terça-feira, 19 de julho de 2011

12º Capítulo de Maldade Angelical

Décimo Segundo Capítulo
Elizabeth
            Os braços de Ben me envolviam, enquanto ele me carregava pela areia da praia. Havíamos nos afastado muito dos outros, mas precisávamos de um momento a sós. Depois de sua morte, pude perceber o quanto sua falta afetava meu comportamento.
            O vento estava levemente gelado, mas junto ao corpo de meu amado, não conseguia sentir nem um pouco de frio. Era como se depois de ressuscitar, ele tivesse ganhado um calor sobre-humano. E, particularmente, eu adorava essa nova característica.
            Como anjo, eu normalmente era fria. Era engraçado pensar que havia aquela diferença física. Muitas pessoas pensavam que era apenas uma metáfora, mas não. Éramos realmente diferentes dos anjos da morte.
            Ben me colocou em pé sobre a areia e me abraçou por trás. Com todo aquele charme convencido que eu amava nele, sussurrou em meu ouvido:
            -Qual é o seu maior sonho?
            Tentei me virar para olhar em seus olhos verdes, mas ele me mantinha em direção ao mar. A respiração dele em meu pescoço havia produzido diversos arrepios pelo meu corpo. Apenas Ben conseguia isso.
            -Ficar para sempre ao seu lado. Ou, pelo menos, até o último dia da sua vida – meu namorado diminuiu um pouco o aperto e pude encará-lo.
            Sua pele havia ficado pálida. Ele havia percebido que eu dissera o último dia da vida dele, e não da minha.
Existia uma coisa sobre mim que precisava ser contada e aquela era a hora.
            -Como assim “último dia da minha vida”? – perguntou Ben, temendo a verdade.
            -Ben, eu sou imortal – falei as palavras automaticamente, enquanto via meu amado cair na areia em pleno desespero.
            As lágrimas caíam de seus olhos. Eu nunca morreria. Pelo menos, se ninguém tentasse me matar. E ele sim. Poderia ser de velhice, de acidente ou até mesmo assassinado. Algo iria nos separar de qualquer forma.
            -Mas e Tyle e Júniper? Eles sabem disso? – Ben tentava parar de soluçar, mas era impossível. Nossos momentos juntos tinham prazo de validade.
            -Sim – respondi simplesmente. Também me machucava saber que teria uma eternidade sem meu grande amor.
            Ben ficou em silêncio enquanto pensava, provavelmente, na quantidade de desgraças que poderia acontecer naquele mesmo segundo. Um tsunami, um raio vir do nada e matá-lo, tantas opções… Se fosse daquele jeito, ele parecia o resto da vida pensando.
            -Eliza, você vai me amar quando eu for um velho? Quando esse cabelo castanho for branco? Quando as rugas cobrirem meu rosto? Quando eu não puder mais correr por essa praia?
            -Ben, por acaso eu me apaixonei pelo seu cabelo? Por sua pele? Por seus joelhos? Ou me apaixonei por você? – toquei o rosto de meu namorado e o senti tremer por causa do choque térmico – Eu te amo pelo seu jeitinho tão parecido comigo. Pelo seu sorriso que ilumina sempre meus dias. Pelo brilho de seus olhos. Pela felicidade que você me causa.
           Antes que eu pudesse recuperar meu fôlego, Ben me abraçou com toda a sua força, acabando me derrubando na areia. Enquanto ele estava deitado sobre mim, pude sentir os nossos corações batendo em conjunto num ritmo acelerado.
            -Por que você tem que ser assim? Tão compreensiva? Eu vou ser horrível perto de você. Com essa carinha de anjo jovem pra sempre… - ele tocou minha bochecha, esperando uma resposta minha.
            -Eu posso não ser jovem. O Tyle escolheu ter uma idade mais avançada, posso fazer o mesmo. Posso ter a idade que você quiser – beijei seu queixo, fazendo que um sorriso surgisse em seus lábios.
            -Nunca faria você perder a sua juventude. Contanto que você não desista de mim, tudo está ótimo do jeito que está – seus lábios beijaram meu pescoço e fizeram uma trilha até minha boca.
            O beijo começou casto e calmo, passando por uma pausa para respirar, voltando de forma mais desesperada e apaixonada. Meu cabelo loiro embaraçou em meio à areia e meu coração batia em alta velocidade. Coloquei minhas mãos em seu pescoço e o puxei para mais perto. Abri meus olhos ao mesmo tempo que os dele.
            O tempo acima de nós dois começou a mudar. O dia de sol se transformava em uma tempestade. Não ligamos nem um pouco. Para quem tinha uma vida limitada, tínhamos que aproveitar nossos momentos ao máximo.
            Uma voz surgiu na minha cabeça. Ele é humano, você é um anjo. Não se esqueça dos preços que terá que pagar por causa dessa relação. Aquele aviso agudo pertencia a Ângela, ela que estava produzindo a tempestade. E se dependesse de sua vontade, nós dois morreríamos.
            -Precisamos fugir. Agora – Ben se levantou correndo e me puxou. Começamos a correr, tínhamos pouco tempo, as trovoadas já haviam começado.
            As ondas no mar começaram a chegar a costa com mais força, como se tentassem nos engolir. Senti meu corpo se soltar, como se quisesse libertar minha alma, mas agora não era hora de fugir. Eu tinha que proteger Ben.
            Um abismo surgiu em nossa frente. Puxei meu namorado antes que ele fosse lançado para o buraco. Arfei em desespero. Ângela estava usando todos os poderes da natureza e, pelo modo como usara a terra, ela tinha a ajuda de Damen.
            -Não adianta você tentar nos matar, queridinha. Eu sempre serei mais poderosa – puxei a mão de Ben para minha cintura e comecei a produzir redemoinhos ao nosso redor. Eles subiram ao céu como grandes tornados, mas dentro deles, não nos movíamos.
            -O que é isso?! – perguntou meu amado, chocado. Nem mesmo eu sabia o que estava fazendo.
            -Estou usando as mesmas armas que eles – fogo começou a surgir nas pontas dos tornados.
            Ouvi gritos ao redor de nós dois e supus que os outros haviam chegado. As asas de Emma e Robert apareceram da parte de fora do grande tornado. Dana e Austin flutuavam ao nosso redor também. Samantha e Petrus estavam no chão tentando nos tirar de dentro do perigo.
            -Não façam isso, estamos bem! Isso é uma proteção – gritou Ben tirando as palavras da minha boca. O céu atingiu uma coloração preta e fomos atingidos pela noite. Meus tornados desapareceram.
            Fogo nos cercou. Ficamos isolados, impedidos de fugir pelas chamas. Ângela e Damen surgiram em nossa frente. Carregavam um sorriso demoníaco em seus lábios.
            -Parece que a nossa anjinha desobedeceu às regras – eles encararam minha mão direita, e sorriram. Não sabia o que estavam vendo, então olhei pra baixo. Nela havia a marca de uma borboleta.
            -O que significa isso?! – não conseguia entender como aquilo havia aparecido.
            -Seu coração deixou de ser puro – explicou Emma – Você perdeu seus poderes de anjo.
            Todos se viraram chocados para mim. Como aquilo acontecera? Eu não chegara a fazer nada com Ben.
            -Oh, oh, nossa querida Lizzie mostrou que não é uma santa – Ângela entrou no círculo e tocou minha mão marcada.
            -Não encoste em mim! – gritei e ela foi lançada pelo ar para fora do círculo. O fogo foi apagado e a atenção estava concentrada em mim novamente.
            -Se seus poderes continuaram a funcionar, isso significa que você… - começou Emma.
            -Significa que você não é, nem nunca foi um anjo – completou Robert.
            Escrito por StarGirlie.

2 comentários:

  1. Romantico, misterioso. Duas palavras q podem definir o capítulo de hoje. E como sempre extraordinário, como são as novelas de vocês. Uma pergunta, para ambas: Da onde vem expiração para as cenas, poemas romanticos? Beijos

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  2. Ownn, muito obrigada, Anônimo! Fico muito feliz que você ache tudo isso de nossas novelas e do meu capítulo! E respondendo sua pergunta, pelo menos para mim, a inspiração vem de minha paixão e da história de amor que eu adoraria viver com esta pessoa. Beijinhos, StarGirlie.

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