segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Pior Palestra de Todos Os Tempos - Primeiro Dia

Pior Palestra de Todos Os Tempos


                Felipe estava irrequieto. Olhava fixamente para frente, mas não parecia estar prestando atenção alguma na palestra que se desenrolava em sua frente.  Ele não se lembrava nem como chegara ali. Tudo parecia estranho enquanto observava aquela menina.
                Ela estava sentada na primeira fila. Seu cabelo castanho claro balançava enquanto conversava animada com suas amigas. Felipe não se lembrava de tê-la visto no ano anterior, mas algo nela era familiar. Talvez tivesse a visto mais cedo.
                -Volte pra Terra – disse sua amiga Luisa. Ela era até mais bonita que a garota da primeira fileira, mas ainda assim era a “evil Luh”, que Felipe adorava implicar. Os dois se conheciam desde que nasceram e o garoto nunca a havia considerado uma opção de namorada. Mas se bem que durante as férias, a aluna pareceu mesmo ganhar um ar malvado.
                -Ah, oi, Luh. Desculpa, estava prestando atenção... – ele encarou o cartaz preso na parede, tentando se situar – na palestra contra o bullying. E você me desconcentrou.
                -Clarooo! Você estava tão concentrado na palestra que quase babou em cima daquela coitada – quando Felipe a encarou, Luisa revidou – O quê? Você pensa que eu não percebi? Aquela menina é sua nova...
                -Ela não é minha nova nada! – disse o garoto um pouco alto demais, fazendo com que a professora que discursava parecesse de falar. – Há algum problema aqui? – perguntou a mulher.
                -Não, nada – disse Luisa. Era possível vê-la se contorcendo para não rir. Felipe era seu amigo e não merecia se encrencar. Ainda mais com seu histórico. Ser suspenso no primeiro dia não era um bom sinal.
                A professora voltou às suas falas tão previsíveis e Felipe sussurrou um "obrigado" no ouvido de Luisa. Apesar de os dois terem quase se envolvido em problemas, aquilo chamara a atenção da misteriosa aluna. Ela lhe lançou um olhar de desprezo, o que não foi muito bom. Talvez no futuro seus sentimentos por ele mudasse.
                Felipe relaxou na cadeira e observou seus colegas, que, infelizmente, conhecia muito bem. Eles eram muito previsíveis e, se não fosse por Luisa, ele teria mudado daquele colégio há muito tempo. Agora agradecia mentalmente por não ter saído dali.  A linda garota sentada a duas fileiras dele era um ótimo motivo para permanecer naquele purgatório.
                 -Felipe? - o garoto se virou e encontrou sua irmã sentada atrás dele. Todo mundo perguntava se eles eram gêmeos, mas a menina era um ano mais velha que ele. Ser o irmão mais novo não seria algo bom caso ela não lhe respeitasse tanto.
                 -O que houve, mana? - Felipe tentou abaixar sua voz ao máximo. Não queria que a menina de cabelos castanhos o visse como um baderneiro. Sua irmã riu como se lesse seus pensamentos.
                 -Só quero avisar que você não é o único interessado nela - ela apontou para a garota sentada tão longe - Vi o Desgraçado com ela mais cedo.
                  Desgraçado era o ex-namorado de sua irmã. Eles haviam começado a tratá-lo daquele modo desde que o garoto se metera em uma briga com Felipe. Obviamente, o odiavam com toda força possível. 
                  Luisa se mexeu irrequieta ao seu lado. Ela tinha uma queda pelo Desgraçado, mas nunca a assumira claramente para Felipe. Aquilo poderia tornar a amizade dos dois um pouco mais instável. Era melhor esconder uma paixão do que perder um amigo.
                   -E eu gostaria de chamar os novos alunos - a professora falava rápido demais e todos os convocados se levantaram ao mesmo tempo. A menina de cabelos castanhos também. Não era possível descobrir seu nome em meio aquela confusão.
                  Quando ela recusou o crachá de alunos novos, Felipe não sabia se ria ou se chorava. Era ótimo que a garota não fosse uma idiota que andava com aquele troço por mais que o necessário, mas essa atitude também significava que para descobrir seu nome, teria que perguntar pessoalmente. Ou se dirigir ao Desgraçado.
                   A mulher liberou os alunos e cada um teve que esperar sua professora levá-los de volta às salas. A garota logo se levantou. Felipe suspirou. Ela pertencia àquela sala. Nunca falaria com ele. Os alunos de lá eram os melhores e ninguém de fora tentava se aproximar deles. 
                   Entretanto, ao sair da sala, a menina deixou sua pulseira cair de seu pulso. A oportunidade estava lá. Felipe saiu de sua turma e a pegou. Teria que entregá-la. Não importava que ela fosse lhe humilhar.  Talvez aquele começo não tivesse sido ruim. É, talvez.
Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. Nãão tinha visto esse texto ainda =/
    Adorei rsrs'
    Esperando proxima parte
    Beijinhos ;*

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    Respostas
    1. A próxima parte já está até escrita. Espero que goste ;D Beijinhos, StarGirlie.

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