quarta-feira, 21 de setembro de 2011

29º Capítulo de A Vida Depois do Fim

Vigésimo Nono Capítulo
A Troca (Narrado por Scorpius)


            Não sabia como descrever aquela sensação. Eu não me sentia mais vivo, mas de forma alguma morto. Podia ouvir o choro de Rosa, sentir suas lágrimas caindo em meu rosto, mas não conseguia dizer nada para consolá-la. Ela caía em um sofrimento cada vez mais profundo e minha presença era inútil para ajudá-la. Na verdade, essa era a causa de toda a dor.
            Scorpius, por favor, não me deixe. Não agora que tudo estava dando certo e que enfim estávamos juntos. Disse a voz de Rosa em minha mente. Sabia que ela estava tentando se conectar a mim, mas eu não era capaz de responder.
            Perguntava-me mentalmente se aquela era uma consequência da troca que eu fizera horas antes. Apesar de extremamente arriscada, era a única forma de salvar a vida de Rosa. Ela nunca sobreviveria às duas mortes que eram necessárias.
            Não consigo descrever como foi horrível quando percebi que a garota que eu amava não era apenas uma horcrux, ela era duas. Tanto Salazar quanto Rowena haviam colocado sua alma nela. Para que ambos pudessem ser derrotados, Rosa deveria morrer duas vezes.
            Sei que pedi a Lilian para me matar por causa da aparente morte de Rosa, mas outro motivo também foi o meu desejo de livrar os sobreviventes da invencibilidade dos Fundadores. Agora, posso ver que tomei a decisão correta.
            Quando Rosa disse “Avada Kedavra”, realizei um feitiço mental e transferi a alma de Salazar que havia em seu corpo para o meu. Daquele momento em diante, ela estava livre daquela maldição. Era arriscado, mas necessário.
            Quantas vezes eu vou ter que te chamar para você voltar? Scorpius, eu não posso te perder. Disse Rosa em minha mente novamente. Ela não desistia e, apesar de amá-la, sabia que não era certo. Eu estava morto.
            -Parece que você ainda não conseguiu partir – sussurrou uma voz que de alguma forma estava ao lado da minha alma. Quando “me virei” para vê-la, me assustei ao encontrar Tonks me observando com seu cabelo roxo.
            -Ninfadora? – perguntei, sabendo que se fosse ela mesma, teria uma reação extremamente única:
            -Não me chame assim, Scorpius! Que coisa! Você sabe bem que não gosto de ser chamada assim! – seu cabelo ficou vermelho por alguns segundos, mas me senti acolhido de estar perto de alguém “conhecido”.
            Enquanto me dava conta cada vez mais que havia falecido, percebia que não estava em meu corpo. Minha alma estava no fundo da sala onde tanto eu quanto Alvo e Rosa morremos. Observava todos chorarem e me sentia extremamente incapaz de mudar a situação.
            -Ela não vai te deixar morrer – disse Tonks me tirando de meus devaneios. Olhei em seus olhos e percebi que estes observavam Rosa.
            -Como? Ela tem apenas 13 anos de idade.
            -Você também e não foi capaz de transferir uma horcrux? Nunca tinha conhecido um bruxo que conseguira tal façanha.
            -Mas eu me matei – aleguei.
            -Não. Você não morreu. Seu corpo apenas está em descanso. É a sua hora de escolher se quer permanecer vivendo ou partir definitivamente.
            -Rosa passou por isso? Nas últimas horas?
            -Sim – respondeu Ninfadora.
            -E por que ela demorou tanto? Não é claro que a resposta é ficar na Terra? – questionei, enquanto observava, com ciúmes, Alvo abraçando Rosa.
            -Não, Scorpius. Não é tão simples. Veja o que acontece na sua frente. Não vê Rosa e Alvo juntos? Os dois estão há séculos tentando que isso aconteça.
            -Como assim? – minha voz falhou.
            -As almas deles estão tentando se unir. Eles são como Rowena e Godric, o casal que deveria ter ficado junto. Mas sempre há alguém para atrapalhar. No caso dos Fundadores, Salazar – explicou Tonks.
            -E neste caso, eu – completei – Ela sabe disso?
            -Sim. Mas quando contei, ela não se preocupou em tornar isso algo real.
            -E com o quê se preocupou?
            -Ela queria ter certeza de que você não sofreria. Se isso acontecesse, Rosa preferia partir.
            -Está falando sério? – perguntei, enquanto Rosa afastava Alvo de si. Suas mãos tocaram meu rosto e, apesar de tudo, ainda pude sentir o formigamento que acontecia quando nossas peles se tocavam.
            -Sim. Agora é a sua vez. O que você escolhe?
            Observei os olhos azuis de Rosa, seu cabelo vermelho, suas bochechas da mesma tonalidade, seu corpo diminuto, suas lágrimas doces e sua voz delicada. Nos últimos seis meses minha vida estava resumida a ela.
            -Eu escolho viver – respondi apenas. E então, tudo mudou.
            O mundo parecia girar ao meu redor. Todos os objetos e pessoas desapareceram, inclusive Rosa. Não havia nenhum som nem movimento. Estava em uma escuridão total.
            Esperei para que tudo voltasse a aparecer, mas nada aconteceu. Eu estava trancafiado em uma prisão eterna. Preso em meu próprio sofrimento, pensando no de Rosa.
            Quando minhas esperanças estavam acabando, decidi que tinha que, pelo menos, tentar despedir de Rosa. Reunindo todas minhas forças, enviei uma pequena mensagem a ela:
            -Eu te amo.
            Só que algo inesperado acontecera. Ao mesmo tempo em que minha voz dizia aquelas palavras, a dela as repetia. Estávamos na mesma sintonia, em um momento único.
            As lágrimas caíram dos olhos de Rosa quando esta percebeu que aquele momento não podia ser real. Ela não sabia a verdade, mas eu sabia. Aquilo realmente acontecera.

            Em uma mudança inesperada, senti meu corpo novamente. Meu coração voltara a bater, meus olhos abriram-se novamente, minha respiração acontecia de novo. Quando vi meu amor ao meu lado, não pensei duas vezes e fiz algo que queria há muito tempo.
            -Eu te amo – sussurrei antes que nossos lábios se unissem pela primeira vez. A primeira de muitas.

Escrito por StarGirlie.

3 comentários:

  1. Sabe? Nada tem sido igual. Estou numa fase da minha vida que está tudo descontrolado. Tenho saudades dos meus amigos, mas parece que eles nem se lembram mais de mim. Sinto vontade de chorar, gritar, mas nada disso adianta. Um beijo de papel ou uma rosa em botão. Mas nada tem sido igual. Talvez eu estaria esperando uma vida como nas histórias de Jane. Sou muito pisada neste mundo. Ninguém me vê. Nada tem sido igual. Essa é a pura verdade, mesmo que cruel.

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  2. Nossa, Tatáh, que profundo. Mas você quis dizer que isso está acontecendo mesmo ou é outra coisa? Beijinhos, StarGirlie.
    Obs: desculpa não ter respondido o seu outro comment é que eu não tava conseguindo. Como está sua história?

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  3. Sei lá. Me sinto muito triste as vezes. Eu só consegui escrever o começo da história.

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