quarta-feira, 2 de maio de 2012

42º Capítulo de Sempre Um Começo

Quadragésimo Segundo Capítulo
Luisa



Eu não sei o que Aline estava pensando quando começou a bater em Lola, só sei que estava torcendo para que minha melhor amiga mostrasse àquela ruiva que sua atitude não era nem um pouco aceitável.
Porém, quando Paolo controlou a briga, decidi ir embora do colégio. Ofereci uma carona a Felipe, mas ele ficou com vergonha de ser levado para casa pela minha irmã mais velha. Prometi que ligaria para ele mais tarde.
Quando cheguei em casa, corri para meu quarto e me tranquei lá. Disse para Dani que iria almoçar em poucos minutos enquanto tentava encontrar o que tanto me interessava. Revirei meu armário, minha escrivaninha e até as gavetas do banheiro. Não estava em lugar nenhum...
Então, me lembrei de quando minha mãe, acreditando que eu e Daniele escondíamos um revólver dentro de casa, revistou meu quarto. Com medo que ela encontrasse o meu objeto de maior estima e o destruísse, fiz algo inesperado: abri um buraco na parede e o guardei ali.
Obviamente, tive um trabalho imenso para camuflá-lo e desde então, havia decidido nunca mais mexer nele temendo que um dia alguém o encontrasse. Mas chegara a hora de abandonar meu medo.
Puxando a madeira que fechava o local secreto, não demorei a encontrar a pequena caixinha que guardava minha maior relíquia. A poeira cobria todo o papelão, impedindo que se lesse a frase ali escrita em caneta permanente: Um segredo só é bem guardado quando todas as suas provas estão enterradas ou queimadas.
Senti um arrepio na espinha. Eu não devia fazer aquilo, não quando minha vida estava se ajustando e todas as pessoas me aceitavam finalmente. Felipe era meu namorado e tinha Aline e Cecilia como minhas melhores amigas. O que mais poderia pedir a Deus?
-Luh, sua comida vai esfriar! – gritou Daniele do primeiro andar. – Já estou indo! Dê-me mais cinco minutos!
Não tinha tempo a perder. Toquei as palavras inscritas no papel e abri a caixa. Não sei o que se passou em minha mente naquele momento, só me lembro de ter começado a gritar de raiva. Raiva, desespero e, principalmente, traição.
Ninguém sabia que aquele objeto estava guardado em meu quarto. Na verdade, ninguém nem conhecia sua existência. Então, se ele havia sido roubado só existia uma pessoa que poderia ter feito isso.
Desci as escadas apressada e não posso dizer que estava surpresa quando cheguei à cozinha e encontrei Daniele me esperando sem nenhum traço de amor em seu rosto. Eu sabia o que aquilo significava.
-Como você pôde? – perguntei, sem acreditar que todo o tempo que vínhamos passando juntas era uma mentira, que Dani me usara o tempo inteiro.
Sua risada ressoou pela cozinha. – Você realmente achou que eu era sua amiga? Que eu era uma ridícula que nem você? Que eu também me cortava? – cada palavra cortava meu coração. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo.
-Aonde ele está? – eu não queria escutar mais maldades vindas de minha irmã mais velha. Ela devia ser minha protetora, não meu carma. Porém, em minha família, ninguém se importava comigo.
Daniele se aproximou de sua bolsa e puxou uma embalagem. Minha reação automática foi partir para cima dela, porém, minha irmã era mais forte e me empurrou para longe. – Você está desesperada né?
-Não – menti, enquanto via minha vida em suas mãos. Aquilo era muito pior que o material que Aline tivera contra mim e agora já estava destruído. O que Dani carregava era praticamente uma bomba-relógio prestes a explodir minha vida.
-Pois devia ficar – riu Daniele, enquanto, com uma rapidez chocante, saía correndo com minha relíquia, alcançando seu carro antes que eu fosse capaz de sair de casa.
Joguei-me no chão gelado, desesperada. Não adiantava correr atrás de minha irmã. Ela já tinha minha vida em suas mãos, pois aquele objeto não era um colar ou uma chave.
O que Dani levava agora era um caderno cheio de xingamentos a todos do meu colégio, inclusive meus amigos e meu namorado. Nele, estavam meus planos maléficos e também meus desabafos depressivos. Aquilo não era apenas a versão “censurada” que me levara a tentativa de suicídio.
Daniele Coral agora possuía o verdadeiro e único O Caderno.
Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. Eita!!! rsrsrs
    Agora estou mesmo boquiaberta kkkkkk Tipo... Pensei que ainda restava humanidade na Daniele, mas isso?! Foi a gota d'água!!!

    Beijos, da sua grande fã
    Larinha Andrade
    the-adolescent-dreamer.tumblr.com

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    Respostas
    1. Eu sabia que essa revelação ia deixar vocês chocados. Ela já estava sendo planejada desde a época que a Daniele começou a se aproximar da Luisa, mas como estávamos entrando na reta final e ainda não havia surgido essa descoberta, achei que não daria tempo. Felizmente, deu :) Beijinhos, StarGirlie.

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