quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

34º Capítulo de O Beijo da Morte

Trigésimo Quarto Capítulo
Lilá

         Peguei-me divagando. Bianca parecia agitada, mas mesmo assim... como se pudesse vencer todos aqueles vampiros. Outra coisa parecia deixá-la daquela forma, mas não entendi o que na hora.
         James estava quase... feliz!? E, minha filha, que continuava em meus braços, lançou um olhar estranho para sua tia. Malícia. O que estava acontecendo com eles? 
         -Vamos dar as mãos. – disse Madi, dirigindo-se para a filha e também para Helena.
         Olhei para ela, não querendo largar de minha criança, que agora aparentava ter três anos.
         -Mamãe, é o melhor. – disse Helena, com seus olhinhos infantis, mas fortes.
         Soltei um suspiro.Aquilo era difícil. Difícil demais.
         Acho que Helena compreendeu que eu não conseguiria fazer isso sem ajuda, então olhou para o pai, já transformado novamente em humano.
         -Papai? – perguntou ela, e ele veio até mim. Desviei o olhar, pois sabia que estava desesperada como nunca antes estivera. Sentia minha filha indo embora.
         Karl tocou meu rosto de forma delicada, e lembrei-me daquela noite... Queria tanto poder ser uma adolescente normal. Uma com inseguranças normais, com problemas normais. Sim! Eu queria ter até mesmo as piores coisas, desde que...
         Desde que eu não estivesse envolvida num mundo onde não se pode sair uma vez que se está dentro.
         Finalmente, deixei as lágrimas rolarem e o abracei, soltando Helena. Todos viam o meu desespero. Era demais para mim.
         -O que aconteceu, filha? – perguntou meu pai, se aproximando. Larguei Karl por uns instante.
         -O que aconteceu!?!? – perguntei, brava. – Caramba, você ainda pergunta O QUE ACONTECEU? – respirei por meio segundo, antes de desembuchar tudo. – Nunca tive uma mãe! Nunca fui amada! Nunca pude fazer amizades reais, por medo que fizesse algo de errado com qualquer humano! Nunca tinha nem sequer beijado alguém antes de conhecer Karl! E tudo que eu mais queria, tudo que eu mais cobiçava, era nunca ter sido vampira, nunca saber da existência dos vampiros! E, de repente, chega Bianca. Vejo-me, então, não sendo mais um monstro. Sendo normal! E é aí que me apaixono. Por quem!? Por um lobisomem! E, claro, fico grávida. E me desespero, mas para quem falar? Bianca está em crise, e é uma Ners. James nem sequer presta atenção em mim. Meu pai está ocupado demais, sempre. E eu fico sozinha. Sozinha tendo que lidar com uma gravidez na adolescência e, adivinha!, com um problema com VAMPIROS ASSASSINOS! –berrei. – E você me pergunta QUAL É O MEU PROBLEMA? Minha própria mãe me odeia! Mas, apesar de tudo, o pior não é isso. O pior é que eu tive minha filha, e a amo. A AMO, entendem? E sabe o que estou fazendo agora? Deixando-a ir. Vendo-a a se machucar...
         Neste momento, não agüentei mais. Todos permaneciam calados, e caí no chão aos soluços. Era difícil demais. Impossível para mim.
         -Mamãe, eu também te amo. – disse Helena, quebrando todo o silêncio, como se de tudo que eu tivesse dito, aquela fosse a única coisa em que realmente tivesse prestado atenção. Continuei a desabar.
         -Não vamos te deixar sozinha mais. – falou James, me surpreendendo.
         E foi então que ergui os olhos molhados e percebi. Eles haviam dado as mãos. Todos, haviam dado as mãos.
         E, no meio do círculo, lá estava eu. Lá estava eu, sendo protegida por todos.
         Naquele instante, me senti mal. Não por ter falado tudo que eu achava, mas por ter realmente achado tudo aquilo.
         Todos tinham problemas. Bianca se apaixonara por um vampiro e descobrira ser poderosa demais. Madi percebera que sua filha estava partindo, assim como eu percebera que Helena precisava ir. James estava vendo o amor da sua vida lutar para salvá-lo. Karl notava, assim como eu, que Helena estava em perigo e não tinha como protegê-la. August estava tentando não deixar que nada desse errado com sua família. Nate via Bianca feliz com outro, mas não reclamava.
         Por que ela estava, de fato, feliz.
         E eu, além de todos os problemas, incumbia aquele círculo também o meu egoísmo. Meu egoísmo, que agora saía para fora por meio de lágrimas.
         Levantei, secando meus olhos. Devia levantar, senão por mim, por todos eles que se sacrificaram.
         Percebi instantaneamente que já ouvia os vampiros perto. Teríamos de agira rapidamente.
         No segundo que pensei isso, Madi, Bianca e Helena começaram um mantra.
         - Adsequi non potes, quia semper amor regnet. Adsequi non potes, quia semper amor regnet. Adsequi non potes, quia semper amor regnet. Adsequi non potes, quia semper amor regnet.
         Em segundos, todos nós repetíamos.
         E toda a dor, a solidão, a angústia, o medo... Tudo que senti... Não sentia mais. Era como algo que nos iluminava. Como luz.
         Repetíamos, repetíamos, repetíamos... E, olhando para as três Ners do grupo, que eram as mais centradas nas palavras, escutamos uma barulho.
         Um longo e alto pio.
         Haviam pessoas morrendo. Ou, pelo menos, coisas explodindo.
         By Babi

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