domingo, 17 de julho de 2011

10º Capítulo de Maldade Angelical

Décimo Capítulo
Elizabeth

            Eu estava numa sala branca, iluminada pela luz solar. Lembrava-me algum lugar, mas não conseguia dizer qual. Era linda. Encantei-me tanto que comecei a tocar as paredes que pareciam feitas por anjos.
            Um grito escapou de meus lábios. Com o meu toque, tudo se tornou preto. E podre. Um cheiro horroroso se espalhou pelo ar. Caí no chão, intoxicada pela morbidez daquele local, quando uma voz ecoou pelo cômodo:
            Ele está morto, você sabe disso”
            Em meio àquelas palavras, um garoto apareceu ao meu lado. Tentando suportar a dor de abrir os olhos naquela sala letal a anjos, consegui ver quem era. Com seu cabelo castanho e sua pele levemente bronzeada, Ben me observava. Porém, seus olhos já não eram mais verdes. Eram da cor violeta.
            Seu corpo começou a se curvar sobre o meu. Sua boca se abriu. Um sorriso macabro apareceu. E ele atacou. Meu pescoço.
            Acordei. Suor escorria por meu rosto, se misturando às lágrimas. No sonho, Ben havia se tornado um Sepore. E depois daquilo não haveria volta. Ele teria que ser morto. Se já não estivesse.
                        Senti um incômodo nos olhos. Olhei para o lado em busca do meu espelho, quando percebi que já não estava mais em minha casa, mas sim em uma floresta. Com Samantha. Minha irmã gêmea há tanto tempo perdida.
            Ela ainda dormia em um sono profundo. Não parecia de forma alguma um anjo da morte. Nem mesmo um anjo. Samantha era outro ser, eu podia sentir isso. Como também sabia que havia algo de errado comigo.
            Mexi em meu cabelo loiro. Fios se soltaram, enroscando em meus dedos. Toquei meu rosto e senti uma aspereza perto do queixo. Encostei a ponta de meus dedos em meu pescoço, sendo atingida em seguida por uma pontada de dor.
            Levantei-me em um pulo, despertando Samantha. Ela bocejou antes de perceber meu desespero e se por de pé também.
            -O que houve, Lizzie?– ela parecia realmente preocupada.
            -Há algo de diferente em mim? Diga-me, pelo amor de Deus! – chacoalhei-a em plena súplica.
            -Seus olhos – Samantha se soltou, segurando uma de minhas mãos e me levando até um rio que havia perto de onde dormimos.
            Ao ver meu reflexo na água clara, comecei a chorar. Eu estava morta. Ou, pelo menos, estaria quando Robert visse o que havia acontecido. Meus olhos não eram mais verdes. Como os de Ben no sonho, eles agora eram violetas.
            -Por que você está chorando? – minha irmã se sentou ao meu lado. Ela parecia inocente ao ponto de não ter reparado a mudança.
            -Eu me tornei uma Sepore. Você não é capaz de ver isso pelos meus olhos violetas? – revelei em meio a soluços.
            -Mas você é um anjo, não pode ser controlada por outro – afirmou, convicta, Samantha.
            -Será que nem mesmo por Ângela? É mais poderosa do que os outros.
            -E você é mais poderosa do que ela, pode ter certeza – retrucou Sam. Ela parecia confiar realmente em meus poderes.
            Quando senti a água gelada bater em meus dedos, tomei uma decisão. Tirei meu casaco, virei-me para minha irmã e disse:
            -Eu não vou ser um perigo para vocês. De jeito nenhum. Cuide de Ben, por favor. Ele parece ser um ímã para monstros. Ter me atraído é a prova disso – dei um sorrisinho tímido – Peça desculpas a Robert e Emma por não ser tão forte quanto eles queriam. E, acima de tudo, saiba que eu te amo, irmã.
            Antes que Samantha pudesse prometer cumprir qualquer coisa, lancei-me no rio. O baque da água cortou o ar de meus pulmões, não tentei voltar a terra. Apenas deixei que fosse puxada para cada vez mais fundo.
            Não sabia nadar, portanto me jogar naquele lugar era praticamente um suicídio, mas eu preferia encarar aquilo como um sacrifício. Salvara todos que eu amava de ter que me matar. Sendo uma Sepore, aquele era meu único destino.
            Senti meu corpo afundar, mas parecia que minha alma se soltava dele. Percebi que era capaz de subir para a superfície novamente. Meu espírito estava solto de qualquer “prisão terrestre”, mas eu não morrera ainda. Podia sentir isso.
            Apesar de não ter mais um corpo, ainda saí “molhada” daquele incidente. Meu cabelo loiro estava empapado em volta de meu rosto. Porém, felizmente, agora meus olhos haviam voltado à coloração original. Eu era “eu” novamente.
            Samantha estava aos prantos. Ela também não sabia nadar e depois de minha despedida, acreditava que eu estava morta. Foi neste momento que percebi algo. Conseguia ver a aura dela. Era vermelha. Como se estivesse cheia de paixão. Bem o estilo de minha irmã.
            Queria poder dizer para que não chorasse, que visse pelo lado de bom. Havia menos um perigo.
            -E menos uma heroína ­– disse uma voz atrás de mim. Virei-me. Era Emma. Com suas longas asas lilás.
            -Você consegue me ver? – perguntei perplexa.
            -Claro, Lizzie! Você não está morta – afirmou Emma em voz alta, atraindo a atenção de Samantha. Ela olhou diretamente para minha amiga anj, demonstrando assim que não podia me ver.
            -O que você disse? – questionou Sam tentando enxergar onde eu estava. Emma dissera claramente “Lizzie”.
            -Eu disse que a Elizabeth não está morta. Ela apenas descobriu novos poderes.
            -O quê?! – exclamamos eu e minha gêmea ao mesmo tempo. O som pareceu ecoar por toda a área.
            -Isso mesmo. Como você, Samantha, a Elizabeth ainda não testou boa parte de seu potencial. Porém, hoje, ela conheceu novas habilidades – explicou Emma flutuando sobre o rio ao meu lado.
            -E quais seriam? – aquilo não parecia verdade, pelo menos, não para mim.
            -Você é capaz de se metamorfosear, como fez adquirindo os olhos de Sepore, e também pode se separar de seu corpo, quase se tornando um fantasma, como está acontecendo agora – explicou Emma.
            -Então eu fiz tudo isso?
            -Sim, sozinha.
            -Ai. Meu. Deus. Como vou sair de lá? – apontei para o fundo do rio.
            Dois corpos saíram da água, lançando-a para todo o lado. Senti-me sendo puxada. Em menos de um segundo, percebi que havia voltado para meu corpo.
            Robert me abraçava com toda força, tentando ter certeza que eu não iria partir. Lágrimas caíam de seus lindos olhos. Ele estava desesperado até que percebeu que minha mão tocava seu rosto.
            -Eu estou viva, Rob. Estou bem – sussurrei em seu ouvido. Um sorriso apareceu em seus lábios e antes que eu percebesse, ele me beijou.
            Um beijo apaixonado, desesperado. E errado. Eu amava Ben e aquilo não podia acontecer. Além do mais, não conseguia afastar Robert. Não era apenas sua força, mas o fato que ele era meu melhor amigo já me impedia de acabar com o momento. Não podia magoá-lo. Mas também não poderia fazer isso com meu amado.
            Algo jogou Robert o mais longe possível de mim, lançando-o novamente para o fundo do rio. Nadei para a superfície em alta velocidade e comecei a correr. Passei por Emma e Sam sem parar. Não podia. Tinha que encontrar Ben, alguma coisa me dizia que ele estava em perigo. E mesmo que eu fosse fraca, teria que salvá-lo.
            Foi quando percebi. Havia sido o meu poder que afastara Robert. Eu era forte. E ninguém chegaria a Ben antes de ter que passar por mim. Nada o atingiria, porque caso fosse preciso, eu até mesmo mataria qualquer ser que não tivesse boas intenções com ele. E algo no meu coração dizia que era isso que eu teria que fazer. Em breve.
Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. O.M.G!! Ta demais!! Posta o próximo capitulo, posta o próximo capitulo!! *----* ~~ansiosa~~

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  2. Eu também estou, Bruna! Tomara que a Babi poste o quanto antes o próximo capítulo! ssrrssrsrsr Beijinhos, StarGirlie.

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