terça-feira, 26 de julho de 2011

19° Capítulo Maldade Angelical

Décimo Nono Capítulo
Samantha


            -Lizzie! – gritei, ao ver minha irmã sendo carregada pelo namorado.
            -Sam! – ela se soltou e correu ao meu encontro. A chuva nos molhava, mas eu não ligava para isso. O importante era a saúde da garota que eu tanto amava.
            Petrus foi até Ben e o abraçou também.
            -Nunca mais faça isso, cara. Quase me matou de susto!
            Os dois riram e uma navalha pareceu perfurar meu coração; eu ainda não contara nada sobre a noite anterior.
            -Onde está mamãe? E papai? – perguntou Lizzie.
            No tempo em que ela estivera fora, pude conhecer mais afundo meus pais. Enquanto Robert e Emma a procuravam, tentei entender tudo que acontecera durante os anos em que havíamos ficado distanciados.
            -Na cabana, se recuperando do susto. – sorri e ela retribuiu.
            Soltei Lizzie e deixei que fosse com nossos pais. Ainda haveria muito tempo deles para mim.
            -Petrus? – chamei. O sol estava se pondo e eu não aguentava mais o nó que apertava meu coração.
            -Sim, amor? – respondeu ele, e eu estiquei a mão.
            Petrus pegou-a e eu o levei para a floresta, assim como fizera na noite anterior com...
            O pensamento me machucava. Alguns segundos, e eu falaria tudo...
            -O que foi? – perguntou ele, sorrindo.
            Antes que pudesse responder, caí no choro.
            -Meu Deus, não chore! – falou, preocupado, já me abraçando.
            -Não, não encoste em mim! – disse, cambaleando para trás.
            -Por que está assim? Por que você ficou durante o dia inteiro me evitando? É aquela coisa? Porque eu não ligo, você sabe...
            -Não. Pare de ser tão bom, eu...
            Eu sabia que no momento em que dissesse, não poderia nunca mais ter uma conversa como aquela. Não poderia mais beijá-lo, nem vê-lo, talvez. Ele ficaria com nojo, nojo de mim; sem dúvidas iria embora. Contanto, era necessário.
            -O quê?
            -Eu te... eu te... te...
            Mas as palavras não saíram. Não conseguia, e não era por que não quisesse, mas havia algo me impedindo. O pacto.
            -O que aconteceu? – falou Petrus preocupado.
            -Eu não consigo.
            -Pode contar comigo, pode contar tudo...
            -Não, você não entende! – disse, chacoalhando a cabeça. – Por causa do pacto, eu não posso te dizer...
            -Pacto?
            -É... mas talvez...
            Estralei os dedos e um papel apareceu. Estava melhorando no assunto “materialização”. Logo, uma caneta também surgiu. O pacto fora sobre não podermos dizer nada sobre o que fizéramos... isso não incluía escrever sobre isso.
            E eu mostrei a ele, com todas as letras, o que acontecera:
            “Eu te traí. Eu dormi com Austin.”
            As lágrimas rolaram mais forte enquanto Petrus lia.
            -Como...?
            Pela expressão dele, já me senti humilhada. Eu queria me matar; me mataria mil vezes, só para nunca mais ver aquele olhar tão decepcionado em seus olhos.
            Comecei a soluçar mais alto e fiquei de costas para Petrus. Depois de alguns minutos, ele se posicionou novamente à minha frente. Vi lágrimas em seus olhos.
            -Mas você... o ama?
            Olhei chocada para ele. A resposta estava clara para mim.
            -Não! Eu te amo Petrus, e eu me arrependo, me arrependo pelo que fiz!
            -Por que fez então? – ele não estava bravo. Só parecia... cansado. Mais uma vez, foi como uma punhalada pelas costas.
            -Eu não sei. – sussurrei. – Ele me... entendeu.
            -E eu não te entendi?
            -Não, não é isso. É que ele me conhece. Eu vivi com ele durante muito tempo, ele sempre viveu nas mesmas condições que eu, e eu estava com medo de te ferir... não sei se é bem isso.
            -O que é então?
            -Eu não sei. Eu...
            Caí no choro novamente. Eu nem sabia porque tinha feito aquilo.
            -Você precisava. E ele tinha uma coisa que eu não tinha. – disse Petrus, colocando a mão em meu ombro. – Segurança.
            Olhei em seus olhos, e soube que eu nascera para neles permanecer. Ele era minha alma gêmea, e com medo de machucá-lo, o feri ainda mais.
            -Sam, eu sei que está arrependida. – disse ele, finalmente.
            -Sabe? – falei surpresa.
            -Eu vejo. Seus olhos dizem muito mais do que sua boca.
            Sem pensar duas vezes, o beijei. E ele correspondeu. O beijo mais molhado que já tivera, confesso, pois não consegui parar de chorar em nenhum momento. O soltei e respirei fundo.
            -Petrus, me desculpe. Me desculpe, eu te amo, eu nunca quis fazer isso com você...
            -Eu sei, eu sei amor. Não importa o que você fez. O importante é que soube corrigir, se arrependeu.
            Sorri. Beijamos-nos novamente, mas antes que fizéssemos qualquer coisa, falei:
            -Não vamos fazer isso aqui. Quero que seja especial para nós.
            Ele concordou.
            -Você é tão linda. – falou.
            -E você é a melhor pessoa que eu conheço.
            -Eu te amo, Sam.
            -Eu te amo, Petrus.
            Ele beijou minha testa, mas logo depois algo cortou nossa felicidade: um grito.
            -Lizzie. – falei logo, já me preparando para correr.

Austin

            Eu vi. Vi quando Sam chamou Petrus. Ouvi quando ela tentou contar o que aconteceu. Senti o que ela fez após. Escutei seus soluços e, principalmente, o que ele disse logo após. E doeu, doeu muito o modo como ela disse que para eles não podia ser ali, que ela queria um lugar especial. O lugar onde foi para nós.
            Mas agora, alguém gritava. Elizabeth, a irmã de Sam, estava caída no chão.
            O namorado da garota, Ben, correu para seu lado, assim como os anjos. Ela estava tendo mais algum tipo de “visão”. Logo, sussurrou:
            -Ela... está... esperando.
            By Babi
            

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