terça-feira, 3 de janeiro de 2012

17º Capítulo de O Beijo da Morte

Décimo Sétimo Capítulo
Bianca 


         Lilá estava machucada. Era apenas isso que James repetia enquanto saía correndo de minha casa. Não podia segui-lo, pois, apesar de conseguir ir para o colégio, meus machucados ainda eram graves. E, além do mais, aquela era noite de lua cheia.
         Eu e minha mãe não éramos seres sobrenaturais, mas nós duas tínhamos certo temor das primeiras noites de lua cheia. Sempre que saímos de casa nesses dias, alguma desgraça ocorria. A última fora o acidente de carro que matara meu pai.
          Porém, aquela noite estava extremamente estranha. O ataque de Karl a Lilá enquanto eles, bem, vocês sabem, era apenas uma das peculiaridades. Além disso, minha mãe havia ido dormir antes do pôr-do-sol, algo que só ocorrera no dia seguinte à morte de meu pai.
         Fui até o meu banheiro e toquei a pequena cicatriz que havia em meu pescoço. Eu havia ganhado-a quando era apenas uma criança e meus pais nunca conseguiram explicá-la. Disseram-me que Nate estava brincando comigo e depois a única coisa que se sabe é que um homem estranho quase nos matou.
         Abri a gaveta e encontrei uma foto antiga de meus pais. Eles pareciam felizes. Depois que eu nasci, nunca foram vistos mais assim. Há certos boatos que a culpa não era minha, mas sim do meu DNA. Minha mãe nunca quis me explicar a verdade.
         Em meu celular, uma mensagem piscou. De James. “Lilá, está sangrando. Isso não podia estar acontecendo. E ela não para de repetir seu nome!”. Aquela noite estava saindo do controle. Teria que enfrentar meu medo e sair dali.
         Vesti uma roupa confortável e desci a passos rápidos. Reparei que minha mãe estava muito silenciosa, mas não havia tempo para checar se estava bem. Ela sabia se cuidar, ao contrário daquela irmã de James. A garota era um ímã para desgraças!
         Algum instinto estranho me guiou pela floresta, enquanto me aproximava da casa de Karl. Nate já havia me trazido ali diversas vezes, quando ainda morávamos em outra cidade. Saímos pelas manhãs de bicicleta e chegávamos ali no fim da tarde. Minha mãe não se preocupava com nada. Ela de alguma forma sabia que meu melhor amigo me protegeria.
         Lilá berrava de dor no canto da sala, Karl já havia voltado a sua forma humana. A transformação só durava em torno de uma hora. James segurava a mão de sua irmã, enquanto ela agonizava. Logo que sentiu minha presença, ele se virou para mim:
         -Você não devia estar aqui! As luas cheias são sinais desgraçados para as Sern! – mesmo querendo me levar de volta para casa, ele não conseguia abandonar sua meia-irmã.
         -O sangue dela – começou a dizer Lilá – O sangue dela. O sangue dela. É a cura. O remédio.
         Karl e James me encararam perplexos. A cicatriz em meu pescoço doeu, de uma forma que nunca fizera antes. Aquilo era um aviso. Eu tinha pouco tempo para voltar para casa e me manter segura.
         Porém, algo me dizia que não era o certo a fazer. Aproximei-me de Lilá, no exato momento que Nate entrou na cabana:
         -Você realmente irá morrer para salvar a irmã do homem que tentara te matar quando você era uma criança. Seu sangue é apenas uma cura temporária – sua voz ecoou por todo o cômodo.
         -E qual seria a cura eterna? – perguntei a ele, sem me incomodar com os olhares de raiva de James.
         -Sua morte, Bia. Sua morte – é. A minha lua cheia não podia ser pior.
Escrito por StarGirlie.

6 comentários:

  1. Adorei!!!!!!
    Capítulo maravilhoso! A lua cheia realmente é um agouro para Bianca, hein?!

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  2. Muito obrigada, Lara! E sim... Vocês vão ter mais das "Malditas Luas Cheias" nos próximos capítulos [dando spoiler aqui srsrrssrsr]. Beijinhos, StarGirlie.

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  3. Que bom! Aposto que as "Malditas Luas Cheias" [adorei o nome, kkkkk] vão deixar a história ainda mais intrigante!

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  4. Espero que sim srsrrsrsrsrrs Beijinhos, StarGirlie.

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  5. Aii, fico tão feliz com isso, Jaque! Beijinhos, StarGirlie.

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