segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

36º Capítulo de O Beijo da Morte

Trigésimo Sexto Capítulo
Lilá

         E a luta começara.
         Todos ainda estávamos meio chocados pelo que havíamos acabado de ver: o real poder das Ners. Talvez elas nem tenham percebido a mudança que causaram em nós, mas eu, sim, havia notado.
         Continuava triste, é claro, mas algo crescera dentro de mim. Esperança, essa era a palavra.
         Logo que Bianca e James começaram a lutar com minha mãe, August e Madi se juntaram para acabar com Vitória e Nate e Helena começaram a brigar com Manoela. Estava prestes a arrancar minha filha da briga, quando Karl me puxou para um canto.
         -Lilá, há algo errado. – cochichou ele, com urgência na voz.
         -Sim, há várias coisas erradas, a começar por Helena...
         -Não. – cortou-me ele. – Não é isso. Há algo poderoso vindo, eu posso sentir.
         E isso mexeu comigo. Não por causa das palavras, mas sim porque eu sabia que eram verdadeiras.
         -Sinto também. – confessei. – E estou com muito medo, Karl.
         Ele me abraçou, preocupado. Ambos sentíamos que algo mais forte do que até mesmo Vitória, Manoela e Amélia. Alguma magia da floresta havia sido despertada, e estava atrás de alguém.
         Para ser mais exata, sabíamos que a magia queria Bianca, Madi e Helena. O poder delas, que tanto havia ajudado a todos, devia retornar para a terra.
         Mas, como havia percebido, o poder fazia parte delas. Elas eram o poder. O que significava que minha filha, minha melhor amiga e sua mãe iriam morrer.
         E não havia nada que eu pudesse fazer.
         Abracei Karl, tentando não pensar nisso. Precisávamos acabar de uma vez com os vampiros assassinos que batalhavam. Por mais que um deles fosse minha mãe.
         Estava quase saindo dali, correndo para ajudar Nate e Helena, quando Karl pegou, gentilmente, mas de forma desesperada, meu braço.
         -Lilá, espere.
         -Não posso mais, Karl...
         E ele me beijou. Era um beijo triste, mergulhado em lágrimas. Mas também era feroz, já que sabíamos, seria o último.
         Abracei-o forte, enquanto nossos lábios ainda estavam colados. No meio a tanta confusão, malmente pude pensar em Karl. Pensar em mim mesma.
         -Lilá, me desculpe. – disse ele, com mais lágrimas caindo. – Eu não quis te causar tudo isso. Não quis que você tivesse ficado grávida, não quis ser um lobisomem. E, se sobrevivermos, me afastarei de você, como merece.
         Neguei com a cabeça.
         -Não se desculpe. Você me deu Helena, meu maior presente. E, se não fosse um lobisomem, nunca teria conseguido fugir dos vampiros. Só não entendo como se controlou...
         -Não importa. – interrompeu ele, como se isso doesse. – Também não saberia responder essa pergunta, mas de uma coisa tenho certeza. Eu te amo, Lilá, e isso nunca vai mudar.
         Chorei mais ainda com aquelas palavras. Como doíam! Karl havia conseguido até mesmo domar sua maior força interior, apenas por mim. E tudo que eu havia feito fora julgá-lo.
         -Ah, Karl. Também te amo. Muito.
         Não havia palavras para dizer o que eu sentia. Admiração, orgulho, amor. Nenhuma destas bastava.
         Dei-lhe mais um beijo, antes de largá-lo e sair de perto. Se continuasse ali, nunca mais iria sair.
         Tentei tirar os pensamentos de minha cabeça, já que uma luta mortal estava acontecendo. Mas, quando realmente vi o que ocorrera, suspirei, um pouco mais aliviada. Amélia, Vitória e Manoela estavam no chão, inconscientes.
         Eles conseguiram.
         Eles as venceram.
         Olhei para Helena, que estava toda descabelada e suja, e sorri. Aquela era minha filha. Minha pequena filhinha, que agora quase com cinco anos (aparentemente, pelo menos), já havia derrotado vampiros poderosos.
         Mas antes mesmo que eu pudesse abraçá-la, aconteceu. No meio de todos nós, um buraco começou a surgir.
         Gritei pelo nome de minha filha, e depois olhei para a mão de Karl, que me segurava. Por pouco, eu não havia ido junto.
         E, enquanto todos berravam de pavor, o buraco ia aumentando. Vi Nate, após um grito desesperado de Karl, segurar a mão de Helena, que parecia estar sendo sugada para dentro daquele buraco.
         E então eu percebi que a hora havia chegado. Bianca, que estava abraçada a James, também berrava de medo. Queria permanecer, queria ficar ali.
         Meu pai estava com as mãos apertadas em torno de Madi, que chorava como nunca vira. Ela o beijara, e sussurrara alguma coisa, e percebi que estava sendo difícil demais para todos.
         Mas o que eu, uma mera humana, poderia fazer?
         O buraco, agora como um mar de luz, estava chamando seus poderes novamente. Estava chamando seus descendentes, seus filhos.
         Os filhos da morte.
         E, a cada segundo, a força que fazia sob Bianca, Madi e Helena era mais forte. Até que minha filha, a única que parecia ter compreendido que aquilo era inevitável, se soltou de Nate.
         Antes de ser sugada, lançou um último olhar para mim e para Karl, um olhar que dizia claramente... Eu te amo.
         Não sei como fiz aquilo, e como tive coragem.
         Mas, depois de meio segundo, pulei atrás de Helena no buraco iluminado.
         Pulei para minha morte.
         By Babi 

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