequenas amarras luminosas prenderam meus pulsos e tornozelos. As asas de Ângela voltaram a aparecer.
            Comecei a gritar, em desespero, pedindo que não me afastassem de meu amor. Ele fazia o mesmo. Estávamos sendo separados de uma forma, talvez, definitiva. 
            -Falem logo o que querem de mim! Eu faço qualquer coisa, mas deixem Ben em paz! – berrei, enquanto fazia uma prece silenciosa.
            Ângela se aproximou de mim e tocou meu pescoço.  Não, ela tocou meu relicário. Inesperadamente, ele começou a queimar minha pele, exibindo também uma intensa luz vermelha.
            -Vejam só. O colar tem vida própria – debochou a chefe, no exato momento em que vi uma cena em minha cabeça.
            Samantha. Ela corria por becos. Junto a um humano. Eu o conhecia. Era Petrus. O melhor amigo de Ben. Eles fugiam. De anjos da morte.
            -Emma! – chamei – Você precisa saber de uma coisa…
            -Calma, Lizzie. Eles vão apenas nos levar para um lugar melhor – respondeu minha amiga.
            -Não! Eles te enganaram, Em! Estão capturando as gêmeas! – afirmei convicta.
            -Como assim? – ela parecia confusa naquela situação.
            -Emma, Samantha também está sendo perseguida e quase apanhada! Há algo acontecendo! E nossos namoros com humanos não são o único motivo!
            -Ai. Meu. Deus – arfou minha melhor amiga.
            -Temos que sair daqui – sussurrou Robert, estourando imediatamente suas algemas. Emma fez o mesmo, mas eu não consegui. Não houve problema, eles as quebraram para mim.
            Quando Robert começou a me puxar para a janela para que pudéssemos fugir, o parei. Mesmo que fosse um milagre todos os anjos terem saído ao mesmo tempo para outra sala, eles haviam levado o amor da minha vida.
            -Mas e Ben? Eu não posso abandoná-lo!
            Meu melhor amigo encarou meus olhos parecendo sentir ciúmes. Porém, ao contrário do que eu esperava, ele me “passou” para Emma e disse:
            -Leve-a. Salvarei o “príncipe em apuros” e encontro vocês mais tarde.
            -Naquele lugar? – perguntou a anjinha da guarda de Josh, incerta.
            -Sim – respondeu Robert. No segundo seguinte, eu estava envolvida por asas douradas que me levaram para longe do prédio onde antes havia apenas uma balada.
            As coisas mudaram em tão pouco tempo. Beijos apaixonados se tornaram sentença de morte. Samantha, como eu, corria perigo. Era a hora de procurá-la realmente. Não haveria segundas chances.
            Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. Como vcs conseguem fazer capítulos tao eletrizantes? bjsss

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  2. Nossa rsrsrsrsr São comentários como o seu que estimulam nossa imaginação! Beijinhos, StarGirlie.

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