sábado, 25 de junho de 2011

5° Capítulo Maldade Angelical


Quinto Capítulo
Samantha
 
                - Sua vez, fofinha. – disse Carmela, saindo do palco e já passando o batom vermelho nos lábios. Vadia, pensei.
            Austin sempre me dissera para ter calma com humanos. Quer dizer, eles eram tão diferentes de nós?  Então engoli as palavras que me vieram à mente.
            Ah, mas Dana... ela sempre me ensinara de outra forma.
            - Melhor ser fofinha do que fofona. – disse, seguindo os conselhos de Dana.
            - O que você disse? – Carmela se virou, indignada. Eu nunca havia criado conflitos, aguentara sempre calada.
Ela parou de passar o batom, e eu me virei para ela também.
- Além de gorda é surda? – falei.
-Ah... você não disse isso. – ela sorriu falsamente.
Coloquei a mão no queixo e fiz cara de dúvida.
- Será? Acho que eu disse sim.
Carmela respirou fundo. Nossa, até eu percebi que havia pegado pesado.
Virei-me novamente para o espelho, dando os últimos retoques na maquiagem para combinar com minha roupa preta... Talvez eu devesse seguir mais os conselhos de Austin.
-Vadiazinha. – disse Carmela.
Ou talvez não devesse.
Virei-me novamente, meus olhos em chamas. Segurei em seu cabelo, amarrado em uma trança e ela puxou o meu. De repente, vi minha roupa sendo rasgada. Estávamos como verdadeiras idiotas, brigando por nem sei o que.
Sem pensar duas vezes, soltei-a e pensei no “Fire Demon”, uma magia fácil que fazia pequenas labaredas saírem dos meus dedos. Logo depois, empurrei a garota, com eles ainda em chamas.
Carmela caiu, me fazendo despertar. O que eu acabara de fazer?
Em sua roupa, pequenos círculos chamuscados mostravam uma pele um tanto queimada. Merda.
- Sua bruxa! – disse, mas antes que eu pudesse me explicar, ela saiu correndo.
Bufei. Só me faltava essa agora.

 
Troquei a roupa preta e rasgada por um vestido vermelho do estabelecimento.
Entrei na pista de dança. Eu não estava muito animada. O incidente me deixara com a cabeça quente. Maldita Carmela.
            Bom, pelo menos Dana ficaria orgulhosa. Eu nunca conjurara o “Fire Damon”corretamente. Mas, por outro lado, Austin ficaria decepcionado.
            A música era meio fraca, mas de qualquer forma eu deixei minha mente vagar. Era meu momento favorito do dia, ou da noite, então eu não poderia desperdiçá-lo.
            Logo que parei de dançar, T. J. , um velho nojento, barrigudo e dono do Beats Me, me chamou para conversar.
            -Samanthinha! Que saudades. – disse, falsamente. Eu sabia que ele pediria algo. – Hoje tenho uma coisa especial para você.
            -O que é, T. J.? – murmurei, muito desconfiada.
            Ele segurou forte meu braço, me fazendo olhá-lo nos olhos perversos.
            -Um moço muito rico gostaria de “conversar” sozinho com você, sabe querida.
            No momento em que as palavras me atingiram, vacilei.
            -Não, T. J., por favor... – comecei a tremer. Eu entendera bem o “conversar” a que se referira.
            -Vai ser bom, não vai doer. E ele paga bem. – ele apertou mais forte o lugar onde segurava. - Você vai fazer isso, ou será despedida.
            Pensei por um momento. Eu não poderia ser despedida. Nunca saberia como me virar de outra forma... Mas eu tinha medo, nunca fizera isso antes.
           -Quanto?
            T. J. sorriu, com os dentes amarelados.
            -Dois mil dólares.
            Achei ter escutado mal, mas T. J. assentiu. Era muito dinheiro.
            -Claro, - ele disse. – Cinquenta por cento vai para o bar. Mas com o resto, você fica.
            Ok. Era uma proposta muito boa, não poderia recusar. Era o dinheiro que eu provavelmente ganharia em um mês inteiro.
            -Qual é o quarto?
            - 69. Boa sorte, querida.
            Dirigi-me até o quarto 69, que ficara no andar de cima da danceteria. Engraçado... 69 sempre fora o número do demônio. E parecia que seria o meu número mesmo.
Parei na porta, respirando fundo. Eu estava com muito medo, muito mesmo.
    
        Peguei, trêmula, o celular em minha bolsa e digitei uma mensagem para Austin:
            “Vou chegar atrasada. – Sam”
            Eu já chegara em casa tarde várias vezes antes, ele não iria suspeitar de nada. Tinha certeza de que se Austin ou Dana suspeitassem do que eu estava prestes a fazer, matariam o homem que no quarto estava.
            Quer dizer, não que eles achassem que eu era muito nova, ou que não estava pronta, mas eles eram meus “irmãos”. Já até imaginava a reação que teriam se um dia eu lhes contasse o que fora praticamente obrigada a fazer.
            Respirei novamente. Nada demais, Sam - pensei.
            Bati fracamente na porta, que logo se abriu. Estava escuro lá dentro.

 
            - O-oi. – eu disse, muito nervosa. Não tinha ideia do que fazer.
            Apesar de não haver iluminação, pude enxergar a silhueta de alguém sentado na cama.
            -Q-quer q-eu eu t-tire a roupa-pa? – disse.
            -Não. – respondeu. Parecia jovem. – Só quero ter certeza de que é real.
            A luz acendeu, e eu pude ver quem era o homem que pagara para dormir comigo. Petrus.
            -Ai meu Deus. – disse, quase desmaiando.
            Ele se levantou, ansioso.
            -Então você sabe quem eu sou?
            Percebi que tudo estava perdido. Não havia mais como esconder nada.
            Tentei parar de tremer e pensar no que seria melhor fazer. Mas antes mesmo de raciocinar direito, me peguei falando.
            -Claro. Você é quem eu amo e sempre amarei.
            O rosto de Petrus se iluminou. Naquele momento, percebi o alívio que sentia em saber que era ele que estava ali, comigo.
            -Sam, eu te amo.
            O homem correu até mim e me abraçou.
                 -Eu te amo mais. – sussurrei.
            Ele afrouxou o abraço e olhou em meus olhos.
            - O que acontece se eu te beijar agora? – perguntou.
            Pensei por um momento. Talvez fosse apenas mais um sonho.
            - Provavelmente vai estar correndo perigo. Você não sabe o que eu sou.
            Ele piscou, carinhosamente.
            - E se eu disser que não me importo?
            Fiz cara de boba.
            -Então eu diria para me beijar. – disse, cometendo um grande erro.
            Sorri e ele chegou mais perto de mim. Senti seu hálito, como sempre sentira, senti sua respiração e, de repente, senti seus lábios.
            E foi mágico.
            Tocamos-nos de verdade, nos beijamos.
            O beijo foi doce, calmo, sem pressa – como eu sempre imaginara que seria. Não me entendam mal, mas eu sempre achei Petrus como sendo o tipo de cara carinhoso e fofo. O tipo de cara por quem qualquer anjo se apaixonaria, o tipo de cara por quem eu nunca deveria ter me apaixonado.
            -Estou sonhando? – disse, depois que nos desgrudamos.
            -Acho que não, - falou ele. – porque se não isso nunca teria acontecido.
            Ri. Era a mais pura verdade.
            Começamos a nos beijar mais intensamente.
            -Sam, eu te quero por inteira. – ele disse baixinho, em meus ouvidos.
            -Eu também te quero.  – respondi.
            Ele me segurou pelas costas, me levando até a cama. Deitamo-nos.
            De repente, me senti nervosa. Não entendi minha reação naquele momento, apenas senti que não era a hora.
            -Petrus. – disse, me soltando de um forte aperto. – Não quero fazer isso agora.           
            Ele levantou-se da cama, meio incrédulo.
            -Mas por quê? Você... – ele ficou nervoso também. - ...não me quer?
            Sentei-me e passei a mão pelos meus cabelos longos e bagunçados.
            -Não é isso. Só não sei como te falar, mas eu sou... – falei.
            Ele assentiu, sem me deixar terminar a frase.
            -Ok, tudo bem. Eu só achei que seria certo. – ele se sentou ao meu lado. Eu estava corada, e olhei para o outro lado. – Calma, eu não ligo. Só preciso que me explique algumas coisas.
            Mordi meu lábio. A revelação estava por vir.
            -Acho que neste momento estão vindo para cá, sabe, porque quebramos algumas regras aqui. – falei finalmente.
            - Quem está vindo aqui? – disse Petrus, confuso.
            -Os demônios. – respondi.
   
         Ele piscou várias vezes.
            -Então acho que devemos fugir. – disse ele por final.
            Virei-me, muito surpresa com o que acabara de ouvir.
            - Você escutou o que eu disse? – falei.
            -Sim, eu respondi que devemos fugir. E rápido.
            Fiquei calada por alguns segundos, absorvendo o impacto do que escutara.
            -Sam, - ele me disse, tentando me fazer compreender. – eu sempre soube que nosso romance não seria normal. E eu esperava algo estranho, eu sentia isso.
            -Mas, você aceita dessa forma?
            Ele fez o sorriso mais amável que podia e, como um cão sem dono, disse:
            -Eu faria qualquer coisa por você.
            Sorri e segurei o rosto de Petrus nas mãos, o beijando levemente.
            -Por isso te amo tanto. Você é o único que me entende.
            Petrus não falou nada, apenas levantou e me estendeu a mão.
            -Não temos a noite toda, mas bem que eu queria. – falou.
            Segurei sua mão e disse:
            -Como vamos sair? Acho que eles já estão lá embaixo.
            Olhamos ao mesmo tempo para a janela. Estava fechada com uma tábua mal colocada.
            -É, por que ser normal quando se pode sair pela janela? – disse ele, e eu ri.
            Puxamos as tábuas e pulamos pela janela, saindo em um telhado. Corremos por todo ele e pulamos para o próximo quando o mesmo acabou. Não via ninguém me seguindo, mas àquela hora da madrugada era difícil se ver algo. E demônios sempre foram muito, muito espertos.
            -Para onde podemos ir? – perguntou ele, me ajudando a subir em um telhado mais alto.
            -Bom, eu tenho uma ideia. A casa de Tyle.
            -E quem seria esse?
            -Digamos que ele é o demônio com mais condenações não cumpridas da face da Terra. E do inferno, claro.
            Petrus riu.
            -Estou adorando isso.
            By Babi

5 comentários:

  1. Tá muito legal meninas, vcs escrevem maravilhótimamente bem (maravilhotimamente? eu ri kk)
    Mas vcs estão de parabéens!!!! Bjs♥♥♥♥

    P.S: Adorei o what the hell u.u kkkk

    ResponderExcluir
  2. AHHHHH, QUE BOMMMM!! Haha, fico muitíssimo feliz com isso!!

    Ah, adorei essa sua foto! Linda!

    Bjs, Babi

    ResponderExcluir

Escrever é expor seus pensamentos...
Coloque um comentário e venha se aventurar também!